quinta-feira, 30 de abril de 2015

A Igreja e os genocídios armênio e grego-assírio

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 Um fotograma do documentário, de 1919, Leilão de Almas, 
que retratou eventos testemunhados do genocídio armênio, 
incluindo meninas cristãs crucificadas.


O século XX foi o século dos genocídios, dos massacres em massa e do uso científico para impor a dor, a violência e a morte a milhões de seres humanos indefesos. Famoso, lamentável e internacionalmente reconhecido é o genocídio dos judeus e de outras minorias perpetrado pelos nazistas durante a primeira metade do século XX.

No entanto, no início do século XX houve dois genocídios pouco conhecidos e que foram uma espécie de ‘ensaio’, de ‘experiência’ do que, um pouco mais tarde, seria o grande massacre do século XX. Trata-se do genocídio armênio e do genocídio grego-assírio.

O genocídio armênio ocorreu entre 1915-1917 e tratou-se da matança e deportação forçada de aproximadamente 1, 5 milhões de pessoas de origem armênia que viviam no Império Otomano, atual Turquia, com a intenção de exterminar sua presença cultural, sua vida econômica e seu ambiente familiar. Existem registros históricos que demonstram que toda essa violência foi feita de forma planejada e utilizando os métodos científicos disponíveis na época.

Já o genocídio grego-assírio não possui tantos estudos históricos e científicos como o genocídio armênio. No entanto, foi um genocídio tão cruel como o armênio. No período entre 1915 a 1922 tropas regulares e milícias paramilitares do Império Otomano, atual Turquia, perseguiram e mataram entre 500 e 950 mil gregos, e entre 250 e 750 mil assírios perderam suas vidas. Calcula-se que aproximadamente 1,7 milhões de grego-assírios tenham morrido vítimas da perseguição.

No dia 12/04/2015, durante uma Missa para lembrar os 1,5 milhões de mortos durante o massacre, o Papa Francisco foi claro ao dizer que, de fato, houve um genocídio dos armênios entre 1915-1917. Foi a primeira fez que um Papa afirmou que houve um genocídio do povo armênio. Apesar de muitos países já terem reconhecido o genocídio armênio, as palavras do Papa foram reconfortantes para as vítimas e os descendentes do genocídio e, ao mesmo tempo, deu mais força para que, a nível internacional e nos órgãos de apoio aos direitos humanos (ONU, Anistia Internacional, etc), o genocídio armênio seja definitivamente reconhecido. O Papa Francisco foi Apóstolo, uma voz profética, ao ter a coragem, mesmo diante de muitas pressões internacionais vindas da Turquia e de outros países, de ter publicamente reconhecido a existência do genocídio armênio.

De forma oficial, por meio das palavras do Papa Francisco, a Igreja reconheceu oficialmente a existência do genocídio armênio.  Daqui por diante padres, leigos e ministros poderão livremente afirmar que, de fato, houve um brutal genocídio do povo armênio, entre 1915 e 1917, pelos turcos-otomanos.  Apontam-se 3 relevantes motivos para que as palavras do Papa Francisco sejam tão importantes.

Primeiro, como salienta o jornalista Breno Salvador, os genocídios dos armênios e dos grego-assírios, pelo turco-otomanos, representa ‘um caso marcante de ataque à cristandade, porque havia uma tentativa de dominação e imposição do Islã. O que se passa no Oriente Médio hoje gira em torno disso, da mesma forma como com os armênios, gregos e assírios. O Estado Islâmico promove um genocídio’. (Jornal O Globo,24/04/2015).

Segundo, a luta pelo reconhecimento internacional do genocídio grego-assírio é fortalecida. Trata-se de uma das grandes lutas do século XXI. O povo grego-assírio necessita ter a memória e a identidade dos seus compatriotas reconhecida. Foram 1,7 milhões de vítimas que necessitam de algum tipo de reconhecimento.

Terceiro, em um momento de incerteza, com o aumento da violência sectária, religiosa e étnica, com a ameaça de genocídios por parte de grupos extremistas, as palavras do Papa são um alerta que a luta em prol da dignidade da pessoa humana está penas começando e que não pode ser interrompida. A Igreja é convocada a ser sinal e luz em prol dos grupos humanos mais violentados e vulneráveis.’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.zenit.org/pt/articles/a-igreja-e-os-genocidios-armenio-e-grego-assirio

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Santa Catarina de Sena

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
  
  
Catarina era apenas uma irmã leiga da Ordem Terceira Dominicana. Mesmo analfabeta, talvez tenha sido a figura feminina mais impressionante do cristianismo do segundo milênio. Nasceu em 25 de março de 1347, em Sena, na Itália. Seus pais eram muito pobres e ela era uma dos vinte e cinco filhos do casal. Fica fácil imaginar a infância conturbada que Catarina teve. Além de não poder estudar, cresceu franzina, fraca e viveu sempre doente. Mas, mesmo que não fosse assim tão debilitada, certamente a sua missão apostólica a teria fragilizado. Carregava no corpo os estigmas da Paixão de Cristo.

