Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
teólogo protestante
‘A prática leva à perfeição.
Quem nunca ouviu essa frase? Em qualquer área em que se atua, tal ditado é
mencionado como incentivo para que se chegue a certo estágio almejado,
insistindo na persistência da ação para o aprimoramento de certa habilidade.
Embora aquilo que o ditado nos
diz seja facilmente assimilado, é muito comum que em nosso cotidiano queiramos
que resultados cheguem o mais rápido possível e com o menor esforço possível.
Esse tipo de desejo se manifesta grandemente nos ambientes profissionais. Quem
nunca ouviu falar de algum/a colega que, entrando em determinada empresa, com
apenas 01 ano já acreditava que poderia ser o chefe de todas as pessoas que com
ele/a trabalhava?
Ou ainda, quantos de nós já não
nos sentimos frustrados por pensarmos que estamos demorando demais para a
aprender algum conceito, alguma ferramenta para o trabalho, ou ficarmos bons em
algum esporte? Essa curva de aprendizagem, fortemente conhecida, nem sempre é
bem assimilada e não são poucas as pessoas que ao tentarem fazer com que tal
curva seja menor, acabam em uma cobrança exacerbada de si, ou tornando tal
caminho ainda mais longo.
Toda pessoa que se dedica a
algo há algum tempo tem mais clareza do processo dessa aprendizagem, e muito
provavelmente, também já experimentou a ansiedade de acompanhar essa curva.
Contudo, uma vez alcançado aquilo que se deseja (o cargo, o conhecimento, o
corpo etc.) se percebe que tal processo foi fundamental e, mais ainda, a não
desistência da prática constante foi essencial para o resultado.
Com relação às coisas do
cotidiano e do trabalho não temos muita dificuldade de entender esses
processos. Na verdade, de alguma forma, tais processos já estão tão
internalizados que achamos muito pouco provável que alguém que não se dedica a
algo será um/a expert nele.
Quando, porém, movemos da área
do trabalho para as áreas pessoais, é comum que tal princípio de que a prática
leva à perfeição não seja tão bem internalizado assim. Tomemos, por exemplo, a
questão dos relacionamentos interpessoais. Que todo relacionamento tenha seu
momento de grande empolgação e depois se torne estável e sem grandes rompantes
é o desejável de muitas pessoas e, no geral, é o que acontece. Basta
perguntarmos às pessoas que se relacionam há muito tempo e é praticamente
unânime a fala de que a paixão arrebatadora do início tenha dado lugar à
constância da relação e à monotonia do dia a dia, sem com isso fazer com que
tal relacionamento caminhe para um término.
Ao contrário, é comum que se
mencione que diversos ajustes foram feitos ao longo da caminhada e que cada um
foi se adaptando ao modo de vida do outro, sendo necessária uma prática
constante e diária a fim de fazer com que tal relação perdurasse. Em outras
palavras, o amor que sentiram um pelo outro, e que os fizeram se relacionar num
primeiro momento, é sustentado por meio das práticas amorosas no dia a dia e,
sem tais práticas o próprio relacionamento estaria terminado.
Se falamos sobre a relação com
Deus, ela se dá da mesma forma. Quanto mais praticamos aquilo que Deus deseja de
nós (que amemos uns aos outros), mais expert ficamos nessa arte e mais próximos
dele também ficamos. Ou seja, nas palavras de Willian James, ‘nossa prática
é a única evidência segura, até para nós mesmos, de que somos genuinamente
cristãos’.
Dessa forma, não
adianta somente ler e estudar sobre fé, sobre trabalho, sobre relacionamentos,
ou o que quer que seja. Sem a prática constante, todo conhecimento se torna
somente enciclopédico e, efetivamente, não muda em nada a vida daqueles e
daquelas que estão ao nosso redor.’
Fonte : *Artigo
na íntegra https://domtotal.com/noticia/1553442/2021/12/a-pratica-leva-a-perfeicao/
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