*Artigo
de Bernardino Frutuoso,
Jornalista
‘Maria, mãe de
Jesus, ícone da ternura e «rosto materno
de Deus» (Boff, 1999), sempre ocupou um lugar primordial no coração dos
crentes. Ela é «mãe do evangelho vivente»
(Evangelii Gaudium, 286) e primeira discípula missionária. Diz «sim» ao plano salvífico de Deus,
acompanha Jesus nos caminhos da Galileia e está junto da cruz, mostrando que o
amor é fiel até ao fim. Testemunha a alegria da ressurreição, anima e ora com
os discípulos no cenáculo (At 1, 14). Prepara os apóstolos para receber o sopro
renovador do Espírito Santo nos seus corações temerosos e desorientados (cf. Lc
24, 38ss) para que, assim, fortalecidos pela graça, continuassem a missão de
Jesus e fossem missionários corajosos do Reino da paz, do amor, da
fraternidade. Como afirma Francisco, Maria «tornou
possível a explosão missionária que se deu no Pentecostes» (EG, 284).
Ao longo dos
séculos, Maria conserva essa proximidade e lugar central na vivência da fé. Os
crentes, nas vicissitudes da vida, nos momentos de alegria, ação de graças,
desânimo, agrura e tentação de renunciar ao caminho de Cristo, encontram na mãe
da ternura uma «amiga sempre solícita»,
uma instância de esperança, proteção e porto seguro, pois sabem que Ela «sabe transformar um curral de animais na
casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura» (EG,
286). As aparições marianas enquadram-se nessa lógica do amor maternal. Maria,
protótipo de uma «Igreja pobre e em saída»,
vem ao encontro da humanidade e comunica uma mensagem de salvação, esperança e
revitalização da fé.
As aparições de
Fátima – de que celebramos o centenário – são surpresa e boa notícia de Deus,
experiência de encontro de amor que «só
se vê bem com o coração» pois «o
essencial é invisível aos olhos» (Saint-Exupéry). Fátima é um lugar global,
casa universal onde milhões de peregrinos de diferentes nações, línguas e
culturas se encontram com Deus por mediação de Maria. É um espaço singular de
silêncio profundo, viagem interior, encontro pessoal e comunitário,
interpelação pelo sentido autêntico da vida. Uma experiência mística que faz
renascer nos peregrinos o mais belo e digno da existência humana e o
questionamento sobre o compromisso pela transformação da própria vida e do
mundo.
Fátima irradia o
dinamismo missionário do Evangelho, ajuda-nos a ler hoje os sinais dos tempos e
impulsiona-nos a viver em estado permanente de missão. «Peregrinar, caminhar juntos, leva-nos a sair de nós próprios e a
abrirmo-nos aos outros, escutando-os e partilhando a própria existência, com o
espírito missionário e sinodal que se espera hoje da Igreja», sublinham os
bispos portugueses na carta pastoral para o centenário. No mundo atual,
desumanizado, indiferente, a viver «a
terceira guerra mundial em pedaços» – na expressão de Francisco, que nos
visita este 13 de Maio como peregrino da paz e da esperança –, o apelo de
Fátima para gerar processos de paz internos e exteriores mantém atualidade.
Maria, missionária das boas notícias de Deus, acompanha a nossa peregrinação,
faz-nos acreditar «na força
revolucionária da ternura e do afeto» (EG, 288) e lança-nos como
protagonistas criativos e audazes na aventura de comunicar a alegria do
Evangelho ao mundo.’
Fonte :
* Artigo na íntegra http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EuAukFkupEaQMZpwRB
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