terça-feira, 30 de junho de 2015

Protomartires de Roma

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


 ‘Introduzida pelo novo calendário romano universal a Igreja celebra neste dia os Primeiros Mártires da Igreja de Roma. Eles foram vítimas da violenta, cruel e desmedida perseguição do Imperador Nero. Nero assumiu o poder de Roma no ano 54 d.C e foi o primeiro imperador a empreender severa perseguição aos cristãos. Na noite de 18 de julho de 64, Roma foi totalmente consumida pelo fogo e a história relata que Nero foi o causador de tal desgraça. Historiadores da época sugerem que Nero tinha o desejo de construir outra cidade no lugar de Roma e por isso teria promovido tal desgraça.

Em meio ao caos instaurado, o povo clamava para que o culpado fosse julgado e condenado e Nero temendo a revolta, imputou tal culpa aos cristãos que havia sobrevivido ao incidente. O historiador pagão chamado Tácito relata que apesar das controvérsias, Nero fez com que os cristãos fossem penalizados pelo ato, infligindo sobre eles os mais terríveis flagelos. Tal mentalidade chegou ao coração do povo romano que também bradava para ver os cristãos serem martirizados pelos leões nas arenas, torturados nas vias públicas e em um nefasto momento, Nero cobria os cristãos de piche e os incendiava para iluminarem a cidade e cobria mulheres e crianças com peles para serem mortos e devorados pelas feras.

Dentre estes mártires destaca-se, segundo o historiador cristão Eusébio de Cesaréia, a decapitação de Paulo e a crucificação de cabeça para baixo de Pedro. A perseguição de Nero durou até o ano 67 e no ano 68 após uma revolta popular e a deposição de Nero de seu posto de imperador o mesmo veio a suicidar-se.

Muitos cristãos se desvencilharam da perseguição escondendo-se nas catacumbas e outros escaparam para outras cidades. O escritor cristão Tertuliano, século II afirma : ‘O sangue dos mártires é a semente da Igreja.’’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.zenit.org/pt/articles/protomartires-de-roma--2


segunda-feira, 29 de junho de 2015

Falece sacerdote italiano recém-ordenado devido à doença terminal

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)



 ‘A história de um seminarista de 38 anos de idade, portador de uma doença terminal e com o firme propósito de tornar-se sacerdote, teve seu final – ao menos terreno – no dia em que a Igreja celebra São Pedro e São Paulo. Falecido esta segunda-feira (29/06), o sacerdote italiano Salvatore Mellone comoveu muitas pessoas, incluindo o Papa Francisco, que lhe concedeu por meio da Congregação para o Clero uma permissão especial para ser ordenado sacerdote, sem completar os estudos exigidos para tal, em 17 de maio passado.

O próprio Papa Bergoglio havia telefonado ao seminarista pedindo para que o abençoasse na missa de ordenação, celebrada em sua casa. ‘A proximidade do Santo Padre – comentou o neo-sacerdote, logo após a ordenação – me dá força e me dá força a proximidade de tantas pessoas que se unem na oração. Esta é a coisa mais bonita: que se reze e se reze e se continue a rezar, para que possam surgir vocações e possam acontecer também coisas bonitas na vida das pessoas’.

Acometido por uma doença incurável e em fase terminal, sua história comoveu a muitos. O agravamento do quadro clínico não o impediu de realizar o maior desejo de sua vida : tornar-se sacerdote. Natural de Barletta, sul da Itália, e impossibilitado de locomover-se, recebeu a ordenação sacerdotal em 17 de maio em sua casa, na presença de sacerdotes, familiares e conhecidos. Outras pessoas haviam acompanhado a celebração através de um telão instalado na Igreja. A ordenação foi possível em tempo extremamente rápido por desejo do arcebispo local, Dom Giovanni Batista Pichierri, que obteve o beneplácito da Congregação para o Clero.’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.news.va/pt/news/falece-sacerdote-italiano-recem-ordenado-devido-a

sábado, 27 de junho de 2015

Princípios e ideologias

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Dom Walmor Oliveira de Azevedo,
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, MG
  
‘A sociedade brasileira, obviamente no contexto mundial, mais amplo, está também desafiada a avaliar no conjunto de suas crises a configuração das colisões entre princípios éticos e ideologias. Esses embates precisam ser administrados com o mínimo de racionalidade para não se correr o risco de polarizações que vão acelerar processos de intolerância. Deve, sempre, sobressair o exercício do entendimento, cujo ponto de partida é a preservação de princípios inegociáveis, o que inclui o respeito incondicional ao outro.

Ao assumir posturas ideológicas, não se pode ‘passar por cima’, desrespeitosamente, de valores e princípios de outras pessoas, de diferentes segmentos da sociedade nas suas configurações religiosas, sociais e políticas. O desrespeito, certamente, é uma das fontes da crise humanística e comunitária. Suas consequências podem ser irreversíveis : ódio, disputa e permissividade que comprometerão o mínimo de civilidade e de convívio fraterno.  Aliás, a sociedade brasileira, com seus diferentes grupos, já está sofrendo com situações que expõem radicalismos e fundamentalismos.  Evidentemente, esses episódios tornam a paz mais distante. Há uma facilidade irracional para agredir, acusar e espalhar mentiras. Ações que ferem o tecido da cultura brasileira e ganham amplitude nas redes sociais e nos tradicionais meios de comunicação.

