Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

Conforme diz a
Escritura : ‘Todo o que nele crê jamais será decepcionado’. Portanto, não
há distinção entre judeus e gentios, pois o mesmo Senhor é Senhor de todos e
abençoa ricamente todos os que o invocam. Porque : ‘Todo aquele que
invocar o Nome do Senhor será salvo!’ (Rom 10, 11-13)
‘Ao ler a
Bíblia, especialmente o Novo Testamento, frequentemente encontramos a
palavra gentios, razão pela qual muitas pessoas
perguntam sobre o seu significado.
A palavra,
geralmente empregada no plural, designa as nações distintas do povo judeu.
Originária do hebraico ‘goyim’ e do grego ‘ethnos’, os termos significam nações
ou povos e ao longo dos textos bíblicos, o termo gentios é utilizado para
descrever aqueles povos que não faziam parte do povo judeu escolhido por Deus.
Descendentes de
Abraão, os judeus se consideravam, antes da vinda de Cristo, como o povo
escolhido por Deus. Como as nações não-judaicas não adoravam o verdadeiro Deus,
tendo práticas religiosas diferentes, eram consideradas até mesmo idólatras ou
imorais. O termo gentios muitas vezes nas Escrituras
Sagradas assumia um significado depreciativo.
Os hebreus
estabeleciam uma divisão entre o povo, que definiam como eleito e os gentios,
posteriormente denominados pagãos. Os povos asiáticos e europeus que se
converteram ao cristianismo, nos seus primórdios eram considerados gentios.
Eles podiam,
porém, conviver com os judeus, fazendo negócios e morando entre eles. A Lei de
Moisés não permitia maltratar estrangeiros (Lev 19,33-34). Mas um gentio não
tinha o mesmo estatuto que um judeu, não podendo se casar com um judeu e nem
entrar em seu templo. Porém, se um gentio se convertesse ao judaísmo e fosse
circuncidado, ficaria mais integrado na comunidade e seus bisnetos seriam
considerados judeus de pleno direito (Dt 23,7-8).
O Apóstolo dos
gentios
No início de
sua missão, aos poucos a Igreja saiu do mundo judaico, entrando no mundo
greco-romano. A unidade política chamada de Pax Romana e
o contexto cultural do helenismo favoreceram muito sua
expansão.
Num contexto
religioso pluralista havia espaço para a propagação do cristianismo, até que
começasse a ser considerado uma religião perigosa por desestabilizar o status
quo reinante do império, com a pregação de um único Deus vivo e verdadeiro,
advindo um processo de perseguição que duraria mais de 300 anos.
A religião
popular do império era composta de formas variadas de superstição como a
consulta à astrologia, crença no destino, magia, interpretação de sonhos,
oráculos e profecias. E acima de tudo estava o culto ao imperador considerado
como Deus. O fato de o cristianismo não admitir essas práticas religiosas e
pelo fato de a religião ser uma das bases de sustentação do império, as
mudanças propostas pelo cristianismo não foram bem aceitas.
A cultura
helênica com sua filosofia provocou um sincretismo religioso e cultural que
ajudou muito na difusão do cristianismo. O fato de existir uma língua comum
chamada de Koiné que era o grego popular usado no comércio e no trato diário
favoreceu a expansão do cristianismo.
Neste contexto
é que Paulo, acertadamente denominado como ‘Apóstolo dos Gentios’, desenvolveu
sua missão, realizando diversas viagens missionárias. Em cada cidade visitada,
primeiro pregava aos Judeus nas Sinagogas, mas como em geral sua pregação não
era bem aceita, buscava então os gentios e prosélitos.
A pregação de
Paulo chamava à conversão e a partir dela vinha a fundação de comunidades
independentes das sinagogas. Depois de sua estadia numa comunidade ele a animava
com visitas e com cartas, das quais diversas foram conservadas no Novo
Testamento.
Não fosse a
pregação de Paulo e de seus companheiros como Barnabé e a abertura aos gentios
o rosto da Igreja seria bem diferente, não tendo hoje a projeção geográfica que
possui.
A evangelização
dos gentios se normatiza
Inicialmente
houve muita discussão entre os apóstolos se deviam ou não pregar o Evangelho de
Jesus Cristo aos gentios e se o evangelho deveria ter ou não o colorido próprio
da cultura e da religião dos judeus como a necessidade de circuncisão.
Paulo, o ‘Apóstolo
dos Gentios’, assumiu então a missão de evangelizar as pessoas, judeus ou
gentios, certificando-se de que todos conhecessem a mensagem e a obra salvadora
de Jesus Cristo. Ele se tornou um dos primeiros a propor uma
evangelização ‘inculturada’.
Inicialmente a
salvação era vista como exclusiva do povo de Israel, mas ao longo dos textos
bíblicos, vai ficando mais claro que Deus tem um plano de salvação para todos
os povos, incluindo os gentios. No Novo Testamento, a vinda de Jesus
Cristo é apresentada como o cumprimento desse plano de salvação e a mensagem do
evangelho é estendida a todas as nações, não apenas aos judeus.
A queda de
Jerusalém no ano 70 d.C libertou o cristianismo do messianismo judeu favorecendo
a expansão missionária da Igreja nascente junto aos gentios que não haviam
conhecido Cristo.
Em sua pregação
Paulo se dirige primeiro aos Judeus, depois aos pagãos e também ao povo e aos
apóstolos em Jerusalém.
Aos poucos vai
se constituindo então um Querigma central da evangelização dos apóstolos, tendo
entre eles a Paulo; o ensinamento direto é feito como testemunho da vida e da
ação de Cristo, acompanhado do testemunho de vida e de sinais sobrenaturais. E
assim o cristianismo se abre aos gentios e a salvação é dada a conhecer a todos
os povos!’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2025-08/curiosidades-biblia-quem-eram-gentios.html
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