Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Existem alguns
personagens que meio ‘sem querer, querendo’ acabaram entrando para a história,
ficando seus nomes registrados para a posteridade. Esse é o caso de Pôncio
Pilatos, que participou do julgamento de Jesus, tendo o gesto de ‘lavar as mãos’
eternizado, figurando hoje como atitude de quem não deseja se comprometer.
Tanto assim, que seu nome entra, inclusive, na oração do Credo, o Símbolo
Apostólico do cristianismo.
O que se sabe
sobre Pôncio Pilatos
Pilatos
tornou-se um dos governadores romanos mais conhecidos da história,
principalmente por seu papel na condenação de Jesus Cristo à morte na cruz.
Ele governou a
Judeia entre os anos 26 e 36 d.C., residindo na cidade de Cesareia, localizada
na costa do Mediterrâneo. Por ser o representante de Roma na região, tinha
autoridade sobre questões administrativas, financeiras, militares e judiciais,
sendo ainda o responsável por manter a ordem e a paz entre a população local,
majoritariamente judaica, com forte identidade religiosa e nacional.
Sabe-se que foi
muito conturbada sua administração, pela falta de habilidade em lidar com as
questões judaicas. Entre outras coisas, ele foi acusado de usar os recursos do
Templo de Jerusalém para construir um aqueduto que levaria água para Cesareia.
Os judeus se revoltaram e o acusaram de roubar o dinheiro sagrado. Ele ordenou
que seus soldados se infiltrassem entre a multidão para reprimir a manifestação
com violência, acarretando a morte de muitos judeus. Mas, o caso mais famoso e
controverso de Pilatos foi o julgamento de Jesus Cristo que, preso pelos
líderes religiosos dos judeus através do Sinédrio, foi acusado de blasfêmia e
de incitar o povo contra Roma. Jesus foi então levado a Pilatos, que tinha
autoridade para condená-lo ou determinar a sua liberdade.
O julgamento de
Jesus
Os quatro
evangelhos narram com detalhes o julgamento de Jesus, cada um acrescentando
novos detalhes, mas todos são unânimes ao afirmar que Pilatos não encontrou
nenhum motivo para condenar Jesus, e que tentou libertá-lo, oferecendo ao povo
a escolha entre soltar Jesus ou Barrabás, um criminoso.
E, convocando
Pilatos os principais dos sacerdotes, e os magistrados, e o povo, disse-lhes : Haveis-me
apresentado este homem como pervertedor do povo; e eis que, examinando-o na
vossa presença, nenhuma culpa, das de que o acusais, acho neste
homem. Nem mesmo Herodes, porque a ele vos remeti, e eis que não tem
feito coisa alguma digna de morte. 16 Castigá-lo-ei, pois e
soltá-lo-ei. E era-lhe necessário soltar-lhes um detento por ocasião da
festa. Mas toda a multidão clamou à uma, dizendo : Fora daqui com este e
solta-nos Barrabás. Barrabás fora lançado na prisão por causa de uma
sedição feita na cidade e de um homicídio. Falou, pois, outra vez Pilatos,
querendo soltar a Jesus. Mas eles clamavam em contrário, dizendo : Crucifica-o! Crucifica-o! Então,
ele, pela terceira vez, lhes disse : Mas que mal fez este? Não acho nele culpa
alguma de morte. Castigá-lo-ei, pois e soltá-lo-ei. Mas eles instavam com
grandes gritos, pedindo que fosse crucificado. E os seus gritos e os dos
principais dos sacerdotes redobravam. Então, Pilatos julgou que
devia fazer o que eles pediam. E soltou-lhes o que fora lançado na prisão
por uma sedição e homicídio, que era o que pediam; mas entregou Jesus à vontade
deles. Lucas 23, 13 a
25.
O destino de
Pôncio Pilatos
Não há uma
comprovação histórica exata sobre o destino de Pilatos após o julgamento de
Jesus. O historiador judeu Flávio Josefo afirma que Pilatos foi destituído do
cargo por causa de outro conflito com os samaritanos, povo que vivia na região
da Samaria.
Fontes antigas
dão diferentes versões sobre o fim de Pilatos, mas uma tradição cristã, afirma
que Pilatos foi exilado nas Gálias, onde encontrou a morte. Segundo a Igreja
Etíope, Pilatos se converteu ao cristianismo e, sendo martirizado, passou a ser
venerado como santo.
Pilatos, porém,
passou para a história como símbolo de covardia, de injustiça, de ambiguidade,
de pragmatismo, de ironia, de falta de piedade ou de arrependimento. Numa
linguagem moderna pode-se dizer que Pilatos ‘ficou em cima do muro’ com medo de
se comprometer. Por outro lado, ele é um personagem que revela a complexidade
das relações os conflitos entre o poder político e religioso, entre a cultura
romana e a cultura judaica, entre a história e a tradição.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2025-07/curiosidades-biblia-quem-poncio-pilatos.html
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