Desejando seguir o caminho da perfeição, aos sete anos de idade consagrou sua virgindade a Deus. Tinha visões durante as orações contemplativas e fazia rigorosas penitências, mesmo contra a oposição familiar. Aos quinze anos, Catarina ingressou na Ordem Terceira de São Domingos. Durante as orações contemplativas, envolvia-se em êxtase, de tal forma que só esse fato possibilitou que convertesse centenas de almas durante a juventude. Já adulta e atuante, começou por ditar cartas ao povo, orientando suas atitudes, convocando para a caridade, o entendimento e a paz. Foi então que enfrentou a primeira dificuldade que muitos achariam impossível de ser vencida : o cisma católico.

Dois papas disputavam o trono de Pedro, dividindo a Igreja e fazendo sofrer a população católica em todo o mundo. Ela viajou por toda a Itália e outros países, ditou cartas a reis, príncipes e governantes católicos, cardeais e bispos, e conseguiu que o papa legítimo, Urbano VI, retomasse sua posição e voltasse para Roma. Fazia setenta anos que o papado estava em Avignon e não em Roma, e a Cúria sofria influências francesas.

Outra dificuldade, intransponível para muitos, que enfrentou serenamente e com firmeza, foi a peste, que matou pelo menos um terço da população européia. Ela tanto lutou pelos doentes, tantos curou com as próprias mãos e orações, que converteu mais algumas centenas de pagãos. Suas atitudes não deixaram de causar perplexidade em seus contemporâneos. Estava à frente, muitos séculos, dos padrões de sua época, quando a participação da mulher na Igreja era quase nula ou inexistente.

Em meio a tudo isso, deixou obras literárias ditadas e editadas de alto valor histórico, místico e religioso, como o livro ‘Diálogo sobre a Divina Providência’, lido, estudado e respeitado até hoje. Catarina de Sena morreu no dia 29 de abril de 1380, após sofrer um derrame aos trinta e três anos de idade. Sua cabeça está em Sena, onde se mantém sua casa, e seu corpo está em Roma, na Igreja de Santa Maria Sopra Minerva. Foi declarada ‘doutora da Igreja’ pelo papa Paulo VI em 1970.’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=santo&id=203


terça-feira, 28 de abril de 2015

Nigéria : a fúria dos integralistas de Boko Haram

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


‘A fúria dos integralistas islâmicos de Boko Haram continua a flagelar a Nigéria. Novos ataques no Estado de Kogi, na pequena cidade de Damasak, no Borno; teriam sido assassinadas cerca de 400 pessoas.

O Padre Giulio Albanese, Diretor da Agência de notícias  MISNA, afirmou à Rádio Vaticano que a consequência dos ataques é terrível : ‘corpos em avançado estado de decomposição disseminados ao longo das ruas, outros abandonados dentro de casas, para não falar da identificação de numerosas valas comuns perto de um rio, e até mesmo pilhas de tanta humanidade sem vida no leito do rio sem água nesta época do ano’.

Segundo algumas testemunhas os corpos encontrados seriam cerca de 400 na cidadezinha de Damasak, no Borno, Estado do norte da Nigéria. Uma pequena cidade devastada pelos integralistas de Boko Haram cerca de um mês atrás. Então se pensava que os milicianos jihadistas tivessem sequestrado as vítimas. Certamente algumas delas foram levadas como reféns, mas muitos dos civis foram assassinados no local a tiros ou machadas.

Reconquistada nos dias passados pelas forças nigerianas e chadianas, Damasak é a metáfora de uma tragédia infinita. E se isso não fosse o suficiente, cerca de vinte pessoas foram encontradas sem vida ao longo de uma estrada do Borno, enquanto em outro Estado nigeriano, Kogi, uma bomba destruiu uma emissora de rádio privada. Ainda impreciso o número de vítimas.


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.news.va/pt/news/nigeria-a-furia-dos-integralistas-de-boko-haram
  

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Tráfico : aliciamento de menores em debate no Vaticano

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)



‘O tráfico de seres humanos volta a ser tema de debate no Vaticano.

Depois da recente Plenária da Pontifícia Academia das Ciências Sociais dedicada ao assunto, especialistas e autoridades se reúnem nesta segunda-feira (27/04) para analisar o envolvimento de menores no tráfico. O evento foi organizado em parceria com a Embaixada da Suécia junto à Santa Sé, com a participação da Rainha Silvia.


A injustiça na raiz do problema

Em seu pronunciamento, o Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Cardeal Peter Turkson, recordou que as crianças e os jovens continuam sendo vítimas de inúmeras formas de violência e escravidão, e são traficados para vários fins. Este fenômeno persiste não obstante programas e estratégias de ação nacionais e internacionais.

