Mostrando postagens com marcador oração. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador oração. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Qual a minha vocação?

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo do Frei Ricardo da Cruz, ofmConv

 

'Essa é uma pergunta fundamental na vida de todo cristão. Por que devemos nos questionar sobre nossas vocações? É importante que nos questionemos sobre elas porque Deus tem um chamado único e pessoal para cada um de nós e descobrir esse chamado é essencial para vivermos com plenitude, liberdade e sentido. O chamado que Deus faz a cada um de nós é de amor, que requer uma resposta de amor. Quando falamos de vocação, não falamos apenas da religiosa e sacerdotal, mas de todas as vocações específicas, como o Matrimônio, a vida laical e missionária. 

Corresponder à vocação a que Deus nos chama é viver com radicalidade o Batismo. Todo ser humano é chamado à vida e à santidade, essas são vocações comuns a todos. A vida é um grande dom do amor de Deus; como dom dado gratuitamente, ele também deve ser ofertado dessa maneira. O segredo da realização de toda vocação está na doação de si. No Matrimônio, o casal doa-se um ao outro como Deus se doou à Igreja (cf. Ef 5,25). A vocação laical se realiza na doação de si ao outro em todos os ambientes em que está inserida, é ser sinal e transparência do Evangelho nos diversos ambientes em que transita. A vocação religiosa se realiza na consagração de si a Deus para o serviço e o bem do outro. A vocação sacerdotal é a doação de si àqueles que Jesus redimiu com seu sangue na cruz. Apesar de existir vocações diferentes, há um único objetivo : alcançar as bem-aventuranças, isto é, chegar à santidade. 

Deus nos chama em nossa integralidade, ou seja, do jeito que somos, com nossas luzes e sombras, vícios e virtudes. A dificuldade de correspondermos à vocação a que somos chamados, muitas vezes, gira em torno do pensamento de que não somos capazes ou, até mesmo, dignos da vocação a qual Deus nos chama, porém, a vocação é uma iniciativa de Deus e não um projeto pessoal. Ela deve ser assumida como graça e, por isso, não depende de nossas próprias forças, é dom gratuito de Deus, é Ele que nos sustenta. Vocação é a conformidade entre duas vontades, a de Deus e a nossa. É dom e decisão, dom de Deus e decisão nossa. 

Para alcançarmos a verdadeira felicidade e a liberdade de nossas vidas – que é ser aquilo que Deus nos chama a ser – é preciso saber qual a vocação de cada um. Uma vocação não discernida ou mal discernida pode gerar uma vida frustrada. O discernimento vocacional é importante para entendermos que a vocação não é um projeto pessoal, mas de Deus para nós.

Para responder à pergunta vocacional, faz-se necessária antes de tudo a intimidade com Deus. É no silêncio da oração que Ele nos responderá. Depois, é imprescindível o contato com a Palavra de Deus. Na oração falamos com Ele e na Palavra Ele fala conosco. Deus nos dá sinais nas pequenas coisas do dia a dia, a vocação vai se revelando no ordinário e não no extraordinário. Descobrir e corresponder à vocação a qual Deus nos chama é o segredo para uma vida feliz, livre e plena de sentido.'

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/qual-a-minha-vocacao.html

sexta-feira, 30 de maio de 2025

Orar com as mãos

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo do Irmão Bernard Guekan, OSB

Abadia de Keur Moussa, Senegal

 

`O trabalho monástico em Keur Moussa foi desde o princípio da fundação orientado para a implementação de técnicas agrícolas e pecuárias, a alfabetização, os cuidados de saúde elementares, a prevenção das doenças endêmicas e a educação em saúde materna e infantil, dispensados às populações num raio de trinta quilômetros. Estas atividades foram entendidas como o desenvolvimento visível de uma identidade humana e religiosa. A este propósito, um hóspede de passagem fazia a seguinte observação: «Vós orais enquanto trabalhais», como para traduzir que não há diferença entre o monge de coro e o monge das oficinas, na horta ou no galinheiro. O inverso parece igualmente verdadeiro. Não se encontra uma fórmula mais adaptada para abolir a tensão tão frequentemente vivida entre ora et labora. A questão levanta-se então sobre o que constitui o traço específico da nossa identidade monástica no nosso ambiente senegalês. 

