sábado, 30 de junho de 2012

Solenidade de São Pedro e São Paulo

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB



ORAÇÃO AOS SANTOS APÓSTOLOS

SÃO PEDRO E SÃO PAULO


Ó Santos Apóstolos São Pedro e São Paulo, nós te escolhemos hoje e para sempre como nossos especiais protetores e advogados:

ü  Ao glorioso São Pedro, Príncipe dos Apóstolos, por ser a pedra sobre qual Deus edificou sua Igreja;
ü  Ao bem-aventurado São Paulo, porque foi escolhido por Deus como pregador da verdade em todo o mundo.

Alcança-nos, te pedimos, uma viva fé, firme esperança e ardente caridade; um despojamento total de nós mesmos, desprezo pelo mundo, paciência nas adversidades, humildade nas coisas prósperas, atenção na oração, sincera intenção no trabalho, diligencia no cumprimento das obrigações, constância nos propósitos, conformidade com vontade Deus e perseverança na divina graça ate a morte, a fim de que por tua intercessão e teus gloriosos méritos, superadas as tentações do mundo, do demônio e da carne, sejamos dignos de comparecer diante do supremo e eterno Pastor de almas, Jesus Cristo, para gozar e amar eternamente a ele que, com o Pai e o Espírito Santo, vive e reina pelos séculos dos séculos. Amém.

Extraído do livro: “Novenas para todas as necessidades” – Editora Artpress

Fonte :

terça-feira, 26 de junho de 2012

OBLATOS : Entre o Céu e a Terra, Cidadãos do Oitavo Dia (Capítulo 1 de 3)

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)   


São Mauro : primeiro discípulo de São Bento e primeiro oblato


Este artigo pertence à palestra do III ENOB ( Encontro Nacional dos Oblatos Seculares da Congregação Beneditina do Brasil ), proferido pela Madre Abadessa Vera Lúcia Parreiras Horta, OSB, monja beneditina do Mosteiro do Salvador em Salvador (BA)(www.mosteirodosalvador.org.br ).
  
O evento, que ocorre a cada quatro anos, teve como tema 'Oblação, oferta a Deus e aos irmãos' e foi realizado de 25 a 30 de outubro de 2011, no Centro de Treinamento de Líderes, na praia de Itapuã.

            'Fenômeno da Igreja de nosso tempo é a participação de leigos na espiritualidade das Ordens e Congregações. Estes leigos ampliam a inspiração original de homens e mulheres de Deus, fundadores das diversas famílias de consagrados. Riqueza, na pobreza hoje experimentada pela diminuição do número de vocações aos mosteiros e congregações históricas, os leigos trazem novo vigor às comunidades às quais estão vinculados. Por outro lado, no contato com as comunidades que os acolhem, aprofundam e alimentam a fé que os ajuda a enfrentar o cotidiano da sociedade pós-moderna secularizada.   


