Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
Artigo de Fernanda Freitas
para a Arquidiocese de Goiânia
‘O terceiro Domingo do Advento
é conhecido como Domingo Gaudete ou Domingo da Alegria. Gaudete refere-se
à primeira palavra da Antífona de Entrada, ‘Alegrem-se’. É um lembrete
de que o Advento é um tempo de alegria porque nossa salvação já está próxima. Vestes
róseas são usadas para enfatizar nossa alegria pelo Natal que está próximo e
também acendemos a vela rosa em nossa coroa do Advento.
A alegria é o ponto
predominante na liturgia, especialmente como citado na profecia de Sofonias, que
convida o povo a clamar jubilosamente e a soltar brados de alegria pela
libertação operada pelo Senhor; e na Epístola de São Paulo aos Filipenses, uma
carta que é um verdadeiro hino à alegria, atitude que o apóstolo desafia a ser
procurada e reavivada em virtude da proximidade do Senhor.
No meio do Advento, a mensagem
dominante é um convite para ‘Alegrar-se’. Na leitura de Filipenses,
Paulo pega a mensagem de Sofonias e nos chama à alegria. Por quê? Porque, em
Cristo, o ‘Dia do Senhor’ chegou. Deus derrotou o pecado e ofereceu
misericórdia aos pecadores. Essas são boas notícias e um motivo firme para ‘Alegrar-se
sempre no Senhor’. Refletindo sobre a Segunda Leitura poderíamos pensar que
Paulo era alguém que vivia em um mundo próprio, separado da realidade?
Dificilmente, já que ele escreve para a Igreja de Filipos da prisão. Ele sabe
que os filipenses estão em um momento difícil, como ele disse no início da
carta, ‘... porque a vós vos é dado não somente crer em Cristo, mas ainda
por Ele sofrer. Sustentai o mesmo combate que me tendes visto travar e no qual
sabeis que eu continuo agora’ (1,29-30). O apóstolo estava ali claramente
dizendo aquela comunidade : A sua luta é a mesma que a minha ou, na linguagem
de hoje, ‘estamos juntos’.
Quando Paulo exorta a ‘alegrar-se
sempre no Senhor’, ele não está dizendo a eles ou a nós que fechemos os
olhos para a dor e a injustiça e ‘façam uma cara feliz’. Em vez disso,
ele lança um olhar sóbrio para as lutas que os cristãos enfrentam e pede
alegria mesmo em um mundo de guerra, violência, pandemia, genocídio, pobreza,
guerra civil, violência doméstica, escândalo na Igreja etc. A razão pela qual
ele ainda pode encorajar o regozijo é : ‘O Senhor está perto’. Ele
conheceu consolo, força e esperança, não porque tivesse uma solução fácil para
os problemas da vida, mas porque dentro dele gritava a certeza : ‘O Senhor
está próximo’.
Com Deus protegendo ‘corações
e pensamentos, em Cristo Jesus’, não há nada que o cristão precise temer :
nem o pecado pessoal, nem o pecado que está enraizado em nossa cultura e mundo.
Paulo nos convida a levar nossas preocupações a Deus em ‘oração, súplica e
ação de graças’.
Faltam duas semanas para o
Natal, as coisas estão bem agitadas e podem até estar saindo do controle, mas
precisamos nos manter focados na essência deste tempo: Cristo está por perto;
os excessos e o pecado do mundo não vão tirar o melhor de nós, devemos manter
nosso foco em Cristo.
‘O que devemos fazer?’
Sobre o que devemos fazer, o
Evangelho é muito claro. O povo pergunta a João Batista ‘O que devemos
fazer?’. Talvez eles esperassem que João colocasse um fardo pesado sobre
eles, pedindo o arrependimento acompanhado por provas muito visíveis e árduas.
Então, ele vem e desarma com seu jeito simples : chama-os e a nós também para
vivermos uma vida simples e fiel. Assim, por exemplo, nos eventos comuns da
vida diária, devemos incluir a preocupação e a resposta às necessidades dos
pobres : ‘Quem tem duas túnicas dê uma a quem não tem’. E quem tem
comida deve fazer o mesmo. Sem complacência ou generosidade aqui! Nunca se pode
dizer : ‘Fiz minha parte pelos pobres’, pois João diz, se você tiver
duas capas, compartilhe. Neste caso, é metade do que se tem, e não o que lhe
sobra!
Basicamente, o Batista está nos
dizendo para sermos fiéis às nossas funções na vida, ser bons pais e
trabalhadores honestos, tratar as pessoas com justiça. Se tivermos autoridade e
poder sobre alguém, não tirar vantagem deles. Seja justo e ajude os
necessitados. Devemos ser pessoas honestas, caracterizadas por uma vida
íntegra, não devemos tirar vantagem de ninguém, e sim tratar a todos com
respeito.
Há muita dor em nosso mundo.
Mais de cinco milhões de pessoas morreram devido à pandemia. Os problemas em
nossa volta parecem opressores. Certamente não vamos resolver todos os
problemas que vemos ou sobre os quais ouvimos falar, mas podemos fazer alguma coisa!
Quem são os necessitados e os
que sofrem? Quem pode usar uma palavra gentil, um ouvido paciente, uma presença
reconfortante? Como somos chamados a refletir a proximidade do Senhor em nosso
mundo? Aqueles que nos encontrarem ou nos conhecerem experimentarão que o Dia
do Senhor está próximo? Terão eles motivos para acreditar nos profetas e
evangelistas – que seu Senhor está perto – e temos motivos de sobra para ‘Alegrarmo-nos!’?
Nosso gesto concreto
Para este tempo do Advento, se
você está cheio de alegria, reserve um tempo para levar um pouco dessa alegria
para aqueles que precisam de compaixão. Se você não sabe por onde começar a
espalhar alegria, considere se envolver em algum dos muitos trabalhos sociais
de nossa Igreja. Por exemplo, se você é bom em cozinhar pode ajudar a Pastoral
de Rua a preparar uma refeição para os que vivem em situação de rua, ou que tal
vasculhar seus armários e doar roupas ainda em bom estado de conservação,
móveis para os irmãos refugiados que são acolhidos pela Pastoral dos Migrantes,
brinquedos para as crianças necessitadas. Mantimentos e produtos de higiene
para ajudar com a missão da Pastoral Carcerária. Ou até mesmo o seu tempo como
profissional de qualquer área em prol de algum necessitado. Ou seja, muitas são
as opções para que possamos espalhar, cultivar e dividir a alegria, pois ela
começa quando a bondade e o amor são compartilhados.’
Fonte : *Artigo na íntegra https://www.arquidiocesedegoiania.org.br/comunicacao/noticias/1909-terceiro-domingo-do-advento
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