Escolástica,
irmã de São Bento, nasceu em Núrsia, na Úmbria (Itália), cerca do ano 480.
Juntamente com seu irmão, consagrou-se a Deus e seguiu-o para Cassino, onde
morreu por volta do ano 547.
A Liturgia
das Horas e a reflexão no dia de Santa Escolástica :
Ofício das
Leituras
Segunda leitura
Dos Diálogos de São Gregório Magno, papa
(Lib.
2,33: PL 66,194-196) (Séc.VI)
Foi mais poderosa aquela que mais amou
Escolástica,
irmã de São Bento, consagrada ao Senhor onipotente desde a infância, costumava
visitar o irmão, uma vez por ano. O homem de Deus descia e vinha encontrar-se
com ela numa propriedade do mosteiro, não muito longe da porta.
Certo dia,
veio ela como de costume, e seu venerável irmão com alguns discípulos foi ao
seu encontro. Passaram o dia inteiro a louvar a Deus e em santas conversas, de
tal modo que já se aproximavam as trevas da noite quando sentaram-se à mesa
para tomar a refeição.
Como durante
as santas conversas o tempo foi passando, a santa monja rogou-lhe : “Peço-te,
irmão, que não me deixes esta noite, para podermos continuar falando até de manhã
sobre as alegrias da vida celeste”. Ao que ele respondeu-lhe: “Que dizes tu, irmã?
De modo algum posso passar a noite fora da minha cela”.
A santa
monja, ao ouvira recusa do irmão, pôs sobre a mesa as mãos com os dedos entrelaçados
e inclinou a cabeça sobre as mãos para suplicar o Senhor onipotente. Quando
levantou a cabeça, rebentou uma grande tempestade, com tão fortes relâmpagos,
trovões e aguaceiro, que nem o venerável Bento nem os irmãos que haviam vindo
em sua companhia puderam pôr um pé fora da porta do lugar onde estavam.
Então o
homem de Deus, vendo que não podia regressar ao mosteiro, começou a lamentar-se,dizendo:
“Que Deus onipotente te perdoe, irmã! Que foi que fizeste?” Ela respondeu: “Eu
te pedi e não quiseste me atender. Roguei ao meu Deus e ele me ouviu. Agora,
pois, se puderes, vai-te embora; despede-te de mim e volta para o mosteiro”.
E Bento, que
não quisera ficar ali espontaneamente, teve que ficar contra a vontade. Assim,
passaram a noite toda acordados, animando-se um ao outro com santas conversas
sobre a vida espiritual. Não nos admiremos que a santa monja tenha tido mais
poder do que ele : se, na verdade, como diz São João, Deus é amor (1Jo 4,8), com
justíssima razão, teve mais poder aquela que mais amou.
Três dias
depois, estando o homem de Deus na cela, levantou os olhos para o alto e viu a
alma de sua irmã liberta do corpo, em forma de pomba, penetrar no interior da
morada celeste. Cheio de júbilo por tão grande glória que lhe havia sido
concedida, deu graças a Deus onipotente com hinos e cânticos de louvor; enviou
dois irmãos a fim de trazerem o corpo para o mosteiro, onde foi depositado no
túmulo que ele mesmo preparara para si.
E assim, nem
o túmulo separou aqueles que sempre tinham estado unidos em Deus.
Fonte :
‘In
Liturgia das Horas III’, pg. 1258, 1259
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