1 – Oblatos em uma mudança de época
É neste contexto atual que Deus fala. Ele sempre fala em termos de presente, no indicativo. Interessante, Johanna Domek OSB, em um de seus estudos sobre as perguntas na RB (1), assinala que a primeira pergunta a nós dirigida na Regra Beneditina é : “E que diz?” (RB Pról. 12). Pouco adiante, Bento pergunta : “Que há de mais doce para nós, caríssimos irmãos, do que esta voz do Senhor a convidar-nos?”(RB Pról. 19). A que nos convida esta voz aqui e agora concretamente? Em que contexto estas perguntas nos encontram, seja a nível pessoal, seja a nível mundial?
A Conferência de Aparecida registrou com força : “Vivemos uma mudança de época e seu nível mais profundo é o cultural. Dissolve-se a concepção integral do ser humano, sua relação com o mundo e com Deus.” (cf. DA 44) (2). Neste mesmo ano de 2007, na alocução à Conferência Monástica Italiana, o Abade de Noci, Donato Ogliari OSB (3), nota a definição dada pelo sociólogo Z. Bauman à sociedade atual, a de ser uma sociedade líquida”, onde tudo se dissolve. Valores e significados mudam velozmente e desajustam contextos de vida até agora bem definidos. Em seu discurso inaugural ao V CELAM, o Santo Padre Bento XVI afirma : “Só quem reconhece a Deus, conhece a realidade e pode responder a ela de modo adequado e realmente humano” (cf. DI 3) (4). E o documento introduz o que será uma constante referência : “por essa razão, os cristãos precisam recomeçar a partir de Cristo, a partir da contemplação de quem os revelou em seu mistério a plenitude do cumprimento da vocação humana e de seus sentido” (cf. DA 41).
Enquanto escrevo esta introdução, uma nova crise econômica mundial aparece no horizonte, sinal da instabilidade em que nos encontramos. Em vários pontos do globo a natureza grita como “em dores de parto”, porque os filhos desta geração a exploram sem levar em consideração as leis naturais. No entanto, o clamor que sobe das regiões mais atingidas não parece suficiente para que os representantes das grandes potências tenham a coragem de abraçar medidas concretas. No Brasil, vive-se a contradição de sermos um país emergente, contando entre as futuras potências mundiais, onde tantos padecem de fome. A corrupção, a violência armada, a invasão das drogas, a tentativa de impor uma terceira opção sexual, a educação de pouca qualidade, são alguns dos fatores que minam a força da juventude. Em tudo isto ressoa a voz de Bento : "E que diz?"

            A mudança de época que é a nossa, tem muitos pontos de semelhança com a vivida por Nosso Pai São Bento. O livro dos Diálogos no-lo apresenta inúmeras vezes "sentado à porta" do mosteiro, onde a realidade de seu mundo bate das mais variadas formas. O "estar sentado" é termo técnico que indica a posição do discípulo, daquele que escuta. A escuta, mais do que palavra inicial da Regra Beneditina, é uma atitude constante a ser desenvolvida e cultivada. Podemos nos perguntar : Que impacto nossa realidade tem sobre nós, discípulos na escola legada por São Bento? No contexto atual do mundo, qual a palavra que escutamos com maior insistência? O que e a quem não escutamos? O que você, mergulhado nesta realidade secular, diria a todos com quem divide o dom da existência e que aguardam para entrar na liberdade da glória dos filhos de Deus? (cf. Rm 8,21). Que nos diz Deus hoje? (cf. RB Pról. 10-12).

Todos temos uma especial competência profissional e espiritual, confiada, não só para nós ou para um pequeno grupo, mas para influenciar em uma dimentsão mais ampla. Já o documento Partir de Cristo (5), ao falar da comunhão com os leigos reforça a dimensão eclesial dos diversos carismas de vida consagrada como "suscitados pelo Espírito para o bem de todos". Assim devem estar recolocados no próprio centro da Igreja, para o bem de todo o povo de Deus. Já o sabemos e experimentamos.

A todos urge escutar, e escutar bem, correr, para que as trevas da morte não nos envolvam; correr e agir agora de forma que nos aproveite para sempre (RB Pról. 13-44). Dedicar estes dias à reflexão e à partilha é, com certeza, testemunho da atitude de busca. Importante será reunir a experiência concreta com a tradição espiritual que é a nossa, a fim de que a tradição possa continuar a ser o que seu nome indica : entrega de vida de geração em geração, processo constitutivo da própria Igreja de Cristo, aquele que é a Traditio do Pai. Processo também antropológico, cadeia ininterrupta, que edifica a humanidade em sua história, valores, dignidade, hoje desafiada, como ainda coloca o Documento de Aparecida : "...devemos admitir que esta preciosa tradição começa a diluir-se...esse fenômeno talvez explique um dos fatos mais desconcertantes e originais que vivemos no presente. Nossas tradições culturais já não se transmitem de uma geração à outra com a mesma fluidez que no passado" (cf. DA 39). E o texto aponta com força para o núcleo mais vulnerável e mais profundo de cada cultura, a saber, a experiência religiosa. Este é o contexto do oblato de hoje.

