sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A caridade é a alma da Missão

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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XXVIII Domingo do Tempo Comum

Ano B – 11.10.2015

Sabedoria 7,7-11
Salmo 89
Hebreus 4,12-13
Marcos 10,17-30

Reflexões


 ‘«No mundo existe o suficiente para as necessidades de todos, mas não o suficiente para avidez de cada um» (Gandhi). Palavras de um não cristão, em sintonia com o severo ensinamento de Jesus acerca do uso dos bens materiais e o perigo das riquezas. O evangelista Marcos acompanha o catecúmeno e o discípulo à descoberta progressiva da «boa nova de Jesus, Cristo, Filho de Deus» (1,1), revelando pouco a pouco a sua identidade através dos milagres e dos ensinamentos. Na secção central do seu Evangelho, Marcos insere os requisitos mais exigentes da moral cristã, que ele reagrupa à volta de três temas : as condições para seguir Jesus (renegar-se a si mesmos, tomar a cruz : 8,32-38); as exigências da vida familiar (indissolubilidade do matrimónio, amor e respeito pelas crianças  10,2-16); o uso dos bens materiais (o perigo das riquezas, a recompensa a quem abandona os bens terrenos : 10,17-31).

Os três temas são intercalados por três anúncios da paixão e da ressurreição (8,31; 9,31; 10,32-34); e são inseridos entre dois milagres de Jesus que abre os olhos a dois cegos : o cego de Betsaida (8,22-25) e o cego de Jericó (10,46-52). São significativas as palavras que Jesus dirige a este cego : «Vai, a tua fé te salvou». O cego, curado, torna-se discípulo e segue Jesus. No Evangelho de hoje, Marcos diz que o caminho da moral cristã – e portanto, a salvação! – é «impossível aos homens, mas não a Deus!» (v. 27). Tudo é possível a Deus, o qual nos abre os olhos sobre o caminho a seguir e, com a fé, dá-nos a força de O seguir.

Cristo convida a pôr em primeiro lugar as pessoas, não os bens materiais; Ele é pelos pobres, mas contra a pobreza; não propõe a pobreza, mas a comunhão; os bens só têm sentido se são sinais e instrumentos de encontro com os outros, pela partilha. Jesus não condena de modo nenhum as riquezas, não faz o elogio da miséria e da fome, mas ensina como usar os bens : com honestidade, justiça e caridade. Ao jovem do Evangelho, que «possuía muitos bens» (v. 22) e era um fiel observante dos mandamentos (v. 20), o Mestre dirige um olhar repleto de amor (v. 21), convidando a ir além da observância da lei, a dar um salto de qualidade : isto é, a entrar na lógica da caridade e da partilha dos bens com os pobres. Deste modo se afirma a própria liberdade perante as coisas, que todavia são belas e boas, sem ficar dependentes ou prisioneiros das mesmas. Só assim a vida é vivida com gratuidade : como dom e partilha com os outros. No seguimento do Senhor descobre-se a riqueza e a alegria do Tesouro (v. 21).

O homem sábio (I leitura) descobre que a Sabedoria que vem de Deus vale mais que as riquezas, mais que a saúde e a beleza (v. 9-10). A palavra de Deus «viva, eficaz» (II leitura), que sonda o sentido das coisas e a profundidade do coração humano (v. 12), ajuda a compreender que no cristianismo a virtude principal não é a pobreza e nem sequer o abandonar tudo, mas a caridade, entendida como entrega de si mesmos e das suas coisas por um serviço de amor aos outros. Por isso a caridade é a alma da Missão : o amor impele à missão e à solidariedade. A caridade é sinal e instrumento de comunhão entre as Igrejas, no intercâmbio de dons.

As palavras de Jesus ao jovem rico têm uma ressonância especial no Outubro missionário : Vai, dá aos pobres, vem e segue-me… A missão é ir, é sempre um sair de si mesmos, é exultar na descoberta do Tesouro que preenche a vida, é sentir a urgência de comunicar tal experiência, é descobrir que os outros são mais importantes do que as coisas, é partilhar bens espirituais e materiais com os mais necessitados… É esta a missão que dá sentido pleno à vida e sabor novo à família humana. Dão testemunho disso os grandes missionários, que o calendário recorda no mês de Outubro : Francisco de Assis, Daniel Comboni, João XXIII, Teresa de Ávila, os santos mártires canadianos, Laura Montoya, António Maria Claret.’


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