Eventos públicos, como os recentemente realizados nas grandes capitais do país, não podem agredir símbolos religiosos e misturar o direito de defesa de perspectivas com atitudes hostis. A ordem pública tem que se posicionar para que as banalizações não tomem conta da sociedade, um processo perigoso que corrói o núcleo da consciência coletiva.   O que movimentos e grupos promoveram, por exemplo, nas ruas de São Paulo, é ofensa aos cristãos, pois se trata de banalizar os símbolos religiosos, um ato irracional. A defesa da pluralidade não justifica e não confere direito a qualquer grupo ou pessoa de assumir posturas marcadas por intolerâncias.

Os cristãos têm o direito e o dever de mostrar que a defesa de uma sociedade plural passa por um caminho diferente do que é trilhado por quem busca agredir a fé. Não se conquista a paz e o respeito ferindo princípios de uma confissão religiosa, ainda mais de maneira debochada. Diante do ocorrido em São Paulo, todo cristão é chamado a expressar ainda mais os princípios de sua fé.  Deixar ficar por isso mesmo, sem esse educativo protesto, é ser conivente com um processo que, à primeira vista, parece ser aceitável como expressão democrática. Contudo, trata-se de uma precipitação tácita e perigosa da sociedade num caos produzido pela relativização abominável de princípios e valores.

É hora, portanto, de um alerta geral. Os deboches e desrespeitos promovidos por parte de um grupo - que merece ser respeitado, cada um de seus integrantes reconhecidos em sua dignidade humana -, é a ‘ponta de um iceberg’. Revela posturas que não podem passar despercebidas. A sociedade, com seus diversos segmentos, tem o desafio de acompanhar o processo em curso para se posicionar sobre importantes temas. Em especial, a respeito da inclusão da chamada ideologia de gênero nas diretrizes da educação nacional, um tema que ainda não é de domínio público. No horizonte dessa mudança, entre outros pontos, a escola - e não a família -, teria a tarefa de ajudar o menino ou a menina a discernir a sua identidade sexual. Isto significa passar por cima de dimensões antropológicas e éticas que são valores inegociáveis no âmbito da moral e da confissão religiosa cristã.

Esse tema traz impactos na vida de muitas pessoas. É um alerta para a indispensável participação de diferentes segmentos da sociedade, para que não se pague o alto preço por negociar princípios em razão de ideologias. Urge, portanto, conhecer os muitos processos que estão em rota de colisão com o bem da sociedade para detê-los. Quem ainda desconhece essas questões deve buscar orientação e informações. Ainda há tempo para firmar um posicionamento.’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=5149

sexta-feira, 26 de junho de 2015

A esperança nos move

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 *Artigo de Cardeal Dom Orani João Tempesta, O. Cist.,
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Vivemos momentos complexos em nossa sociedade! Perseguições, vilipêndios, martírios, intolerâncias, fanatismos ideológicos, culturais, sociais e religiosos, laicidade mal compreendida, o Estado ocupando o lugar da família na educação dos filhos, promessas de solução da violência juvenil com encaminhamentos falaciosos, intolerância religiosa em todos os níveis e certo anticatolicismo espalhado pelo mundo. Sabemos que nesse tempo de ‘mudança de época’, todos estes conceitos e práticas arraigadas em filosofias e visões do mundo, que já há séculos vêm sendo fermentadas na sociedade, devem passar por uma reflexão profunda para que possamos escolher o melhor caminho para o futuro. Estamos colocados diante de uma situação que necessita de um grande discernimento.

Já há muito tempo que no Brasil e no exterior acompanhamos as manifestações de intolerância religiosa em várias modalidades e contra os mais diversos credos, mas também um aumento da violência e insatisfação com revoltas. Existe um clima da necessidade de tempos novos no ar! Eis a oportunidade de uma séria reflexão e escolhas para o futuro. Aparece um direcionamento para banir da sociedade em geral os valores humanos transcendentais e sagrados em favor de um laicismo agressivo, fanático e intolerante.

Quando recebi, no Palácio São Joaquim, na manhã do dia 19 de junho, sexta-feira, a menina Kailane Campos, de 11 anos, que foi atingida por uma pedrada na cabeça por ser reconhecida pela sua religião porque estava vestida com as roupas próprias do Candomblé, na Vila da Penha, aqui no Rio de Janeiro, além do fato pessoal, pude ver no gesto com uma criança uma terrível intolerância religiosa que chegou também em nosso país, infelizmente. No citado encontro, em nome da Arquidiocese, ocasião em pude expressar a nossa solidariedade e reafirmar sua abertura ao diálogo com outras religiões, contamos também com a presença da avó de Kailane, Kátia Marinho, que estava com a menina no momento da pedrada. Representantes da Comissão Arquidiocesana de Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso e da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa também participaram da reunião. Este foi um dos fatos dentro de tantos outros que ocorreram aqui no Brasil e no exterior.