2 - Marcados pelo desejo sincero de procurar a Deus

No capítulo IV do Estatuto dos Oblatos, recentemente aprovado ad experimentum(6), vemos o que se pede do candidato à oblação. Há seis requisitos, dos quais realço o seguinte : desejo sincero e autêntico de procurar a Deus; vocação à espiritualidade beneditina; disposição de vincular-se à comunidade dos oblatos, na atenção para com a missão da comunidade monástica. Certamente muitos destes aspectos já foram abordados a esta altura do congresso. Mas vale sempre repetir, pois cada repetição evidencia a importância do enunciado e traz algum prisma novo.   
   
O primeiro dos critérios fala do desejo de procurar a Deus. Mola mestra da busca de Deus, o desejo aparece na Regra de São Bento doze vezes, da quais, duas citações relacionam-se com a vida eterna. A primeira está no capítulo dos Instrumentos das Boas Obras (RB 4,46), onde também é citada a "cobiça espiritual" e o conjunto dos  versículos em que este instrumento se encontra acena com força para a dimensão escatológica (cf. vv. 44-48). Ele reaparece no capítulo da quaresma (cf. RB 49,7) relacionado com a alegria do desejo espiritual que impulsiona o monge para a Páscoa. Esta espera será preparada por um intenso trabalho de conversão dos desejos bem conhecidos pelos chamados teóricos da vida monástica, especialmente, Evágrio e Cassiano. Bento os conhece e os menciona ao longo de seu texto. Indica continuamente como objetivo da regra a emenda dos vícios já descritos por seus antecessores (cf. RB Pról. 36,47). As outras menções ao desejo, enquanto vício, podem ser resumidas na pessoa dos sarabaítas, para quem a satisfação dos desejos é lei. Encontramos aqui o máximo da perversão do desejo (cf. RB 1,8). Vejam-se ainda as menções aos desejos da carne, especialmente no primeiro grau da humildade (RB 4,59;  7,12; 7,23; 7,24; 7,31). Descritos antes ainda por São Paulo na Carta aos Gálatas, recorda-nos o chamado à liberdade, que pela caridade coloca-nos a serviço uns dos outros.      

Este desejo que move os cenobitas, “que não obedecendo aos próprios desejos e prazeres (...) desejam que um abade lhes presida” (RB 5,12). Paulo convida-nos a deixar-nos conduzir pelo espírito e assim, não satisfazer aos desejos da carne. O Apóstolo que Bento mais cita em sua Regra, por excelência, e que nos oferece a lista dos frutos do espírito, dentre eles, amor, alegria e paz (cf. Gl 5, 13-24). No curso da história da espiritualidade, outros grandes mestres retomarão a força do desejo, agora de forma positiva, sendo que ainda no século VI, Gregório Magno desenvolverá uma verdadeira teologia do desejo. Ao definir a atitude do jovem Bento em Subiaco como aquele cujo desejo era o de agradar somente a Deus, Gregório coloca Bento na mesma linha, também encontrada e por ele evidenciada em uma mulher, Maria Madalena. Na homilia sobre os Evangelhos, São Gergório diz que “a eficácia das boas obras está na perseverança”. Nota como “os desejos fossem aumentando com a espera e fizessem com que chegasse a encontrar (...) pois os desejos santos crescem com a demora, mas, se diminuem com o adiamento, não são desejos autênticos(7). Ambos são assim colocados na corrente da tradição espiritual provada pela experiência.

O desejo é uma categoria do querer, um desejo humano, que ao dirigir-se para Deus, apenas responde ao próprio desejo de Deus que o antecede, como bem expressou o autor Sebastian Moore, citado por William Barry SJ : “O toque criador de Deus que nos deseja no ser, desperta em nós um desejo de ‘algo indizível’, isto é, do Mistério que chamamos Deus(8). Para cada pessoa haverá uma percepção inicial deste desejo de Deus por si, o que chamamos de vocação, experiência fundante, ponto capital da história pessoal de salvação que cada um descobrirá e guardará como a pérola preciosa. Será seu norte, sua bússola contínua, a pedra de toque de sua vida. Uma das mais belas representações plásticas do toque de Deus nos é dada por Michelangelo, nas duas mãos, do Criador e de sua Criatura, no teto da Capela Sistina, no Vaticano.

