Mostrando postagens com marcador Jesus. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Jesus. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Jesus, o nome acima de todo nome

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo do Padre Rivelino Nogueira

 

‘‘Chegando ao território de Cesareia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos : ‘No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?’. Responderam : uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas. Disse-lhes Jesus : ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’’A Palavra continua narrando que Pedro, em nome dos demais apóstolos, respondeu para Jesus que Ele era o Cristo, o filho de Deus vivo!

Uma resposta que vai além do entendimento humano de Pedro e Jesus logo percebeu isso. A palavra ‘Jesus’ significa em hebraico ‘Deus salva’. O nome Jesus traduz a pessoa e a missão dele. A pessoa que é o Filho de Deus, com a missão de quem veio à Terra para salvar seu povo dos pecados. Salvação definitiva e de todos os homens.

O nome que está acima de todo nome (cf. Fl 2,9-10). É nesse nome que os discípulos de Jesus, ontem como hoje, operam milagres, pois o Pai concederá tudo o que for pedido em nome de Jesus (cf. Jo 15,16). 

A palavra ‘Cristo’ é a tradução grega do termo hebraico ‘Messias’, que significa ‘ungido’. Em Israel eram ungidas em nome de Deus as pessoas que lhe eram consagradas para uma missão vinda de Deus.

Um anjo anunciou aos pastores o nascimento de Jesus como sendo Ele o Messias prometido a Israel : ‘Hoje, na cidade de Davi, nasceu-vos um Salvador que é o Cristo Senhor’ (Lc 2,11). Por suas obras e palavras foi reconhecido como ‘o Santo de Deus’ (Mc 1,24), o ‘Filho de Davi’ messiânico, o prometido por Deus a Israel.

Não basta sabermos quem é o Cristo das escrituras se não mudamos de vida para tê-lo como Deus; devemos agir sem esperar apenas por um milagre, mas assumindo uma postura ativa e de mudança de atitude. Jesus é toda autoridade, porém Ele nos dá o livre-arbítrio para vivermos nossas vidas e guiarmos nossas decisões.

É por conhecer quem é Jesus que devemos buscar o entendimento de que se trata a Sagrada Escritura. Jesus quer cada um de nós como discípulos e missionários, indo ao encontro do outro e também sendo os protagonistas de nossas histórias.

Que saibamos enfrentar os desafios do cotidiano com espírito cristão e não nos acomodemos diante das dificuldades, sabendo que existe um Deus que está ao nosso lado. Confiemos os nossos impossíveis a Jesus, nossa confiança está nele.

Seguir Jesus é anunciar o que Ele pregou, viver como Ele viveu e crescer sempre na busca de ouvir o que Ele tem a nos dizer. Vinde e vede!

Que, no dia de hoje, possamos pensar na pergunta de Jesus ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’ e nos esforçarmos para que nossa vivência revele a resposta. Como sozinhos jamais conseguimos, peçamos juntos essa graça ao Senhor!’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/jesus-o-nome-acima-de-todo-nome.html

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Jesus, modelo de oração e ação

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

*Artigo do Padre Flávio de José Lima da Silva


A oração e a ação são duas realidades que marcam toda a trajetória pública de Jesus Cristo. Ao olharmos para os quatro evangelhos, facilmente identificaremos a oração e a ação no cotidiano da vida de Jesus. Na caminhada, anunciando o Reino de Deus, temos vários relatos segundo os evangelistas em que Jesus vai para um lugar deserto e afastado, muitas vezes sozinho, rezar, ter sua intimidade com o Pai, abastecer-se espiritualmente para realizar a missão que lhe foi confiada. 

A ação é a marca de Jesus Cristo; Ele não mede esforços, está sempre disposto, uma pessoa ativa e participativa na vida das pessoas. O Novo Testamento apresenta inúmeras ações de Jesus, que na sua grande maioria é em favor da vida e da dignidade das pessoas. 

Nosso Senhor Jesus Cristo é o modelo a ser seguido, sabemos disso, mas nem sempre queremos observar o Cristo como modelo, talvez por medo, insegurança ou, ainda, por nos sentirmos incapazes e indignos. Para tanto, ao olharmos para dentro de nós mesmos certamente iremos perceber nossas limitações, mas o próprio Jesus acreditou nos discípulos a ponto de lhes confiar a continuidade da sua missão. Sendo assim, não tenhamos receios e, a exemplo de Jesus, sejamos pessoas de oração e ação.

Como discípulas e discípulos de Jesus Cristo, aprendemos do Mestre como devemos fazer as nossas orações e com muita clareza Ele orienta para entramos em nossos quartos e rezarmos ao Pai que está no Céu (cf. Mt 6,9-13). Essa oração está interligada com a ação, não é possível separar essa que foi a trajetória que Jesus percorreu.

Para a vida cristã é impossível vivê-la sem a oração e ação, pois, sem essas duas atividades, fica insustentável, sem sentido. Dessa maneira, todas as pessoas que fazem a opção pela vida cristã necessariamente estão dispostas a seguir Jesus Cristo e também devem se esforçar para ser pessoas de oração e ação, a exemplo do Mestre, que com muito zelo e amor mostra o caminho que precisamos percorrer.