Neste ano em que comemoramos os 50 anos da conclusão do Concílio Vaticano II é bom recordar que ‘a Igreja, por conseguinte, reprova toda e qualquer discriminação ou vexame contra homens por causa de raça ou cor, classe ou religião, como algo incompatível com o espírito de Cristo’. E ainda recorda, citando 1Ped 2,12 : ‘Quanto deles depende, mantenham paz com todos os homens, de modo que sejam verdadeiramente filhos do Pai que está nos céus’ (Nostra Aetate 5).

Os fatos atuais devem nos levar à reflexão e à tomada de consciência quanto ao nosso respeito pelo próximo e pelos valores religiosos que lhe são subjetivamente caros, dado que ele, na fé cândida, pratica seu culto sem prejudicar o bom andamento da reta ordem e sem desrespeitar os demais credos religiosos da sociedade pluralista em que vive. Ora, se ele respeita, por que não mereceria reciprocidade?

Aliás, a própria Bíblia, Palavra de Deus escrita, nos adverte sobre isso ao nos ensinar o seguinte : ‘Não faças a ninguém o que não queres que te façam’ (Tb 4,15), ou ‘Tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles, pois esta é a Lei e os Profetas’ (Mt 7,12). Não está já aqui um importante ponto de reflexão sobre a nossa conduta humana com relação a quem professa uma fé diferente da nossa?

Não pensemos, contudo, que são fatos isolados estes que estamos abordando; não, eles parecem mais ou menos organizados, como dizíamos, para derrubar tudo o que represente algo de sagrado na humanidade, a fim de dar lugar a um secularismo doentio e desumano, pois, feito para Deus, o ser humano não descansa enquanto não repousa n’Ele já, provisoriamente, aqui neste mundo e, definitivamente, na eternidade.

Nós lamentamos muitas situações de intolerância! Que se veja os martírios dos cristãos, que se reflita sobre o vilipêndio e desrespeito aos templos queimados, a imagens religiosas tanto no exterior como aqui entre nós. Em alguns lugares se proíbe e se destrói, em outros (como aqui), além de quebrar, vilipendiam como que insultando todos os que têm nesses símbolos um sinal querido e amado.

Creio que necessitamos de uma reflexão aprofundada, que gostaria de iniciar mesmo sabendo que isso merece um pouco mais de considerações. Vamos iniciar com uma abordagem sobre as orientações laicas, que desejam manipular as religiões e seus ensinamentos.

Dois pronunciamentos mais ou menos recentes nos fizeram constatar isso e, por essa razão, é oportuno que nos atentemos a eles, ainda que de passagem. O primeiro vem do Sr. Vincent Peillon, ministro da Educação na França, em 2013, com as seguintes palavras : ‘Até agora foi feita uma revolução essencialmente política, mas não a revolução moral e espiritual. Deixamos à Igreja Católica o controle da moral e do espiritual. Agora é preciso substituir tudo isso (...). Jamais poderemos construir um país de liberdade com a religião católica. É preciso inventar uma religião republicana que deve ir junto com a religião material, religião que, de fato, é a laicidade. E é por causa disso, aliás, que no início do século XX se começou a falar de fé laica, de religião laica’ (Obedecer antes a Deus que aos homens, p. 84).

O segundo discurso é bem recente, parte da Sra. Hillary Clinton e foi proferido em 24 de abril último no Lincoln Center de Manhattan. Ali, ela expôs de modo claro que ‘os códigos culturais profundamente arraigados, as crenças religiosas e os enfoques culturais devem ser modificados’, desde que privem a sociedade de desfrutar da ‘saúde reprodutiva’, termo ambíguo denunciado mais de uma vez pela Santa Sé como fruto de engenharia de linguagem para designar o aborto.

Indo além, a pré-candidata à presidência dos Estados Unidos, na convenção de seu partido, defendeu um Estado autoritário e controlador ao declarar que ‘os governos devem empregar seus recursos coercitivos para redefinir os dogmas religiosos tradicionais’. Essa coerção levaria à troca dos dogmas religiosos pelos do Estado laicista e perseguidor das religiões, uma vez que estas lembram o Transcendental. Lembram que nenhum poder têm os governantes deste mundo se ele não vier do alto (cf. Jo 19,11).

A fala da Sra. Clinton causou grande repercussão nos Estados Unidos, de modo que Bill Donohue, dirigente da Catholic League, pode declarar que ‘nunca antes se viu um aspirante à presidência dos Estados Unidos atacar diretamente os ensinamentos da Igreja Católica’, mas até aí chegou a intolerância religiosa naquele país que sempre se arvorou em defensor das liberdades individuais ou do homem livre.

