*Artigo
do Ir. João Antônio Johas,
leigo consagrado do Sodalício de Vida Cristã
‘No dia 24 de dezembro lembra-se o dia de todas as crianças
órfãs. É também a véspera da celebração que culmina o tempo do advento, o Natal
do Senhor Jesus. Não é uma data do calendário da Igreja, mas do calendário
civil. No entanto, a proximidade das duas datas pode levar a uma reflexão sobre
a orfandade tanto física como espiritual em que vivem tantas pessoas
atualmente. Vale a pena pensar por onde podemos tentar entender esse fenômeno e
o que podemos fazer para ajudar a que cada vez menos pessoas vivam suas vidas
sem a proteção e o amor de uma família.
Talvez possamos voltar até Adão e Eva para encontrar neles os
primeiros órfãos da humanidade. Quando pecam, se afastam daquele que lhes dera
a vida, de Deus Pai que os formou com amor para que vivessem junto a Ele no
paraíso. Com esse primeiro afastamento do Pai, o mal entra no mundo, no coração
do homem. Toda a história de Israel pode ser entendida como a história de um
povo que caminhou pelo tempo em busca do retorno a casa do Pai. Desde Abraão
até a vinda de Jesus, vemos como Israel foi crescendo em nova intimidade com
Iahweh.
Jesus, que é o mesmo Deus que se encarna, se faz homem no seio
de uma família. E o faz justamente para mostrar que para que o ser humano seja
pleno, ele precisa do apoio, do amor, do carinho, da experiência de uma família
bem estruturada, que tenha a Deus como o centro de suas vidas. Mas isso não
quer dizer que o Senhor não experimentou o mal da orfandade. Pelo contrário,
Ele, sendo quem era, experimentou o abandono do Pai de uma forma tão intensa
que não podemos senão nos maravilhar e mesmo nos assustar um pouco com suas
palavras na cruz : ‘Pai, porque me
abandonaste?’ Ele experimentou uma solidão real, e assim compartilha
certamente os sofrimentos daqueles que ainda hoje sofrem essa mazela.
É um fenômeno difícil de entender esse de que existam pessoas
que abandonam os seus mais próximos. É igualmente difícil entender também como
pode existir, em uma comunidade cristã, pessoas que se sintam excluídas, à
margem, sem família seja pelo motivo que for. Podemos pensar naqueles que
perderam os pais em alguma tragédia natural, ou mesmo em algum ataque feito por
mãos humanas (Ainda mais triste e trágico de aceitar). O ponto é o seguinte :
Enquanto alguém não se sentir amado, não estamos realmente conseguindo
transmitir a vida cristã para esse mundo. Pois o que Jesus veio fazer foi
justamente alcançar com seu amor todas as pessoas, em especial as que mais
sofrem. Dentre os que mais sofrem, desde o antigo testamento se contam as
viúvas e os órfãos. Não podemos fechar os olhos para essas pessoas, porque é
Deus mesmo que quer olhar por eles através da comunidade cristã.
Talvez ajude a ter os olhos mais abertos a essa realidade o
tomar consciência de que somos todos, de alguma forma, órfãos. A cada pecado
que cometemos, desde o pecado original de Adão e Eva, nos afastamos de Deus Pai
e ficamos longe da nossa verdadeira casa que é o Céu. Estamos todos caminhando
para a nossa verdadeira pátria. E se nesse caminho temos a benção de contar com
uma família que nos auxilie, parece meio óbvio pensar que isso mesmo nos traz a
responsabilidade de acolher com muito amor aqueles que foram privados de tão
grande dom por qualquer razão. Para que essa perda possa ser interiorizada,
reconciliada e que eles possam caminhar mais dignamente como verdadeiros filhos
e filhas amadas de Deus que são.’
Fonte :
* Artigo na íntegra http://domtotal.com/noticia/1217469/2017/12/vespera-de-natal-convida-a-reflexao-sobre-orfaos/
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