Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

‘Nenhuma cidade
do mundo recebe tanta evidência, seja pelo sentido religioso, político, ou
pelos desafios da violência e da tensão que lá se vive, como a cidade de
Jerusalém, atual capital religiosa do moderno estado de Israel.
Os principais
acontecimentos da vida de Jesus Cristo se centram nesta cidade, considerada a
capital religiosa de quatro grandes religiões. A comunidade cristã que nasceu
em Jerusalém com os eventos da Páscoa e Pentecostes se transformou na
comunidade mãe do cristianismo.
Origem
histórica
Os
historiadores têm dificuldades para localizar a origem histórica da cidade de
Jerusalém e o conhecimento a respeito de seus primeiros habitantes é bastante
limitado. As maiores cidades da região conhecida como Terra de Canaã surgiram
por volta de 3,2 mil anos antes de Cristo, mas não é possível precisar com
exatidão quando se deu o surgimento de Jerusalém.
Por volta do
século XX a.C., a região de Canaã recebia forte influência do Egito, a grande
potência de então, que manteve a influência até o século XV a.C mais ou menos.
Por certo tempo, o povo hurrita invadiu a região, exercendo influência sobre
Jerusalém e, um século mais tarde, aconteceram diversas guerras entre as
cidades-estado cananeias e seu poder foi diminuindo. Como os egípcios estavam
mais preocupados com os problemas internos, outro povo, os jebuseus, aproveitou
para se estabelecer em Jerusalém onde ficou até o até o ano 1000 a.C mais ou
menos, quando o povo hebreu, liderado pelo rei Davi, conquistou a cidade.
Apogeu e
decadência da Cidade Santa
Depois da
escravidão no Egito e da Era dos Juízes que ajudaram o povo a reconquistar a
Terra de Canaã, na Era dos Reis o povo hebreu viveu apogeu de sua história com
os reis Saul, Davi e Salomão.
Davi que
conquistou Jerusalém e a cidade foi posteriormente engrandecida por Salomão,
famoso pela sua sabedoria e pela construção do Templo, do qual resta hoje
apenas os fundamentos. Como expressa o salmo 122 visitar Jerusalém era o sonho
de todo e qualquer judeu :
‘Que alegria
quando me disseram : Vamos à casa do senhor e agora nossos pés já se encontram
às tuas portas, ó Jerusalém!’
Após Salomão o
reino se dividiu, decaiu, sendo sucessivamente dominado por povos estrangeiros.
O Cativeiro da Babilônia, por exemplo, marcou duramente a histórica do povo
hebreu. Quando Jesus nasceu, a cidade de Jerusalém e a atual Palestina,
dominadas pelos romanos, foram transformadas numa de suas províncias. No ano 70
d.C. Jerusalém foi destruída pelos romanos depois de uma revolta, sendo
transformada numa cidade pagã com o nome de Aedes Capitolina.
A cidade
permaneceu dominada até o ano de 476 d.C., quando aconteceu a queda e a
desagregação do poderoso Império Romano do Ocidente. Com isso, a cidade passou
ao domínio do Império Romano do Oriente, conhecido como Império Bizantino, com
sua capital em Constantinopla.
O controle e o
poder dos bizantinos sobre Jerusalém encerraram-se quando a cidade foi
conquistada pelos muçulmanos, mas apesar da conquista, os judeus e os cristãos
obtiveram o direito de continuar com a prática de sua religião, desde que
pagassem um imposto e não oferecessem resistência.
A cidade de
Jerusalém foi mantida como propriedade de diversos califas com alternância de
períodos mais duros e outros de maior liberdade para os judeus e para os
cristãos até que na Idade Média, em 1095, o Papa convocou as cruzadas para
libertar a Terra Santa e a cidade de Jerusalém das mãos dos muçulmanos. Ao todo
foram realizadas sete cruzadas, que no geral fracassaram em seus objetivos.
Após trocar de
mãos várias vezes, em 1517, Jerusalém foi conquistada pelos otomanos, que lá
permaneceram até 1917, quando chegaram os ingleses e outras potências europeias
dominando e dividindo não apenas a Palestina, mas todo o Oriente Médio.
A cidade de
Jerusalém hoje
Desde a
destruição de Jerusalém pelos romanos no ano 70 d.C. os judeus foram se
espalhando pelo mundo num processo conhecido como Diáspora. Em cada cidade onde
se estabeleciam formavam um bairro fechado, como o de Varsóvia que foi
destruído na Segunda Guerra Mundial.
Em 1948, no
contexto do final da Segunda Guerra e da reorganização política do mundo, os
ingleses influenciaram as Nações Unidas que permitiram a criação do Novo Estado
de Israel, o retorno dos judeus que estavam espalhados pelo mundo e que haviam
sofrido o grande holocausto na Segunda Guerra.
Começava então
um novo capítulo na história da cidade e da região que vém até os nossos dias.
Hoje a cidade de Jerusalém continua sendo a cidade que tem em seu interior a
presença de quatro grandes religiões : judeus, muçulmanos, cristãos romanos e
cristãos ortodoxos.
A cidade de
Jerusalém mante o simbolismo de se transformar na terra tão sonhada de todos,
lugar de paz, de justiça e igualdade. Por isso, não apenas os judeus, mas todos
nós, continuamos a sonhar com a Nova Jerusalém, como expressa o Livro do
apocalipse :
‘Em breve eu
virei! Guarde o que você tem, para que ninguém tome a sua coroa. Farei do
vencedor uma coluna no santuário do meu Deus, e dali ele jamais sairá.
Escreverei nele o nome do meu Deus e o nome da cidade do meu Deus, a nova
Jerusalém, que desce dos céus da parte de Deus; e também escreverei nele o meu
novo nome. (Apocalipse 3,11-12)’.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2025-07/curiosidades-biblia-cidade-jerusalem.html
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