Por fim, uma vida cristã eficaz consiste no seguimento incondicional a Jesus Cristo. Ele é a fonte principal, modelo de oração e ação, sua vida doada nos impulsiona a segui-lo e sem Ele não teremos forças suficientes na oração e na ação, pois ambas caminham juntas e são fundamentais para uma vida de fé autêntica e verdadeira.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/jesus-modelo-de-oracao-e-acao.html


quinta-feira, 4 de julho de 2024

A devoção ao Preciosíssimo Sangue de Jesus : redenção, misericórdia e esperança

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Renata Moraes,

jornalista


‘É nele que temos redenção, dos pecados remissão pelo seu sangue’ (EF 1,7 )

‘Num mundo marcado pelo pecado e pelo sofrimento, o sangue precioso de Jesus se ergue como um farol de esperança e redenção. Nada é mais poderoso do que o sangue de Jesus, que nos lavou dos nossos pecados. 

O mês de julho é dedicado à devoção ao preciosíssimo sangue de Cristo, derramado para o perdão dos nossos pecados. São João Batista apresentou Jesus ao mundo dizendo ‘Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo’ (Jo 1,29). Ao contemplarmos a iconografia do sagrado coração de Jesus, vemos que Ele aponta para o seu coração, fonte de amor supremo manifestado quando Jesus derramou todo o seu sangue para nos resgatar.

Numa de suas homilias, o Papa Francisco destacou que ‘desde os primórdios do cristianismo, o mistério do amor do sangue de Cristo fascinou muitas pessoas, inclusive santos fundadores e fundadoras. Eles cultivaram essa devoção e a colocaram como base de suas constituições, pois compreenderam, à luz da fé, que o sangue do Redentor é fonte de salvação para o mundo’. São Gaspar del Bufalo, com a aprovação da Santa Sé, foi um grande propagador dessa devoção. Em 1815, ele fundou a Congregação dos Missionários do Preciosíssimo Sangue.

Para aprofundar a compreensão dessa devoção, suas origens e sua relevância nos dias atuais entrevistamos religiosos e religiosas que compartilharam suas perspectivas e experiências sobre o preciosíssimo sangue de Jesus.

A importância da devoção ao Preciosíssimo Sangue de Jesus

A veneração do sangue de Jesus derramado durante sua paixão demonstra nosso reconhecimento de que nele encontramos a fonte da vida e da salvação. Essa salvação não está em outro lugar senão no próprio Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Em entrevista à reportagem da Revista Ave Maria, Padre Alex Nogueira, reitor do Seminário de Teologia Divino Mestre, em Jacarezinho (PR), e confessor das Irmãs do Preciosíssimo Sangue, abordou a temática em questão : ‘Como São Tomás de Aquino afirma no hino Adoro te Devote : ‘Pois que uma única gota faz salvar todo o mundo e apagar todo pecado’. O sangue simboliza a vida que pulsa nas veias humanas e toda a vida cristã se espelha na de Cristo. Se Jesus entregou sua vida e derramou seu sangue para a salvação da humanidade, também os cristãos devem estar dispostos a dar suas vidas por Cristo e pelos irmãos. Ser devoto do preciosíssimo sangue é estar disposto a se doar inteiramente a Deus e ao próximo, reconhecendo que somente Deus é o nosso maior tesouro’, comenta o padre.

A devoção ao preciosíssimo sangue de Jesus é uma prática espiritual que se concentra no poder redentor do sangue que Cristo derramou durante sua paixão e morte na cruz. Essa devoção pode ajudar os fiéis a alcançar a misericórdia de Deus.

‘Deus é pura misericórdia e quando uma pessoa arrependida das ofensas contra Deus busca refúgio no coração de Jesus, recebe o perdão. Do sacrifício da cruz, onde Jesus derramou seu sangue, brota o poder de Deus para penetrar a alma e resgatá-la do pecado’, explica Padre Alex. Ele destaca que a meditação sobre a paixão de Jesus permite que o fiel mergulhe no amor do Deus que sofreu e morreu por cada pessoa humana : ‘Meditar sobre esse amor é o caminho para se deixar inundar o amor divino, fugir do pecado e ser envolvido pela misericórdia de Deus’.

Inspirando-se na carta apostólica escrita pelo Papa São João XXIII em 1960, Padre Alex enfatiza a importância de práticas devocionais tradicionais e bem fundamentadas para o progresso espiritual. Segundo o sacerdote, a participação frutuosa na Santíssima Eucaristia e a recitação da ladainha do preciosíssimo sangue são fundamentais para cultivar essa devoção. Ele destaca a necessidade de lutar constantemente contra o pecado e de receber a Eucaristia com devoção e piedade, sempre reconciliado com Deus, especialmente no que diz respeito aos pecados graves. 

‘É essencial recitar com atenção e meditar as invocações da ladainha do preciosíssimo sangue’, afirmou Padre Alex, acrescentando que ‘Cultivar essa devoção é viver o que canta a música : ‘Chagas abertas, ó, coração ferido, sangue de Cristo está entre nós e o perigo!’. Que o sangue de Cristo esteja sempre entre nós e os perigos que assolam a vida humana e levam à perdição das almas’.

O religioso recomenda também a prática da meditação, a oração constante e a luta contra os pecados como meios para alcançar uma íntima comunhão com Deus. Ele acredita que tais práticas não apenas fortalecem a fé, mas também oferecem proteção espiritual e uma renovada esperança na misericórdia divina.

