terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Onde estão os anjos na Liturgia da Igreja?

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)



*Artigo do Prof. Felipe Aquino


‘Sabemos que na vida da Igreja, ‘lex orandi, lex credendi’; a norma da fé é a norma da oração, reza-se conforme se crê. Santo Agostinho, já no século IV, afirmava que ‘é preciso honrar os anjos testemunhando-lhes amor e respeito, mas não adoração, a qual somente a Deus é devido’. Aos poucos, na vida da Igreja , foram se tornando comuns as orações e os oratórios em honra dos anjos. No século VI já se celebrava a festa de São Miguel Arcanjo. No século IX, a Igreja instituiu a Missa em louvor dos Santos Anjos.
A partir do século XIII surgem muitos templos dedicados aos três santos Arcanjos. No século XVI o culto aos anjos já se estendia a toda a cristandade. Em 1561 o Papa Pio IV consagrou a ‘Santa Maria e aos sete anjos’ a igreja que Michel Angelo construiu no local do salão das Termas do imperador romano Dioclesiano. É o que se chama igreja de Santa Maria dos Anjos. Em 1526 o Papa Leão X, a pedido de François d’Estaing, bispo de Rodez, aprovou a festa dos Anjos da Guarda. No século XVII foi composta a oração ao Anjo da Guarda, que São Luiz Gonzaga tanto gostava de rezar : ‘Santo Anjo de Deus que sois a minha guarda e a quem eu fui confiado por celestial piedade, iluminai-me, guardai-me, regei-me, governai-me. Amém!
Em 1670, o Papa Clemente X aprovou a festa universal dos Santos Anjos da Guarda para o dia 2 de outubro. E, após o Concílio Vaticano II, os Santos Arcanjos são celebrados no dia 29 de setembro. Na santa Missa, que é a Oração litúrgica por excelência, vemos os anjos presentes em todas as partes : no ato penitencial (… peço à Virgem Maria, aos Anjos e santos, e a vós irmãos que rogueis por mim a Deus Nosso Senhor); no Glória; no Credo e na Oração Eucarística. ‘Por isso, com todos os anjos e santos proclamamos a vossa glória, cantando a uma só voz’ (Oração eucarística II). ‘Eis pois, diante de Vós todos os anjos que vos servem e glorificam sem cessar, contemplando a vossa glória. Com eles, também nós, por nossa voz, tudo o que criastes, celebramos o vosso nome, cantando a uma só voz : …’ (Oração Eucarística IV)
Na festa dos Arcanjos (29 de setembro), a Igreja invoca a proteção dos anjos: ‘Alimentados na força do pão do céu, dai-nos, ó Deus, sob a proteção dos vossos anjos, progredir no caminho da salvação.’ (Depois da comunhão) Na Festa dos Santos Arcanjos, a Igreja reza ao Senhor assim : ‘Ó Deus, que organizais de modo admirável o serviço dos anjos e dos homens, fazei que sejamos protegidos na terra por aqueles que vos servem no céu.’ (Oração do dia) Na despedida dos defuntos a Igreja roga : ‘Para o Paraíso te levem os anjos’. Na Festa dos Santos Arcanjos a Igreja ora assim : ‘Nós vos apresentamos, ó Deus, com nossas humildes preces, estas oferendas de louvor; fazei que levados pelos anjos à vossa presença, sejam recebidas com agrado e obtenham para nós a salvação.’ (Sobre as oferendas)
Na Liturgia da Festa dos Santos Anjos da Guarda, a Igreja implora a sua proteção : ‘Ó Deus, que na vossa misteriosa providência mandai os vossos anjos para guardar-nos, concedei que nos defendam de todos os perigos e gozemos eternamente do seu convívio.’ (Oração do dia) ‘Acolhei, ó Deus, as nossas oferendas em honra dos santos anjos e fazei que, velando sempre ao nosso lado, nos guardem dos perigos desta vida e nos levem à vida eterna.’ (Oração sobre as oferendas) ‘Ó Deus, que alimentais com tão grande sacramento a nossa peregrinação para a vida eterna, guiai-nos por meio dos vossos anjos, no caminho da salvação e da paz.’ (Oração depois da Comunhão) Pela orações acima, oficiais em nossa liturgia, vemos que a Igreja não tem dúvida sobre a existência e ação dos anjos.
Quem negar isto se põe, voluntariamente, fora dos ensinamentos e da fé da Igreja, e deixa de ser plenamente católico. Embora o Magistério da igreja não tenha definido como dogma de fé, a tutela dos anjos sobre os homens, alguns santos doutores da Igreja afirmaram a mesma concepção judaica de que o povo de Deus, as dioceses, as nações, etc., e cada pessoa tem um anjo protetor particular. Não há porque não aceitar tal concepção. S. Basílio Magno (330-369), doutor da Igreja, afirmou que ‘cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida’ (Eun. 3,1). Na Festa dos santos Arcanjos, a Igreja assim vê a glória de Deus manifestada em seus anjos :
Pai Santo, Deus eterno e todo poderoso, é a Vós que glorificamos ao louvarmos os anjos que criastes e que foram dignos do vosso amor. A admiração que eles merecem nos mostra como sois grande e como deveis ser amado acima de todas as criaturas. Pelo Cristo, vosso Filho e Senhor nosso, louvam os anjos a vossa glória, as dominações vos adoram, e, reverentes, vos servem potestades e virtudes. Concedei-nos também a nós, associar-nos à multidão dos querubins e serafins, cantando a uma só voz…’ (Prefácio).’

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