* Artigo de Edson Sampel,
Teólogo e Doutor em Direito Canônico e
membro da Academia Marial de Aparecida (AMA)
‘Ultimamente
a Santa Sé resolveu adotar um novo caminho de diálogo com os irmãos separados,
principalmente com os evangélicos. Em vez de se tratar de temas comuns à Igreja
e às comunidades eclesiais oriundas da chamada Reforma, exemplificativamente, a
teologia trinitária, põe-se na mesa de discussão uma temática
caracteristicamente católica, como, por exemplo, a mediação de Maria
santíssima.
Esta
nova forma de ecumenismo promete ótimos frutos, porquanto apresentamos aos
irmãos separados o que possuímos de melhor, nosso tesouro inestimável. Em
havendo boa vontade de ambos os lados, católico e protestante, decerto o
entendimento doutrinário poderá mesmo avançar sobremaneira.
Não é
impossível! Outro dia, assistindo a um programa de certa televisão evangélica,
ouvi um pastor dizer que se Maria é mãe de Jesus e se Jesus é Deus, conclui-se
que Maria é mãe de Deus. O indigitado pastor tirou essa conclusão
espontaneamente, sem nenhum esforço ecumênico.
O que
devemos lancetar definitivamente de nossa pastoral é o ecumenismo do “tanto
faz”, que, na verdade, constitui um irenismo inoportuno, totalmente descartado
pelo Concílio Vaticano II. Com efeito, a Congregação para a Doutrina da Fé, já
em 1966, emitiu uma carta sobre opiniões errôneas na interpretação dos decretos
conciliares, lamentando que “(...) não falte quem, interpretando a seu modo o
decreto conciliar [Unitatis Redintegratio], exija uma ação ecumênica que vá
contra a verdade, assim como contra a unidade da fé e da Igreja, fomentando um
perigoso irenismo e indiferentismo, que é totalmente alheio à mente do
Concílio.” (n. 10). Muitas vezes, ouvimos esta frase: “vamos nos focar no muito
que nos une e não no pouco que nos separa”. Ora, temos de ser realistas, pois,
do ponto de vista doutrinário, existe uma diferença colossal entre um católico
e um evangélico. Não é pouco! É muito! Só para dar uma ideia: a denominada
Reforma não aceita nenhum dos sete sacramentos, exceto o batismo e, mesmo
assim, para algumas comunidades eclesiais, o mencionado sacramento não é
indispensável à salvação.
O
bem-aventurado João Paulo II nos dá uma pista do papel que santa Maria desempenha
no ecumenismo. Fá-lo na encíclica Redemptoris Mater. Escreveu o papa: “(...) é
preciso que os mesmos cristãos aprofundem em si próprios e em cada uma de suas
comunidades aquela ‘obediência de fé’ de que Maria santíssima é o primeiro e o
mais luminoso exemplo.” (n. 29b).
A
união entre todos os cristãos é muito importante, desejada pelo próprio Cristo
(Jo 17,21), mas só será factível à medida que nós soubermos dar as razões de
nossa fé àqueles que nos indagarem (1Pd 3,15), tornando-nos, teologicamente
falando, cem por cento católicos.’
Fonte :
* Artigo na íntegra
de http://www.zenit.org/pt/articles/maria-no-dialogo-ecumenico-um-novo-caminho
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