segunda-feira, 29 de maio de 2017

Há 'um esforço organizado para eliminar o Cristianismo do Médio Oriente'

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

Helma entrevista uma jovem yazidi que foi raptada pelo Daesh e escapou.
Helma entrevista uma jovem yazidi que foi raptada pelo Daesh e escapou


‘Helma Adde é uma professora norte-americana de descendência síria que decidiu partir, num verão, ao encontro da realidade dos cristãos perseguidos na Síria e no Iraque. O resultado é um filme, Our Last Stand, em que Helma mostra as dificuldades reais por que passam os cristãos. A película já foi exibida nos EUA e a vários responsáveis europeus, alguns dos quais ficaram ‘em lágrimas’ depois de verem o filme.

O que podemos ver neste filme?

Em Our Last Stand, eu, uma professora de Nova Iorque, passa o verão em viagem pelo Iraque e a Síria para ajudar a aumentar a conscientização sobre a situação das comunidades cristãs ameaçadas pela guerra civil e pelo ISIS [autoproclamado Estado Islâmico]. A minha viagem leva-me de campos de refugiados que lutam para cuidar dos cristãos deslocados que fugiram do ISIS no norte do Iraque, às milícias que ajudam a defender e retomar aldeias na cidade natal da minha família em Qamishli, no norte da Síria. A minha viagem revela tanto histórias de partir o coração como histórias inspiradoras de dor, desespero, perseguição, coragem e esperança.
  
O que a levou a fazer este filme?

Eu sou uma americana assíria, nascida e criada nos EUA, criada por pais cristãos assírios que emigraram do Médio Oriente na década de 70, fugindo da guerra civil no Líbano e da injustiça e discriminação na Síria. Os meus antepassados viviam no Sudeste da Turquia, até que os turcos otomanos os atacaram e cometeram um genocídio que matou quase um milhão e os dispersou para fora das suas terras de origem. Por isso, a perseguição religiosa que ouvimos nas notícias e vemos nas redes sociais não é nova para o nosso povo. A diferença é que, agora, muitos de nós vivemos no Ocidente e temos a sorte de ter muitos recursos à nossa disposição.

Eu tinha de fazer tudo o que podia para quebrar este ciclo de genocídio. Antes de fazer este filme, eu estava envolvida no ativismo a nível local, ajudando a organizar protestos, comícios e escrevendo cartas aos nossos congressistas. Mas nunca me pareceu suficiente, e assim que surgiu a oportunidade de fazer este filme, eu soube que tinha de estar envolvida.
  
O que encontrou no terreno foi muito diferente do que via nas notícias?

Bem, dificilmente vemos muita coisa nos noticiários, para começar. Mas eu tinha ouvido muitas histórias de paroquianos da minha igreja que têm família no Médio Oriente, e já sabia no que me estava a meter.

Mas ninguém pode estar preparado para ver aquele nível de sofrimento ao vivo. Além disso, quando eu estava lá, percebi que o nosso povo, os cristãos do Médio Oriente, confiam nas nossas igrejas, tanto no Iraque como na diáspora, para ajudar a apoiar os nossos deslocados internos. Os nossos cristãos não se sentem seguros nos campos da ONU, devido à radicalização e discriminação feita por outros refugiados não cristãos, por isso vão às igrejas pedir refúgio. Essencialmente, eles estão a ser discriminados indiretamente por essas agências que se recusam a reconhecer a verdade sobre a situação.
  
Contatou com várias pessoas e recolheu muitos testemunhos. Quais foram os testemunhos que mais a impressionaram e de que ainda se lembra?

Além das súplicas que ouvimos de pessoas que estão desesperadas por ajuda, havia um tema comum entre muitas das pessoas com quem conversámos. Muitos deles queriam saber se as pessoas no Ocidente sabiam que havia cristãos no Médio Oriente, e se eles sabiam da perseguição atual. Como é que deixaram isto acontecer? Como é que ninguém está a falar por eles? Eles queriam que soubéssemos que eles não têm ninguém que os defenda no Médio Oriente. Os seus vizinhos abandonaram-nos, e sem a ajuda do Oeste, eles estão condenados.

 Existe, de fato, uma perseguição organizada e dirigida aos cristãos? E os muçulmanos que são apanhados no meio, são danos colaterais?