Todo cristão, diria até, todo e qualquer ser humano, será responsável por perceber em seu ser este toque de Deus que o constitui no ser e abre o diálogo que terá a duração de uma vida inteira. As circunstâncias serão as mais variadas como o são as da História da Salvação e de seus muitos personagens. Veja-se também a História da Igreja, a imensa fileira de homens e mulheres de Deus, dos que, conhecidos ou não, marcam a história com valores evangélicos. Quanto mais sensíveis nos tornarmos à palavra de Deus pronunciada em nosso íntimo, mais perceberemos seus traços, pegadas, nas pessoas e no contexto em que fomos chamados a viver, mesmo caóticos. Tudo se torna revelação para nós, tudo poderá ser decodificado, seja em nossa vida pessoal, seja no que acontece ao nosso redor. Foi no caos do Calvário que o Cristo Jesus disse sua definitiva palavra salvadora. Foi lá que seu desejo de fazer a vontade do Pai se cumpriu. Há muitos Calvários em nosso mundo, como dizia Claudel : “A madeira da qual foi feita a cruz, jamais faltará(9).'

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(1) – DOMEK OSB, Johanna, Conferência, Salvador (2011) pro manuscrito.
(2) – Documento de Aparecida, V CELAM (2007), sempre citado como DA.
(3) – Cf. OGLIARI OSB, Donato, “Además de sobrevivir, cual será el futuro de la presencia monástica em occidente?” in cuadernos Monascitos 177 (2011) 191-199.
(4) – Discurso Inaugural do V CELAM, Papa Beneto XVI.
(5) – Documento promulgado pela Sagrada Congregação para Religiosos e Institutos seculares, 2002.
(6) – Cf. ESTATUTO DOS OBLATOS, Decreto do 58º Capítulo Geral da Congregação Beneditina do Brasil, Rio de Janeiro (2011).
(7) – Cf. Liturgia das Horas Romana, Memória de Santa Maria Madalena, 22 de julho, II    Noturno.
(8) – Cf. BARRY, William SJ, “Allowing the creature to deal with the Creator” – pag. 23
(9) – CLAUDEL, Paul – citação livre



Fonte :
Oblação, Oferta a Deus e aos Irmãos – Conferências do III ENOB
(Encontro Nacional dos Oblatos da Congregação Beneditina do Brasil)
Edições Subiaco – 2012
Editado e impresso pelas  monjas beneditinas do Mosteiro da Santa Cruz – Juiz de Fora – MG - Brasil


domingo, 24 de junho de 2012

São João Batista

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)   


Oração a São João Batista

                    'São João Batista, voz que clama no deserto: "Endireitai os caminhos do Senhor... fazei penitência, porque no meio de vós está quem não conheceis e do qual eu não sou digno de desatar os cordões das sandálias", ajudai-me a fazer penitência das minhas faltas para que eu me torne digno do perdão daquele que vós anunciastes com estas palavras: "Eis o Cordeiro de Deus, eis aquele que tira os pecados do mundo".
 
                   São João, pregador da penitência, rogai por nós.
 
                   São João, precursor do Messias, rogai por nós.
 
                   São João, alegria do povo, rogai por nós. '

Fonte :
 
 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O empenho da Igreja no combate ao tráfico de seres humanos


Escravidão de crianças-soldado no continente africano  

O Pontifício Conselho da Justiça e da Paz promoveu na Cidade do Vaticano, em meados de maio de 2012, uma Conferência Internacional sobre o Tráfico de Seres Humanos.
Preparado em associação com o Departamento para as Políticas Migratórias da Conferência Episcopal da Inglaterra e Gales, o acontecimento teve como objetivo implementar um processo de cooperação entre Igrejas, polícias e organizações internacionais para lutar contra tal aberração em pleno século XXI.

O roubo de órgãos, o trabalho escravo e a exploração sexual – de homens, mulheres, crianças e animais – segundo as Nações Unidas, são os crimes com maior percentual de crescimento, depois do contrabando de armas e de drogas
Mergulhados na exclusão social, inúmeros desvalidos tornam-se a ‘matéria-prima’ para as corporações criminosas.