Esses discursos que não se intimidam em deixar transparecer o ódio à fé católica e cristã em geral vão além em outras falas ou escritos que também atacam a religião de uma maneira mais ampla, como se fosse ela um grande mal para a humanidade e precisasse ser extirpada a fim de que o ser humano pudesse ser feliz, segundo dizem. Na realidade, porém, se dá exatamente o contrário, conforme asseguram renomados estudiosos : a fé é um alimento propulsor da humanidade para o progresso desde a Antiguidade até nossos dias.

Sim, o sinântropo, ou o homem de Pequim, por ter os vestígios descobertos em Chou-Kou-Thien, a 50 km da atual capital da China, intriga os estudiosos por revelar três aspectos muito importantes : a) sabia produzir e usar o fogo, algo impossível a infra-humanos; b) utilizava instrumentos devidamente talhados ou trabalhados, reveladores de capacidade de invenção e reflexão, dado que preparavam um objeto com finalidades bem próprias; c) expõem grande respeito perante o mistério da morte, com ritos fúnebres, que dão a entender uma crença no além ou numa Divindade. Daí constatar Bergounioux : ‘Seria imprudente deduzir desses fatos (os três atrás recenseados) conclusões demasiado precisas. Contudo, é necessário registrar cuidadosamente essas manifestações de vida de uma tribo ditadas por preocupações já não meramente materiais e já características de uma consciência religiosa que veremos expandir-se e aprimorar-se no homem da etapa seguinte’ (Les Relligions des Prehistoriques et des Primitifs, coleção Je sais – jê crois nº. 140. Paris, 1958, p. 14 apud E. Bettencourt, OSB. Teologia Fundamental. Rio de Janeiro : Mater Ecclesiae, 2013, p. 43).

O famoso psicanalista Carl Gustav Jung, mais recentemente nos assegura o seguinte : ‘De todos os meus pacientes na segunda metade da vida, isto é, tendo mais de trinta anos, não houve um cujo problema mais profundo não fosse constituído pela questão de sua atitude religiosa. Todos, em última análise, estavam doentes por ter perda daquilo que uma religião viva sempre deu em todos os tempos a seus adeptos, e nenhum se curou realmente sem recuperar a atitude religiosa que lhe fosse própria’ (cf. N. da Silveira. Jung : vida e obras, p. 141s).

Visto isso, não é mais possível negar o valor da religião, do sagrado entre os homens, pois sem Deus, como instância superior, o homem se torna lobo do homem e se arroga no direito de ocupar o lugar do Criador, a fim de menosprezar o seu próximo seja por ideologias de cunhos totalitários que conseguiram chegar ao governo de alguns países, seja por outras que – como a ideologia de gênero – vai tentando se implantar nos programas educacionais de nossos municípios para procurar deixar Deus e a natureza humana em segundo plano a fim de manipular o homem e a mulher segundo os caprichos desses mesmos ideólogos de plantão. Mas toda religião bem vivida se opõe a isso e a outras formas de opressão. Daí o desejo de removê-las do caminho revolucionário de qualquer modo.

Uns optam por ridicularizá-la intelectualmente, outros por persegui-la a partir de sistemas de governo autoritário, outros ainda por meio de recursos de manipulação de linguagem ou da hipocrisia verbal, que vai substituindo conceitos clássicos por novas linguagens, desejam nos fazer crer, quase sem perceber, que é necessário apagar da sociedade tudo o que ainda nos leve a Deus. Já alguns outros preferem o ataque frontal com bombas, pedras, tiros, pichações em templos, destruição de imagens ou símbolos religiosos diversos. É a intolerância em seus vários níveis e que precisa ser combatida.

Daí, em 1º de janeiro de 2011, por ocasião do Dia Mundial da Paz, o Papa Bento XVI pedia : ‘Diante das tensões ameaçadoras do momento, especialmente a discriminação, o abuso de poder e a intolerância religiosa que hoje atingem particularmente os cristãos, eu volto a fazer um convite premente para que não cedam ao desânimo e à resignação’. (...) ‘Eu exorto todos a rezar para que os esforços feitos por muitos lados para promover e construir a paz no mundo tenha um bom resultado’, dizia.

Também o Papa Francisco nos exorta : ‘No mundo e nas sociedades existe pouca paz, também porque falta diálogo e há dificuldade de sair do horizonte limitado dos interesses próprios, para se abrir a um confronto verdadeiro e sincero. Para que haja paz é preciso um diálogo persistente, paciente, forte e inteligente, para o qual nada está perdido’ (...). ‘Nós, líderes religiosos, somos chamados a ser verdadeiros ‘dialogantes’, a agir na construção da paz, e não como intermediários, mas como mediadores autênticos. Os intermediários procuram contentar todas as partes, com a finalidade de obter um lucro para si mesmo. O mediador, ao contrário, é aquele que nada reserva para si próprio, mas que se dedica generosamente, até se consumir, consciente de que o único lucro é a paz. Cada um de nós é chamado a ser um artífice da paz, unindo e não dividindo, extinguindo o ódio em vez de conservá-lo, abrindo caminhos de diálogo em vez de erguer novos muros! Dialogar, encontrar-se para instaurar no mundo a cultura do diálogo, a cultura do encontro’. (Papa Francisco. A Igreja da misericórdia : minha visão para a Igreja. São Paulo : Paralela, 2014, p. 97-98).

