domingo, 24 de dezembro de 2017

Natal : Liturgia e Tradições

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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‘No tema principal desenvolvido pela liturgia de Natal encontramos os elementos básicos da teologia e da pastoral da festa. O Natal não é só uma recordação de algo que sucedeu na história. Constantemente a liturgia enfatiza que o fato do nascimento de Jesus Cristo está ordenado à Redenção, à Páscoa, à Parusia. Segundo a terminologia dos antigos, o Natal é uma memoria (mistério), cujo centro é a morte e ressurreição de Jesus Cristo, sempre presente e operante, como alma de toda celebração litúrgica.

Ao redor da liturgia de Natal formou-se, no decurso dos séculos, uma série de costumes folclóricos que contribuíram para criar um ambiente festivo na intimidade das famílias e nas ruas das aldeias e cidades. Já no século V foram compostos cantos populares sobre o mistério da Encarnação, inspirados na teologia e na liturgia de Natal. Quando, no século XIII, São Francisco de Assis e seus discípulos propagam a devota prática de construir presépios nas igrejas e nas casas, se estendem as cantigas de Natal, caracterizados pelo tom simples e ingênuo de suas letras e de suas melodias que se referem preferentemente aos sentimentos da Virgem e dos pastores ante a pobreza que Deus escolheu ao tomar um corpo humano.

Como para expressar visivelmente o significado da ‘iluminação’ obtida pelo nascimento de Jesus Cristo, há muito tempo se introduziu o hábito de acender fogos durante a noite de Natal, substituindo tradições pré-cristãs. A iluminação extraordinária dos lugares públicos durante o tempo de Natal se inspirou nesses usos.

Desde o século XVI, nos países nórdicos, começa o hábito de reunir-se em torno de uma árvore, a árvore de Natal, símbolo da graça alcançada pela Encarnação e pela morte na árvore da cruz de Jesus Cristo, em contraposição ao pecado que se originou na árvore do paraíso.

Também, se destinou para o dia de Natal a prática de trocar presentes e felicitações; prática sugerida pela que existia em Roma no primeiro dia do ano, chamada estréia. No início, simbolizava-se que era o menino Jesus quem oferecia os presentes; e mais adiante, seriam os Reis Magos quem distribuíam os dons, e não tanto pelo Natal como pela Epifania, em que se comemora o fato da entrega de seus obséquios a Jesus Cristo.

Por último, durante a oitava de Natal se celebram as ‘memórias’ dos Santos Estevão, João Evangelista e Inocentes, como as mais antigas, às que o Oriente acrescentava a dos Santos Pedro e Paulo.

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Tradições e Costumes

As tradições e costumes são uma maneira de fazer presente o que ocorreu ou o que se costumava fazer nos tempos passados. São os fatos ou obras que se transmitem de uma geração a outra de forma oral ou escrita. A palavra tradição vem do latim ‘traditio’ que vem do verbo ‘tradere’ que significa entregar. Poder-se-ía dizer que tradição é o que nossos antepassados nos entregaram.

No caso da Natal, o mais importante das tradições e costumes não é só o aspecto exterior mas seu significado interior. Deve-se conhecer por quê e para quê se levam a cabo as tradições e costumes para assim poder vivê-las intensamente. Este é um modo de evangelizar.

Existem muitas tradições e costumes tanto do Advento como do Natal, os quais nos ajudam a viver o espírito natalino; contudo, devemos recordar que este espírito encontra-se na meditação do mistério que se celebra.


O calendário

Ao fixar-se esta data, também ficaram fixadas à da Circuncisão e da Apresentação; a da Expectação (Nossa Senhora da Esperança) e, quiçá, a da Anunciação da Santíssima Virgem Maria; também a do Nascimento e Concepção do Batista. Até o século décimo o Natal era considerado, nos documentos pontifícios, o inicio do ano eclesiástico, como continua sendo nas Bulas; Bonifácio VIII (1294-1303) restaurou temporalmente este costume, o qual a Alemanha sustentou durante algum tempo mais.