Tradição, significado e praticas no mosteiro Preciosíssimo Sangue

Um dos aspectos mais profundos da espiritualidade católica, a devoção ao preciosíssimo sangue de Jesus, encontra raízes sólidas no Mosteiro Preciosíssimo Sangue, localizado na cidade de Jacarezinho (PR). A Irmã Brígida de Jesus Padecente, pjc, uma das religiosas desse mosteiro, compartilha com profundidade a origem, o desenvolvimento e a prática dessa devoção que continua a inspirar fiéis ao redor do mundo.

Segundo a religiosa do Instituto Contemplativo das Pobres de Jesus Cristo, a devoção ao Preciosíssimo Sangue de Jesus tem suas raízes no século XVIII, sendo intensamente promovida por São Gaspar del Bufalo, conhecido como o ‘apóstolo do Preciosíssimo Sangue’ e fundador dos Missionários do Preciosíssimo Sangue. Em 1849, o Papa Pio IX instituiu uma festa em honra ao Sangue de Nosso Senhor, celebrada em 1º de julho, em agradecimento pela vitória das forças francesas e pontifícias sobre a revolução. Este evento consolidou a veneração do Preciosíssimo Sangue, destacando o sacrifício de Cristo e seu significado redentor. ‘A veneração ao Preciosíssimo Sangue nos leva a meditar sobre o profundo amor e a generosidade de Deus para com o seu povo’, enfatiza a Irmã Brígida.

Nas palavras da religiosa, a devoção ao preciosíssimo sangue de Jesus ajuda a compreender o sacrifício de Cristo e a redenção dos pecados. ‘No Antigo Testamento, o sangue dos cordeiros aplicado nas ombreiras das portas salvou os hebreus da cólera divina, conforme Êxodo 12,23. Esse evento prefigura a redenção oferecida pelo sangue de Cristo, o Cordeiro Imaculado que tira o pecado do mundo’. Irmã Brígida explica que o sangue de Jesus é a nossa proteção contra o mal, oferecendo uma redenção completa e eterna : ‘A devoção ao preciosíssimo sangue convida os fiéis a mergulharem no amor infinito de Deus, evitando o pecado e buscando uma vida de santidade’.

Práticas devocionais no mosteiro

As práticas devocionais no Mosteiro Preciosíssimo Sangue são variadas e profundamente enraizadas na espiritualidade da paixão de Cristo. A celebração diária do santo sacrifício da Missa é fundamental, com uma ênfase especial na Missa votiva ao preciosíssimo sangue na primeira quinta-feira de cada mês. Durante essa celebração, as irmãs comungam nas duas espécies e entoam a ladainha ao preciosíssimo sangue. ‘Além disso, o Santíssimo Sacramento é exposto para adoração de segunda a quinta-feira, proporcionando um espaço para que as irmãs e os fiéis adorem dignamente o Senhor. Durante todo o mês de julho, a ladainha ao preciosíssimo sangue e a coroa em sua honra são recitadas diariamente’, destaca a Irmã Brígida.

A vida no mosteiro é marcada pela adoração e glorificação do preciosíssimo sangue de Jesus. Após todas as orações, as irmãs recitam a jaculatória ‘Bendito e adorado seja o preciosíssimo sangue de Jesus’. Esse ato de devoção contínua sublinha a importância do sacrifício de Cristo e a intercessão pelas necessidades do mundo. As irmãs se dedicam à confecção de paramentos litúrgicos e velas, zelando pelo sacrifício redentor de Cristo na liturgia.

A importância do novo mosteiro das Irmãs do Preciosíssimo Sangue

Após uma década na diocese de Jacarezinho, as estão construindo um novo mosteiro. A antiga escola onde estavam instaladas tornou-se inadequada para a vida contemplativa. ‘Graças à intercessão de São José e à generosidade de colaboradores, um terreno foi doado e a construção está em andamento. Esse novo espaço permitirá que as irmãs continuem sua missão de oração incessante pelo mundo, elevando vozes em clamor pelo Sangue de Cristo’, conta Irmã Brígida. Ela ressalta que, com a ajuda de vários colaboradores, essa casa de oração está sendo edificada : ‘Nisso já podemos contemplar verdadeiros milagres de uma fé. Um mosteiro, como sabemos, tem como missão buscar a Deus, e nesse itinerário está um coração suplicante que intercede por todo o mundo. Penso que essa é a consciência dos colaboradores : construírem um lugar onde mulheres se entregam em oração por todos, lugar esse no qual noite e dia serão elevadas aos Céus vozes clamando o sangue de Cristo e proclamando o seu senhorio’.

Todo o mosteiro é uma casa de oração, onde os consagrados a Deus decidiram oferecer sua vida em oração e sacrifício diário pela salvação do mundo. Padre Alex Nogueira é confessor das irmãs e também um colaborador da obra e militante da construção e também falou sobre essa grande obra : ‘Um mosteiro dedicado ao preciosíssimo sangue é sinal e testemunho para o mundo. As consagradas que vivem ali, ao renunciar sua vida por Jesus, testemunham que é possível, ainda no mundo atual, entregar a vida integralmente a Deus sem reservar para si absolutamente nada’.

Muitas pessoas, ao visitarem o mosteiro, tocadas pela graça de Deus e animadas pelo testemunho religioso, poderão elevar seus corações ao alto e entrar em comunhão com a Santíssima Trindade. O sacerdote ressalta que ‘A construção do mosteiro não é apenas uma obra material, mas também uma edificação espiritual que se constrói na alma de cada monja e de cada colaborador, passando pelo sacrifício da cruz. Edificar um mosteiro é levantar uma casa onde as orações chegam ao Céu como a fumaça do incenso que se eleva, e com ela cada coração que sobe ao alto’.