O setor da atividade da suinocultura parece-me ser uma imagem que traduz, ainda que imperfeitamente, um aspecto da nossa vida quotidiana em Keur Moussa, não apenas pela atividade que é exercida enquanto tal, mas sobretudo pela maneira como ela determina, orienta as vidas e cria um espaço de diálogo. O porco, como é sabido, é um animal identitário que condensa em si a fronteira entre três grandes religiões monoteístas, o judaísmo, o cristianismo e o islão. Ora, o nosso país, sendo precisamente uma terra onde o Islã está fortemente enraizado, a visão de dejetos daquela origem nas descargas ou pelas ruas dos bairros suscita um olhar sobre o caráter multiconfessional e multicultural do meio social e ambiente. No mosteiro, o setor da suinocultura é mantido pelo noviciado. Ele constitui frequentemente a primeira provação do jovem que ingressou recentemente na vida monástica. De fato, a criação de porcos, tal como a das cabras e das vacas, não conhece domingos nem feriados e necessita consequentemente de uma presença regular, e sobretudo matinal. Para um jovem que imerge na vida monástica, o trabalho da pocilga, por exigir muita força, revela-se decisivo para a capacidade do jovem em perseverar, pelo menos no princípio, na sua iniciação à vida monástica. Logo, este setor é, parece-nos, um indício revelador sobre o «risco» de empenhar hoje a sua vida na vida singular da vida monástica.


Uma arte espiritual


Sobre o trabalho manual, São Bento declara justamente isto na sua Regra : «Então serão verdadeiramente monges, se viverem do trabalho das suas mãos, como os nossos pais (da Igreja) e os apóstolos» (RB 48,8). Evidentemente, ele entende aqui o trabalho manual cotidiano como uma estrutura a partir da qual o destino do monge adquire efetivamente forma. Isto não deixa de causar certo espanto pois na Regra, onde trata do Ofício divino, São Bento afirma simplesmente que serão monges preguiçosos, indolentes, inertes no serviço que lhes foi confiado (nimis iners devotionis suae servitium, RB 18,24) aqueles monges que não recitarem o saltério em uma semana. Ele sugere aqui a ideia de uma qualidade intrínseca, ao passo que no propósito relativo ao trabalho manual, põe em jogo o próprio processo de se tornar monge. No capítulo que trata do trabalho manual, São Bento insere ao mesmo tempo os momentos da prática da lectio divina ao longo do dia, para pôr bem em evidência o caráter orante do labora. Isto significa que a prática de toda a atividade manual no mosteiro, além de «conservar um saudável equilíbrio de espírito e de corpo, de exercer e desenvolver as diversas faculdades que Deus (nos) deu» (cf. Declarações da Congregação de Solesmes, nº 63), é uma exposição ao olhar de Deus e à sua salvação. Se a lectio divina é assim considerada em São Bento como um gênero de trabalho, segue-se a necessidade de redefinir ou de requalificar os termos ora et labora. O trabalho manual, enquanto oração, é, para a oração, o fruto maduro da palmeira que se transforma em óleo depois de moído, triturado, e posto na prensa. Em contrapartida, a oração enquanto oração das mãos é, para o trabalho, a bigorna por meio da qual o ferro aquecido toma forma. Este é modelado segundo a intenção do ferreiro. É por isto que no mosteiro o trabalho manual deve ser executado em silêncio, salvo quando a palavra se torna uma necessidade. Sendo assim, o trabalho manual não mais é simplesmente uma atividade feita às pressas pelo monge para se dedicar à oração. Ele é ao mesmo tempo preparação e prolongamento da oração. 

