*Artigo de Frei Patrício
Sciadini, OCD,
Provincial dos carmelitas descalços
no Egito
‘São já 6 anos que vivo no Egito. É claro que não posso esquecer do Brasil
que me ‘deseducou’ de um certo estilo italiano formal, rígido e me educou a
uma liberdade de coração que me ajuda a ser eu mesmo. Mas no Egito aprendi a
viver a minha fé com alegria num mundo onde somos minoria. O Egito é o berço do monaquismo, fonte da
espiritualidade dos padres do deserto que ensinam a sabedoria que não tem idade, sempre velha e sempre
nova. No Egito, nós carmelitas temos uma grande e bela basílica estilo
bizantino dedicada a Teresa do Menino Jesus. Normalmente durante o ano é quase vazia pelo
escasso números dos católicos, mas todos os dias há um ‘pinga pinga’ de
cristãos e de muçulmanos, especialmente mulheres que vem visitar, como ele dizem, Santa Teresinha do Menino
Jesus. Sempre me pergunto por que os
muçulmanos tem tanto amor a esta Santa, a qual
é dedicada até uma estacão do metrô
que passa bem perto da basílica? Por que esta monja que durante a sua
vida pouco sabia do Egito? Embora
ela o cite na sua poesia sobre a Virgem Maria quando fala da fuga no
Egito onde Jesus viveu, fugindo da ira
de Herodes.
Tenho tentado perguntar o porquê e tenho recebido várias respostas. Uma
delas é que um grande cantor egípcio muçulmano que estava doente, foi agraciado por Teresinha; falava dela com muito amor e ajudou na
construção da basílica. Perguntei ao meu irmão Abuna Kirilo Makar e ele me
disse que o cantor se chamava Abd El-Halim, sofria de varizes no esôfago e em 1957 devia fazer uma cirurgia perigosa. Visitando
a basílica de Santa Teresinha, o frei Gabriel muito estimado e bom deu lhe uma
medalhinha da santa e prometeu rezar por ele.
O cantor foi a Inglaterra para fazer a cirurgia e no dia marcado fez
novamennte os exames e não houve mais a necessidade da cirurgia : foi uma coisa
inexplicável. Ele voltou ao Egito, foi
agradecer a Santa Teresinha, colocou uma placa por graça alcançada e nela
escreveu : ‘graças a Deus e a Santa
Teresinha’. Ele ajudou muito na construção da basílica e na difusão da
devoção a Santa Teresinha. Isto, sem duvida, muito cooperou. Muitas outras pessoas começaram a ter devoção
por Santa Teresinha, a receber graças e a fama da Santa das graças foi se
espalhando de boca em boca por todo o Egito.
Uma outra causa é que o vestido de Santa Teresinha é muito semelhante ao
das mulheres muçulmanas que se identificam com ela; isto sem duvida é de grande
importância na difusão dos santinhos de Santa Teresinha no meio do povo.
Pessoalmente e com ajuda dos meus irmãos
tenho tentado falar e compreender tudo isto. Há uma empatia, uma
simpatia entre Teresinha e todas as
pessoas. Na cripta da nossa basílica há uma imagem que a retrata morta : seu
rosto é sereno, tranquilo, comunica uma grande paz interior. No Egito existem
só três destas imagens que foram feita
por um irmão comboniano; elas tem um uma fisionomia de serenidade. Eu
mesmo tantas vezes desço na cripta da
basílica e quando tenho problemas,
dificuldades - que graças a Deus não me faltam-
rezo a Teresinha que chamo carinhosamente de minha ‘secretária particular’ : sinto em mim mesmo uma paz, uma força, uma
coragem para não desanimar e retomar o caminho.
No dia da festa de Santa Teresinha que nós celebramos no dia 3 de outubro -
já é uma tradição e seria difícil mudar- a basílica é pequena para conter
tantas pessoas que vem de todos os lugares
para prestar sua homenagem simples, de coração a Santa das rosas que
sempre ‘atende’ os pedidos de todos sem distinção nem de raça e de nem de
religião. No Egito há várias igrejas católicas dedicadas a Santa Teresinha mas
a basílica de Schubra, aqui no Cairo, é
a mais conhecida e amada por todos. A
novena não é muito concorrida, é o dia da festa que impressiona e este ‘pinga pinga’ de gente devota, sofrida,
cheia de esperança que vem pedir ajuda
a Santa do coração. Ela,
Teresinha, entra sempre pela porta do
amor. Há muitas pessoas que dizem ter sonhado com Santa Teresinha e recebido
rosas e graças. Eu respondo que Teresinha está sempre comigo e para mim não
manda rosas mas toda a floricultura.
É uma grade alegria saber que o papa Francisco tem uma devoção especial por
Teresinha, da qual fala sempre com extremo amor e a qual confia os problemas
mais difíceis : ‘quando tenho um problema
peço a Santa Teresinha não para resolvê-lo mas para pegá-lo na mão e me ajudar
a aceita-lo. E como sinal recebo quase
sempre uma rosa branca.’ Eis que o papa diz na suas palavras, vamos fazer o
mesmo e ensinar a fazer o mesmo.’
Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.zenit.org/pt/articles/por-que-os-muculmanos-amam-santa-teresinha
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