O que está a acontecer aos cristãos em todo o Médio Oriente é um genocídio, não são casos de violência contra indivíduos, mas um esforço organizado para limpar o Cristianismo do Médio Oriente, onde teve a sua origem há mais de 2000 anos. No Iraque e na Síria, os cristãos são alvo por causa da sua religião, as igrejas foram bombardeadas, o clero foi raptado e morto, muitos já foram forçados a deslocar-se internamente ou fugiram para o Oeste, o que é uma pena porque são os povos indígenas destas terras, não são convidados. Mas os nossos líderes religiosos, bem como líderes culturais e políticos, têm pedido ajuda internacional para que possamos incentivar o nosso povo a permanecer nas suas terras ancestrais legítimas, sob pena de arriscarmos perder as nossas antigas tradições e enfrentar a extinção. Sem dizer que, sem cristãos no Médio Oriente, abrimos a porta à polarização completa no Oriente e no Ocidente, que só criarão novas divisões e maior radicalização e alimentam a discórdia que já vimos espalhada por todo o mundo.
  
De onde vem a ajuda humanitária?

Em relação à ajuda humanitária, grande parte é fornecida pelas nossas próprias igrejas, que não discriminam com base na religião. Eles ajudam todos.
  
Como é que as pessoas na Síria acham que este conflito pode acabar? Qual seria a solução ideal?

As pessoas na Síria estão despedaçadas, embora eu tenha notado que muitos cristãos ainda pareçam leais ao regime. Muitos deles admitiram que o regime pode não ser perfeito, mas temem que a substituição de um governo secular por um religioso provoque uma discriminação ainda mais severa contra os cristãos do que a que está a acontecer atualmente e traga uma completa eliminação do Cristianismo na zona. Ao longo dos últimos anos, os cristãos deixaram lugares na Síria como Raqqa, Deyr-al-Zor e Hasaka e fugiram para áreas controladas pelo regime porque se vão para áreas controladas por Al-Nusra, ISIS ou outros extremistas, não estão seguros.


 Crianças sem pais num campo de refugiados em Erbil, no Iraque
Crianças sem pais num campo de refugiados em Erbil, no Iraque

 E alguma vez os cristãos poderão viver em paz?

Eles têm muito medo do que virá a seguir. Eles querem ser vistos como seres humanos iguais, que lhes sejam dados direitos humanos básicos, e que não sejam vistos apenas pela sua identidade religiosa. Na Síria, os cristãos querem ser incluídos nas negociações de paz. Eles precisam de um governo forte que trate todos igualmente. No Iraque, ficou claro que os cristãos precisam de um refúgio internacionalmente reconhecido e protegido, a ser estabelecido nas suas terras nativas, na região das Planícies de Nínive, no norte do Iraque. É a única maneira de eles viverem em paz e permanecerem na sua terra natal, mantendo as suas antigas tradições. Mas ambas as comunidades, os cristãos caldeus assírios caldeus da Síria e do Iraque, precisam de nós para sermos as suas vozes e advogarmos em seu nome para que eles possam obter a ajuda humanitária adequada no curto prazo e a segurança restaurada nas suas terras no longo prazo.

 Como foi o acolhimento do filme na América, na comunidade cristã e fora dessa comunidade?

Até agora, tivemos várias exibições em grandes cidades em todos os Estados Unidos, incluindo Los Angeles, Nova Iorque e Washington D.C. Exibimos também o filme ao Partido da Liberdade Religiosa no parlamento britânico, ao parlamento sueco em Estocolmo, em Bruxelas, na União Europeia, e em Haia, na Holanda. Esperamos que, ao ver este filme, possamos inspirar os nossos decisores a tomar decisões que melhor servirão os nossos cristãos perseguidos.
  
As pessoas ficaram sensíveis a essa questão depois do filme?

É verdadeiramente surpreendente como muitos não orientais conhecem tão pouco sobre os seus irmãos cristãos do Médio Oriente. Nós vimos membros do parlamento em lágrimas após verem o filme. Muitas vezes ouvimos pessoas dizerem que nem sabiam que ainda havia cristãos a viver no Médio Oriente. Por isso, acho que o filme trouxe muita consciência para as pessoas aqui no Ocidente. Concentrámo-nos no público não médio oriental especificamente por esta razão. Muitas das comunidades que veem o filme vêm ter conosco depois para saber como podem ajudar os perseguidos. Acreditamos que os efeitos deste filme serão de grande alcance, trazendo consciência e também incentivando a defesa em favor dessas comunidades que sofrem. Para o público do Médio Oriente, acho que o filme lhes trouxe alguma esperança num tempo de desespero e tristeza.

