Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo da Vatican News
‘Ao preparar-me
para realizar a Viagem Apostólica à Turquia, com esta carta desejo encorajar
em toda a Igreja um renovado impulso na profissão da fé, cuja verdade – que há
séculos constitui o património comum dos cristãos – merece ser confessada e
aprofundada de maneira sempre nova e atual. A este respeito, foi aprovado um
precioso documento da Comissão Teológica Internacional : Jesus
Cristo, Filho de Deus, Salvador. O 1.700º aniversário do Concílio Ecuménico de
Nicéia. Remeto-me a ele, porque oferece perspectivas úteis para
aprofundar a importância e a atualidade não só teológica e eclesial, mas também
cultural e social do Concílio de Nicéia. (Leão XIV, Carta Apostólica In Unitate
Fidei, no 1.700° aniversário do Concílio de Niceia).
Os cristãos na
Turquia (Türkiye)
Terra natal de
São Paulo de Tarso e ‘berço’ da propagação do cristianismo, os cristãos
representam hoje uma minoria em uma população de quase 86 milhões, com uma
maioria absoluta de muçulmanos sunitas. Embora a Constituição turca reconheça a
liberdade de culto e, segundo uma circular de 2003, a conversão de uma fé para
outra seja legal, as comunidades cristãs, juntamente com outras minorias
religiosas no país, enfrentam hoje diversas dificuldades.
Em particular,
a Igreja Católica continua a não ter um reconhecimento jurídico, nem mesmo o
status de ‘confissão admitida’ que o Tratado de Lausanne de 1923 havia
concedido aos ortodoxos, aos armênios ortodoxos e aos judeus. Essa falta de
reconhecimento se estende à questão dos bens e das propriedades, mas também a
todas as estruturas, como dioceses e paróquias, e ao status do clero. Um sinal
positivo nesse sentido foi o decreto de 2011, pelo qual o então
primeiro-ministro Tayip Erdoğan estabeleceu a restituição aos cristãos
greco-ortodoxos, caldeus, armênios e judeus das propriedades confiscadas pelo
governo nacionalista de Kemal Ataturk na primeira metade do século XX.
Restituição da qual foi excluída a Igreja Latina.
A reivindicação
da Igreja por maior liberdade religiosa, contudo, também enfrentou hostilidade
de grupos e partidos islamistas, defensores do retorno a um Estado
confessional. Embora as relações com o governo islâmico moderado do
primeiro-ministro Erdoğan tenham sido marcadas pelo diálogo, na última década a
Igreja Católica na Turquia também viveu momentos dramáticos com os assassinatos
do padre Andrea Santoro em Trabzon, em 2006, e de dom Luigi Padovese, Vigário
Apostólico da Anatólia, assassinado em İskenderun, em junho de 2010.
O Patriarcado
Ecumênico
A Igreja
Ortodoxa conta com aproximadamente 225 milhões de fiéis, presentes
principalmente no sudeste e leste da Europa. É composta por diversas Igrejas
Patriarcais, que mantêm sua autonomia, embora permaneçam unidas em espírito de
fé. O termo ‘ortodoxo’ foi adotado pela primeira vez pelos cristãos gregos no
século IV para distinguir a fé canônica das doutrinas heterodoxas. Também são
chamadas ortodoxas algumas Igrejas Orientais que se separaram no século V, após
a controvérsia monofisista.
As Igrejas
Ortodoxas são lideradas por um Patriarca, título que remonta às cinco primeiras
Igrejas de Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém, e à
Pentarquia estabelecida sob Justiniano (527-565). O título foi posteriormente
estendido ao Metropolita de Moscou (século XVI), aos Arcebispos da Sérvia e Bulgária
(início do século XX) e ao chefe da Igreja da Romênia (meados do século X),
enquanto o chefe da antiga Igreja da Geórgia tem o título de ‘Catholicos Patriarca’.
Por fim, a Igreja Apostólica Armênia (Etchmiadzin) é liderada por um
Catholicos.
A hierarquia
ortodoxa inclui as três antigas ordens de diácono, presbítero e bispo : o
arquidiácono é um diácono; o arquimandrita é um sacerdote; o metropolita, o
arcebispo e o patriarca são bispos.