Neste âmbito, a conferência conseguiu :

ü  Enfatizar a cautela, a atenção, o auxílio pastoral e a recuperação das vítimas, citando o trabalho extraordinário de muitas entidades no combate ao suplício sem fronteiras; todavia, as dificuldades perduram

ü  Evidenciar os métodos que o poder, tanto público quanto privado, pode utilizar em conjunto para extinguir a aterrorizante operação comercial de ‘compra’ e ‘venda’

ü  Ressaltar a preocupação das autoridades vaticanas por uma provável amplitude do tráfico de mulheres para o Reino Unido, em razão dos Jogos Olímpicos de Londres, assim como o alastramento da prostituição e da escravatura sexual nas demais ocasiões. 

Para o Presidente do Pontifício Conselho, Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, as leis nacionais e os pactos entre países, são imprescindíveis, mas revelam-se, ainda, ineptos para destroçar esta calamidade. É necessário investir em educação genuína, proporcionar melhores condições de vida aos pobres e, consequentemente, diminuir as chances de serem aliciados pelos espertalhões do submundo.

Concluindo, considera lamentável o não alinhamento à convenção mundial dos direitos dos trabalhadores migrantes e suas famílias, estabelecido em 1990, por muitos países membros da União Européia e/ou do Grupo dos Oito (G-8).



Fonte :

http://www.zenit.org/index.php?l=portuguese 

http://www.radiovaticana.org/index.html

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Sagrado Coração de Jesus

Por Maria Vanda (Ir. Maria Silvia, Obl. OSB)



                                   Jesus homem, como os homens, tivera um coração. Com um gracioso coração foi deitado na manjedoura, quando provavelmente sorrira para os Rei Magos. Com destemido coração desprendeu-se dos seus pais, ainda em sua infância, para debater com os Doutores da Lei no Cenáculo. Com seu visionário coração foi ao Rio Jordão para receber o batismo do obediente João Batista. Com o mesmo compartilhante coração, ouvira sua Mãe, nas Bodas de Caná, e abarrotara de fino vinho os barris para os noivos e convidados. Com o seu peregrino coração andou por mares, sinagogas e desertos, anunciando, pregando e ensinando a nova aliança e as coisas do novo reino. Com seu comovido coração, chorou a morte de Lázaro e o fez reviver do túmulo. Com o seu piedoso coração multiplicou pães e peixes e alimentou o povo que se aglomerava para ouvi-lo. Com seu generoso coração cura os doentes, dá visão aos cegos, faz andar os coxos, perdoa a pecadora, atende o clamor da viúva, livra os possessos dos demônios, ensina à Martha e Maria qual a melhor, oferece à Samaritana o poço da água viva, atende ao rogo do centurião, enche à rede dos pescadores. Com o seu seguro coração, reúne seus discípulos, os ensina as coisas do alto e lhes antecede e previne de que cálice haveria de beber, falha-lhes em parábolas e lhes explica o que elas significam. Com seu sapiente coração faz o Sermão da Montanha e proclama as bem-aventuranças ao povo. Com o seu firme coração entra em Jerusalém montado num jumentinho e purifica o Templo, expulsando os vendilhões. Com o seu serviçal coração lava os seus discípulos a comunhão e eucaristia. Com o seu contrito coração, ensina seus discípulos a orar e a pedir ao Pai, tudo que desejasse obter. Com o seu fiel coração sofre em silêncio, jejua, sofre as tentações do demônio, chora e sua sangue. Com o seu obediente coração afirma ao Pai que seja feita a vontade Dele e não a sua. Com o seu ngener caridoso coração se entrega à cruz para nos remir dos pecados. Com o seu misericordioso coração roga, na cruz, ao Pai pelo perdão de nossos pecados. Com o seu majestoso coração ressuscita dentre os mortos e nos dá testemunho pleno de que esteve entre nós e morreu na cruz para nossa salvação. Com seu puro e imensurável coração, lega-nos o Espírito Santo Paráclito que nos guia. E com o seu Divino Coração, ascende aos céus e se assenta à direita de Deus Pai, de onde nos olha, nos ouve, nos guia, nos  protege e nos AMA COM O TODO O SEU SACRATISSIMO CORAÇÃO DE DEUS FILHO.  