Interessados podem contactar-nos através do site www.Ourlaststandfilm.com ou enviem um e-mail para info@ourlaststandfilm.com
  
Estando longe, o que podemos nós, cristãos e não cristãos, fazer por eles?

Em primeiro lugar, precisamos reunir as nossas congregações para rezar pelos nossos irmãos e irmãs perseguidos no Médio Oriente. Este é o primeiro passo para nos solidarizarmos com eles. Eu também acho que as comunidades cristãs na diáspora devem chegar a outras congregações locais do Médio Oriente e iniciar relações com eles. Dessa forma, eles podem participar nos seus eventos de advocacia e consciencialização. Muitas vezes, estas comunidades cristãs são muito pequenas e, quando protestam ou se reúnem, não recebem muita atenção por causa do seu número reduzido. Portanto, apoiar os seus eventos e esforços ajudaria a tornar as suas vozes mais fortes e trazer mais atenção para estas questões que estão a defender. Além disso, todos nós podemos falar com o nosso governo nacional. Estas pessoas são eleitas para nos representar, por isso é nosso dever certificar-se de que eles sabem quais as questões que são importantes para nós. Às vezes, um simples telefonema ou carta pode chamar a atenção para uma questão que um governante não tinha ainda percebido, simplesmente porque ninguém lhe tinha chamado à atenção para isso. Por último, acolher uma exibição do nosso filme é também uma ótima maneira de agir e educar a sua comunidade sobre a situação desses cristãos perseguidos.’



           
Fonte :

sábado, 27 de maio de 2017

Ascensão do Senhor

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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 *Artigo do Cardeal Dom Orani João Tempesta, O. Cist.,
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ


‘Depois de quarenta dias após a solenidade da Páscoa, temos a graça de celebrar a Solenidade da Ascensão do Senhor. A Igreja convida-nos a ter os olhos postos no Céu, a Pátria definitiva a que o Senhor nos chama.

No Credo, encontramos a afirmação de que Jesus ‘subiu aos céus e está sentado à direita do Pai’. A vida terrena de Jesus culmina no evento da Ascensão, quando Ele passa desse mundo ao Pai e é elevado à sua direita. Qual é o significado deste acontecimento? Quais são as consequências para a nossa vida? O que significa contemplar Jesus sentado à direita do Pai? Sobre isto, deixemo-nos guiar pelo evangelista Lucas.

São Lucas anota : ‘Aproximando-se o tempo em que Jesus devia ser arrebatado desse mundo, ele resolveu dirigir-se a Jerusalém’ (Lc 9, 51). Enquanto ‘ascende’ à Cidade Santa, onde se cumprirá o seu ‘êxodo’ dessa vida, Jesus vê já a meta, o Céu, mas sabe bem que o caminho que o leva de volta à glória do Pai passa pela Cruz, pela obediência ao desígnio divino de amor pela humanidade. O Catecismo da Igreja Católica afirma que ‘a elevação sobre a cruz significa e anuncia a elevação da ascensão ao céu’ (n. 661). Também nós devemos ter claro, na nossa vida cristã, que o entrar na glória de Deus exige a fidelidade cotidiana à Sua vontade, mesmo quando requer sacrifício, requer às vezes mudar os nossos programas. A Ascensão de Jesus, segundo os Atos dos Apóstolos, acontece concretamente no Monte das Oliveiras, próximo ao lugar onde havia se retirado em oração antes da paixão para permanecer em profunda união com o Pai : mais uma vez vemos que a oração nos dá a graça de viver fiéis ao projeto de Deus.

A elevação de Jesus na Cruz significa e anuncia a elevação da Ascensão ao céu. Jesus Cristo, o único Sacerdote da nova e eterna Aliança, não ‘entrou em um santuário feito por mão de homem… e sim no próprio céu, a fim de comparecer agora diante da face de Deus a nosso favor’ (Hb 9,24). No céu, Cristo exerce em caráter permanente seu sacerdócio, ‘por isso é capaz de salvar totalmente aqueles que, por meio dele, se aproximam de Deus, visto que ele vive eternamente para interceder por eles’ (Hb 7,25). Como ‘sumo sacerdote dos bens vindouros’ (Hb 9,11), ele é o centro e o ator principal da liturgia que honra o Pai nos Céus. (cf. Cat. §662)

Por ‘estar sentado à direita do Pai’, entendemos a glória e a honra da divindade, onde aquele que existia como Filho de Deus antes de todos os séculos, se sentou corporalmente junto do Pai, como homem também, com a sua carne glorificada. Assim, através de Jesus, a humanidade, outrora expulsa do Paraíso, agora volta para o convívio de Deus. Daí, Cristo glorioso vai derramar o Espírito Santo sobre a Igreja para que ela cumpra a sua missão de resgatar os filhos de Deus.

