Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Bernardino Frutuoso,
jornalista
‘Terminamos no dia 8 de Dezembro
o ano especial dedicado a São José, convocado pelo Papa Francisco, que celebrou
o 150.º aniversário da sua declaração como padroeiro da Igreja universal. Nessa
ocasião, o pontífice escreveu uma bela carta apostólica – Patris Corde (com
coração de pai) – onde apresenta José, «figura extraordinária, tão próxima
da condição humana» e «um pai que foi sempre amado pelo povo cristão».
São José, que nos Evangelhos
nunca fala, viveu na sombra, cuidando de Jesus e Maria com dedicação, mas sem
destaques pessoais. Nessa perspectiva, na catequese do passado dia 24 de
Novembro, o pontífice sublinhou que José «viveu o seu protagonismo sem nunca
querer apoderar-se da cena». Foi um homem que passou despercebido, «o
homem da presença diária, discreta e escondida, um intercessor, um apoio e um
guia em tempos de dificuldade». E frisou que o mundo precisa desses homens
e dessas mulheres «na segunda linha, mas que sustentam o desenvolvimento da
nossa vida, de cada um de nós e que com a oração, com o exemplo, com o
ensinamento nos sustentam na estrada da vida». Se pensarmos nisto, disse, «as
nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns, habitualmente
esquecidas, que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas». E
Francisco lembrou que, nesta nova era, uma sociedade em constante mudança – que
caracteriza como «sociedade gasosa», superando a metáfora de «sociedade
líquida» de Zygmunt Bauman – os crentes podemos encontrar «na história
de São José uma indicação muito precisa da importância dos laços humanos», pois
«a nossa vida é constituída por laços que nos precedem e acompanham».
São José soube, sem se poupar a
fadigas, defender o plano que Deus tinha sonhado para Jesus e toda a
Humanidade. E isso significou não se contentar com o mundo tal como era, mas
colaborar com criatividade para o transformar num lugar melhor. Em Belém,
acolheu nos braços e no coração o recém-nascido, assumindo com valentia a
paternidade legal do menino. Avisado num sonho da perseguição de Herodes, teve
a coragem de se pôr a caminho do Egito com Jesus e a sua mãe e, nesse país
estrangeiro, viveram na clandestinidade e como migrantes – a mesma situação que
vivem muitos migrantes hoje, tentando cruzar as fronteiras e os muros da Europa
em busca de um refúgio hospitaleiro. De regresso a Nazaré, consagrou a sua vida
e capacidades a educar Jesus, para que crescesse «em sabedoria, em estatura
e em graça, diante de Deus e dos homens» (Lc 2, 52). Preparou, assim, Jesus
para a sua missão.
São José é um modelo de
discípulo missionário relevante para todos os cristãos. Conseguiu ao longo do
seu peregrinar histórico discernir os sinais de Deus na sua história pessoal,
sabendo nortear a sua vida – marcada por dificuldades, temores, dúvidas,
desencorajamentos, alegrias, expectativas, sonhos e decisões – pela bússola da
fé, da esperança e do amor. Esse homem simples e fiel a Deus viveu a mística do
quotidiano. É, por isso, mestre da vida espiritual e do discernimento – o seu
exemplo pode iluminar a Igreja durante o caminho sinodal que, atualmente,
estamos a realizar juntos como Povo de Deus.’
Fonte : *Artigo na íntegra https://www.combonianos.pt/alem-mar/opiniao/4/631/sao-jose-modelo-de-discipulo-missionario/
Nenhum comentário:
Postar um comentário