Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

Um excerto de Laurence Freeman OSB, ‘O Labirinto’, JESUS O MESTRE INTERIOR (Nova Iorque: Continuum, 2000), pp. 231-32
‘Para abraçarmos
a eternidade da plenitude do ser (o ‘EU SOU’ de Deus), devemos primeiro encarar
a dura realidade da impermanência e do vazio. A tentação é sempre reduzir a
intensidade, rebaixar a consciência a um nível inferior, até mesmo adormecer.
Buda alertou contra obscurecer a mente nesta ou em qualquer outra etapa da
jornada com substâncias intoxicantes ou sedativas, estimulantes ou depressoras.
Jesus exortou a todos a permanecerem plenamente conscientes.
Estejam alertas
e vigilantes. Vocês não sabem quando chegará o momento… Portanto, vigiem, pois
vocês não sabem quando o dono da casa voltará. Se for à tarde ou à meia-noite,
ao cantar do galo ou ao amanhecer, se ele vier de repente, não os encontrará
dormindo. O que eu digo a vocês, digo a todos : Vigiem! (Mc 13:33-37)
Na carta aos
Efésios, Paulo afirma que esse estado de vigília conduz aos ‘poderes
espirituais da sabedoria e da visão’ e, posteriormente, à gnose, ao
conhecimento espiritual. Mas mesmo com a fé mais forte, a dolorosa sensação de
separação não se dissipa imediatamente, mesmo quando a sabedoria começa a
brilhar. A parede do ego pode parecer um obstáculo intransponível, um beco sem
saída que não nos deixa para onde fugir. Contudo, como nos lembra a
Ressurreição, o que parece ser o fim, na verdade, não o é. Ao confrontarmos
nosso egoísmo arraigado e reconhecermos sua lenta decadência, a meditação nos
ajuda a verificar nossa própria ressurreição em nossa experiência.
A lei da
natureza inferior, do karma, e o domínio do ego limitador reinam até que uma brecha na parede se abra. Primeiro, um tijolo é removido, como por uma
mão invisível, e vislumbramos uma perspectiva que transcende tudo o que
havíamos imaginado ou sido capazes de compreender. É uma experiência, e ainda
assim, é conhecida de uma maneira completamente diferente de tudo o que já
experimentamos. Não somos mais os meros indivíduos que pensávamos ser. A vida
mudou irreversivelmente. Vivemos e, no entanto, como São Paulo, já não vivemos
mais.
Eu sou porque
não sou.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.wccm.org.br/leitura-semanal/um-buraco-na-parede/
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