O sentar-se à direita do Pai significa também ‘a inauguração do Reino do Messias’, realização da visão do profeta Daniel no tocante ao Filho do Homem : ‘A Ele foram outorgados o império, a honra e o reino, e todos os povos, nações e línguas o serviram. Seu império é um império eterno, que jamais passará, e seu reino jamais será destruído’ (Dn 7,14). A partir desse momento, os Apóstolos se tornaram as testemunhas do ‘Reino que não terá fim’. (Cat. §664)

Na Carta aos efésios, São Paulo diz : ‘Deus manifestou a sua força em Cristo quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita no céu, bem acima de toda autoridade, poder, potência, soberania ou qualquer título que se possa nomear não somente neste mundo, mas ainda no futuro. Sim, ele pôs tudo sob os seus pés e fez dele, que está acima de tudo, a Cabeça da Igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que possui a plenitude universal’ (Ef 1, 20-23).

A Igreja ensina que ‘Jesus, rei da glória, subiu ante os anjos maravilhados ao mais alto dos Céus, e tornou-se o mediador entre Deus e a humanidade redimida, juiz do mundo e Senhor do universo. Ele, nossa Cabeça e princípio, subiu aos Céus não para afastar-se de nossa humildade, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à glória da imortalidade… Ele, após a ressurreição, apareceu aos discípulos e, à vista deles, subiu aos céus, a fim de nos tornar participantes da sua divindade’. (Prefácio da Ascensão I, II)

Por isso, na Solenidade da Ascensão do Senhor a Igreja reza : ‘Ó Deus todo poderoso, a Ascensão do vosso Filho já é nossa vitória. Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças, pois, membros do seu corpo, somos chamados na esperança a participar da sua glória’. Assim, a Ascensão de Jesus é uma preparação e antecipação da glorificação também de cada cristão que O segue fielmente. Significa que o cristão deve viver com os pés na terra, mas com o coração no céu, a nossa pátria definitiva e verdadeira, como São Paulo lembrou aos filipenses : ‘nós somos cidadãos do Céu’ (Fl 3, 30).

Em vista da Ascensão de Jesus ao Céu, São Paulo nos exorta : ‘Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo, em Deus… Mortificai, pois, os vossos membros no que têm de terreno : a devassidão, a impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria’ (Col 3, 1-3). O cristão vive neste mundo sem ser do mundo, caminha entre as coisas que passam abraçando somente as que não passam.

A Ascensão não indica a ausência de Jesus, mas nos diz que Ele está vivo em meio a nós de modo novo; não está mais em um lugar preciso no mundo como o era antes da Ascensão; agora está no senhorio de Deus, presente em cada espaço e tempo, próximo a cada um de nós. Na nossa vida nunca estamos sozinhos : temos este advogado que nos espera, que nos defende. Nunca estamos sozinhos : o Senhor crucificado e ressuscitado nos guia; conosco há tantos irmãos e irmãs que no silêncio e na ocultação, em sua vida de família e de trabalho, em seus problemas e dificuldades, em suas alegrias e esperanças vivem cotidianamente a fé e levam, junto a nós, ao mundo, o senhorio do amor de Deus, em Cristo Jesus ressuscitado. Por isso, devemos dar graças a Deus!’

           
Fonte :

quinta-feira, 25 de maio de 2017

No Iraque, necessidade faz com que sacerdotes se tornem engenheiros

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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‘No Iraque, os sacerdotes são obrigados a se tornarem engenheiros para ajudar a reconstruir cerca de 13 mil casas de cristãos que foram danificadas ou destruídas pelo Estado Islâmico (ISIS) na Planície de Nínive. A ideia é que tenham um lugar para onde possam voltar.

Por esta razão, a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) criou a Comissão para a Reconstrução de Nínive.

Além de celebrar a Eucaristia, os sacerdotes também trabalham como topógrafos e conseguem materiais elétricos e materiais para a reconstrução das casas. Os primeiros trabalhos estão sendo realizados nos lugares ocupados pelo ISIS durante pouco tempo e onde não há muitos danos materiais.