O trabalho manual em contexto monástico é uma via cósmica de acesso a si, do crescimento em si do ser monge. Pode-se dizer, parafraseando Michel Foucault – num outro contexto –, que o trabalho manual se revela como um perfeito exercício do cuidado de si, não egoísta, mas enquanto ações que se exercem de si sobre si, ações pelas quais nos responsabilizamos, pelas quais nos modificamos, pelas quais nos purificamos e pelas quais nos transformamos e transfiguramos.


Na realidade, o tomar conta de si é necessário, pois evita toda a dependência (econômica) que prejudicaria o ideal de unidade (monos). Pode-se comparar esta ideia do cuidado de si mediante o trabalho manual com a divisa do nosso mosteiro (O deserto florescerá). Há aqui a ideia de pôr à prova os desertos das nossas afetividades, da nossa necessidade de reconhecimento pela invocação da misericórdia, da paz e da compaixão: é o meio de fazer crescer, proteger e de preservar.


O hóspede muçulmano, com frequência presente na nossa mesa sem se ter anunciado, pode mais ou menos acusar a exigência e a delicadeza que lhe devemos, a fim de que se sinta bem no mosteiro, confeccionando-lhe um outro prato que lhe trará gosto e paz, no caso em que o famoso é o menu do dia. O diálogo interreligioso apresenta-se e atravessa então o prato de cada um. O deserto começa a florir para nós nesse instante, quando não pretendemos reduzir o hóspede a nós. 

Voltando ainda à nossa pocilga, há interesse em notar que nos acontece frequentemente solicitar os serviços de um vizinho muçulmano para o transporte de alimentos para uma localidade próxima do mosteiro. Este serviço, depreende-se, não é gratuito, mas é sempre com alegria no coração que o nosso vizinho o faz, reservando uma parte do produto para os seus carneiros de que ele gosta tanto quanto da nossa pocilga. Este trabalho de circunstância permite-lhe um aumento dos seus magros recursos sem o que não poderia alimentar as suas mulheres e os numerosos filhos.

A explicação


O propósito beneditino que acaba por conferir ao trabalho manual monástico o seu estatuto de explicação da identidade oculta do monge situa-se no mesmo capítulo 48 da Regra, consagrado ao trabalho, onde São Bento recomenda de maneira precisa tratar os utensílios do mosteiro como os vasos sagrados do altar. Deus não está ausente do trabalho humano. Ele está presente aí tanto quanto entre a comunidade reunida para a oração. Assim, dever-se-ía compreender este outro propósito de São Bento: «Que nada se sobreponha à obra de Deus», no sentido da aproximação da mesma proposição (injunção) que faz a respeito do trabalho manual: «É então que serão verdadeiramente monges, se viverem do trabalho das suas mãos, como os nossos pais (da Igreja) e os apóstolos». Trata-se aqui fundamentalmente de não se preferir a si a Cristo, que é a vida do monge, segundo esta afirmação de São Paulo: «Para mim, viver é Cristo». As nossas principais atividades, a saber: a horta, o ateliê de aperfeiçoamento da kora e os diferentes ateliês de profissionalização dirigidos, desde a fundação, aos jovens desejosos de se auto-empregar, foram e são ainda o marcador de uma presença beneditina na aldeia de Keur Moussa.

As populações das proximidades, logo no início das nossas atividades, certamente apreenderam melhor quem éramos vendo-nos trabalhar, como diz o provérbio wolof : «Liguèye jamou Yalla la », que se traduz literalmente : «Trabalhar é orar a Deus». Hoje ainda, com as mudanças sociais, a savana arborizada transformou-se numa pequena coletividade e aqueles que passam pelo mosteiro espantam-se que ela não seja de fato particularmente luxuriante, mas sempre em devir, enfrentando as mudanças climáticas que a tocam gravemente; a salinização dos lençóis de água do sub-solo devida aos défices pluviométricos, o desaparecimento das espécies vegetais e o afluxo das aves e os seus efeitos devastadores sobre a horta.