Se essas palavras se fizerem ações em nossa vida, na de todos os líderes religiosos, ou não, certamente o mundo terá alcançado uma fase da civilização do amor e teremos menos guerra e mais paz em todos os meios, a começar em nossa casa, na nossa rua, no nosso bairro, na nossa cidade até estender-se pelo país e pelo mundo inteiro. Isso, no entanto, tem de começar de nós, de nosso coração, de dentro para fora e não o contrário.

Ainda recordando o cinquentenário do Concílio Vaticano II é bom salientar que : ‘... ainda existem regimes que, embora reconheçam em sua Constituição a liberdade do culto religioso, levam assim mesmo seus poderes públicos a empenhar-se em afastar os cidadãos da profissão da religião, dificultando ao máximo e pondo até em perigo a vida das comunidades religiosas’ (Dignitatis Humanae 15). E ainda : ‘os homens todos devem ser imunes da coação tanto por parte de pessoas particulares quanto de grupos sociais e de qualquer poder humano, de tal sorte que em assuntos religiosos ninguém seja obrigado a agir contra a própria consciência, nem se impeça de agir de acordo com ela, em particular e em público, só ou associado a outrem, dentro dos devidos limites’ (DH 2).

Só assim será possível dizer um basta bem forte a todo tipo de preconceito religioso ou social injusto, e juntos afirmar que somos, realmente, filhos de Deus e irmãos e irmãs de verdade querendo um mundo mais justo, humano e fraterno e agindo para que isso realmente aconteça. As pedras, as intolerâncias, os vilipêndios, os martírios, os escritos ou desenhos difamando símbolos religiosos, a compreensão maldosa do estado laico e tantas outras situações nos fazem pensar sobre qual a direção de nossa sociedade. Verdi, ao escrever a ópera Nabucco, em 1842, fez com que o cântico do ‘coro dos escravos hebreus’ servisse analogamente para despertar o nacionalismo italiano quando estavam dominados por forças estrangeiras, recordando a saudade da liberdade ‘ó minha pátria, tão bela e perdida’ sonhando com os pensamentos navegando por asas douradas! Para nós, cristãos, hoje esse anúncio é claro : é nesse momento que nós anunciamos o Cristo Ressuscitado e somos testemunhas da esperança neste mundo mudado, cansado e abatido. Cristo venceu a morte e o pecado e n’Ele nós vivemos, nos movemos e somos!’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.cnbb.org.br/outros/dom-orani-joao-tempesta/16757-a-esperanca-nos-move

quinta-feira, 25 de junho de 2015

'Malala síria' luta contra casamentos de crianças com homens mais velhos

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

AFP
*Artigo da BBC

Mezon Almellehan é conhecida como ‘Malala da Síria’. Aos 16 anos, a jovem síria faz campanha pela educação e contra o casamento de crianças em campos refugiados na Jordânia.

‘De porta em porta, a ativista conversa com famílias pobres que fugiram do sangrento conflito sírio e tenta convencê-las a não casar suas garotas com homens mais velhos.

Os casamentos forçados de meninas refugiadas sírias na Jordânia têm aumentado de maneira preocupante, segundo o Unicef, o fundo da Organização das Nações Unidas para a infância.

Mezon diz ter começado seu ativismo com seus vizinhos. Conversava com garotas que iam à escola mas que já estavam planejando se casar.

Eu conversei com elas sobre a importância da educação e pedi que adiassem seus casamentos’, disse a ativista à BBC.

Visitou também famílias cujas meninas estavam fora da escola, conta. Explicou às jovens a importância de aproveitarem as oportunidades oferecidas nos campos de refugiados e tentou convencer famílias a reverem suas decisões.

Eu disse a elas que a educação poderia dar-lhes um futuro melhor’, disse. ‘É muito importante fazer este trabalho. Assim, poderemos ter uma nova geração, educada, na qual as pessoas podem se ajudar e poderemos ter um futuro’.

No campo de Zaatari, o maior para refugiados sírios na Jordânia, Mezon participava de um programa de educação para jovens. Cerca de metade das 40 meninas que iniciaram o programa deixaram os estudos, muitas delas para se casar.

Elas achavam que abandonar os estudos para se casar era melhor para elas. Especialmente porque estavam vivendo em campos de refugiados. Elas acreditam que, talvez, no futuro, possam retornar à escola depois de voltar para suas casa na Síria’.

A comparação com a ativista paquistanesa Malala Yousafzai veio após ambas terem se encontrado. No encontro, a prêmio Nobel da Paz incentivou Mezon a continuar com sua campanha.

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O campo de Zaatari foi aberto em julho de 2012
em resposta ao crescente número de refugiados sírios

Malala é um pessoa que fez muito mais do que eu tenho feito. Eu só tenho tentado convencer meninas que deixaram zonas de conflito e acabaram em campos de refugiados a voltar aos estudos’, diz Mezon.