Um dos membros deste projeto é o Padre Georges Jahola, um sacerdote sírio-católico natural de Qaraqosh.

O sacerdote disse à ACN que, ‘no Iraque, se a Igreja não faz estas coisas, quem vai fazer? Nós temos a capacidade de agir e de dialogar, e também temos contatos’.

A reconstrução da Planície do Nínive inclui cinco aldeias cristãs caldeias : Badnaya, Karamlesh, Telleskof, Bakofa e Telkef, localizadas na região do oriente.

Padre Salar Boudagh, outro membro da iniciativa, indicou que precisam de sete mil dólares para renovar uma residência levemente danificada. Restaurar uma casa incendiada custa 25 mil dólares e reconstruir uma casa completamente destruída custa 65 mil dólares.

Começamos a reconstrução em Telleskof e Bakofa, porque nesses locais os danos das casas não foram muito graves, ao contrário do que aconteceu em Badnaya, onde 80% das casas foram destruídas’, assinalou o presbítero.

Antes da chegada do Estado Islâmico viviam em Telleskof 1.450 famílias, em Bakofa 110, em Badnaya 950, em Telkef outras 700 e em Karamlesh 875. Para essas famílias, a primeira condição para voltar às suas casas é a segurança’, indicou o também Vigário Geral da diocese caldeia de Alqosh.

Em seguida, o sacerdote destacou que ‘nossa zona, a região oriental da Planície de Nínive, está sendo controlada por uma força de segurança cristã, os zeravani, que nos garante uma segurança de cem por cento. Trata-se de uma milícia oficial retribuída pelo Curdistão’.

Em Qaraqosh devem ser reconstruídas 6.327 casas de cristãos sírio-católicos (108 casas foram totalmente destruídas) e 400 casas de cristãos sírio-ortodoxos (7 totalmente destruídas).

Padre Jahola explicou que depois da libertação de Qaraqosh do controle dos jihadistas – operação que ocorreu entre novembro e dezembro de 2016 –, foram fotografadas seis mil casas da cidade. Estas foram divididas por setores e classificadas conforme o grau de deterioração.

Há casas muito danificadas ou totalmente destruídas que serão totalmente reconstruídas, casas queimadas ou atingidas por um míssil que podem ser restauradas e, finalmente, há casas parcialmente danificadas que podemos reconstruir com poucos recursos’, afirmou.

Quando começamos, éramos uma equipe de 20 engenheiros voluntários; agora temos 40 engenheiros e cerca de dois mil trabalhadores prontos para começar as obras. Somos otimistas, porque o abastecimento elétrico está sendo lentamente restabelecidos em toda a cidade’, assinalou o Padre Jahola.’


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terça-feira, 23 de maio de 2017

Pela primeira vez em 500 anos, um bispo convertido será elevado a cardeal

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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‘Papa Francisco não para de surpreender: no próximo dia 28 de junho, ele nomeará cinco novos cardeais e, entre eles, o arcebispo de Estocolmo, dom Anders Arborelius, primeiro prelado sueco a obter a púrpura cardinalícia desde a reforma luterana, em 1517.

Hoje religioso carmelita, dom Anders se converteu ao catolicismo na Suécia, país de forte tradição protestante. O arcebispo de 68 anos de idade recebeu o batismo quando tinha 20. Faz 46 anos que ele entrou na ordem dos carmelitas descalços.

O jovem tinha lido a autobiografia de Santa Teresinha de Lisieux, que o motivou a entrar na ordem carmelita. Uma decisão significativa, considerando que converter-se ao catolicismo na Suécia equivaleu, durante séculos, a perder direitos civis. As coisas só mudaram nos anos 1970, quando a liberdade de culto para todas as confissões no país passou a ser permitida com a mudança das normas impostas havia mais de quatrocentos anos pelo rei Gustavo de Vasa (1496-1560).

A nomeação do novo cardeal sueco é uma ponte para uma ‘periferia existencial’ da Europa onde ser católico é um estigma. A minoria católica na Suécia sofreu dura repressão até poucas décadas atrás.

Dom Anders, que recebeu o Papa Francisco na sua viagem a Lund em 1º de novembro de 2016, é testemunha da ação da Igreja em seu país para responder à secularização progressiva (e agressiva) dessa nação escandinava. Os frutos têm vindo : aos poucos, vem aumentando o número de novos conversos católicos na Suécia.