A devoção ao preciosíssimo sangue de Jesus, profundamente vivida e promovida pelo Mosteiro Preciosíssimo Sangue, continua a inspirar e fortalecer a fé de muitos, destacando a magnitude do sacrifício de Cristo e a infinita misericórdia de Deus.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/a-devocao-ao-preciosissimo-sangue-de-jesus-redencao-misericordia-e-esperanca.html

quinta-feira, 15 de junho de 2023

O Sagrado Coração de Jesus entre os místicos cistercienses

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Vanderlei de Lima, 

eremita na Diocese de Amparo, BA

 

‘O século XII é, sem dúvida, na vida da Igreja, o tempo áureo dos grandes místicos cistercienses, ou seja, dos membros da Ordem monástica homônima fundada em 1098, em Cister, na França.

Sobre tais místicos escreve Dom Luís Alberto Ruas Santos, O. Cist.: ‘Os mosteiros cistercienses produziram grandes místicos. […] Talvez não tenha havido na Igreja uma escola de espiritualidade tão uniforme na temática e com tantos autores como a cisterciense’ (Os cistercienses : uma espiritualidade abrangente e criativa. Itatinga: Abadia cisterciense de Nossa Senhora da Assunção de Hardehausen-Itatinga, 1998, p. 17).

Daí a questão : quem são eles? – Todos foram Abades. Deixaram-nos uma rica espiritualidade marcada por três pontos : o pastoral, visava, em forma de Sermões, a santificação dos monges, seus primeiros destinatários; o patrístico, pois continuava a teologia bíblico-simbólica dos Padres da Igreja (escritores cristãos – não necessariamente sacerdotes – dos primeiros sete séculos que muito ajudaram na formulação da reta fé) e também o místico, ou seja, a vivência da verdadeira e estável união com Deus a fim de se tornarem um só com Ele. São grandes expoentes dessa corrente mística Bernardo de Claraval (o pai ou iniciador), Guilherme de Saint-Thierry, Elredo de Rievaulx, Guerrico de Igny, Balduíno de Ford etc. (cf. Dom Bernardo Bonowitz. Os místicos cistercienses do século XII. Juiz de Fora: Subiaco, 2005, p. 7-11). Alguns destes homens tratarão do Sagrado Coração de Jesus em seus escritos. Ei-los :

São Bernardo de Claraval escreve : ‘O ferro da lança transpassou sua alma e aproximou-se de Seu coração para que ele pudesse sentir conosco, com a nossa fraqueza. O segredo do Coração tornar-se-á visível através da abertura do corpo. Abre-se aquele grande mistério de sua clemência, abre-se o íntimo trancado da misericórdia de Deus’ (PL CLXXXIII. 1072 in Dom Veremundo A. Toth, OSB. Por sinais ao invisível, Juiz de Fora: Subiaco, 2003, p. 144). 

Guilherme de Saint-Thierry registra : ‘Assim como Tomé, o cético, expressando seu desejo, também eu desejo vê-lo por inteiro e tocá-lo; mas não apenas isso, e sim chegar junto da sagrada chaga de seu lado; até a fenda da arca da aliança que se abriu no seu lado, para que eu pudesse introduzir não apenas meus dedos e minha inteira mão, mas todo eu pudesse achegar-me ao próprio Coração de Jesus, ao Santo dos Santos à arca da aliança’ (PL CLXXXIV. 368, idem, p. 144). 

Guilbert de Hoyland diz : ‘A chaga do coração assinala o ardor do amor. Em verdade, é um doce Coração que induz nossos sentimentos à reciprocidade afetuosa. Por mais que ame, não ama, mas apenas retribui o amor… Esposa, não consegues corresponder totalmente ao teu Amado. Mesmo assim Ele não cessa de se dar inteiramente. O que ele te oferece ainda não é completo, mas se compromete. Todo o amor que Lhe retribuis, Ele o recebe não como uma dívida, mas sim como uma oferenda espontânea. Ele sente uma espécie de desafio ao amor, enquanto apresenta seu Coração ferido’ (PL CLXXXIV. 155, ibidem, 2003, p. 144-145).

Guerrico d’Igny chega, por sua vez, ao símbolo preciso do Coração, ao escrever : ‘Para que eu pudesse construir meu ninho na fenda de um rochedo, bendito seja quem suportou que traspassassem seus pés, sua mão e o lado e se abriu totalmente para mim para que eu pudesse adentrar na maravilhosa tenda e encontrasse proteção no refúgio do seu interior… Por isso, Ele abriu misericordiosamente seu lado, para que o sangue de sua chaga me vivificasse, o calor de seu corpo me alentasse, o sopro libertador do hálito puro de seu Coração me reanimasse’ (PL CLXXXV. 140, ibidem, p. 146).

Que tão preciosos ensinamentos dos grandes místicos cistercienses do século XII sobre o Sagrado Coração de Jesus fale alto no nosso coração neste conturbado século XXI.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://pt.aleteia.org/2021/06/13/o-sagrado-coracao-de-jesus-entre-os-misticos-cistercienses/


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Quem contará a história de Jesus?

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Padre Manuel Augusto Lopes Ferreira,

Missionário Comboniano

 

Escolho como palavra para a missão deste mês o verbo «contar’ (no sentido de narrar, transmitir por meio da palavra), inserido na frase do título com que se abre este texto.