A audácia de se reorientar


A nossa comunidade, ela mesma, aprendeu a compreender a sua identidade a partir dos lugares de ação e das mutações do seu ambiente sociocultural e político. Desde o princípio, os fundadores tiveram a audácia de se orientar bem diferentemente, não mais partindo de questionamentos vindos de exigências autoritárias da vida monástica, mas inversamente a partir da resposta aos apelos do lugar da fundação que faziam urgir a reformulação de um discurso monástico verdadeiro. As teorias missionárias de então, como a da plantação, não ajudam muito com efeito a enfrentar este tipo de desafios, pois não se tratava de replantar o jovem rebento a mais de cinco mil quilômetros do seu lugar de proveniência, e esperar que ele desse a mesma folhagem e os mesmos frutos da sua terra de origem.


Procurar encontrar

 

O profetismo desta divisa do mosteiro de Keur Moussa e a promessa que ela contém traçaram a fenda do desejo da transformação do local doravante tornado habitável. Isto conduziu os nossos vizinhos agricultores de então, e os citadinos, na maior parte hoje, a nos revelarmos também como pessoas economicamente fortes e detentoras de um saber-fazer prático. Inversamente, apercebemo-nos também que não nos compreendemos ainda suficientemente quando não nos compreendemos a nós próprios. O risco possível da recusa em levar em conta a necessidade de procurar caminhar e de reconduzir a utopia, continua a petrificar-se numa identidade mais ou menos mal assumida.

Compreender-se com efeito a si mesmo como contemplativos, categoria que nos é habitualmente atribuída, assume paradoxalmente um duplo efeito, por um lado pela redução da nossa identidade a pessoas que renunciaram a toda a atividade; por outro lado, a tendência ao afastamento das diversas formas de produção econômica, até mesmo à negação imaginária de tomadas de responsabilidade em cargos econômicos. É como se a melhor forma de conservar a priori a integridade da utopia monástica residisse na negação pura e simples do trabalho manual.


O termo «procurar Deus» qualifica profundamente o monge como tal, segundo São Bento e a antiga tradição espiritual. Esta expressão, parece-me, é a que melhor serve para definir o sentido da vida monástica, como procura de unidade (monos). Longe de toda a divisão, consequentemente, o labora, entendido doravante como a oração das mãos, constitui a essência da vida monástica e reveste, por este mesmo fato, o caráter de exercício espiritual; enquanto que Cristo é o sentido.`

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.aimintl.org/pt/communication/report/118


domingo, 2 de fevereiro de 2025

A benção da garganta: uma tradição marcada por milagres e curas

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Lino Rapazzo

 

‘No dia 3 de fevereiro celebramos a memória de São Brás (264-316), caracterizada também pela tradicional ‘bênção da garganta’. 

Antes de tudo perguntamos : quem foi São Brás? Sobre a vida dele dispomos de poucas notícias; a única coisa certa era a sua fé em Cristo, que manteve até à morte por decapitação, após cruéis torturas indescritíveis.

A tradição diz que Brás era natural de Sebaste, na Armênia, onde passou a sua juventude, dedicando-se, sobretudo, aos estudos de medicina. Ao tornar-se bispo, entregou-se aos cuidados físicos e espirituais do povo, realizando, segundo a tradição, até curas milagrosas.

Naqueles anos, as condições de vida dos fiéis da fé cristã pioraram por causa dos contrastes entre o imperador do Oriente, Licínio, e do Ocidente, Constantino, que causaram novas perseguições. Brás, para fugir das violências, refugiou-se em uma caverna, no monte Argeu, porém, foi encontrado e preso pelos guardas do governador Agrícola e levado a julgamento. 

Ao longo do caminho, encontrou uma mãe desesperada, com seu filhinho nos braços, que estava sendo sufocado por um espinho ou isca de peixe cravado em sua garganta. O bispo abençoou-o e a criança recobrou imediatamente a saúde. Esse fato, porém, não foi suficiente para poupá-lo do martírio. Era o dia 3 de fevereiro de 316.

São Brás é um dos santos cuja fama de santidade chegou a muitos lugares e, por isso, é venerado em quase todas as partes do mundo.