A trajetória de dom Anders Arborelius

Ele foi consagrado bispo na catedral católica de Estocolmo em 29 de dezembro de 1998, sendo o primeiro bispo católico de origem sueca em seu próprio país desde os tempos da reforma luterana do século XVI.

Seu testemunho como converso e bispo sueco levará experiência concreta ao Colégio de Cardeais que assessoram o Santo Padre no diálogo ecumênico e pastoral, especialmente para responder aos preconceitos ancestrais que persistem contra os católicos na Suécia e nos outros países influenciados pela reforma protestante.

Em 21 de janeiro de 2014, o Papa já o havia nomeado consultor do Conselho Pontifício para os Leigos.

O futuro cardeal Arborelius nasceu em Sorengo, na Suíça, em 24 de setembro de 1949, filhos de pais suecos que se divorciaram quando ele tinha 4 anos. Cresceu com a mãe em Lund, no sul da Suécia.

A família Arborelius era luterana, mas não praticante. A vocação ao sacerdócio do jovem Anders começou a se manifestar quando ele conheceu as freiras do convento de Santa Brígida e foi descobrindo mais da espiritualidade católica.

Ele entrou na ordem dos padres carmelitas descalços em 1971 e fez a profissão perpétua em Bruges, Bélgica, em 1977. Estudou Filosofia e Teologia na Bélgica e no Teresianum de Roma. Ao mesmo tempo, estudou línguas modernas na Universidade de Lund, conforme se lê na biografia oficial. Foi ordenado sacerdote na cidade de Malmö em 8 de setembro de 1979, festa da Natividade de Maria.

De 2005 a 2015 foi presidente da Conferência Episcopal da Escandinávia e, a partir de 2015, vice-presidente. Também foi membro da Comissão da Presidência do Conselho Pontifício para a Família entre 2002 e 2009.’

           
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segunda-feira, 22 de maio de 2017

12 regras de ouro para portar-se bem durante a Missa

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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‘A fim de aproveitar ao máximo os grandes frutos espirituais que se recebe na Missa é necessário participar da celebração com reverência.

A seguir, confira 12 regras de ouro ou conselhos práticos que servem para aproveitar a Missa e participar, ativa e reverentemente, na Eucaristia.


1. Não use o celular : Você não precisa dele para falar com Deus

Os celulares nunca devem ser usados na Missa para fazer ligações ou enviar mensagens de texto. É possível atender um telefonema de emergência, mas do lado de fora do templo. Por outro lado, é possível usar o telefone para leituras espirituais ou orações, embora seja necessário ser discreto.


2. Fazer jejum antes da Celebração Eucarística

Consiste em deixar de comer qualquer alimento ou tomar algo, pelo menos uma hora antes da Sagrada Comunhão, com exceção da água e dos remédios.

Os doentes podem comungar embora tenham tomado algo neste período antes da Missa. O objetivo do jejum é ajudar na preparação para receber Jesus na Eucaristia.


3. Não comer nem beber na Igreja

As exceções seriam : uma bebida para crianças pequenas ou leite para os bebês, água para o sacerdote ou para as pessoas do coral (com discrição) e para os doentes.

Levar um aperitivo à igreja não é apropriado, porque o templo é um lugar de oração e de reflexão.


4. Não mascar chiclete

Ao fazer isso, rompe-se o jejum, ocorre uma distração, está sendo indelicado em um ambiente formal e não ajuda na oração.


5. Não usar chapéu

É falta de educação usar um chapéu dentro de uma Igreja. Embora esta seja uma norma cultural, deve ser cumprida. Assim como tiramos o chapéu quando se faz um juramento, assim se deve fazer na Igreja como um sinal de respeito.


6. Fazer o sinal da cruz com água benta ao entrar e sair do templo

Esta é uma forma de recordar o Batismo, sacramento pelo qual renascemos para a vida divina e nos tornamos filhos de Deus e membros da Igreja. É necessário estar plenamente consciente do que acontece ao fazer o sinal da cruz e se deve fazer pronunciando alguma oração.


7. Vestir-se com modéstia

Os católicos são convidados a participar da Eucaristia vestidos adequadamente, pois, se normalmente se vestem bem para ir a uma festa ou a algum outro tipo de compromisso, não há razão para não fazer a mesma coisa na Missa.


8. Chegar alguns minutos antes do início da Missa

Se por algum motivo não consegue chegar a tempo, é recomendável sentar-se na parte de trás para não incomodar as outras pessoas. Chegar à Missa cedo permite rezar e se preparar melhor para receber Cristo.


