terça-feira, 30 de agosto de 2011

O sentido do ano litúrgico (Capítulo 2 de 5)

Por Thierry Esteves

O Domingo

O primeiro dia da semana, ou o dia do Senhor como é chamado no livro do Apocalipse (Ap 1, 10), desde os tempos apostólicos tem um valor especial.

Neste dia Jesus  ressucitou e apareceu às mulheres (cf. Mt 28, 9-10);
à Maria Madalena (Jo 20,11-18);
aos apóstolos duas vezes (Jo 20, 11-18 e Jo 20, 24-29);
aos discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35);
e enviou o Espírito Santo (At 2, 1-21).

Motivo para que os membros do corpo de Cristo, a sua Igreja, se reunisse a cada oitavo dia, para lembrarem e celebrarem a vida, morte e ressurreição de Jesus e também era o dia consagrado para celebrarem a ceia do Senhor.

No Novo Testamento não há indícios de haver outras festas celebradas no decorrer do ano, apenas as reuniões dominicais, 52 domingos em um ano, em cada um deles uma celebração da Páscoa do Senhor.

Você sabia?

O nome "domingo" provem do latim "dies dominica", e significa "dia do Senhor". O domingo também é chamado de: "Primeiro dia"  (o dia da criação, criação da luz como relata Gênesis); "dia da ressurreição" (Usado a partir de Tertuliano no séc. III, comum nas línguas orientais e eslavas); "dia do Sol" (comum nas línguas germânicas, como o inglês "sunday"); "dia de descanso" (a partir do séc. IV, quando o imperador romano e seu império tornaram-se cristãos).

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O sentido do ano litúrgico (Capítulo 1 de 5)

Por Thierry Esteves

"A santa mãe Igreja considera seu dever celebrar, em determinados dias do ano, a memória sagrada da obra de salvação do seu divino Esposo. [...] Com esta recordação dos mistérios da Redenção, a Igreja oferece aos fiéis as riquezas das obras e merecimentos do seu Senhor, a ponto de os tornar como que presentes a todo o tempo, para que os fiéis, em contato com eles, se encham de graça". (Sacrosanctum Concilium, 102)

Este pequeno texto da constituição conciliar apresenta o sentido da palavra Liturgia para nós, Católicos Romanos e, principalmente nos revela a sua valorosa eficácia. Tomar parte na "obra de Deus", celebrar a liturgia  em comunidade, é viver os mistérios pascais, consagrando em todo o tempo a nossa vida ao Cristo Senhor, pois "Ele está presente em sua Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas" (SC, 7).

A Eucaristia, de modo especial nos faz viver a cada dia a experiência fundante da nossa salvação. Celebrar a memória da morte e ressurreição de Cristo por meio de uma refeição não é somente recordar um fato histórico, mais do que isso, é viver novamente este momento, é atualizar a entrega de Jesus.

Os ciclos do ano enriquecem ainda mais a vida litúrgica do fiel cristão. Na missa, por meio das leituras, cantos e orações; na Liturgia das Horas, pelas antífonas, salmos e leituras acompanhamos no decorrer do ano, outros aspectos importantes da obra da salvação. Em breve postarei um pequeno estudo sobre cada clico do ano litúrgico. Primeiramente uma explicação sobre o domingo, e seguiremos com o ciclo do Natal, ciclo da Páscoa e o ciclo "Per Annum", conhecido como tempo comum.



terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ventre do coração


Deus nos deu, a todos, um ventre. Esse ventre na pélvis, para as fêmeas contém útero, trompa de falópio, ovário. Machos não vieram com tais atributos. Nesse ventre, são gerados seres de muitas espécies, inclusive nós humanos. Mas há um ventre que é comum a todos nós: o "ventre do coração".
Foi esse o lugar que Deus escolheu para criar o Éden. E dele cuidou, com todo esmero, para que todos os bens que lá se semeassem, crescessem e frutificassem. Então, nós, os homens (escolhidos para sermos a imagem e semelhança de Deus), ganhamos quinhão maior nessa partilha. Fomos dotados para o amor. E, por suma amabilidade do Senhor, a nós nos foi entregue uma seara de imensa graça. Um coração. Campo capaz de recolher a semente oferecida pela Divindade Eterna e de agasalhar as raízes do amor, da fé e esperança em nosso Criador.

E nós, donos absolutos desse imenso engenho, cuidamos bem do campo que nos foi dado?

O coração do homem (puro atributo de amor Divino), foi invadido pelo joio. O vale abundante e fértil, não nos serviu para a colheita de leite e mel. Foi ele permeado pelos espinhos duros da desobediência e pela erva daninha da falta de fé. Com isso, somos mendigos, famintos, sedentos, estrangeiros na terra do bem. Tornamo-nos vassalos do poder, do ter, do tem que ser, do "tudo para ontem". Nos afastamos da memória do maná, dos cestos abarrotados de pães e do poço de Jacó, poço de águia viva. Deixamos enfraquecer as raízes com que foram construídos nossos corações.
Abandonamos nosso pomar de bons aromas e fomos cutucar o fruto do vizinho, que sempre à espreita, nos maltrata e nos engoda. Ficamos novamente nus diante de Deus, alheados de que fomos de novo vestidos, mas sob o rigor da morte de cruz.

Em nossos corações há de brotar NOVA RAIZ, fortalecida na seiva da solidariedade, do amor e da caridade. E assim, seremos homens novos, trajados no espírito, com vestes alvas, capacitados a nos apresentar, como fomos concebidos, diante do nosso Redentor, a qualquer dia, a qualquer hora.