Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo da Redação ACI
‘Faltando pouco mais de um mês
para a abertura oficial do próximo sínodo dos bispos, que terá como tema ‘Por
uma Igreja sinodal : comunhão, participação e missão’, o
secretário-geral do sínodo, cardeal Mario Grech, escreveu uma carta às
comunidades monásticas para explicar-lhes qual será sua principal missão
durante os trabalhos preparatórios.
Os trabalhos do sínodo
começarão oficialmente em 9 de outubro deste ano e terminarão em 2023, também
no mês de outubro, com a celebração da Assembléia Geral Ordinária, em Roma.
Em carta, o cardeal Grech disse
aos membros das comunidades monásticas que eles foram eleitos para uma tarefa
muito específica : a oração. ‘Há pessoas que, escolhidas entre o povo, têm a tarefa de
nunca abandonar, nem de dia, nem de noite, o ministério da oração e do louvor
no templo do Senhor’, disse o cardeal.
Ele pediu aos irmãos e irmãs
chamados à vida monástica e contemplativa que sejam ‘custódios, para
todos, do pulmão da oração’. Essa será a sua principal missão durante os
trabalhos do sínodo, sem que isso prejudique outras contribuições.
‘Certamente, não faltará a
contribuição de vocês em outros aspectos dos diversos momentos do nosso caminho
sinodal, mas a sua vocação ajuda-nos, ainda que só com a sua presença, a ser
uma Igreja que escuta a Palavra, capaz de deixar que o Espírito converta o seu
coração, que persevera na comunhão e na oração’, afirmou o cardeal.
‘Não lhes peço que rezem em
vez dos outros irmãos e irmãs’, acrescentou, ‘mas que estejam atentos à
dimensão espiritual do caminho que empreenderemos, para poder discernir a ação
de Deus na vida da Igreja universal e de cada uma das Igrejas particulares’.
‘A oração é o encontro
dinâmico do amor no Deus Trino : na unidade multiforme que nos impulsiona ao
testemunho vivo’, disse o cardeal. Segundo ele a oração está profundamente
ligada a outros três termos : escuta, conversão e comunhão. Sobre a escuta,
lembrou a afirmação do papa Francisco : ‘uma Igreja sinodal é uma Igreja da
escuta, consciente de que escutar é mais do que ouvir’. O cardeal disse que
‘a vida monástica e contemplativa pôs a experiência da escuta sempre no
centro, a tal ponto de que, muitas vezes, as regras monásticas das diferentes
tradições não foram outra coisa que compilações de expressões bíblicas e
evangélicas, para afirmar que a vida monástica e contemplativa é uma encarnação
da Palavra de Deus escutada, meditada e interiorizada’.
‘A própria hospitalidade,
tão comum nas comunidades monásticas e contemplativas, é uma experiência de
acolhida e escuta, que encontra sua fonte no convívio com as Escrituras, na ‘lectio
divina’ e em outros enfoques espirituais à Palavra de Deus’, disse o
cardeal.
O segundo lugar, a conversão, está intimamente ligado à escuta. O cardeal Grech afirmou que ‘um
verdadeiro caminho sinodal não pode prescindir da vontade de se deixar
converter pela escuta da Palavra e da ação do Espírito Santo em nossa vida’.
‘A vida monástica e contemplativa recorda a toda a Igreja que o convite à
conversão está no próprio coração do anúncio de Jesus, que percorria as aldeias
da Galileia dizendo : ‘Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo’’.
Por fim, o terceiro termo : comunhão. O cardeal afirmou que a ‘sinodalidade’ é uma garantia de
unidade, como lembrou o papa : ‘O fato de o sínodo atuar sempre ‘cum Petro’
e ‘sub Petro’ não é uma limitação da liberdade, mas uma garantia de unidade’.
Para o cardeal, a vida
contemplativa e monástica testemunha essa verdade e estabelece o vínculo que
une a escuta e a conversão com a comunhão : ‘A finalidade da escuta e da
conversão é a comunhão’.
‘Nas suas comunidades, sabem
bem que a comunhão é também o critério último de discernimento e de verificação
do caminho sinodal’, afirmou, e que ‘a comunhão eclesial é o selo de
discernimento e de verificação do caminho sinodal’.
De fato, ‘a vida
comunitária, própria da vida religiosa, se experimenta como comunhão, que não é
o mesmo que uniformidade. Efetivamente, é o critério para verificar um
autêntico caminho compartilhado em uma perspectiva de fé’.
Por fim, o cardeal Grech disse
que os irmãos e irmãs chamados à vida monástica e contemplativa, ‘com sua
preciosa vocação, que enriquece toda a comunidade eclesial, são custódios e
testemunhas de realidades fundamentais para o processo sinodal que o Santo
Padre nos convida a realizar’’.
Fonte : *Artigo
na íntegra https://www.acidigital.com/noticias/cardeal-fala-do-papel-de-comunidades-monasticas-no-sinodo-dos-bispos-48178