9. Ajoelhar-se diante do Sacrário ao entrar e sair do templo

Ao permitir que o nosso joelho toque o chão, reconhecemos que Cristo é Deus. Se alguém é fisicamente incapaz de se ajoelhar, então, fazer um gesto de reverência é suficiente. Durante a Missa, se passamos diante do altar ou do tabernáculo, devemos inclinar a cabeça com reverência.


10. Permanecer em silêncio durante a celebração

Ao ingressar no templo, deve-se guardar silêncio. Se tiver algo para falar, faça de forma silenciosa e breve. Lembre-se de que manter uma conversa pode incomodar alguém que está rezando.

Se tiver uma criança ou um bebê, pode se sentar perto de uma saída para qualquer contratempo.

Recorde que não há razão para sentir vergonha por ter que acalmar o controlar seu filho, dentro ou fora da igreja. Ensine-os a se comportar, especialmente com seu próprio exemplo.


11. Inclinar-se ao receber a Comunhão

Se diante de você está Deus, então pode mostrar respeito inclinando a cabeça como reverência. Se desejar, pode fazer uma genuflexão. Esta é uma prática antiga que continua até os dias de hoje.


12. Espere que a Missa termine

Devemos permanecer na Missa até a bênção final. Lembre-se de que um dos mandamentos da Igreja é participar da Missa nos domingos e festa de guarda.

É um bom hábito, embora não seja obrigatório, oferecer uma oração de ação de graças depois da celebração.

Finalmente, a saída deve ser em silêncio para não incomodar as outras pessoas que desejam permanecer no templo rezando.’

           
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sexta-feira, 19 de maio de 2017

Santa Hildegard : mulher moderna e inspirada

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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Segundo registros, Hildegard foi quem começou a utilizar o lúpulo na cerveja, principalmente com o intuito de conservação.


‘Pode uma freira de clausura do século XII, mística, inspirada por visões, ainda ter algo a dizer aos homens e mulheres do século XXI, tão ocupados, tecnológicos, aparentemente tão distantes das realidades ultraterrenas e daquele mundo simbólico?

O autor deste livro, insigne estudioso, não tem dúvida : a resposta é positiva, aliás, Hildegard parece ter antecipado algumas declarações do Concílio Vaticano II e, certamente, apesar de ser uma mulher do seu tempo, continua sendo moderna e atual.

Mas quem foi Santa Hildegard de Bingen, proclamada Doutora da Igreja pelo Papa Bento XVI em 2012, uma honra que compartilha com Santa Teresa de Ávila, Santa Catarina de Siena e Santa Teresa de Lisieux?


A Vida da ‘Sibila Renana’

Hildegard nasceu em 1098, na Renânia, décima filha de Hildepert e Machtilde. Aos oito anos de idade entrou no mosteiro beneditino de Disibodenberg, e desde criança começou a ter visões, que ocorriam em estado de consciência, nada de êxtases ou transes, apenas ela sentia e percebia essas visões permanecendo em si, mesmo que se sentisse transportada para uma atmosfera diferente, em um estado de espírito semelhante ao de São Paulo, quando ele ascendeu ao terceiro céu. Percebia uma vívida luz, que lhe inspirava alegria e bem-estar e lhe permitia compreender os textos sagrados e as vozes do céu, embora pareça que as visões também estivessem ligadas ao fenômeno das frequentes doenças da santa.

Aos trinta e oito anos, tornou-se abadessa e a partir deste momento começou a registrar por escrito o que lhe era revelado, como tinha sido solicitado lá de cima.

É dessa forma que nasceram suas três grandes obras : Scivias (Sci-Vias, conheça as vias); Liber vitae meritorum que trata dos vícios e das virtudes que ocupam os corações dos homens, e Liber divinorum operum, considerada a sua obra-prima, centrada no homem ápice da criação e com a qual ficou envolvida por cerca de dez anos.

Em 1150, depois de muitas dificuldades, fundou um mosteiro em Bingen, em homenagem a São Rupert, lugar que logo atraiu muitas freiras e numerosos fiéis. A fama de Hildegard, chamada de ‘profetisa teutônica’ e de ‘Sibila renana’ rapidamente se espalhou. Apesar da saúde precária, a abadessa também realizou algumas viagens fora do mosteiro, durante as quais proferiu inflamados discursos ouvidos por grandes audiências em igrejas e praças. Se por um lado ela instava espiritualmente e lembrava a misericórdia de Deus, pelo outro não excluía ásperas repreensões e vívidas chamadas para a conversão.