O milagre da garganta é recordado no dia da sua memória com um rito litúrgico particular, durante o qual o sacerdote abençoa as gargantas dos fiéis com duas velas cruzadas diante delas.

Uma das orações dirigidas ao santo nessa circunstância nos ensina como podemos vivenciar essa bênção com fé e caridade. Vejam, a seguir : ‘Ó glorioso São Brás, que restituístes com uma breve oração a perfeita saúde a um menino que, por uma espinha de peixe atravessada na garganta, estava prestes a expirar, obtende para nós todos a graça de experimentarmos a eficácia do vosso patrocínio em todos os males da garganta. Conservai a nossa garganta sã e perfeita para que possamos falar corretamente e assim proclamar e cantar os louvores a Deus. Amém’.

Nas nossas orações pedimos a Deus, muitas vezes pela intercessão de um santo, que nos dê saúde física e espiritual. Nessa oração não pedimos apenas a saúde da garganta, mas o dom da caridade para com todos os enfermos e o dom da fé e da esperança, cantando os louvores ao Senhor.

E como ‘a boca fala daquilo de que o coração está cheio’ (Mt 12,34), nesta bênção pedimos a Deus, pela intercessão de São Brás, a graça de um coração puro. Amém.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/a-bencao-da-garganta-uma-tradicao-marcada-por-milagres-e-curas.html

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

O poder da oração e família como pacto para o sucesso

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo do Padre Rodolfo Faria

‘... Não bastasse ser o Filho de Deus, pelo qual todas as coisas foram criadas (cf. Hb 1,2), ainda tomou sobre si todas as faltas da humanidade e sofreu morte, e morte de cruz, portanto, Deus lhe deu o nome que está acima de todo nome (cf. Fl 2,8-9). Jesus Cristo conquistou para si toda a autoridade. É por essa autoridade que, nas últimas palavras do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus, Nosso Senhor ordena aos discípulos uma importante missão, a de ensinar a todas as nações tudo que Ele havia prescrito e batizá-las. 

Essa missão se impõe para todos os seus discípulos, ou seja, todos os cristãos. É por isso que no contexto familiar somos convidados a agir por meio do pacto do sucesso mediante o poder da oração em família. O pacto do sucesso nos relembra o grave dever que temos como cristãos de levar o Evangelho de Jesus Cristo a todas as nações. É importante notar que Nosso Senhor não ordenou que convertêssemos todas as pessoas, mas que ensinássemos. A eficácia da conversão dos homens e do avanço do Reino de Deus não está na forma do nosso ensino, mas na própria Palavra de Deus, no Verbo encarnado, Jesus Cristo. É Ele quem toca os corações mais duros e os transforma. 

Dessa forma, não devemos achar que precisamos ser excelentes pregadores ou exímios oradores para que possamos fazer nossa parte nessa missão. Poderia Nosso Senhor nos dar uma ordem sem que nos desse a graça necessária para cumpri-la? Claro que não! É na nossa fraqueza que Deus revela totalmente sua força (cf. 2Cor 12,9-10). Às vezes podemos pensar que estamos só engatinhando na fé, mas mesmo as crianças se esforçam para se levantar e andar. Também nós devemos nos empenhar!

Nosso empenho deve estar em nos colocarmos a serviço de Jesus para que Ele aja por meio de nós não somente por palavras, mas transformando nossas vidas em exemplos de entrega a Deus; por isso, o pacto do sucesso nos propõe o comprometimento de fazermos nossa parte orando, jejuando e buscando a comunhão da família. Não apenas uma convivência saudável, mas de um amadurecimento espiritual, porque cada membro tem uma função essencial no crescimento da fé dos demais da sua família. 

Embora o convite seja muito necessário, não deve estar desacompanhado de um verdadeiro compromisso de oração de toda a família, assim, o sucesso será resultado do agir de Deus e um fruto espiritual conquistado por todos pelo poder da oração em família. 