                                  A Ti Senhor, Pai, filho e Espírito Santo, todo o bem e toda glória para sempre!

                                   
                                                               Irmã  Maria Silvia - osb 




                                                                     

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Oficina de Santa Rita 'São João de Sahagun'

Por Cecilia F. Angelo e Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

  
A Associação e Oficinas de Caridade Santa Rita de Cássia é uma fundação da Ordem de Santo Agostinho.

Sua origem remonta a 1901, por iniciativa de uma jovem da nobreza de Madri. Ao acatar o conselho de seu confessor, dedicou parte de seu tempo à costura e distribuição de roupas para crianças pobres. Seu entusiasmo era tanto, que animou as amigas. E as amigas animaram outras mulheres que também se prontificaram a participar. Dali em diante, todas trabalharam por uma mesma causa.

O Padre Salvador Font, agostiniano, percebendo a propagação e dinamismo da iniciativa, amparou a criação de outros centros, regulamentando-os sob a proteção de Santa Rita.

Em pouco tempo, a obra amplificou-se pelas demais províncias da Espanha. O papa Leão XIII concedeu-lhes a benção e várias indulgências.


 CINQUENTENÁRIO DA OFICINA  
  SÃO JOÃO DE SAHAGUN    

Colégio Cristo Rei, das Irmãs Agostinianas Missionárias – São Paulo, capital – possuía na década de 60 uma APM (Associação de Pais e Mestres) muito ativa. Por intermédio de ações sociais e culturais, conseguia integrar a escola e a família de seus alunos.
Com o total empenho da Madre Angélica, nasceu entre as mães a idéia de formar uma Oficina de Santa Rita, confeccionando enxovais para os recém-nascidos, no intuito de auxiliar famílias carentes. Assim, em 12 de junho de 1962 surgiu o embrião da centésima unidade.
Para conselheiro, convidaram Padre MarianoFoi dele a sugestão de batizá-la de SÃO JOÃO DE SAHAGUN. E 12 de junho, além disso, corresponde ao culto deste santo de notória devoção à Santíssima Eucaristia.



Foi uma graça divina ter Padre Mariano como Conselheiro por tantos anos : ele era extremamente atuante, frequentador assíduo das reuniões, sempre com palavras de carinho e incentivo ao trabalho.
As dificuldades eram colossais, no entanto, a força de vontade e o empenho eram maiores.

Estes enxovais até hoje são distribuídos ao Hospital Amparo Maternal e às mães extremamente necessitadas. Contribuímos também com os idosos da Casa Comunitária São José ( levamos roupas, materiais de higiene e remédios ).

Sendo um movimento auto-suficiente, precisamos arrecadar fundos e custear despesas : dependemos da doação espontânea em dinheiro de alguns colaboradores, elaboramos diferentes tipos de artesanato, que são expostos no Bazar Anual das Oficinas de Santa Rita, e promovemos chás beneficentes.

Aproveitamos a ocasião para agradecer o magnífico apoio das Irmãs Maria Eline Lopes Oliveira, Angela Cecília Traldi e Ana Maria de Paula Brandão, às destemidas voluntárias e àquelas que presidiram tão condignamente esta empreitada nestes cinquenta anos :
. Maria José Felissati – a primeira presidente, mulher dinâmica, que se empenhou de corpo e alma
. Olga Pereira de Castro
. Olimpia M. Rego Barros
. Catharine M. Pinheiro
. Dulce Nabuco
. Terezinha de Siqueira
. Isaurina Barros Peixoto

PATRONO


SÃO JOÃO DE SAHAGUN ou João de São Facundo, nascido em 11 de junho de 1430 como Juan Gonzales de Castrillo Martinez de Sahagun y Cea.  Estudou em sua cidade natal no mosteiro Beneditino de San Fagondez e desde pequeno mostrava sinais de santidade.

