Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Francisco Vêneto,
jornalista
‘Ali Ehsani tem 38 anos e é
advogado. Mora na Itália desde os 13 anos, quando chegou sozinho ao país
europeu como refugiado após seus pais serem assassinados e sua casa ser
destruída no Afeganistão – só porque a família era cristã.
Afegãos cristãos, diga-se de
passagem, são uma raridade. O Afeganistão inteiro contava com cerca de 200
cristãos até a retomada do poder pelos talibãs em 15 de agosto de 2021. Agora
que o grupo fanático detém o poder no país, o número certamente se reduziu mais
ainda. A única igreja católica de todo o território afegão está fechada :
ficava na embaixada italiana em Cabul e o pároco responsável foi obrigado a
deixar o país durante a desocupação norte-americana, finalizada em 31 de
agosto.
O próprio Ali só tomou
consciência de que fazia parte da minoria cristã quando, aos 8 anos de idade,
um colega muçulmano na escola o questionou sobre o fato de seu pai não
frequentar a mesquita.
Ele relatou este episódio à
Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja (Aid to the Church in Need) que Sofre :
‘Voltei para casa e
perguntei ao meu pai. E ele me perguntou : quem te disse isso? Meu pai me
explicou que eu não devia dizer para ninguém que éramos cristãos. Ele me contou
que os cristãos iam à igreja, mas não me disse muito mais do que isso, porque
tinha medo que eu falasse da nossa fé e nos descobrissem’.
Mas os rumores correram. Não
demorou para que o pai de Ali Ehsani fosse preso. Também não demorou para que,
após a prisão do pai, chegasse a vez também da mãe. Certo dia, o menino chegou
da escola e não a encontrou mais. Naquele mesmo dia, ele sequer encontrou a
própria casa : os talibãs a tinham destruído.
Órfão cristão fugiu do
Afeganistão aos 8 anos
Seu irmão Mohammed, 16, e ele,
8, não tiveram alternativa : precisaram fugir do Afeganistão sem absolutamente
nada nem ninguém.
‘Foi uma viagem que durou
cinco anos e que eu conto no livro ‘Stanotte guardiamo le stelle’ (‘Hoje à
noite olhamos para as estrelas’, em livre tradução do italiano – a obra não
conta ainda com versão em português). Foi uma viagem dramática pelo
Afeganistão, Paquistão, Irã, Turquia, Grécia até chegar à Itália. Meu irmão
morreu na viagem’.
A precária embarcação em que
tentavam chegar da Turquia à costa grega naufragou e o irmão mais velho não
conseguiu se agarrar a nada – ao contrário de Ali, que só sobreviveu porque se
agarrou a um galão de combustível. Ele pensou naquela hora : ‘Se Jesus
existe, Ele vai me salvar de morrer afogado’.
O menino tinha 11 anos quando
ficou sozinho no mundo. Meses depois, quando conseguiu chegar à Itália, decidiu
estudar para ajudar as pessoas que, assim como ele, já tinham sofrido
excessivamente na vida.
Ali Ehsani cumpriu a promessa
que tinha feito a si mesmo e se formou advogado.
Já adulto, conheceu outra rara
família cristã que vivia no Afeganistão e passou a manter contato com eles por
meio da internet, chegando a transmitir-lhes a Santa Missa ao vivo pelo
celular. Um dia, porém, mesmo com o volume baixo, os vizinhos da família
ouviram e a denunciaram.
O pai foi preso e nunca mais se
soube do seu destino. A família se escondeu aterrorizada durante semanas,
enquanto Ehsani coordenava a sua retirada do Afeganistão com auxílio de autoridades
vaticanas e italianas. Assim como ele, aqueles refugiados também acabaram
conseguindo chegar à Itália e recomeçar a vida. Ali Ehsani relata que, em sua
primeira Missa, não paravam de chorar de emoção.’
Fonte : *Artigo
na íntegra https://pt.aleteia.org/2021/09/20/orfao-cristao-fugiu-do-afeganistao-aos-8-anos-e-agora-ajuda-a-salvar-familia-perseguida/
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