Mas Malala... ela enfrentou uma situação bem pior. Ela arriscou a vida dela pela causa’.

Mezon se diz ‘sortuda’ ao ter apoio do pai, que já expressou orgulho do ativismo da filha.

Sou muito feliz em ter o apoio do meu pai. Sei que sou sortuda em comparação a outras garotas nos campos. Muitas delas realmente querem educação, mas os pais delas não dão muito apoio e isto cria problemas’.

Eu sou realmente sortuda porque meu pai não quer apenas que eu tenha educação - mas a melhor. E sou muito orgulhosa disso’.

E para as meninas que estejam pensando em abandonar a escola para se casar, Mezon tem uma mensagem.

Eu diria a elas que educação pode salvar a vida delas. Que elas deveriam fazer da educação uma prioridade, não importando o quão difícil a vida delas possa ser, não importando o quão difícil a situação possa ficar’.’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/06/150624_siria_ativista_hb

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Quênia : arquidiocese de Nairóbi inaugura o Banco dos Pobres

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

  Resultado de imagem para Quênia + Banco dos Pobres

Banco Caritas de Microfinanças é a 12ª instituição de microcrédito reconhecida no país e ajudará grupos sociais mais vulneráveis ​​nas favelas da capital.

‘Foi inaugurado pela arquidiocese de Nairóbi o Banco Caritas de Microfinanças (Caritas Micro-finance Bank), focado em ajudar os grupos sociais mais vulneráveis ​​das favelas da capital queniana. Englobando desde mães solteiras a pacientes de aids, esse público é geralmente excluído do acesso ao crédito pelos grandes bancos.

A inauguração foi presidida pelo arcebispo de Nairóbi, cardeal John Njuel, que destacou que ‘os principais clientes são jovens, mulheres e microempresas dirigidas por organizações religiosas’.

O banco foi autorizado a operar em todo o território queniano pelo Banco Central do Quênia, tornando-se a 12ª instituição de microcrédito no país. A experiência do microcrédito se espalhou por todo o mundo após o extraordinário sucesso do Grameen Bank, o primeiro banco para os pobres, fundado pelo banqueiro Muhammad Yunus, de Bangladesh, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2006.

A proposta é emprestar pequenas quantias de dinheiro para apoiar projetos de desenvolvimento e o sustento de milhares de famílias, visando sempre a máxima simplicidade de operação. O princípio subjacente é a confiança : o sucesso ou a falência do banco dependem da força da relação pessoal com o cliente. Graças ao microcrédito, milhões de pessoas no mundo todo conseguiram quebrar o círculo vicioso da pobreza.’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.zenit.org/pt/articles/quenia-arquidiocese-de-nairobi-inaugura-o-banco-dos-pobres
  

terça-feira, 23 de junho de 2015

Um mundo com mais sede

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Francisco Ferreira, Quercus


A ONU estima que perto de 800 milhões de pessoas ainda carecem de água potável.

‘À medida que a economia mundial cresce, o mundo vai ficando com muito mais sede. Num relatório das Nações Unidas publicado por ocasião do Dia Mundial da Água, 22 de Março, perspectiva-se que em 2030, se não forem tomadas medidas desde já para reduzir a sua utilização, o mundo terá 40 % menos água doce. De acordo com o relatório, o ‘forte aumento dos rendimentos e melhoria dos padrões de vida de uma classe média em crescimento levaram a fortes aumentos no uso da água, que podem ser insustentáveis, especialmente onde o seu fornecimento é vulnerável ou escasso’.

Os fatores que impulsionam a procura de água incluem o aumento do consumo de carne, casas maiores, mais automóveis e caminhões, mais eletrodomésticos consumidores de energia, isto é, tudo aquilo em que se baseia a nossa atual sociedade de consumo.

O crescimento da população e o aumento da urbanização também contribuem para o problema. A procura de água tende a crescer o dobro em relação à taxa de crescimento da população, pelo que, com o aumento da população mundial para 9,1 mil milhões de pessoas até 2050, gerir os recursos hídricos será particularmente crítico.

Mais pessoas a viverem em cidades tenderão a colocar pressão sobre o abastecimento de água, estimando-se que 6,3 mil milhões de pessoas, ou seja, cerca de 69 % da população mundial, viverá em áreas urbanas até 2050, contra os atuais 50 %.

A agricultura, que utiliza cerca de 70 % das reservas de água doce do mundo, é o sector mais dramático, dado que é também aquele em que se verifica um uso menos eficiente deste precioso recurso.

A ONU estima que perto de 800 milhões de pessoas ainda carecem de água potável, cinco anos depois de se atingir o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio de redução para metade da proporção de pessoas sem acesso a água. A meta estipulada foi conquistada e superada em 2010, quando 89 por cento da população mundial conseguiu ter acesso a fontes de água, designadamente água canalizada, furos equipados com bombas e poços devidamente protegidos.