Por diversas vezes em suas cartas, São Paulo exorta as comunidades cristãs a que façam orações e súplicas por todas as pessoas, em especial no versículo lido ele vai além, nós devemos orar ‘pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e tranquila’ (1Tm 1,2). Esse versículo e tantos outros nos mostram o grande poder que tem a oração em família, sobretudo a oração pelos projetos. Nossa oração é capaz de transpor as barreiras do tempo e do espaço para chegar ao coração de Deus, que escuta e acolhe a súplica de todos os seus filhos. É confiando no poder da oração que a família deve viver o pacto da oração pelos projetos. 

A oração não deve se limitar ao momento da manhã ou da noite, ela deve se tornar um compromisso diário na vida de cada membro da família. É por meio da oração que estabelecemos um diálogo real com Jesus e com a Santíssima Trindade que faz morada em nós. À medida que rezamos nos colocamos em comunhão com Deus e, consequentemente, com toda a Igreja, na chamada comunhão dos santos. A oração nos faz vencer os nossos defeitos, adquirir virtudes e crescer em caridade. 

O comprometimento sincero de orar pelos nossos familiares nos ajuda a viver o mandamento de amor que Deus nos deixou ‘porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus a quem não vê’ (1Jo 4,20b). A família que vive o pacto da oração está livre de amarguras e de qualquer espécie de discórdia, pois, à medida que oramos, colocamo-nos no lugar do nosso irmão, entendemos as suas dores e necessidades e agimos como membros de um mesmo corpo, cuidando uns dos outros (cf. 1Cor 12,12-26). Passamos a amar o nosso irmão como ele é porque aos poucos nos deixamos moldar por Cristo, que ama a cada um incondicionalmente.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/o-poder-da-oracao-e-familia-como-pacto-para-o-sucesso.html

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

A força da Fé

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Padre Diego Lelis, CMF

 

‘Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem.’(Hb 11,1)

‘Ter fé é ir com medo.’(Edith Stein)

 

‘A fé é o pilar central da vida cristã, uma resposta do coração e da alma ao chamado divino que Deus dirige a cada pessoa humana. Nas Sagradas Escrituras, encontramos o convite de Cristo para que entreguemos nossa confiança no Pai que nunca nos abandona. Jesus nos lembra que ‘Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte : ‘Passa daqui para lá’, e ele há de passar’ (Mt 17,20). Entretanto, para que essa fé seja autêntica e floresça é necessário que ela tenha uma atitude concreta e ao amor, pois ‘a fé sem obras é morta’ (Tg 2,26).

A fé cristã, então, não é passiva : ela exige ação. As obras representam a materialização do amor de Deus em nossas vidas, um reflexo de seu cuidado e retenção. Jesus, em sua vida pública, exemplificou esse compromisso : Ele curou, alimentou e confortou aqueles que encontrou em seu caminho, deixando-nos um legado de misericórdia e compaixão. Em cada gesto de caridade, Jesus mostrou que o amor é uma linguagem universal e que exige um comprometimento real com o chão da vida. Como nos ensina São João, ‘Se alguém disser : ‘Eu amo a Deus’, mas odiar o seu irmão, é mentiroso’ (1Jo 4,20).

O amor cristão é, antes de tudo, um amor que se faz, que vai ao encontro do outro com generosidade. Em cada ato de caridade, Deus nos convida a seguirmos o exemplo de Cristo, que, sendo o Filho de Deus, ‘não veio para ser servido, mas para servir’ (Mt 20,28). Inspirados pelo exemplo de Jesus somos chamados a manifestarmos a nossa fé por meio do amor ao próximo, criando laços de solidariedade, fraternidade e cuidado, sobretudo com os mais necessitados.

Dentre as muitas cenas e imagens que temos de Cristo, convém recordarmos aquela na qual Ele é apresentado como o ‘bom pastor’, aquele que conhece e cuida de suas ovelhas com profundo amor e zelo.

A vida de Cristo nos ensina que a verdadeira fé não é uma mera adesão às doutrinas, mas um caminho de transformação interior que se reflete na nossa maneira de ser e de agir. Quando nos aproximamos dele, sentimos o impulso de sermos melhores, de amarmos mais, de estendermos a mão a quem sofre. Essa dinâmica entre fé e obras é uma expressão concreta do mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (cf. Mt 22,37-39).