Tomo a frase de uma intervenção do senhor cardeal António Tagle, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos (chamada no passado de Propaganda Fide e que na recente reforma da Cúria Romana faz parte do agora chamado Dicastério para a Evangelização).

Mas o Papa Francisco também usa o verbo «contar», anunciar em relação à missão cristã. Como quando diz (na A Alegria do Evangelho (AE), números 8 e 9) que «se alguém descobriu o amor (de Cristo) que lhe restitui o sentido da vida, como pode conter o desejo de o (contar) comunicar aos outros?’ Ou quando recorda a expressão de São Paulo «Ai de mim se não anuncio o Evangelho!» (1 Cor 9, 16). Ou quando refere que «o anúncio renovado é fonte de fecundidade evangelizadora», pois Cristo é uma boa notícia eterna, «o mesmo hoje e sempre» (Heb 13, 18). Ou quando nos recorda que a narrativa cristã não envelhece e que «da vitalidade original do Evangelho nascem novos caminhos, formas de expressão, sinais eloquentes, palavras cheias de fecundo significado’ (AE, 11).

Ao contar a história de Jesus, o Papa Francisco dedica todo o capítulo terceiro da exortação apostólica A Alegria do Evangelho (números 111-175) reforçando a convicção de que a missão cristã vive da palavra das testemunhas, de todos os cristãos e não só da homilia do sacerdote na celebração eucarística; das testemunhas espera-se que contem o que viram e ouviram, como já afirma São Paulo a respeito do querigma, do anúncio, cristão : «transmiti-vos o que eu mesmo recebi» (1 Cor 11, 23).

Também no âmbito cultural, social e familiar, o Papa Francisco insiste na importância do contar, da transmissão oral das narrativas entre as gerações, particularmente quando se dirige aos jovens e quando fala da necessidade de conservar as próprias raízes; ou quando fala dos idosos e da necessidade de os jovens ouvirem os idosos e as narrativas que eles verbalizam, para saberem de onde vêm e para onde vão, para serem ajudados no desafio de encontrarem sentido para as próprias vidas.

Voltando ao nosso título e à expressão do cardeal, na abertura de um simpósio universitário que debate a história de uma instituição, em que os holofotes estão voltados para tantas histórias (de papas e cardeais, de instituições e documentos...), a interrogação soa a provocação : «No mundo contemporâneo, da inteligência artificial, do extremismo, da polarização, da indiferença religiosa, da emigração forçada, dos desastres climáticos... como será contada a história de Jesus? E quem contará esta história?»

Sim, num mundo com tantas histórias a contenderem a primeira página dos jornais, a audiência das televisões, as emoções que correm nas redes sociais, a nossa própria atenção e interesse, como será contada a história de Jesus e quem a contará, se nós cristãos a não contarmos? Os missionários – que abraçam o mandato de Jesus «ide pelo mundo inteiro’ – respondem à nossa interrogação; mas o desafio de contar a história de Jesus dirige-se a todos os cristãos e aguarda de todos nós uma resposta criativa, à altura dos tempos que nos toca viver.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.combonianos.pt/alem-mar/opiniao/4/892/quem-contara-a-historia-de-jesus/

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Sem fé a vida perde o encanto

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

Maria, mãe de Jesus | Reprodução

*Artigo do Padre Geovane Saraiva,

jornalista, colunista e pároco

de Santo Afonso de Fortaleza, CE


A afirmação de Santo Agostinho ‘Meu coração está inquieto, Senhor, enquanto não repousar em ti’ requer uma fé causadora de entusiasmo, energia, agrado, serenidade, tranquilidade e paz. Agora, com o início do Advento, que se convença pelo olhar de Maria, ela como primogênita da Cruz redentora, a primeira que de todo o coração, com todo o seu ser, abraçou a Cruz de seu Filho, do modo mais completo e elevado, aprendendo, evidentemente, com ela : ‘Maria, nossa mãe, ajude-nos a conhecer sempre melhor a voz de Jesus e a segui-la, para andar no caminho da vida!’ (Papa Francisco).

A fé, no seu sentido mais profundo e mais rico, é o abandono total das pessoas em Deus, na entrega do seu destino, no misterioso destino de Deus. Maria é presença singular neste Advento, na sua ação salvífica e reconciliadora, em quem Deus encontrou abrigo e se expandiu, na sua sublime e esplendorosa liberdade, num não a todo e qualquer obstáculo. Ela, Maria de Nazaré, é distanciada das imperfeições, sem nenhum equívoco, lacuna ou falha, como na sua profética palavra : ‘Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra’ (cf. Lc 1, 38). Antevemos o reinado de Cristo pelo amor, sendo Ele a nossa verdadeira e duradoura paz.

Como Maria, que se possa dizer com ânimo e força: ‘Feliz o homem que encontrou a sabedoria e encarnou o entendimento, porque a sabedoria vale mais do que a prata e dá mais lucro do que o ouro’ (Sab 3, 1). Essa sabedoria é capaz de se afastar do pecado original. A doutrina cristã pretende explicar a origem da imperfeição humana, do sofrimento e da existência do mal através da queda da criatura humana, no pecado de Adão. Que não nos esqueçamos jamais da nossa humana peregrinação terrestre, a de que de Deus viemos, para Deus existimos e também para Deus devemos voltar.