O 7.º Fórum Mundial da Água que recentemente teve lugar em Seul, na Coreia do Sul, deu destaque à necessidade de nas próximas décadas sermos capazes de construir um futuro seguro, garantindo o acesso à água e saneamento como instrumentos para melhorar o desenvolvimento, ultrapassando também as dificuldades que o transporte de água implica para muitas mulheres e crianças, dando-lhes acesso à educação e facilitando a prevenção de doenças.

Num mundo que enfrenta as alterações climáticas, a segurança da água para fornecer alimentos e energia, para gerar um crescimento verde e sustentável e assegurar o funcionamento dos ecossistemas, é uma necessidade vital. Em setembro deste ano, a atenção estará focada nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, a serem adotados pelas Nações Unidas em Nova Iorque, onde o 6.º objectivo é assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável da água e saneamento para todos. Um desafio, que se espera seja também uma oportunidade e onde o nosso contributo é também essencial.’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EuFFkFAlVlRzMfVjPY
  

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Humanismo ou terror?

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
 *Artigo de Ivanaldo Santos,
filósofo e doutor em estudos da linguagem pela UFRN


‘Em 1947 o filósofo francês Maurice Merleau-Ponty publicou o livro : Humanismo e terror. Nesse livro ele defende a tese que, ao contrário do que poderiam pensar os grupos sociais vencedores da II Guerra Mundial (1939-1945), o terror não se encontra preso a um país, a um partido político ou a uma estrutura de poder. Ele afirma que o regime nazista é um regime de terror, mas o terror na está apenas na Alemanha nazista, ele está diluído e presente em quase toda a sociedade ocidental. A cultura ocidental moderna, que fala do humanismo, que enfatiza um discurso humanístico, está cheia de estruturas de terror (o horror existente na cultura fabril, a violência cotidiana e, muitas vezes, sem consciência, etc) que, em muitos sentidos, se misturam ou são disfarçadas pelo humanismo. Por isso, segundo Merleau-Ponty, o ocidente pós-II Guerra Mundial viveria uma situação contraditória, onde o humanismo e o terror convivem lado a lado.

No início da segunda década do século XXI o Ocidente vive uma situação parecida com a que é descrita por Merleau-Ponty em Humanismo e terror. De um lado, fala-se em humanismo (humanizar a política, humanizar a saúde, etc) e, do outro lado, prolifera-se toda sorte de terror (violência do cotidiano, terrorismo, crescimento alarmante do número de refugiados, etc). Sendo que no atual momento histórico existe um agravante, parece que hoje não existe mais uma convivência, lado a lado, do humanismo com o terror, mas, ao que parece, temos um triunfo do terror. A questão contemporânea não é mais : ‘Humanismo e Terror’, mas sim a opção de escolha : ‘Humanismo ou Terror’.

O motivo dessa piora na situação, da gravidade do momento histórico atual, é que hoje em dia não existem mais discursos, ações, países e estruturas sociais que tenham um discurso humanizador que possa se impor diante do crescimento das ações de terror.

De um lado, os grupos e países que tradicionalmente defendem a liberdade e os direitos humanos estão passando por algum tipo de crise interna. Por exemplo, os EUA, que foram os grandes defensores da liberdade na primeira metade do século XX, estão perdidos em apoios duvidosos a países neo-autoritários, como, por exemplo, a Turquia e a Arábia Saudita. Do outro lado, muitos segmentos que, em um passado recente, defendiam a liberdade e a dignidade da pessoa humana, estão burocratizados, carregados com ideologias, cheios de disputas internas por poder e dinheiro. A consequência disso é que vemos segmentos que, historicamente defendem a liberdade e a ética, irem a público defenderem grupos que espalham o terror e a violência e até pedirem diálogo com o grupo terrorista Estado Islâmico (EI). Nesse contexto, as vítimas, a população civil, são esquecidas.

A sociedade contemporânea está paralisada, sem conseguir reagir à onda de terror que, de formas variadas, se alastra em escala internacional. O discurso humanístico está ficando fraco e chega, em alguns ambientes, até mesmo a perder o sentido. Em muitos lugares, a juventude não se empolga mais pelas campanhas em prol da paz, da sociedade do amor e da pregação feita pela Igreja e pelos místicos. Enquanto isso, essa mesma juventude se alegra com a pregação de ódio e de sangue feita por líderes terroristas.

Diante disso, para onde iremos? Será que os dias de desenvolvimento e de humanização, iniciados na Grécia antiga, perpassados pela pregação de Jesus Cristo e que atingiu a modernidade, chegaram finalmente ao fim? Será que a sociedade viverá um triunfo do terror e a morte do humanismo? Estamos diante do impasse : Humanismo ou Terror? É tempo das forças vivas da sociedade (a Igreja, grupos que lutam pela liberdade, etc) escolherem, mais uma vez, o humanismo e lutarem para tirar o ser humano do terror.’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.zenit.org/pt/articles/humanismo-ou-terror
  

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Crise dos refugiados é muito pior do que o imaginado

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


 ‘O número de pessoas deslocadas de suas casas por causa de guerras e perseguições políticas ou religiosas em 2014 foi o maior da série histórica iniciada em 1950... De acordo com o The Washington Post, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) que classificou o atual momento como um ‘um êxodo mundial sem paralelo nos tempos modernos’.