A fé cristã, em sua essência, é uma vivência encarnada, que não se limita ao âmbito individual. Como corpo místico de Cristo, a Igreja é chamada a agir no mundo, inspirando-se em seus ensinamentos para transformar a sociedade à luz do Evangelho.

Nossos dias, muitas vezes marcados pela pressa e pelo individualismo, desafiam-nos a redescobrirmos o valor da fé vivida em comunidade e traduzida em gestos concretos de fraternidade. É nesse contexto que a mensagem de Cristo ‘Amai-vos uns aos outros como eu vos amei’ (Jo 15,12) se torna uma luz que guia nossos passos. Nossa fé só ganha sentido pleno quando se transforma em obras de amor, pois é por meio do amor que Deus se manifesta no mundo.

Que possamos, como cristãos, seguir o exemplo de Cristo, integrando fé, obras e amor em nossa caminhada. Que nossa fé seja o fundamento de nossas ações, nosso amor seja a marca da presença de Deus em nós e que, unidos como Igreja, possamos construir um mundo mais justo e fraterno, onde o amor de Deus possa ser reconhecido em cada gesto de compaixão e solidariedade. Assim, cumpriremos nossa missão de sermos, à imagem de Cristo, instrumentos do amor de Deus no mundo.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/a-forca-da-fe.html

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Dia de Finados

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Cláudio Fernandes

 

‘Em toda cultura ou civilização houve uma atenção especial dirigida aos mortos, quer essa atenção (ou esse ‘cuidado’) esteja relacionada a alguma religião, quer não. Observam-se ao longo da história diversos ritos de sepultamentos, como a cremação, a mumificação, o enterro em covas e em urnas de cerâmica ou de pedra, bem como a deposição do corpo dos mortos em mausoléus.

Grandes monumentos como as pirâmides de Gizé e o Taj Mahal foram erguidos para acomodar os restos mortais de pessoas ilustres. No mundo ocidental, o dia 02 de novembro é dedicado à memória dos mortos. Esse dia, popularizado pela tradição católica, foi instituído no período da Baixa Idade Média.

Como surgiu o Dia de Finados?

O Dia de Finados, como é conhecido, foi instituído inicialmente no século X, na abadia beneditina de Cluny, na França, pelo abade Odilo (ou Santo Odilon [962-1049], como chamado entre os católicos). Odilo de Cluny sugeriu, no dia 02 de novembro de 998, aos membros de sua abadia que, todo ano, naquele dia, dedicariam suas orações à alma daqueles que já se foram. A ação de Odilo resgatava um dos elementos principais da cosmovisão católica : a perspectiva de que boa parte das almas dos mortos está no Purgatório, passando por um processo de purificação para que possam ascender ao Paraíso.

No estado de purgação, as almas necessitam, segundo a doutrina católica, de orações dos vivos, que podem pedir para elas a misericórdia divina e a intercessão dos santos, da Virgem Maria e do principal mediador, o Deus FilhoJesus Cristo. Nos séculos da Baixa Idade Média (X ao XV), a prática de orações pelas almas dos mortos tornou-se bastante popular na Europa, ficando conhecida pela alcunha de ‘Dia de todas as Almas’. Essa prática remonta ao período do cristianismo primitivo, dos séculos II e III, quando os cristãos perseguido pelo Império Romano enterravam e rezavam por seus mortos nas catacumbas subterrâneas da cidade de Roma.

