*Artigo de Felipe Aquino
‘No dia 1º de novembro, a Igreja celebra a festa de Todos os Santos.
Segundo a tradição, ela foi colocada neste dia, logo após 31 de outubro, porque
que os celtas ingleses – pagãos -, celebravam as bruxas e os espíritos que
vinham se alimentar e assustar as pessoas nesta noite (Halloween).
Nesse dia, a Igreja militante (que luta na Terra) honra a Igreja triunfante
do Céu celebrando, numa única solenidade, todos os Santos como diz o sacerdote na oração da Missa para render
homenagem àquela
multidão de
Santos que povoam o Reino dos Céus, que São João viu no Apocalipse : ‘Ouvi,
então, o número dos assinalados : cento e quarenta e quatro mil assinalados, de toda
tribo dos filhos de Israel. Depois disso, vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, povo e língua : conservavam-se em pé diante do trono e diante do
Cordeiro, de vestes brancas e palmas na mão. Esses são os sobreviventes da
grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro’ (Ap 7,4-14).
Esta imensa multidão de 144 mil, que está diante do Cordeiro, compreende
todos os servos de Deus, aos quais a Igreja canonizou através da decisão
infalível de algum Papa, e todos aqueles, incontáveis, que conseguiram a
salvação, e que desfrutam da visão beatífica de Deus. Lá eles intercedem por
nós sem cessar, diz uma de nossas Orações Eucarísticas. Por isso, a Igreja recomenda que os pais ponham nomes de Santos em
seus filhos.
Esses 144 mil significam uma grande multidão (12 x 12 x 1000). O número
doze e o número mil significavam para os judeus antigos plenitude, perfeição e
abundância; não é um valor meramente aritmético, mas simbólico. A Igreja já
canonizou mais de 20 mil santos, mas há muito mais que isto no Céu...
A ‘Lumen Gentium’ do Vaticano II
lembra que : ‘Pelo fato de os habitantes
do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza
na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao Pai,
apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e
dos homens, Cristo Jesus. Por seguinte, pela fraterna solicitude deles, a nossa
fraqueza recebe o mais valioso auxílio’ (LG 49) (§956).
Na hora da morte, São Domingos de Gusmão dizia a seus frades : ‘Não choreis! Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-vos-ei mais eficazmente do que
durante a minha vida’. E Santa Teresinha confirmava este ensino
dizendo : ‘Passarei meu céu fazendo bem
na terra’.
O nosso Catecismo diz que : ‘Na oração, a Igreja peregrina é associada à dos santos, cuja intercessão solicita’ (§2692).
A marca dos santos são as bem aventuranças que Jesus proclamou no Sermão da Montanha; por isso,
este trecho do Evangelho de São Mateus (5,1ss) é lido nesta Missa. Os santos
viveram todas as virtudes e, por isso, são exemplos de como seguir Jesus
Cristo. Deus prometeu dar a eterna bem-aventurança aos pobres no espírito, aos
mansos, aos que sofrem e aos que têm fome e sede de justiça, aos
misericordiosos, aos puros de coração, aos pacíficos, aos perseguidos por causa
da justiça e a todos os que recebem o ultraje da calúnia, da maledicência, da
ofensa pública e da humilhação.
Esta ‘Solenidade de Todos os Santos’
vem do século IV. Em Antioquia, celebrava-se uma festa por todos os mártires no
primeiro domingo depois de Pentecostes. A celebração foi introduzida em Roma,
na mesma data, no século VI, e cem anos após era fixada no dia 13 de maio pelo
papa Bonifácio IV, em concomitância com o dia da dedicação do Panteon dos
deuses romanos a Nossa Senhora e a todos os mártires. No ano de 835, esta celebração foi transferida pelo papa
Gregório IV
para 1º de
novembro.
Cada um de nós é chamado a ser santo. Disse o Concilio Vaticano II que : ‘Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade’ (Lg 40). Todos são chamados à santidade : ‘Deveis ser perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito’ (Mt
5,48) : ‘Com o fim de conseguir esta
perfeição, façam os fiéis uso das forças recebidas cumprindo em tudo a vontade
do Pai, se dediquem inteiramente à glória de Deus e ao serviço do próximo. Assim, a santidade do povo de Deus se expandirá em abundantes frutos, como se demonstra
luminosamente na história da Igreja pela vida de tantos santos’ (LG 40).
O caminho da perfeição passa pela cruz. Não existe santidade sem renúncia e
sem combate espiritual (cf. 2Tm 4). O progresso espiritual da oração,
mortificação, vida sacramental, meditação, luta contra si mesmo; é isto que nos
leva gradualmente a viver na paz e na alegria das bem-aventuranças. Disse São
Gregório de Nissa (340) que : ‘Aquele que
vai subindo jamais cessa de ir progredindo de começo em começo por começos que não têm fim. Aquele que sobe jamais cessa de desejar aquilo
que já conhece’ (Hom. in Cant. 8).’
Fonte :
* Artigo na íntegra de http://formacao.cancaonova.com/igreja/santos/a-celebracao-da-festa-de-todos-os-santos/