Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo do Padre Adelmo Sergio Gomes
‘A frase ‘A
esperança não decepciona’ (Rm 5,5) é a essência da Esperança Teologal. É um dos
pilares fundamentais da antropologia cristã. É diferente da esperança do mundo,
que é incerta; a Esperança Teologal é uma virtude dada por Deus à alma do
batizado, junto à fé e à Caridade. É uma posição ativa, confiante, consciente
da misericórdia de Deus e do Seu amor infinito. A Esperança Teologal não é
simplesmente otimismo, mas a âncora da alma (Hb 6,19) que penetra nosso
espírito e nos faz seguir adiante.
O coração
humano tem desejo de felicidade e perfeição, e isso só pode ser alcançado em
Deus. A esperança é a virtude que direciona esse anseio para o único objetivo
cristão : o Reino de Deus e a Vida Eterna. Os cristãos não fundamentam sua
esperança nas coisas do mundo nem nas pessoas deste mundo, mas nas promessas de
Cristo Jesus. A esperança do cristão não se fundamenta em seus próprios
méritos, mas na promessa verdadeira de Cristo : ‘onde eu estiver, vós estejais
também’ (Jo 14,3). A ressurreição de Cristo prenuncia a de todos os cristãos.
Quem sustenta a Esperança dos cristãos é o Espírito Santo. Sem o auxílio do
Espírito Santo, sozinho, o cristão fica à mercê do desânimo e do ceticismo.
A Caridade é
como um alimento. Só a Caridade torna essas promessas desejáveis e nos dá força
para caminhar em sua direção. A Esperança Cristã é a certeza da vitória final
de Deus sobre o pecado e a morte.
Vivemos numa
era de incertezas, ansiedade, grandes mudanças e crises múltiplas — como a
ambiental, a social e a existencial. Esperar em Deus não é uma fuga do mundo,
mas um modo transformador de ver a realidade. As notícias negativas, as
injustiças e os fracassos podem nos levar a um alto nível de ansiedade ou
desespero, ou ainda ao cinismo. Pensa-se, às vezes, que não adianta nada, que
nada é verdadeiro, que nada tem sentido.
A Esperança nos
lembra que a história da humanidade sempre esteve nas mãos de Deus e que Ele
dará a ela um final glorioso. Mesmo quando não vemos saída, é preciso confiar
em Deus, que levará tudo a bom termo. Isso não quer dizer que devemos ser
passivos — nada disso. Devemos ser serenos na ação, porque o resultado final
não depende de nós, mas da graça de Deus.
Muitos de nós
são extremamente ansiosos e imediatistas. Devemos suscitar a cultura da
paciência, não do ‘agora’, que nos traz profunda ansiedade e adoecimento. A
Esperança é paciente e perseverante. O Reino de Deus está entre o ‘para já’ (já
foi inaugurado por Jesus) e o ‘ainda não’ (o Reino em plenitude). Devemos nos
libertar da escravidão do urgente, para que possamos trabalhar com constância,
certos de que ‘aquele que começou a boa obra em vós há de levá-la à perfeição
até o Dia de Cristo Jesus’ (Fl 1,6).
O relativismo e
o materialismo podem nos levar a uma sensação de que nada faz sentido. É o
vazio interior que nos pergunta : ‘Para que vivemos? O que vem depois?’ A
Esperança dá sentido à nossa existência. Ela nos lembra que a vida é uma
peregrinação em direção ao Céu, e não ao vazio. O sofrimento oferecido, os atos
de amor e os gestos de fé ganham um valor eterno e enchem a vida cotidiana de
significado — que transborda e transcende.
A Esperança não
decepciona porque brota do coração de Cristo Crucificado, que se entregou à
morte para nos salvar. Nestes tempos, a Esperança é um ato de resistência
espiritual e coragem de crer na luz que vence as trevas — de crer que a
transformação vem de dentro para fora, que a última palavra não é do mundo, mas
do Amor, de Deus.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://revistaavemaria.com.br/esperanca-ancora-da-alma.html

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