Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
jornalista
‘Como podemos ajudar um ente
querido no estágio final de sua vida? Como podemos acompanhá-lo durante seus
últimos dias?
‘Embora seja impossível se
colocar no lugar da pessoa, sabemos que um dos maiores medos de quem está
morrendo é estar sozinho no momento definitivo. Para alguém no final da
vida, toda segurança se esvai. A pessoa não pode mais confiar em seus talentos,
em sua experiência nem em sua conta bancária. Essa solidão real causa um último
sentimento de angústia’, diz o padre Paul Denizot, reitor do Santuário Nossa
Senhora de Montligeon (França), um centro de oração pelos falecidos, que traz
conforto às pessoas de luto ou sofrendo.
O que podemos dizer a um ente
querido que está vivendo os últimos dias de sua vida? Aqui estão 7 orientações
sobre como ser verdadeiro e amoroso nesta circunstância difícil.
1. Não finja que nada
está acontecendo
É muito importante não fingir
que está tudo bem, ou seja, ficar dizendo à pessoa coisas como : ‘vai dar
tudo certo’, ‘tenho certeza que você vai melhorar’ etc. Se a
morte realmente está no horizonte, receber uma linguagem falsa pode ser muito
difícil para a pessoa que está morrendo.
Na maioria das vezes, mesmo que
possam ver que seus entes queridos estão evitando o assunto, eles não se sentem
fortes o suficiente para quebrar o tabu. Se você acha que seu ente querido está
pronto para falar sobre a morte, não tenha medo de iniciar essa conversa a
sério, enquanto ainda há tempo para falar sobre as questões importantes.
2. Coloque sua própria
tristeza em segundo plano
Às vezes, os entes queridos
podem ficar tão desesperados que chegam a gritar para a pessoa que está
morrendo : ‘você não pode morrer’ ou ‘preciso que você viva!’
Esse tipo de situação é muito dramática para a pessoa no final da vida.
Quando o momento da morte se
aproxima, os sentimentos do acompanhante e dos familiares devem ficar em
segundo plano. Ajudar quem está enfrentando a proximidade da morte
significa acompanhá-lo com amor e ternura, bem como com muita calma e o máximo
de paz interior possível.
3. Esteja presente,
como Maria
A doença nos desestabiliza e às
vezes não temos palavras de conforto. Neste caso, o reitor do santuário de
Montligeon nos aconselha a simplesmente estar presente e a dar à pessoa doente
a possibilidade de falar sobre suas angústias e esperanças:
Você tem que ouvir,
simplesmente estar presente. Sua presença mais solidária não vem com conversas
animadas ou argumentos teológicos, mas em silêncio. Às vezes, quando você está
com muita dor, a presença de um amigo que apenas segura sua mão, sem dizer
nada, pode ser muito reconfortante. Podemos comparar essa presença silenciosa
com a de Maria aos pés da Cruz. Maria fica em silêncio antes da morte de seu
Filho. Ela não o encoraja dizendo : ‘você vai conseguir!’ ou ‘você se
lembra do que prometeu?’ Não, Maria chora e fica em silêncio. Ela permanece
ao lado de quem tanto ama.
4. Pergunte
gentilmente : ‘Como você está se sentindo?’
Ao acompanhar uma pessoa no
final da vida, é essencial ouvi-la com a máxima delicadeza. Para surpresa
de seus entes queridos, alguns pacientes abrem seu coração. Então, de
repente, encontramo-nos conversando com eles com uma sinceridade que pode nos
surpreender.
Neste caso, a pergunta : ‘como
você está se sentindo?’ pode ser libertadora : permite que o paciente
fale de coração a coração com aqueles ao seu redor.
Por outro lado, às vezes isso é
impossível. Se este for o caso, você não deve pressionar seu ente querido,
mesmo que você sinta a necessidade de falar sobre essas coisas.
5. Fale sobre a
família
Se a pessoa no leito de morte
romper o silêncio e isso ocasionar uma conversa de coração a coração, não
hesite em falar sobre a família dela, para quem a proximidade da morte
muitas vezes será uma provação terrível. Quando a pessoa à beira da morte
pensar sobre a tristeza de seu cônjuge e filhos, seu próprio medo da morte
ficará em segundo plano. A pessoa doente se tornará mais uma vez um cônjuge ou
um pai/mãe que pensa nos outros e não apenas em sua própria morte.
‘Às vezes, grandes milagres
acontecem no último momento da vida’, diz o padre Paul Denizot. Como
sacerdote, ele tem o hábito de fazer uma pergunta a quem ele acompanha na etapa
final da vida : ‘existem coisas com as quais você ainda não está em
paz?’
Em particular, ele se lembra de
um homem que lhe pediu para ajudá-lo a colocar sua vida em ordem. Este homem,
que era divorciado e havia abandonado a Igreja havia 40 anos, expressou um
forte desejo, antes de morrer, de pedir perdão à esposa e aos filhos.
6. Leia os Salmos
Se a pessoa no final da vida
não estiver demonstrando abertura ou não quiser conversar, você pode sugerir
(sempre com grande sensibilidade) a leitura de um salmo ao lado dela.
‘Os salmos têm grande força
porque expressam emoções humanas e as confiam a Deus. Assim, eles acabam
representando nossos sofrimentos diante da morte’, explica o reitor de
Montligeon.
Quando meu pai estava vivendo
seus últimos dias, ele queria que eu recitasse para ele salmos como ‘De
profundis’ (Das profundezas eu clamo a Ti, ó Senhor) ou ‘O Senhor
é meu pastor’.
7. Diga ‘Eu te amo’
Para os católicos, há muitas
orações (como o Terço ou ladainhas à Virgem Maria e aos santos) e sacramentos
(confissão, comunhão, unção dos enfermos), bem como bênçãos que podem ajudar
quem está no leito de morte. Se a pessoa no final da vida não é católica,
podemos simplesmente dizer-lhe : ‘Eu te amo’.
Podemos até simplesmente dizer
isso em nossos pensamentos, olhando para a pessoa, segurando sua mão ou
acariciando seu rosto. Diante da morte, o que mais importa é que a
pessoa se sinta amada.’
Fonte : *Artigo
na íntegra https://pt.aleteia.org/2021/11/17/o-que-dizer-a-uma-pessoa-que-esta-morrendo/
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