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As três Missas

As três missas assinaladas para esta data no Missal de Gelasio e no Gregoriano, com um martirológio especial e sublime, e com a dispensa, se for necessário, da abstinência, ainda hoje são guardadas. Embora Roma indique somente três Missas para o Natal, Ildefonso, um Bispo espanhol de 845, alude a uma tripla Missa no Natal : Páscoa, Pentecostes, e a Transfiguração. Estas Missas, de meia-noite, ao alvorecer, e in die, estão misticamente relacionadas com a distribuição judia e cristã, ou ao triplo ‘nascimento’ de Cristo : na Eternidade, no Tempo, e na Alma. As cores litúrgicas variavam : negro, branco, vermelho; e o Glória era só entoado ao princípio da primeira Missa desse dia.


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Os presépios

No ano 1223 São Francisco de Assis deu origem aos presépios que atualmente conhecemos, popularizando entre os leigos um costume que até esse momento era do clero, fazendo-o extra-litúrgico e popular. A presença do boi e do burro deve-se a uma errônea interpretação de Isaías 1, 3 e de Habacuc 3, 2 (versão ‘Italiana’), apesar de aparecerem no magnífico ‘Presépio’ do século quarto, descoberto nas catacumbas de São Sebastião no ano de 1877.


Os hinos e cantigas de natal

As primeiras cantigas de natal que se conhecem foram compostos pelos evangelizadores no século V com a finalidade de levar a Boa Nova aos aldeãos e camponeses que não sabiam ler. Suas letras falavam em linguagem popular sobre o mistério da encarnação e estavam inspiradas na liturgia da Natal. Chamavam-se ‘villanus’ ao aldeão e com o tempo o nome mudou para vilancicos (do Espanhol ‘villancicos’). Estas falam em um tom simples e engenhoso dos sentimentos da Virgem Maria e dos pastores ante o Nascimento de Cristo. No século XIII estendem-se por todo o mundo junto com os presépios de São Francisco de Assis.

O famoso ‘Stabat Mater Speciosa’ é atribuído a Jacopone Todi (1230-1306); ‘Adeste Fideles’ data do século decimo sétimo. Mas, estes ares populares, e inclusive palavras, devem ter existido muito tempo antes que fossem postos por escrito.

Os vilancicos, ou cantigas de Natal, favoreciam a participação na liturgia de Advento e de Natal. Cantar cantigas de Natal é um modo de demostrar nossa alegria e gratidão a Jesus e escutá-los durante o Advento ajuda à preparação do coração para o acontecimento do Natal.


Os cartões de Natal

O costume de enviar mensagens natalinas se originou nas escolas inglesas, onde se pedia aos estudantes que escrevessem algo que tivesse a ver com a temporada natalina antes de sair de férias de inverno e o enviassem pelo correio à sua casa, com a finalidade de que enviassem a seus pais uma mensagem de Natal.

Em 1843, W.E. Dobson e Sir Henry Cole fizeram os primeiros cartões de Natal impressos, com a única intenção de pôr ao alcance do povo inglês as obras de arte que representavam o Nascimento de Jesus.

Em 1860, Thomas Nast, criador da imagem de Papai Noel, organizou a primeira grande venda de cartões de Natal em que aparecia impressa a frase ‘Feliz Natal’.

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A Árvore De Natal

Os antigos germânicos criam que o mundo e todos os astros estavam sustentados pendendo dos ramos de uma árvore gigantesca chamada o ‘divino Idrasil’ ou o ‘deus Odim’, a quem rendiam culto a cada ano, no solstício de inverno, quando se supunha que se renovava a vida. A celebração desse dia consistia em adornar um pinheiro com tochas que representavam as estrelas, a lua e o sol. Em torno desta árvore bailavam e cantavam adorando ao seu deus.

