Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
eremita na Diocese de Amparo,
BA
‘Nossa época está cheia de
teses relativistas. Por relativismo entende-se a recusa de qualquer verdade
filosófica ou ética de valor universal a nos dar caminhos seguros.
Essa doutrina nega a distinção
entre verdadeiro e falso, no plano da razão, e entre bem e mal no campo ético.
Desse modo, uma definição filosófica ou uma ação ética ficariam condicionadas
ao tempo e ao espaço nos quais se dão e ao gosto ideológico das pessoas que
protagonizam um debate ou uma ação, mas não a uma instância perene objetiva e
válida.
No terreno filosófico, o
relativismo ensina que não se pode chegar a uma verdade objetiva, portanto,
real fora da própria pessoa, dado que o ser humano não conheceria a realidade
como ela é, mas apenas como ele, subjetivamente, a concebe, de acordo com o que
dela consegue alcançar em seus parâmetros de pensamento.
Ora, o relativismo muda, com
isso, o conceito clássico de verdade. Esta é a concordância do intelecto com a
realidade : o que se vê – com evidência – sobre a mesa é uma pedra, não um pão.
Para o relativista, no entanto, tem-se o contrário. Verdade seria a adequação
ou a concordância da coisa (res, rei, no Latim) ao intelecto. A verdade
passa a ser subjetiva ou pessoal (cada um tem a sua), não objetiva e universal
(válida a todos).
Na prática, o relativismo
levaria ao caos, mas, se bem observado, é absurdo em si mesmo. Sim, se a pessoa
vê uma pedra, mas diz ser pão, deveria – por coerência – comê-la. Se não a come
por reconhecer que é pedra, afirma existir, então, verdade (é uma pedra) e erro
(achar que era um pão). Esse reconhecimento destrói a base do relativismo.
No plano ético, também não
existiriam normas morais válidas a todos os seres humanos. Os valores morais
variariam de acordo com o tempo (a história) e a cultura (o local) na qual a
pessoa vive, segundo seus conceitos subjetivos, e não se fundariam normas
universais. Apenas os direitos – também subjetivos – de quem convive com o
relativista é que seriam, em parte, respeitados.
O único princípio absoluto
seria o próprio homem com sua liberdade. Liberdade para tudo, pois não há
nenhuma instância objetiva – Deus e sua lei natural moral – acima desse homem.
Ora, ‘se o fundamento da Moral fosse a vontade dos povos, ou ainda as decisões
dos seus chefes ou as sentenças dos seus juízes, então tudo o que se aprovasse
legalmente se converteria num bem, mesmo que autorizasse a mentir, roubar ou
matar. A lei moral deve surgir de alguma coisa impressa na natureza humana, a
que chamamos lei natural. É uma lei que obriga todos os homens e que nem sempre
coincide com os gostos do momento de cada governante, de cada sociedade, de
cada pessoa’ (Alfonso Arguiló. É razoável crer? São Paulo:
Quadrante, 2006, p. 134).
Todavia, o bom-senso e a Lógica
filosófica levam a ver que o relativismo é absurdo. Daí, tentar ele se impor
por meio de uma verdadeira ditadura que rotula quem lhe é contrário de
fundamentalista (‘acuse os outros do que você é!’), bem como formula
argumentações para tentar calar seus opositores. Tais argumentos são, no
entanto, contraditórios, de modo a não resistirem a uma análise atenta.
Com efeito, escreve Arguiló que
‘por não ter um ponto de referência claro a respeito da verdade, o relativismo
leva à confusão global entre o bem e o mal. Se se analisam com um pouco de
detalhe as suas argumentações, é fácil observar, como explica Peter Kreeft, que
quase todas costumam refutar-se a si próprias : ‘A verdade não é universal’
(exceto esta verdade que você acaba de afirmar?). ‘Ninguém pode conhecer a
verdade’ (a não ser você, segundo parece). ‘A verdade é incerta’ (então
também é incerto o que você diz!). ‘Todas as generalizações são falsas’
(esta também?). ‘Você não pode ser dogmático’ (com essa mesma
afirmação, você mostra que é bastante dogmático). ‘Não me imponha a sua
verdade’ (o que significa que neste momento você me está impondo as suas
verdades). ‘Não existem absolutos’ (absolutamente…?). ‘A verdade é apenas uma
opinião’ (a sua opinião, pelo que vejo). E assim por diante’ (Idem, p.
118).
Fiquemos atentos e questionemos
o relativismo. Ele não resistirá à Lógica.’
Fonte : *Artigo
na íntegra https://pt.aleteia.org/2021/08/02/logica-remedio-para-o-relativismo/
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