segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Cardeal fala do papel de comunidades monásticas no Sínodo dos Bispos

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

*Artigo da Redação ACI


‘Faltando pouco mais de um mês para a abertura oficial do próximo sínodo dos bispos, que terá como tema ‘Por uma Igreja sinodal : comunhão, participação e missão’, o secretário-geral do sínodo, cardeal Mario Grech, escreveu uma carta às comunidades monásticas para explicar-lhes qual será sua principal missão durante os trabalhos preparatórios.

Os trabalhos do sínodo começarão oficialmente em 9 de outubro deste ano e terminarão em 2023, também no mês de outubro, com a celebração da Assembléia Geral Ordinária, em Roma.

Em carta, o cardeal Grech disse aos membros das comunidades monásticas que eles foram eleitos para uma tarefa muito específica : a oração. ‘Há pessoas que, escolhidas entre o povo, têm a tarefa de nunca abandonar, nem de dia, nem de noite, o ministério da oração e do louvor no templo do Senhor’, disse o cardeal.

Ele pediu aos irmãos e irmãs chamados à vida monástica e contemplativa que sejam ‘custódios, para todos, do pulmão da oração’. Essa será a sua principal missão durante os trabalhos do sínodo, sem que isso prejudique outras contribuições.

Certamente, não faltará a contribuição de vocês em outros aspectos dos diversos momentos do nosso caminho sinodal, mas a sua vocação ajuda-nos, ainda que só com a sua presença, a ser uma Igreja que escuta a Palavra, capaz de deixar que o Espírito converta o seu coração, que persevera na comunhão e na oração’, afirmou o cardeal.

Não lhes peço que rezem em vez dos outros irmãos e irmãs’, acrescentou, ‘mas que estejam atentos à dimensão espiritual do caminho que empreenderemos, para poder discernir a ação de Deus na vida da Igreja universal e de cada uma das Igrejas particulares’.

A oração é o encontro dinâmico do amor no Deus Trino : na unidade multiforme que nos impulsiona ao testemunho vivo’, disse o cardeal. Segundo ele a oração está profundamente ligada a outros três termos : escuta, conversão e comunhão. Sobre a escuta, lembrou a afirmação do papa Francisco : ‘uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta, consciente de que escutar é mais do que ouvir’. O cardeal disse que ‘a vida monástica e contemplativa pôs a experiência da escuta sempre no centro, a tal ponto de que, muitas vezes, as regras monásticas das diferentes tradições não foram outra coisa que compilações de expressões bíblicas e evangélicas, para afirmar que a vida monástica e contemplativa é uma encarnação da Palavra de Deus escutada, meditada e interiorizada’.

A própria hospitalidade, tão comum nas comunidades monásticas e contemplativas, é uma experiência de acolhida e escuta, que encontra sua fonte no convívio com as Escrituras, na ‘lectio divina’ e em outros enfoques espirituais à Palavra de Deus’, disse o cardeal.

O segundo lugar, a conversão, está intimamente ligado à escuta. O cardeal Grech afirmou que ‘um verdadeiro caminho sinodal não pode prescindir da vontade de se deixar converter pela escuta da Palavra e da ação do Espírito Santo em nossa vida’. ‘A vida monástica e contemplativa recorda a toda a Igreja que o convite à conversão está no próprio coração do anúncio de Jesus, que percorria as aldeias da Galileia dizendo : ‘Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo’’.

Por fim, o terceiro termo : comunhão. O cardeal afirmou que a ‘sinodalidade’ é uma garantia de unidade, como lembrou o papa : ‘O fato de o sínodo atuar sempre ‘cum Petro’ e ‘sub Petro’ não é uma limitação da liberdade, mas uma garantia de unidade’.

Para o cardeal, a vida contemplativa e monástica testemunha essa verdade e estabelece o vínculo que une a escuta e a conversão com a comunhão : ‘A finalidade da escuta e da conversão é a comunhão’.

Nas suas comunidades, sabem bem que a comunhão é também o critério último de discernimento e de verificação do caminho sinodal’, afirmou, e que ‘a comunhão eclesial é o selo de discernimento e de verificação do caminho sinodal’.

De fato, ‘a vida comunitária, própria da vida religiosa, se experimenta como comunhão, que não é o mesmo que uniformidade. Efetivamente, é o critério para verificar um autêntico caminho compartilhado em uma perspectiva de fé’.

Por fim, o cardeal Grech disse que os irmãos e irmãs chamados à vida monástica e contemplativa, ‘com sua preciosa vocação, que enriquece toda a comunidade eclesial, são custódios e testemunhas de realidades fundamentais para o processo sinodal que o Santo Padre nos convida a realizar’’.

 

Fonte : *Artigo na íntegra https://www.acidigital.com/noticias/cardeal-fala-do-papel-de-comunidades-monasticas-no-sinodo-dos-bispos-48178

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