Apesar de uma vida abastada, João renunciou aos benefícios oferecidos por seus pais, pois achava que eles eram contrários aos desígnios de Deus. Após ordenar-se padre, acreditando que uma melhor compreensão da teologia lhe permitiria uma entrega mais completa a Deus, pediu permissão ao seu Bispo e foi estudar em Salamanca.

Em busca de um caminho mais próximo de Deus, optou pela ordem dos Agostinianos, tornando-se FREI JOÃO ao emitir seus votos em 28 de agosto de 1464 :

ü  era profundamente devoto da Eucaristia – O próprio Deus se manifestava a ele no Santíssimo Sacramento

ü  tinha o dom de penetrar nos segredos da consciência, quem o procurava acabava por fazer uma boa confissão

ü  visitava os mais necessitados e enfermos, consolando-os com palavras e pedindo auxílio aos que podiam socorrê-los com bens materiais

ü  mediador da paz e da concórdia, colocou fim às hostilidades em Salamanca e tornou-se um de seus padroeiros.  Infatigável pregador e defensor dos direitos, era muito corajoso, por isto amargou inúmeras perseguições; depois de sofrer uma tentativa de homicídio (seus assassinos se arrependeram ao chegar perto dele), finalmente foi assassinado em 11 de junho de 1479, com veneno administrado por uma mulher de origem nobre, cujo amante se converteu e retornou à vida familiar.

Prontamente foi aclamado APÓSTOLO DE SALAMANCA e começaram as peregrinações ao seu túmulo, onde ocorriam milagres. 


Cronologia

v  NASCIMENTO – 1430 – Vila San Facundo – León-Reino de Castela  (atual Espanha) 
v  MORTE – 11 de Junho de 1479 em Salamanca

v  BEATIFICAÇÃO – 1601 – Roma – Papa Clemente VIII

v  CANONIZAÇÃO – 16 de outubro de 1690 – Roma – Papa Alexandre VIII

v  PRINCIPAL TEMPLO – Catedral Nova de Salamanca e Ermita de San Juan de Sahagún

v  FESTA LITURGICA – 12 de Junho – dia em que foi declarado Santo pela igreja em 1690


Aceitamos doações de lã e estamos sempre abertas para receber novas voluntárias. Temos somente uma reunião mensal, a contribuição em dinheiro é facultativa e o que se pede é boa vontade em auxiliar o próximo. Se souber executar algum trabalho manual, ajuda muito.
Para participar contate Eliana Marufuji (11) 98482-4272.
   

domingo, 10 de junho de 2012

O Sermão de Santo António aos Peixes - Capítulo VI



PERORAÇÃO
        

Na sexta e última etapa do sermão, o Padre António Vieira faz uso de um desfecho marcante para impactar os ouvintes, na esperança de que eles pratiquem os bons ensinamentos :   

v  Acentua que a irracionalidade, a inconsciência e o instinto dos peixes são melhores do que a racionalidade, o livre arbítrio, o entendimento e a vontade própria do homem  

v  Relata que os peixes e os homens nunca chegarão ao sacrifício final, uma vez que os peixes já vão mortos e os homens vão mortos de espírito 
 

v  Na bíblia, ao citar determinados animais escolhidos para sacrifício, Deus exclui os peixes, pela impossibilidade de chegarem vivos ao altar da imolação; afinal, Ele não quer seres mortos para enaltece-lo 
 
v  A repetição de ‘Louvai’ e ‘Deus’ cria uma atmosfera sonora cada vez mais intensa, apontando para a finalidade da prédica : louvar o Altíssimo.
Nosso missionário almeja que os homens imitem os peixes, convertam-se, guardem obediência e respeito ao Senhor.                 

Utiliza o hino Benedicite para finalizar o sermão num tom festivo, próprio à comemoração de Santo António, cuja festa 'corria solta' em 1654. 
 


