Este artigo, gentilmente cedido por Dom Lourenço Palata Viola, OSB,
monge beneditino do Mosteiro de São Bento de São Paulo,
O Ano da Fé surgiu como “uma cidade levantada num monte”, para
a qual o nosso saudoso Papa Bento XVI nos convidou a subir de um modo especial
desde o dia 11 de outubro de 2012, comemoração do jubileu áureo da abertura do
Concilio Ecumênico Vaticano II e do vigésimo aniversário da publicação do
Catecismo da Igreja Católica. Em sua carta apostólica PORTA FIDEI com a qual
proclamava o Ano da Fé, o mesmo nos propunha vários aspectos reflexivos acerca
de sua intenção em levar adiante este grande propósito, dentre os quais podemos
destacar de maneira especial a “necessidade de redescobrir o caminho da fé para
fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do
encontro com Cristo” (Bento XVI, Porta Fidei, 2). Redescobrir o caminho da Fé.
Encontrar novamente o rumo certo que outrora nos foi concedido por Deus no Dom
de seu Filho Jesus Cristo e que por meio de nosso egoísmo e amor próprio muitas
vezes nos deixamos desvanecer, e assim com nossos olhos envoltos pela escuridão
não podemos contemplar e realizar a Obra de Deus que outra não é senão aquela
que apresentou Jesus ao ser questionado: “Que havemos nós de fazer para
realizar as obras de Deus? A obra de Deus é esta: crer Naquele que Ele enviou”
(cf Jo 6,28-29).
Faço-lhes aqui uma
pergunta: nós cremos verdadeiramente em Jesus Cristo? Colocamos a Obra de Deus
em prática na nossa vida e no mundo através de nosso testemunho? Temos sido
moradores da cidade edificada sobre o monte, portadores da Luz da Fé?
A Igreja sempre se renova
através da ação vivificadora do Espírito Santo, um grande sinal disso foi o
Concilio Vaticano II, o qual nas palavras do Beato Papa João Paulo II “foi a
grande graça de que se beneficiou a Igreja no século XX : nele se encontra uma
bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa”(João Paulo
II, Carta Ap. Novo Millennio ineunte); e tendo em vista a atualização desta
renovação nos disse Bento XVI que “se o lermos e recebermos guiados por uma
justa hermenêutica, o Concílio pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande
força para a renovação sempre necessária da Igreja”(Bento XVI, Discurso à Cúria
Romana, 22/12/05).
O nosso testemunho de
vida consiste em uma das grandes fontes renovadoras da Igreja, nós cristãos
somos chamados a fazer brilhar com a nossa própria vida no mundo a Palavra da
verdade que o Cristo nos deixou, a sermos criaturas transfiguradas no amor
daquele que “faz nova todas as coisas” (Ap 21,6).
Nesta perspectiva
renovadora, o Ano da Fé foi e é um convite para que façamos uma verdadeira e
renovada conversão de toda nossa vida ao Senhor, único Salvador do mundo, que
nos atrai e convoca a uma descoberta diária de seu mistério de amor, onde ganha
força e vigor o nosso compromisso de cristãos. “A Fé cresce quando é vivida
como experiência de um amor recebido, e é comunicada como experiência de graça
e alegria.”(PF,7) Deus nos amou plenamente e enviou-nos seu Filho para que
através de sua oferta de amor fôssemos reconciliados com Ele; É esse amor
grandioso, do qual fazemos uma experiência cada vez maior à medida que vamos
nos lançando, nos abandonando com confiança desmedida, que faz crescer e
revigorar a nossa fé, pois sua origem é o próprio Deus. Quem não se entrega ao
amor de Deus, a nós oferecido em abundância em seu Filho Jesus Cristo, mas ao
contrário, coloca em sua vida outros amores no lugar deste, vivencia e
envolve-se numa mentira de que Deus não se interessa por ele.
Não! A Fé nos dá a
certeza de que somos filhos de Deus, que estamos projetados em Jesus Cristo, o
qual nos ensina a chamar a Deus de Pai no mistério de sua filiação. Não devemos
jamais fugir do olhar de Cristo, nele está o olhar do Pai e nada poderá nos
afastar do amor de Deus por nós em Cristo Jesus.
Um Deus que é amor, que
se faz próximo de sua criatura encarnando e doando-se a si mesmo na cruz para
nossa salvação e assim reabrir as portas do céu, nos indica de modo eficaz que
a plenitude do homem consiste unicamente no amor.
“A fé é assim o
acolhimento generoso desta mensagem transformadora na nossa vida, o acolhimento
da Revelação de Deus que nos faz conhecer quem Ele É, como age, quais são os
seus desígnios para nós” (Bento XVI, Catequese 17/10/12).
- Gal 3, 23-29
* A fé é verdadeiramente
a força transformadora da nossa, da minha vida?
* Tenho feito
constantemente a experiência do amor de Deus que me é concedido em Jesus
Cristo?
* Como vivenciei o Ano da
Fé? Subi até a cidade edificada sobre o monte e aí iniciei o processo renovador
ao qual fui convidado, abrindo meu coração à ação do Espírito Santo?
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