Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de I.Media para Aleteia
‘Cinco anos após sua primeira
visita, o Papa Francisco vai Lesbos novamente, em 5 de dezembro de 2021. Duas
mulheres concordaram em testemunhar sobre sua experiência como refugiadas na
Grécia, tendo passado pelas ilhas do Egeu, que se tornaram símbolo da crise
migratória no Mediterrâneo nos últimos anos.
Zita – camaronesa
Zita é mãe de três filhos, mas
não os vê desde que saiu de Camarões, onde as condições de vida se tornaram
impossíveis. Depois de uma longa jornada, ela foi primeiro para a Turquia, onde
ficou por vários meses. Mas ‘não correu bem; eu não consegui encontrar um
emprego’, ela explicou a I.Media.
Então ela tentou chegar à
Europa de barco inflável. ‘Foi muito arriscado’, lembra ela. ‘Atravessamos
o mar. Chegamos à Grécia, a Samos, em 30 de outubro de 2019.’ Para Zita, o
campo de refugiados da ilha de Samos, a cerca de cem quilômetros ao sul de
Lesbos, ‘é o inferno; é muito, muito, muito difícil viver naquele
acampamento’. Ela ficou lá por quase dois anos, antes de ser transferida em
30 de agosto de 2021, para outro lugar a uma hora de Atenas.
Hoje, a mulher camaronesa vive
em um contêiner com outras três mulheres, sem trabalho e sem apoio econômico. ‘Eu
daria qualquer coisa para ir para outro país’, diz ela à beira das
lágrimas, expressando sua angústia.
Zita é cristã? ‘Sem dúvida’,
ela responde com convicção. Ela espera que a vinda do Papa Francisco melhore as
condições dos refugiados : ‘Na Grécia é tão difícil… E aqueles que ficaram
em Samos dizem que o novo campo é como uma prisão’.
Sara – afegã
No Afeganistão, os artigos que
Sara (nome fictício, por razões de segurança) sobre o tratamento às mulheres no
Islã não caíram bem. Atacada várias vezes na rua e ameaçada, a escritora deixou
seu país em junho de 2019. Sozinha com seu filho de quatro anos, ela primeiro
foi para o Irã, depois atravessou ilegalmente a fronteira com a Turquia, à
noite, pelas montanhas.
Então começou uma viagem de
seis meses rumo à Grécia. ‘Tivemos que parar cinco vezes; os barcos, de
cerca de 10 metros, estavam sobrecarregados com cerca de 50 pessoas cada’,
diz a jovem afegã em um inglês hesitante. Na sexta travessia, em janeiro de
2020, Sara e seu filho desembarcaram em Samos, onde viveram por 15 meses em um
acampamento de tendas em uma floresta.
Tendo obtido o status de
refugiada — mas ainda esperando por documentos — ela foi então transferida para
Atenas, em um abrigo compartilhado com outras duas mães solteiras. A situação
continua dramática, sem assistência estatal : ‘Alguns refugiados têm
familiares que trabalham, mas mulheres como nós não têm ajuda com as crianças’.
Sara, que é filha de muçulmanos
mas não segue o Islã, vê a visita do Papa como um evento de paz. ‘O Papa é
um homem de paz. Ele transmite essa mensagem em suas viagens’, afirma.
Paz é o que Sara está
procurando, e planeja emigrar para outro lugar. ‘Eu gostaria de publicar
minhas memórias como refugiada, quando meu espírito se tornar livre. Não
conseguimos encontrar paz aqui. Se não tivermos condições mínimas
satisfatórias, não poderemos continuar…’
Ela também espera que a visita
do Papa destaque a crise migratória. ‘Acho que se falou muito sobre isso no
início, mas agora as pessoas estão esquecendo os refugiados na Grécia.’
Números
De acordo com a Agência das
Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), mais de um milhão de migrantes chegaram
à costa grega desde 2014; e quase 8.000 desde o início de 2021.
Recentemente, os antigos campos
em Samos e Lesbos fecharam. Seus ocupantes foram transferidos para o continente
grego, para países da Europa ou para outros acampamentos nessas ilhas.’
Fonte : *Artigo
na íntegra https://pt.aleteia.org/2021/11/30/conheca-duas-maes-que-vivem-em-campos-de-refugiados-na-grecia/
Nenhum comentário:
Postar um comentário