O Patriarcado
Ecumênico constitui a sede mais elevada e o centro supremo da Ortodoxia em todo
o mundo. O Patriarca Ecumênico é primus inter pares, o primeiro
entre iguais, em relação aos outros Patriarcas da Ortodoxia, e a primazia de
Constantinopla incorpora canonicamente a unidade da Ortodoxia e coordena suas
atividades. Sua jurisdição eclesiástica inclui, além de Istambul, quatro
dioceses turcas, o Monte Atos, Creta, Patmos e as Ilhas do Dodecaneso e, após a
emigração, dioceses na Europa Central e Ocidental, nas Américas, no Paquistão e
no Japão. Por fim, o Patriarcado Ecumênico representa os ortodoxos em todo o
mundo, nos territórios não sujeitos à jurisdição direta dos outros Patriarcados
Ortodoxos. A sede do Patriarcado esteve, durante séculos, ao lado da Catedral
de Santa Sofia. Após a queda de Constantinopla em 1453, foi transferida e está
localizada no bairro de Fanar desde 1601.
O Patriarca
Ecumênico de Constantinopla, S.S. Bartolomeu I Demétrio Archondonis, nasceu em
1940 na ilha de Imoros, no Mar Egeu (atual Gökçeada, Turquia). Cidadão turco,
mas pertencente à comunidade grega da Turquia, estudou na Escola Teológica de
Halki (1961), no Pontifício Instituto Oriental de Roma, no Instituto Ecumênico
de Bossey e na Universidade de Munique. Ordenado diácono (1961) e sacerdote
(1969), tornou-se secretário particular de seu antecessor, o Patriarca
Ecumênico Demétrio (1972-1991). Metropolita da Filadélfia (1973) e de
Calcedônia (1990), foi eleito o 270º sucessor de Santo André em 2 de novembro
de 1991, adotando o nome de Bartolomeu I. Notório o seu empenho em favor da cooperação
inter-ortodoxa e o diálogo ecumênico, bem como com o meio ambiente, o que
lhe rendeu o apelido de ‘Patriarca Verde’.
A Igreja
Patriarcal de São Jorge
A Igreja
Patriarcal de São Jorge fica ao lado do Patriarcado Ecumênico de
Constantinopla. O prédio sagrado, de 1720, não possui cúpula, em conformidade
com a regra estabelecida pelos otomanos após a conquista da cidade, já que as
cúpulas eram consideradas prerrogativa exclusiva de mesquitas e prédios ligados
à tradição islâmica.
De notável
valor artístico é o Trono do Patriarca Ecumênico, incrustado com marfim e
datado do final do período bizantino. A Igreja Patriarcal abriga as relíquias
de alguns dos santos mais venerados da antiga Constantinopla, como Eufêmia de
Calcedônia. Desde a festa de Santo André (30 de novembro) de 2004, a Igreja
Patriarcal também abriga parte das relíquias de São Gregório, o Teólogo, e São
João Crisóstomo, entregues em 27 de novembro de 2004 ao Patriarca Bartolomeu I.
A Catedral
Latina do Espírito Santo
A Catedral
Latina do Espírito Santo foi aberta ao culto em 5 de julho de 1846. As
relíquias de vários santos foram colocadas perto do altar, incluindo a de São
Lino, Papa e mártir (67-69), sucessor do Apóstolo Pedro. Na festa de São João
Crisóstomo, padroeiro do Vicariato Apostólico de Constantinopla (27 de janeiro
de 1884), o Papa Leão XIII doou uma relíquia do santo à Catedral.
A Catedral,
afiliada à Basílica de São Pedro do Vaticano em 11 de maio de 1989, tem
capacidade para aproximadamente 550 pessoas. No pátio, encontra-se uma estátua
do Papa Bento XV, erguida pelos turcos em 1919, apesar de ele ainda estar vivo,
em reconhecimento pelo seu compromisso com as vítimas turcas da guerra de
1915-1918, com a inscrição : ‘Ao grande Pontífice da tragédia mundial, Bento
XV, benfeitor dos povos, sem distinção de nacionalidade ou religião, como sinal
de gratidão, o Oriente.’ Durante seu pontificado, ocorreram massacres de
cristãos armênios no Império Otomano, e Bento XV fez tudo o que pôde para
ajudá-los.
A Catedral do
Espírito Santo foi visitada pelo Papa Paulo VI (1967), acompanhado pelo
Patriarca Ecumênico Atenágoras ; João Paulo II (1979), acompanhado pelo
Patriarca Ecumênico Dimitrios I; Bento XVI (2006) e Francisco (2014),
acompanhado pelo Patriarca Bartolomeu I.