Cabe aos seres humanos se voltarem para o pecado original, na incapacidade de, com as próprias forças, manifestar sinais do amor, ao perceber seu próprio fechamento, aquele das pessoas sobre si mesmas, na impossibilidade, sobretudo, de se constatar um relacionamento adequadamente com os três grandes eixos, sobre os quais incide e recai a existência humana: convívio com o mundo, com o outro e com Deus. Em Maria, porém, o ontem e o amanhã são o eterno hoje, em previsão da obra redentora de Jesus Cristo.

Pelo mesmo olhar de Maria, que se compreenda que todos nascem, envolvidos pelo pecado do mundo, sendo humanamente trágico seu destino. Mas a peregrinação humana pela fé quer nos assegurar: ‘Quem crê em mim, jamais terá sede; quem crê em mim, jamais terá fome; quem crê em mim, passou da morte para a vida’. A fé é o maior tesouro para a criatura humana, como na palavra de Jesus à samaritana: ‘Se conhecesses o dom de Deus...(Jo 4, 10s). Convença-se de não prevalecer seu ‘não’ à vida, convicto de que sem fé a vida humana perde seu encanto.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://domtotal.com/noticias/?id=1594876

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Luz que faz a diferença

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Padre Geovane Saraiva,

jornalista, colunista e pároco

de Santo Afonso de Fortaleza, CE

 

A oração é essencial, na sua preciosidade de valor, para o seguidor de Jesus de Nazaré, comparando-se ao respirar das pessoas e da própria vida. A oração deve ser em vista das atividades e do dia a dia, recordando-se de todos e levando em conta suas necessidades, no caso dos irmãos, dos amigos e até dos que não gostam de você. Uma oração radicalmente solidária deve sempre estar presente na nossa vida, sem jamais prescindir da realidade contraditória das coisas, da vida e do mundo.

Na busca do eterno Sol, é sempre muito importante ver a oração, mas que seja cristalinamente reveladora, pelo nosso direcionamento e evocação a Deus, evocação esta no sentido de se compreender o clamor da felicidade sem fim, não apegado e muito menos afeiçoado excessivamente aos bens materiais, que nas suas vantagens, segundo a lógica do mundo, não passam de ilusões. Favor perceber o filho mais novo da parábola do Evangelho (Lc 15, 11-32), que, longe do aconchego do pai, terno e afável, passou por uma angústia tenebrosa e desalentadora, numa vida quase sem nenhum sentido.

No retorno, o pai, saindo com pressa, acolhe o filho desgarrado, no mais magnífico grau de contentamento, revelando que, mesmo rompido e no empinado desespero das pessoas, encontra-se o amor, infinito e inesgotável, favorecendo-nos, mesmo na mais insignificante circunstância. Faltando-nos a esperança, na frívola lacuna das criaturas, o pai “corre” para inundar e preencher a existência humana.

Aqui um pouco do vivenciado por mim, no Cristo / Sol eterno, ao abrir portas e janelas da Casa Paroquial de Santo Afonso, na Parquelândia, Fortaleza/CE, vi que a claridade do Sol passou a entrar. Logo, pensei que, quanto mais tudo for aberto, mais a luz e o calor farão aquela benfazeja e salutar diferença. Assim também na oração : quanto mais se fizer a vontade de Deus, mais se permitirá que seu indizível amor chegue e transforme a vida das pessoas de boa vontade.

Lembre-se de que o amor insondável e incalculável de Deus, mesmo ele não precisando de nós, é fecundidade e gratuidade, dom e graça, no que nos assegura a liturgia da Igreja: “Ainda que nossos louvores não vos sejam necessários, vós nos concedeis o dom de louvar. Eles nada acrescentam ao que sois, mas nos aproximam de vós”, num alegre viver : pasmado, na sabedoria da sua eterna realeza / na qual luz se fez fascínio de beleza / luz a deslumbrar pela sua correnteza / premiado, mas no encanto de sua riqueza.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://domtotal.com/noticias/?id=1594374

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Fogueira acesa

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Padre Geovane Saraiva,

jornalista, colunista e pároco

de Santo Afonso de Fortaleza, CE


Nada de se preocupar nem se importar com as cinzas, sem levar em conta a importância grandiosa que se dá à fogueira, com o ardor e o calor de suas chamas, enormes e intensas. Como se fosse uma fogueira, a celebração da vida está unida ao sacrifício de Cristo como verdadeira súplica e perfeito louvor, tudo a partir do cordeiro redentor, que, na obediência à vontade divina, encontrou seu ponto mais elevado na morte de cruz, ao nos indicar seu supremo gesto, último e definitivo, mas na alegre ventura e êxito em favor da criatura humana, no seu fim, de determinante satisfação.

Nas labaredas da vida, com suas veredas, contamos Jesus de Nazaré, nascido dos homens e nascido de Deus, tendo sua origem humana na providencial intervenção divina. A celebração de sua vida, no pão e no vinho, é sustento espiritual e nela são encontrados os dons da unidade, no mais seguro discernimento. Todos somos responsáveis pela confiança no testamento de seu amor, que nos assegura a garantia da vida na sua integralidade, na busca da casa comum para todos, que é obra das mãos de Deus, afastando-nos das angústias do mundo e de todo e qualquer ocaso.