Em 2014, o número de refugiados, requerentes de asilo e das pessoas forçadas a fugir dentro de seus próprios países ultrapassou 50 milhões pela primeira vez desde a II Guerra Mundial. E continuou a subir para quase 60 milhões de pessoas. A ONU classificou o fenômeno como ‘uma nação dos deslocados’, que é aproximadamente igual à população da Grã-Bretanha. No relatório do ano passado, que compila os dados de 2013, o número de refugiados estava em torno de 48 milhões de pessoas.

A rápida escalada reflete um mundo com conflitos constantes, com guerras no Oriente Médio, África, Ásia e leste da Europa. Para a ONU, os sistemas de gestão dos fluxos de refugiados ‘estão quebrando’, com os países e as agências de ajuda incapazes de lidar com a tensão. Por dia, em média, 45.000 pessoas fogem de seus lares para buscarem abrigo e segurança em outros lugares.

Estamos testemunhando uma mudança de paradigma, uma era em que a escala de deslocamentos forçados, bem como a resposta necessária, estão claramente superando qualquer coisa vista antes’, disse o Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres, em comunicado. ‘É terrível que, por um lado, há cada vez mais impunidade para esses conflitos, e, por outro, há aparente total incapacidade da comunidade internacional em trabalhar juntos para acabar com as guerras e preservar a paz’, completa a análise de Guterres.

Mais da metade dos deslocados por crises, incluindo conflitos na Síria, Afeganistão e Somália, eram crianças, informa a Acnur. A Síria, onde a guerra civil tem se intensificado desde 2011, é a maior fonte mundial de deslocados internos e refugiados. Havia 7,6 milhões de pessoas deslocadas na Síria até o final do ano passado e quase 4 milhões de refugiados sírios vivem agora principalmente no Líbano, Jordânia e Turquia, países vizinhos. O Acnur afirmou que há 38,2 milhões de deslocadas pelo conflito dentro das fronteiras nacionais, quase 5 milhões a mais do que um ano antes, tendo esse acréscimo resultado principalmente das guerras na Ucrânia, Sudão do Sul, Nigéria, República Centro-Africana e República Democrática do Congo.

Dos 19,5 milhões de refugiados que vivem fora de seus países de origem, 5,1 milhões são palestinos. Sírios, somalis e afegãos constituem mais de metade dos demais 14,4 milhões de refugiados, segundo o Acnur.


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/onu-crise-dos-refugiados-e-muito-pior-do-que-imaginavamos


quarta-feira, 17 de junho de 2015

Na Síria, muitos assassinatos por causa da fé

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

  

‘‘Devido ao agravamento da situação dos cristãos no Iraque e na Síria, tornamo-nos testemunhas das atrocidades inauditas perpetradas por muitas partes, mas de modo particular pelo chamado Estado islâmico, que obrigaram milhares de cristãos e de pessoas pertencentes a outras minorias religiosas a fugir das próprias casas. Muitos foram os assassinatos por causa da fé’. Palavras do Secretário para as Relações com os Estados, Arcebispo Paul Richard Gallagher, durante os trabalhos da Plenária da Reunião das Obras de Ajuda às Igrejas Orientais (Roaco), concluída esta quarta-feira (17) em Roma.

Ao ilustrar o compromisso da Santa Sé a nível político e diplomático em favor dos cristãos no Iraque e na Síria, Dom Gallagher evidenciou o modo como esta perseguição ‘tão grave e dolorosa, tenha despertado a consciência da comunidade internacional. Trata-se – observou – de uma questão importante, na qual estão em jogo princípios fundamentais como o valor da vida, a dignidade humana, a liberdade religiosa e a convivência pacífica e harmoniosa entre as pessoas e os povos’.

O Núncio Apostólico Mario Zenari apresentou um relatório detalhado sobre a situação na Síria, que segundo estimativas, contabiliza 220.000 mortos. ‘Mas infelizmente – advertiu – estes números deveriam ser revistos, para cima. Além disso, não estão incluídos os cerca de 20.000 desaparecidos, dos quais se ignora o destino. Os feridos seriam mais de um milhão’. O representante pontifício na Síria denunciou ‘as carnificinas e as destruições perpetradas com o lançamento de bombas de barril sobre escolas, hospitais, mesquitas e mercados populares’. Após, alertou que o conflito ‘passou pouco a pouco para as mãos de extremistas e tornou-se um conflito ‘por procuração’. No ‘campo de jogo’ sírio, uma equipe veste a camisa sunita e outra a xiita. Há um ano, houve uma ‘invasão de campo’ de camisas pretas, que confundiram o jogo'’.


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.news.va/pt/news/na-siria-muitos-assassinatos-por-causa-da-fe-diz-d