Com a descoberta da América e o processo de colonização, o dia escolhido por Odilo de Cluny tornou-se ainda mais popular. Nos dias atuais, apesar do grande processo de secularização que a civilização ocidental sofreu ao longo da modernidade, o Dia de Finados continua a ser uma data especial, na qual a memória dos entes queridos que já se foram nos vem à mente e na qual, também, milhões de pessoas vão aos cemitérios levar suas flores, velas, sentimentos e orações.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://mundoeducacao.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-finados.htm

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Sete conselhos que te ajudarão a aperfeiçoar a oração do terço

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo da redação da ACIDIGITAL

 

Outubro é o mês dedicado ao terço e muitos católicos redescobrem na oração predileta da Virgem Maria sua força espiritual. Para seguir aperfeiçoando o hábito desta oração, apresentamos sete conselhos práticos tirados do livro ‘O Rosário : Teologia de joelhos’, do sacerdote, escritor e funcionário da Secretaria de Estado do Vaticano, monsenhor Florian Kolfhaus :

1. Dedicar tempo

Nossos calendários estão cheios de compromissos. Entretanto, é bom reservar de 20 a 30 minutos por dia para a oração do terço. Este encontro com Jesus e Maria é muito mais importante que as demais atividades agendadas.

Este tempo de oração é reservado para nós mesmos, porque é um tempo no qual devemos nos dedicar somente para amar.

É possível reservar dois ou três dias da semana para a oração do terço e, desta forma, será cada vez mais fácil fazer esta oração, até finalmente poder rezá-la todos os dias.

2. Saber que reza para alguém

Uma boa oração está baseada em orientar completamente à vontade a agradar o nosso querido amigo, Cristo, e não a nós mesmos.

3. Fazer pausas

Santo Ignácio de Loyola recomenda a chamada ‘terceira forma de rezar’ para adaptar as palavras ao ritmo da própria respiração.

Normalmente, é suficiente interromper um mistério do terço para voltar a ser consciente de que Jesus e Maria nos olham cheios de alegria e amor. Para isto, pode ser útil respirar duas ou três vezes, antes de voltar a retomar a oração.

4. Dirigir os pensamentos

Pode-se e deve-se ‘desviar’ os pensamentos para encontrar o mistério que devemos visualizar na nossa mente antes de cada dezena do terço.

É pouco provável que a repetição seja útil se não for encaminhada várias vezes para o essencial, que é a vida de Jesus e de Maria.

5. Fazer da oração um momento para compartilhar com Cristo

Um dos primeiros e mais importantes passos para a oração interior é não só nos dedicarmos a pensar e a meditar, mas olhar paa aquele a quem está dirigida a nossa prece.

Saber que, aquele a quem nos dirigimos nos ama infinitamente e despertará em nós diversos e espontâneos sentimentos, assim como quando desfrutamos e nos alegramos com uma pessoa que gostamos muito.

6. Fechar os olhos ou simplesmente fixá-los em um só lugar

Algumas pessoas fecham os olhos a fim de se concentrar e rezar melhor. Isso pode ser uma ajuda, mas normalmente é suficiente fixar o olhar em um só lugar e evitar olhar ao redor. De qualquer maneira, é importante que os olhos do coração estejam sempre abertos.

O terço é como uma visita ao cinema. Trata-se de ver imagens. Algumas perguntas básicas podem ser de utilidade : o que, quem, como, quando, onde? Como vejo o nascimento de Jesus, sua crucificação, sua ascensão.

Às vezes, posso – como se tivesse uma câmara – aproximar elementos ou detalhes e procurar um primeiro plano : a mão de Cristo transpassada pelos pregos, as lágrimas nos olhos do apóstolo João enquanto o Senhor subia aos céus, etc.

7. Que a intenção de rezar sempre seja o amor

As palavras acompanham, nossa mente se dispõe, mas o nosso coração deve dominar a oração.

Todos os grandes escritores espirituais concordam que a oração interior atinge principalmente nossos sentimentos e emoções.

Santa Teresa D’Ávila explica de maneira simples : ‘Não pense muito, ame muito!’. Em uma ocasião, uma senhora me contou que não conseguia pensar em rezar o terço todos os dias, mas a única coisa que conseguia dizer interiormente era : ‘Jesus, Maria, eu os amo!’. Parabenizo a esta mulher, pois a tal resultado a oração do terço nos deve levar.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.acidigital.com/noticia/49887/sete-conselhos-que-te-ajudarao-a-aperfeicoar-a-oracao-do-terco