Nele, Deus encaminha as pessoas à felicidade, no espírito das bem-aventuranças, da plenitude divina, no envolvimento transformador, na mística libertadora que transfigura as criaturas humanas, dilata e sensibiliza corações. Sendo de Deus fruto esplendoroso e magnífico da mais pura fecundidade divina, ele é um presente para o ser humano e para o mundo. Pela fé, temos a segurança de que aquele que ‘nasceu da Virgem Maria’, bem do seio da humanidade, dele depende toda a fecundidade humana, na irrefutável afirmação divina, a de que ‘nele tudo foi criado; não nasceu do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus’ (João 1, 13).

Pensemos, pois, na fogueira acesa, que inflama com suas chamas, absorvida nas labaredas da vida, sem nos esquecer das cinzas, transparecendo-as no relativo e no provisório, voltando-nos para a bem-aventurança eterna, identificados com o Cristo servidor, perseguido, odiado, insultado, ultrajado e excluído. Ele é visível naqueles que se dispõem a abraçar – na doação, na renúncia e na generosidade – sua causa: o projeto de amor. Assim seja!

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://domtotal.com/noticias/?id=1589685

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Estímulo em São Carlos de Foucauld

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Padre Geovane Saraiva,

jornalista, colunista e pároco

de Santo Afonso de Fortaleza, CE


Nada de vaidade, de presunção ou mesmo de opinião excessivamente elevada e pretensiosa quanto à canonização do Padre Charles de Foucauld, na sua inspiração divina, ao afirmar que gostaria de ser bom, para que se pudesse dizer : ‘se assim é o servo, como não seria seu mestre?’ (cf. Fontes Foucauldianas). A imagem viva do amor por Jesus ele encontrou, quando na palavra do sacerdote Pe. Hivelin, ao pedir-lhe uma orientação que fosse plausível a respeito de Deus, em outubro de 1886, aos 28 anos de idade.

Mudar e estimular, sim, no seu exemplo de vida, a partir daquela feliz circunstância, decisiva em sua vida, repetidas incontáveis vezes por ele : ‘Quando acreditei que existia um Deus, compreendi que não podia fazer outra coisa, que não fosse viver somente para Ele’ (Fontes Foucauldianas). Estímulo, sim, no sentido de aprender e com ele para melhor se perseguir seu ideal de vida, a conversão do coração, mas na compreensão dos nossos Tuaregues hodiernos, na esperançosa confiança no bom Deus, a que penetrou no mais profundo de sua alma, numa súplica universalmente aberta e acolhedora.

Impulso, pela espiritualidade de Charles de Foucauld, aquele que foi seduzido pelo amor de Deus, ao confessar seus pecados e sentir uma indizível alegria, a mesma alegria do filho pródigo. Mudança pelo desafio de acreditar e concordar com a mística cristã, no amor dele por todos, indistintamente, sempre de braços abertos para pessoas boas e não boas. Deus quer, através de São Charles de Foucauld, canonizado aos 15 de maio de 2022, que não nos afastemos do eixo de seu legado e itinerário espiritual : o da conversão permanente, da Eucaristia como centro, a oração do abandono, a busca do último lugar, sem esquecer do Evangelho da Cruz (cf. Espiritualidade para nosso tempo, Edson Damian, Paulinas, 2007).

O Deus que lhe falou na sua incredulidade, indiferença e egoísmo, caindo nas mãos divinas, sendo arrebatado e seduzido por Jesus de Nazaré, que se tornou o único e maior tesouro de sua vida. Mudança, numa palavra, de ânimo levantado e para cima, mas na mais viva esperança de vermos novas todas as coisas (cf. Ap 21, 5), ao mesmo tempo agradecidos ao bom Deus pelo dom da vida do Irmão Carlos de Foucauld – místico, referencial e patrimônio espiritual para a nossa civilização cristã, na experiência do absoluto de Deus.

Em São Carlos de Foucauld, Deus quer se manifestar, abrindo caminhos, animando-nos com o alimento e com a água verdadeira, que, com seu próprio exemplo, faça jorrar água das pedras ou dos rochedos dos corações humanos, matando a fome e a sede de sua esposa sedenta: a Igreja. Na caminhada pelos nossos desertos da vida, não prescindir dos ensinamentos metafóricos da caminhada do povo de Deus, também jamais preterir do irmão universal, Charles de Foucauld.

Que o Reino de Deus, na sua universalidade, anunciado e testemunhado pelo Irmão Carlos de Foucauld, ao quebrar crosta de veladas fronteiras e barreiras existenciais, mesmo na imaginação, nas convicções e no intolerante silêncio de irmãos e irmãs na fé, jamais seja causa de empecilhos, mas que facilite como um farol a iluminar a existência humana.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://domtotal.com/noticias/?id=1589066

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Jesus inaugurou a divisão

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Padre Geovane Saraiva,

jornalista, colunista e pároco

de Santo Afonso de Fortaleza, CE


A verdadeira paz não é fruto de um silêncio farsante, dissimulado e hipócrita. Pensemos na sedução de Jeremias, na condição de profeta e amigo de Deus, que se veja seu encanto em anunciar a paz, sedimentada na justiça e na fidelidade a Deus. A única saída para o profeta foi se tornar “objeto de disputa e de discórdia em todo o país” (Jr 15, 10). Para se livrarem dele, acusaram-no os chefes militares de derrotismo junto ao rei e, obtidos poderes sobre ele, lançaram-no numa cisterna lamacenta, onde se atolou. Teria certamente perecido, se Deus não o houvesse socorrido por meio de um desconhecido, que conseguiu do rei licença para retirá-lo daquela cova, ou antro de morte. 