Capítulo VI

‘Com esta última advertência vos despido (216), ou me despido de vós, meus Peixes. E para que vades consolados do Sermão, que não sei quando ouvireis outro, quero-vos aliviar de uma desconsolação mui antiga, com que todos ficastes desde o tempo em que se publicou o Levítico (217). Na Lei Eclesiástica ou Ritual do Levítico, escolheu Deus certos animais, que lhe haviam de ser sacrificados; mas todos eles ou animais terrestres ou aves, ficando os peixes totalmente excluídos dos sacrifícios. E quem duvida que esta exclusão tão universal era digna de grande desconsolação e sentimento para todos os habitadores de um elemento tão nobre, que mereceu dar a matéria (218) ao primeiro Sacramento (219)? O motivo principal de serem excluídos os peixes, foi porque os outrosanimais podiam ir vivos ao sacrifício, e os peixes geralmente não, senão mortos; a cousa morta não quer Deus que se lhe ofereça, nem chegue aos seus Altares. Também este ponto era mui importante e necessário aos homens, se eu lhes pregara a eles. Oh quantas Almas chegam àquele Altar mortas, porque chegam e não têm horror de chegar, estando em pecado mortal! Peixes, dai muitas graças a Deus de vos livrar deste perigo, porque melhor é não chegar ao Sacrifício, que chegar morto. Os outros animais ofereçam a Deus o ser sacrificados; vós oferecei-lhe o não chegar ao sacrifício; os outros sacrifiquem a Deus o sangue e a vida; vós sacrificai-lhe o respeito e a reverência.  

Ah peixes, quantas invejas vos tenho a essa natural irregularidade! Quanto melhor me fora não tomar a Deus nas mãos, que tomá-lo tão indignamente! Em tudo o que vos excedo, peixes, vos reconheço muitas vantagens. A vossa bruteza é melhor que a minha razão e o vosso instinto melhor que o meu alvedrio. Eu falo, mas vós não ofendeis a Deus com as palavras; eu lembro-me, mas vós não ofendeis a Deus com a memória; eu discorro, mas vós não ofendeis a Deus com o entendimento; eu quero, mas vós não ofendeis a Deus com a vontade. Vós fostes criados por Deus, para servir ao homem, e conseguis o fim para que fostes criados; a mim criou-me para o servir a ele, e eu não consigo o fim para que me criou. Vós não haveis de ver a Deus, e podereis aparecer diante dele muito confiadamente, porque o não ofendestes; eu espero que o hei-de ver, mas com que rosto hei-de aparecer diante do seu divino acatamento, se não cesso de o ofender? Ah que quase estou por dizer que me fora melhor ser como vós, pois de um homem que tinha as minhas mesmas obrigações, disse a Suma Verdade (220), que melhor lhe fora não nascer ou não nascer homem: Si natus non fuisset homo ille. E pois os que nascemos homens, respondemos tão mal às obrigações de nosso nascimento, contentai-vos, Peixes, e dai muitas graças a Deus pelo vosso. 

Benedicite, cete, et omnia quae moventur in aquis Domino: Louvai, Peixes, a Deus, os grandes e os pequenos, e repartidos em dois coros tão inumeráveis, louvai-o todos uniformemente. Louvai a Deus, porque vos criou em tanto número. Louvai a Deus, que vos distinguiu em tantas espécies; louvai a Deus, que vos vestiu de tanta variedade e formosura; louvai a Deus, que vos habilitou de todos os instrumentos necessários para a vida; louvai a Deus, que vos deu um elemento tão largo e tão puro; louvai a Deus, que, vindo a este mundo, viveu entre nós, e chamou para si aqueles que convosco e de vós viviam; louvai a Deus, que vos sustenta; louvai a Deus, que vos conserva; louvai a Deus, que vos multiplica; louvai a Deus, enfim, servindo e sustentando ao homem, que é o fim para que vos criou; e assim como no princípio vos deu sua benção, vo-la dê também agora. Amen. Como não sois capazes de Glória, nem de Graça, não acaba o vosso Sermão em Graça e Glória.’

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(216) O mesmo que despeço, forma que já então existia.

(217) Livro da Bíblia, cuja finalidade é regular o culto entre os hebreus. O nome vem do fato de ter sido a tribo de Levi a escolhida para o serviço litúrgico. O primeiro livro do Levítico pode considerar-se um ritual dos sacrifícios.

(218) Água.

(219) O sacramento do batismo, que é realizado com o “elemento” água.

(220) Deus.