Catedral
Apostólica Armênia
O Patriarcado
Armênio de Constantinopla é uma sede autônoma da Igreja Apostólica Armênia. A
sede do Patriarca Armênio de Constantinopla, também conhecido como Patriarca
Armênio de Istambul, é a Igreja Patriarcal Surp Asdvadzadzin (Igreja Patriarcal
da Santa Mãe de Deus), no bairro de Kumkapı. O Patriarcado Armênio de
Constantinopla reconhece a primazia do Catholicos de Todos os
Armênios, na sede espiritual e administrativa da Igreja Armênia, Etchmiadzin
(Armênia), em assuntos referentes à Igreja Apostólica Armênia em todo o mundo.
Em assuntos locais, a sé patriarcal é autônoma.
Igreja Siríaca
Ortodoxa
A Igreja
Siríaca Ortodoxa é uma Igreja Ortodoxa Oriental autocéfala originária da Síria,
mas com seguidores espalhados por todo o mundo. A Igreja é liderada pelo
Patriarca siro-ortodoxo de Antioquia, com sede em Damasco, a capital da Síria.
A Igreja Siríaca Ortodoxa tem aproximadamente dois milhões de fiéis em todo o
mundo. O Patriarca da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia e de Todo o Oriente
é Inácio Efrém II. Membro do Conselho Mundial de Igrejas, ele contribuiu
significativamente para a fundação da organização ecumênica Christian
Churches Together (‘Igrejas Cristãs Unidas’) em 2007.
A Igreja
siríaca ortodoxa Mor Ephrem está localizada em Yeşilköy, no lado europeu de
Istambul. Inaugurada em 2023, é a primeira e, até o momento, a única igreja
construída na Turquia desde a fundação da República. É dedicada a Efrém, o
Sírio. A igreja levou dez anos para ser construída, sete dos quais sete anos
devido a questões administrativas. Sua inauguração foi adiada pela pandemia de
COVID-19 e pelo terremoto de 2023 na Turquia e na Síria.
A Igreja
Católica na Turquia (dados)
Segundo
dados fornecidos pelo Escritório Central de Estatística da Igreja, existem na
Turquia cerca de 60 mil católicos (0,6% da população), pequeno rebanho
pastoreado por 10 bispos, 18 sacerdotes diocesanos e 58 sacerdotes religiosos
(76 no total). Os diáconos permanentes são 2, os religiosos não sacerdotes 5,
religiosas professas 37, membros de Institutos Seculares 1, missionários leigos
2, catequistas 56. Há 1 seminarista menor e 10 seminaristas maiores.
A Igreja no
país tem 7 Circunscrições Eclesiásticas, 40 paróquias, além de 18 outros
centros pastorais. Administra 13 escolas maternais e primárias, com 1.165
estudantes; 10 médias inferiores e secundárias, com 5.198 estudantes; e um
instituto superior/universidade, com 400 estudantes.
Ademais, possui
5 hospitais, 2 ambulatórios, 5 casas para idosos e pessoas com invalidez; 2
orfanatos e jardins da infância; tem 1 consultório familiar, além de outras 7
instituições.
Estão presentes
na Turquia :
Dos Latinos :
1 Arquidiocese
em (Izmir/Esmirna)
2 Vicariatos
Apostólicos (Istambul, Anatólia)
Dos Caldeus :
1 Arquieparquia
(Diarbekir)
Dos Armênios :
1 Arquieparquia
(Istambul)
Dos Sírios :
1 Exarcado
Patriarcal (Turquia)
Dos Bizantinos :
1 Exarcado
Apostólico (Istambul)
İznik, anteriormente
conhecida como Niceia, é uma cidade na Turquia, localizada a 130 km a sudeste
de Istambul, no centro do distrito homônimo da província de Bursa. A cidade é
mais conhecida por ter sediado dois Concílios Ecumênicos : o convocado pelo
Imperador Constantino I em 325 e aquele convocado pela Imperatriz Irene de
Atenas em 787. Hoje, a localidade é mais conhecida por sua produção de
cerâmica.
Em 2014, foram
descobertas as ruínas do que mais tarde ficou conhecido como as ruínas de uma
antiga basílica de três naves. A igreja, construída há aproximadamente 1.600
anos em nome de São Neófito, um jovem mártir cristão morto em 303 durante as
perseguições do Imperador Diocleciano, foi destruída por um terremoto em 740, e
seus restos foram submersos pelo lago. As ruínas, visíveis graças a fotografias
aéreas da época de sua descoberta, agora são facilmente avistadas da margem.’
Fonte : *Artigo na íntegra
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