Exprime-se bem essa situação de Jeremias com a oração do salmo, a seguir : “Esperei no Senhor com toda a confiança; ele se inclinou para mim e ouviu meu clamor e grito. Tirou-me do poço da perdição, daquele encharcado lodo” (SI 40, 2-3). Na iminente morte do profeta, a libertação chegou de fora, de quem não se esperava, de um etíope. O que aconteceu com Jeremias, infelizmente, hoje constantemente se repete.

Jesus veio para nos trazer a paz, mas aquela paz compreendida como fruto da conversão do coração, conversão à verdade. Quem vive da verdade e mergulhado na verdade, passa por consequências inomináveis e incompreensões mesquinhas. Não hesitar quando for preciso radicalizar, a partir de Jesus de Nazaré, numa lógica de coerência, na sua clara afirmação de lançar fogo sobre a terra claramente fazendo opção pela vida, que é dom e graça. “Vim trazer divisão” é uma afirmação incisiva e desconcertante (cf. Lc, 49-52) à primeira vista, mas não contradiz nem anula o que ele já disse em outras ocasiões, quando explica que a paz interior é um sinal de harmonia entre a criatura humana e Deus.

Na adesão ao querer divino, jamais devemos prescindir da luta, na legítima guerra contra tudo o que se carrega no íntimo da alma : paixões, tentações, pecados. No seu próprio ambiente de trabalho, como exemplo, caso alguém se oponha à vontade salvífica e libertadora, em detrimento da fé, é dever nosso contrariar esse tipo de atitude, agindo corajosamente de forma profética no serviço ao Senhor, em seu projeto de amor. Se escolhermos falar e viver segundo o Evangelho, com certeza seremos perseguidos.

Pela existência da Bondade Infinita, que a nossa humanidade possa sempre mais clamar pela divindade, mesmo conscientes de que somos parciais, ao relativizar essa demanda, mesmo no lógico e clamoroso brado da existência do Onipotente. 

Para que o universo todo e a nossa vida inteira não sejam um absurdo, um brinquedo passageiro, não prescindir de reconhecer a existência do Infinito e do Absoluto. Que nossa realidade finita possa se revelar, enquanto restrita e passageira, mas no relacionamento esperançoso com o Infinito, no ser invisível de Deus, contemplado pela razão, através de suas obras (cf. Rom 1, 19s).

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://domtotal.com/noticias/?id=1586556

sexta-feira, 27 de maio de 2022

Por que Jesus subiu aos Céus?

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Felipe Aquino,

professor


‘‘Meus irmãos e irmãs, é necessário que vos torneis comigo testemunhas da ressurreição de Jesus. Na realidade, se não fordes vós as suas testemunhas no próprio ambiente, quem o será em vosso lugar? O cristão é, na Igreja e com a Igreja, um missionário de Cristo enviado ao mundo.’ (Papa Bento XVI)

A meditação do acontecimento divino da Ascensão de Cristo nos convida a refletir sobre a nossa vida de cristãos.

São Lucas dá alguns detalhes interessantes sobre o momento da Ascensão de Jesus. Quando estavam retirados da cidade, e Ele subiu aos céus, todos ficaram ali parados, extasiados, olhando para o alto, meio perdidos, ainda sem entender, até que dois anjos lhes explicaram, e lhes fizeram ver que deviam continuar vivendo suas vidas… (cf. At 1,9-10). E o mesmo São Lucas diz, completando a informação, que ‘eles voltaram para Jerusalém com muita alegria e louvando a Deus’ (Cf.Lc 24,52). Os discípulos já estavam muito felizes com a Ressurreição de Jesus, e agora, naquele momento, entenderam que a missão deles iria começar, mas com a força do Alto.

É valioso perguntar : por que Jesus subiu aos Céus? Ele poderia simplesmente ter desaparecido no ar, magicamente… Acredito que o ‘olhar para o alto’ é uma das atitudes que Jesus quis nos ensinar. Quando olhamos para o alto, nos esquecemos de tudo o que há abaixo de nós, nos desapegamos da terra e desejamos o céu. Olhamos menos para nós e mais para Deus.

Outro detalhe importante. Aquela foi a verdadeira despedida de Jesus. Depois daquele momento nunca mais os discípulos veriam o Mestre… Percebemos que em nenhum momento eles reclamaram ou pediram a Jesus : ‘Fique mais um pouco!’. Não, pelo contrário! Quando Jesus subiu eles se alegraram…

E essa é outra lição que podemos tirar desta passagem. Jesus quis nos ensinar que Sua presença ultrapassa a morte e ultrapassa os tempos. Não deve haver tristeza por que não podemos vê-lo… A fé é mais forte que a razão. Ele age poderosamente pelo poder do Seu Espírito que assiste, ilumina, fortalece e defende a Igreja e cada um de nós.

Isto nos faz pensar : onde está essa fé e essa alegria que movia os primeiros cristãos? Eles eram minoria… E ainda assim, contagiaram o mundo! Será que não nos falta nos retirarmos e vivermos essa experiência de observar o Senhor subir e nos enviar o Seu Santo Espírito?

Adoremos o Cristo Senhor que sobe aos céus e nos leva com Ele!’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://pt.aleteia.org/2016/05/09/por-que-jesus-subiu-aos-ceus/