quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Provai e vede como o Senhor é bom: a catequese como experiência de encontro e relação com Jesus

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Daniel Reis

 

‘Defronte ao mundo secularizado, apressado, tecnicista, consumido pelo consumismo e mergulhado na volatilidade das relações virtuais, o futuro da catequese consiste nisto : conseguir propiciar a experiência do encontro e relação com Jesus. Essa experiência, para que permaneça e frutifique, deve ser proposta de maneira encarnada, visceral, integral, não apenas mental e racionalmente.

O anúncio querigmático-catequético, para que cative e encante, também deve, antes, ser fruto de uma experiência autêntica dos(as) catequistas com a Pessoa de Jesus. Não se aponta o Caminho (Jo 14,6) sem antes ter passado por Ele. Não se propõe uma experiência sem antes a ter experienciado. No caso, corre-se o risco de uma catequese meramente discursiva e ideal, sem o vigor testemunhal.

Com origem no latim (experientia/experiri), ‘experiência’ significa experimentar, provar. ‘Provai e vede como o Senhor é bom!’ (Sl 34,9), canta o salmista. Fazer provar, escutar, saborear, ver, tocar, experimentar Jesus é a missão da catequese. Experienciar e proporcionar experiência, portanto, é algo que passa pelos sentidos e toca a inteireza do sujeito e da realidade criada.

Alguém me tocou!’ (Lc 8,46), exclamou Jesus em meio à multidão que o comprimia. Numa infinidade de esbarrões, Jesus percebe um toque. Ali se deu uma experiência. Houve ali, naquele toque discreto da mulher de fé notável, um encontro com o Mestre de Nazaré. A catequese é aquela que, apresentando o Senhor e o Evangelho de seu Reino, proporciona e facilita o encontro com Ele. Nesse sentido apontou o papa emérito Bento XVI : ‘Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo’ (Deus caritas est, 1).

Uma catequese meramente doutrinadora, moralizante e dogmática é insuficiente e nada eficiente para promover a experiência do encontro com o Senhor. De nada adianta apregoar o conteúdo da fé sem antes suscitá-la a partir d’Aquele que é seu ‘autor e iniciador’ (Hb 12,2). A catequese, assim, não pode ser vista apenas como formação, mas como relação. Desfiar o catecismo, sem estabelecer uma relação com a Pessoa de Jesus e sua práxis, poderá formar bons católicos, mas dificilmente formará bons cristãos.

A catequese, ao propiciar a experiência do encontro, acompanhará a relação que ali se desenvolverá. Relação que é pessoal, porque Deus se revelou, se mostrou, se deu a conhecer plenamente na Pessoa de Jesus de Nazaré. ‘Pessoal’, no entanto, não se confunde com uma relação individualista, intimista e sentimentalista. ‘Pessoal’ é a relação encarnada no hoje da história, comprometida com a ação sociotransformadora que vise a dignidade e a ‘vida em abundância’ (Jo 10,10) das demais pessoas, a exemplo do que fez a Pessoa de Jesus.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1536480/2021/08/provai-e-vede-como-o-senhor-e-bom-a-catequese-como-experiencia-de-encontro-e-relacao-com-jesus/

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