terça-feira, 7 de dezembro de 2021

São José, modelo de discípulo missionário

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Bernardino Frutuoso,

jornalista


‘Terminamos no dia 8 de Dezembro o ano especial dedicado a São José, convocado pelo Papa Francisco, que celebrou o 150.º aniversário da sua declaração como padroeiro da Igreja universal. Nessa ocasião, o pontífice escreveu uma bela carta apostólica – Patris Corde (com coração de pai) – onde apresenta José, «figura extraordinária, tão próxima da condição humana» e «um pai que foi sempre amado pelo povo cristão».

São José, que nos Evangelhos nunca fala, viveu na sombra, cuidando de Jesus e Maria com dedicação, mas sem destaques pessoais. Nessa perspectiva, na catequese do passado dia 24 de Novembro, o pontífice sublinhou que José «viveu o seu protagonismo sem nunca querer apoderar-se da cena». Foi um homem que passou despercebido, «o homem da presença diária, discreta e escondida, um intercessor, um apoio e um guia em tempos de dificuldade». E frisou que o mundo precisa desses homens e dessas mulheres «na segunda linha, mas que sustentam o desenvolvimento da nossa vida, de cada um de nós e que com a oração, com o exemplo, com o ensinamento nos sustentam na estrada da vida». Se pensarmos nisto, disse, «as nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns, habitualmente esquecidas, que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas». E Francisco lembrou que, nesta nova era, uma sociedade em constante mudança – que caracteriza como «sociedade gasosa», superando a metáfora de «sociedade líquida» de Zygmunt Bauman – os crentes podemos encontrar «na história de São José uma indicação muito precisa da importância dos laços humanos», pois «a nossa vida é constituída por laços que nos precedem e acompanham».

São José soube, sem se poupar a fadigas, defender o plano que Deus tinha sonhado para Jesus e toda a Humanidade. E isso significou não se contentar com o mundo tal como era, mas colaborar com criatividade para o transformar num lugar melhor. Em Belém, acolheu nos braços e no coração o recém-nascido, assumindo com valentia a paternidade legal do menino. Avisado num sonho da perseguição de Herodes, teve a coragem de se pôr a caminho do Egito com Jesus e a sua mãe e, nesse país estrangeiro, viveram na clandestinidade e como migrantes – a mesma situação que vivem muitos migrantes hoje, tentando cruzar as fronteiras e os muros da Europa em busca de um refúgio hospitaleiro. De regresso a Nazaré, consagrou a sua vida e capacidades a educar Jesus, para que crescesse «em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens» (Lc 2, 52). Preparou, assim, Jesus para a sua missão.

São José é um modelo de discípulo missionário relevante para todos os cristãos. Conseguiu ao longo do seu peregrinar histórico discernir os sinais de Deus na sua história pessoal, sabendo nortear a sua vida – marcada por dificuldades, temores, dúvidas, desencorajamentos, alegrias, expectativas, sonhos e decisões – pela bússola da fé, da esperança e do amor. Esse homem simples e fiel a Deus viveu a mística do quotidiano. É, por isso, mestre da vida espiritual e do discernimento – o seu exemplo pode iluminar a Igreja durante o caminho sinodal que, atualmente, estamos a realizar juntos como Povo de Deus.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra https://www.combonianos.pt/alem-mar/opiniao/4/631/sao-jose-modelo-de-discipulo-missionario/ 

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