Contam que São Bonifácio, evangelizador da Alemanha, derrubou a árvore que representava o deus Odim, e no mesmo lugar plantou outro pinheiro, símbolo do amor perene de Deus e o adornou com maçãs e velas, dando-lhe um simbolismo cristão: as maçãs representavam as tentações, o pecado original e os pecados dos homens; as velas representavam Cristo, a luz do mundo e a graça que recebem os homens que aceitam Jesus como Salvador. Este costume se difundiu por toda a Europa na Idade Média e com as conquistas e migrações chegou à América.

Pouco a pouco, a tradição foi evoluindo : trocaram as maçãs por bolas e as velas por luzes que representam a alegria e a luz que Jesus Cristo trouxe ao mundo.

As bolas atualmente simbolizam as orações que fazemos durante o período de Advento. As bolas azuis são orações de arrependimento, as prateadas de agradecimento, as douradas de louvor e as vermelhas de preces.

Costuma-se colocar uma estrela na ponta do pinheiro, que representa a fé que deve guiar nossas vidas.

Também costuma-se pôr adornos de diversas figuras na árvore de Natal. Estes representam as boas ações e sacrifícios, os ‘presentes’ que daremos a Jesus no Natal.

Para aproveitar a tradição : Adornar a árvore de Natal ao longo de todo o advento, explicando às crianças o simbolismo. As crianças elaborarão suas próprias bolas (24 a 28 dependendo dos dias que tenha o Advento) com uma oração ou um propósito em cada uma, e conforme passem os dias as irão colocando na árvore de Natal até o dia do nascimento de Jesus.

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Papai Noel (Santa Claus) ou São Nicolau

A imagem de Papai Noel, velhinho gorducho e sorridente que traz presentes às crianças boas no dia do Natal teve sua origem na historia de São Nicolau.

Existem várias lendas que falam acerca da vida deste santo :

Em certa ocasião, o chefe da guarda romana daquela época, chamado Marco, queria vender como escravo um menino muito pequeno chamado Adrian e Nicolau o impediu. Em outra ocasião, Marco queria apoderar-se de umas jovenzinhas se seu pai não lhe pagasse uma dívida. Nicolau se inteirou do problema e decidiu ajudá-las. Tomou três sacos cheios de ouro e na Noite de Natal, em plena escuridão, chegou até a casa e colocou os sacos pela chaminé, salvando, assim, as meninas.

Marco, que queria acabar com a fé cristã, mandou queimar todas as igrejas e prender todos os cristãos que não quisessem renegar sua fé. Assim foi como Nicolau foi capturado e preso. Quando o imperador Constantino se converteu e mandou liberar todos os cristãos, Nicolau havia envelhecido. Quando saiu do cárcere, tinha a barba crescida e branca e tinha as roupas vermelhas que o distinguiam como bispo; contudo, os longos anos de cárcere não conseguiram tirar sua bondade e seu bom humor.

Os cristãos da Alemanha tomaram a história dos três sacos de ouro deixados pela chaminé no dia de Natal e a imagem de Nicolau ao sair do cárcere, para tecer a história de Papai Noel, velhinho sorridente vestido de vermelho, que entra pela chaminé no dia de Natal para deixar presentes para as crianças boas.

O Nome ‘Santa Claus’ vem da evolução paulatina do nome de São Nicolau : St. Nicklauss, St. Nick, St. Klauss, Santa Claus, Santa Clos.

Não obstante, o exemplo de São Nicolau nos ensina a ser generosos, a dar aos que não têm e a fazê-lo com discrição, com um profundo amor ao próximo. Nos ensina além disso, a estar atentos às necessidades dos demais, a sair de nosso egoísmo, a ser generosos não só com nossas coisas mas também com nossa pessoa e nosso tempo.

Por isso, o Natal é um tempo propício para imitar São Nicolau em suas virtudes.’


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