Hildegard teve, pelos padrões de sua época, uma vida longa e ativa, e morreu em 1179. Não se dedicou apenas à escrita de seus principais livros, mas também trocou correspondências com reis, imperadores (Frederico Barbarossa, ao qual enviou severas advertências), papas, membros da Igreja, irmãs e homens de poder.

Mulher de caráter excepcional, não deixou de cobrar especialmente aos homens da Igreja os seus deveres, tinha a coragem de se expressar de forma bem clara nas cartas e externar o seu pensamento, fato que, para uma mulher daquela época, era bastante significativo. Mesmo não tendo uma cultura enorme (ela negava a sua preparação, mas tinha uma boa base cultural), Hildegard interessou-se por muitas disciplinas: medicina e farmacologia, música (compôs hinos e orações que depois eram cantados por suas freiras), ciências naturais, foi uma ‘mística que raciocina’, como afirma o autor deste ensaio, uma forte e surpreendente personalidade, que por muito tempo permaneceu pouco conhecida de todos nós.

Hildegard von Bingen - Ave generosa


A recente biografia teológica

Em relação ao ensaio de Frosini, trata-se de uma biografia teológica, que, portanto, apresenta a vida da santa e a contextualiza no seu tempo e na sua cultura e, em seguida, analisa de forma muito precisa - eu diria mesmo didática – o seu pensamento ponto por ponto, como em um tratado de teologia. Começa, portanto, com uma análise das obras e das visões e prossegue com o problema de Deus, a cristologia, a teologia da criação, o problema do homem, o mistério da Igreja, a escatologia e conclui com uma catequese de 8 de setembro de 2010 de Bento XVI sobre Hildegard.

O autor é muito claro nas explicações, cuidadoso, culto e apaixonado; a partir de suas páginas percebe-se imediatamente que ele consegue ‘imaginar’ a santa na sua época e interpretar o seu pensamento. Hildegard foi uma mulher inspirada, devota e sábia, foi moderna em virtude de muitas das suas observações teológicas: por ter colocado sempre a atenção no homem em sua totalidade, nos seus vários aspectos; por sua devoção cristológica (Cristo no centro de tudo); por suas reflexões sobre o Espírito Santo; por sua posição em relação aos Cátaros, que contrastava, mas que considerava que não deveriam ser exterminados; pelas reflexões sobre a natureza e o cosmos, que tem em si a luz divina e, portanto, é digno de ser respeitado e amado como teofania divina (não estamos muito distantes do problema ecológico).

Sem dúvida, também tinha ideias próprias de seu tempo, antigas (o próprio fato de ter entrado para um convento aos oito anos de idade é, para nós, inconcebível), mas é inevitável. Podemos dizer que os textos Hildegard são boas catequeses, cheias de bom senso. ‘Em geral, fica a impressão de que, para ela, a teologia poderia parar nas suas afirmações fundamentais (ou seja, disponíveis ao entendimento de todos), apenas o bastante para impostar com seriedade a vida com base em convicções bem fundamentadas, deixando para os outros, para os especialistas profissionais, a tarefa de aprofundar mais a reflexão. Uma teologia para a vida e não para si mesma, entendida e experimentada como um meio e não como um fim’.


Espírito profético

O autor reconhece a ela um espírito profético, no sentido que o profeta é alguém que fala em nome de Deus, que interpreta o presente com base na Palavra de Deus, ou, nas palavras de Karl Barth, ‘aquele que segura nas mãos o evangelho e o jornal’.

Hildegard teve este grande dom e soube valorizá-lo, e ele inspirou-lhe uma grande fé, um grande amor por Cristo e pela sua Igreja, que ela queria pura e irrepreensível. A sua figura ajuda a mostrar como o século XII, a chamada Idade Média, não tenha sido de todo um período obscuro, mas sim uma época repleta de cultura, iniciativas e personalidades brilhantes, que discutiam e refletiam sobre Deus, sobre o mundo e sobre o homem.

Certamente os textos de Hildegard não são de fácil leitura e, muito menos, interpretação, já que se trata de visões (algumas realmente fascinantes e ricas em símbolos); reconstruir de forma ordenada o pensamento da santa não deve ter sido uma tarefa fácil e isso aumenta o crédito de Frosini, que realmente realizou uma grande obra.

           
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