‘Bento XVI visitou
Portugal de 11 a 14 de maio de 2010, mas há muito que se encontrava ligado à
Mensagem de Fátima e, em particular, à interpretação do segredo, cuja terceira
parte foi divulgada em 2.000, com um comentário teológico do então cardeal
Joseph Ratzinger.
O agora Papa
emérito falou aos jornalistas no voo entre Roma e Lisboa, a 11 de maio de 2010,
para explicar que ‘uma aparição, ou seja,
um impulso sobrenatural, não vem somente da imaginação da pessoa, mas na
realidade da Virgem Maria, do sobrenatural’.
A terceira parte
do segredo fala de um ‘Bispo vestido de
branco’ que caminha no meio de ruínas e cadáveres, imagem associada ao
atentado sofrido por João Paulo II a 13 de maio de 1981.
Bento XVI disse
que ‘nesta visão do sofrimento do Papa é
possível ver, em primeira instância, o Papa João Paulo II’, mas também
estão indicadas ‘realidades do futuro da
Igreja’ que se ‘desenvolvem e se mostram’.
‘O importante é que a mensagem, a resposta de
Fátima, não vai substancialmente na direção de devoções particulares, mas
precisamente na resposta fundamental, ou seja, a conversão permanente, a
penitência, a oração, e as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade’,
sustentou.
Em Fátima, depois
de vários discursos e homilias, a imagem de marca foi um momento sem palavras :
o Papa em silêncio, olhos fixos na imagem de Nossa Senhora de Fátima na
Capelinha das Aparições. Na tarde de 12 de maio de 2010, Bento XVI entregou uma
Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima, tornando-se o primeiro Papa a fazê-lo
pessoalmente em solo português.
Na Missa de 13 de
maio, Bento XVI apresentou, diante de centenas de milhares de pessoas, o fruto
da sua reflexão de décadas sobre os acontecimentos de 1917 : ‘Deus – mais íntimo a mim mesmo de quanto o
seja eu próprio – tem o poder de chegar até nós nomeadamente através dos
sentidos interiores, de modo que a alma recebe o toque suave de algo real que
está para além do sensível, tornando-a capaz de alcançar o não-sensível, o
não-visível aos sentidos’.
‘Para isso exige-se uma vigilância interior
do coração que, na maior parte do tempo, não possuímos por causa da forte
pressão das realidades externas e das imagens e preocupações que enchem a alma.
Sim! Deus pode alcançar-nos, oferecendo-se à nossa visão interior’,
acrescentou.
O agora Papa
emérito falou sobre o futuro e não sobre o passado, o que ajuda explicar as
suas declarações sobre a missão de Fátima e a continuidade no tempo dos
sofrimentos que foram revelados na terceira parte do segredo : ‘Iludir-se-ia quem pensasse que a missão
profética de Fátima esteja concluída’.
No comentário
teológico à Mensagem de Fátima, o cardeal Ratzinger deixava claro que ‘quem estava à espera de impressionantes
revelações apocalípticas sobre o fim do mundo ou sobre o futuro desenrolar da
história deve ficar desiludido’.
Já após a renúncia
ao pontificado, a 21 de maio de 2016, Bento XVI rompeu o seu silêncio para
reafirmar que a publicação do chamado ‘Segredo
de Fátima’ ficou ‘completa’ após
a divulgação da sua terceira parte, no ano 2000.’
Fonte :
* Artigo na íntegra https://pt.aleteia.org/2017/05/09/bento-xvi-o-interprete-do-segredo-e-do-futuro-de-fatima/
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