* Artigo de Manuel Augusto,
Missionário Comboniano
‘Missionários - foram-no
no passado e são-no hoje - os discípulos de Jesus que aceitam o desafio de
anunciar o Seu Evangelho entre os povos, de testemunhar a Sua pessoa para além
das fronteiras da comunidade dos que n'Ele acreditam. No passado, como hoje, os
missionários foram homens de fronteira, sempre em tensão para ir mais longe,
sempre prontos a viverem os riscos de levar o Evangelho até aos confins da
Terra, de evangelizar toda a cultura, de fazer Igreja no meio de todos os
povos.
No passado, habituámo-nos
a olhar para os missionários, a fixar a sua imagem-identidade desde fora: o
heroísmo e exotismo da sua vida, as barbas ou o hábito, os negros ou os índios,
as suas iniciativas humanitárias. Olhando-os desde fora, confundimo-los também
com outros emissários, pioneiros da política ou do comércio, agentes de
expansionismo cultural. Hoje temos que olhar para os missionários mais desde
dentro, procurando apanhar o segredo das suas vidas, descortinar mais
claramente os horizontes que os norteiam, as atitudes que os definem.
Ser missionário não é uma
profissão, muito menos um ganha-pão. Também não é uma aventura para
inconformados com a presente situação eclesial. É, sempre e só, uma vocação que
nasce de uma experiência pessoal de Jesus Cristo, de um encontro com Ele.
"Separai-me Paulo e Barnabé para a missão que lhes tenho reservada",
é a palavra com que o Senhor continua a chamar aqueles que deseja enviar a
testemunhar a Sua pessoa.
Por vocação, o
missionário é uma pessoa de fronteira, capaz de viver as tensões da periferia,
de se aguentar nessa zona de conflito onde o Evangelho se encontra com as
culturas, com as pessoas. É homem da palavra, que proclama com respeito a
pessoa em que acredita. É mulher do testemunho que vive a verdade que proclama.
É pessoa de diálogo, capaz de fazer causa comum com os homens e as mulheres de
outras culturas. É andarilho, pessoa de pouca bagagem, sempre pronta a partir,
indisposta às honras e incapaz de criar nichos para ser venerada.
Descobrir os missionários
por dentro é o desafio que nos fica, numa época em que, à força de considerar
os missionários por fora, os apreciamos pelo seu heroísmo mas não nos
comprometemos com eles por dentro, nas atitudes e nos empenhos que determinam
as suas vidas. Damos-lhes apreço, consideração, dinheiro até; mas não nos damos
a nós próprios, nem lhes damos os nossos filhos e filhas para seguirem os seus
passos.’
Fonte :
*Artigo na íntegra http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EEuupVypAAuSfqtUVR
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