Isto porque persistem pobreza e subdesenvolvimento, aliados à falta de acesso à educação e à escassa oportunidade de trabalho. Além do mais, notou o Cardeal ganês, os conflitos armados e outras situações de violência e terrorismo são terreno fértil para o tráfico de menores. O resultado deste cenário é o envolvimento de crianças e adolescentes em prostituição, pornografia, drogas, casamentos forçados, recrutamento de soldados e trabalho escravo.

O Cardeal Turkson ressaltou os esforços da Santa Sé em criar redes para denunciar e debelar o tráfico e fez votos de que este Seminário siga o caminho já empreendido.


Tráfico de órgãos

Um aspecto em debate é também o do tráfico de órgãos, em que os menores também são envolvidos. O Programa Brasileiro contatou a Dra. Nancy Scheper-Hughes, especialista no assunto. Professora de Antropologia da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, a Dra. Nancy também morou no Brasil, um dos países exportadores de órgãos.

Ela afirma que se trata de um crime em evolução. Antigamente, quadrilhas internacionais movimentavam grupos de até 40 homens de um país a outro para a retirada dos órgãos. Hoje, o fenômeno se tornou mais sofisticado, sem que o dono do órgão traficado tenha que sair do país e, principalmente, de acordo com a demanda, para não atrair a atenção das autoridades.

  
Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.news.va/pt/news/trafico-aliciamento-de-menores-em-debate-no-vatica


sábado, 25 de abril de 2015

O Bom Pastor abarca o mundo inteiro no seu Coração

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


IV Domingo de Páscoa – Ano B – 26 de Abril de 2015

Atos 4, 8-12
Salmo 117
1João 3, 1-2
João 10, 11-18


Reflexões

‘O Bom Pastor (Evangelho) é a primeira imagem usada pelos cristãos, desde as catacumbas, para representar Jesus Cristo, muitos séculos antes do crucifixo. ‘O bom Pastor é a versão suavizada do crucifixo. Suavizada só a nível figurativo, porque a substância é a mesma. Não é por acaso que no trecho de João a frase ‘dar a vida’ seja a mesma que explica o que significa ‘bom’, e aparece pelo menos cinco vezes’ (D. Pezzini). Jesus repete com insistência que ‘o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas’ (v. 11.15). Jesus é identificado com a imagem bíblica do pastor (cf. Êxodo, Ezequiel, Salmos…), e João releu-a em chave messiânica. Abunda mas expressões que indicam uma vida de estreita relação entre Jesus e as ovelhas : entrar-sair, abrir, chamar-escutar, conduzir, guiar, caminhar-seguir, conhecer, dar a vida… Até se identificar plenamente com o ‘bom pastor que dá a vida pelas ovelhas’ (v. 11.15). De notar que o texto grego usa um sinónimo : o pastor ‘belo’ (v. 11.14), isto é bom, perfeito, que une em si a perfeição ética e estética. Bela, ou seja, boa, é : uma pessoa, uma alma, uma colheita, um casal, etc. É assim, porque ‘a beleza salvará o mundo’, segundo a tese de vários autores atuais : F. M. Dostoievski, card. Carlo M. Martini, Bruno Forte, G. Bergantini…

Jesus dá a sua vida por todos : há ainda outras ovelhas a reunir, até formar um só rebanho e um só pastor (v. 16). Ele não renuncia a nenhuma ovelha, mesmo se estão distantes e não o conhecem : precisam todas de entrar pela porta que é Ele mesmo, porque Ele é o único salvador. A missão da Igreja move-se dentro destes parâmetros de universalidade : vida oferecida por todos, perspectiva de rebanho único, vida em abundância… Mesmo se o rebanho é numeroso, ninguém está a mais, ninguém se perde no anonimato; pelo contrário as relações são pessoais : o pastor conhece as suas ovelhas e estas conhecem-no (v. 14), chama-as uma a uma, pelo nome (v. 3). Há uma circularidade de vida e de relações entre o Pai, Jesus e as ovelhas, animados por uma mesma seiva de conhecimento e de amor (v. 15). Esta circularidade torna-se modelo para a missão pastoral da Igreja.

O intenso amor com que o Bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas produz frutos extraordinários : faz de nós filhos de Deus (II leitura). João assegura-nos que ‘somo-lo realmente!’. E que um dia veremos Deus ‘tal como Ele é’ (v. 1-2). Com o dom da sua vida, o Bom Pastor tornou-se o Salvador único e universal, de todos. Afirma-o com firmeza o apóstolo Pedro, ao falar de Jesus Cristo perante o Sinédrio (I leitura) : ‘Em nenhum outro há salvação; pois não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos’ (v. 12).

Seguir as pegadas de Jesus ‘Bom Pastor’ é também o objetivo que se propõe hoje o 49º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, com o convite a refletir sobre o tema : ‘As vocações, dom da Caridade de Deus’. (*) É necessário ter confiança em Deus, que quer a vida e cuida do seu rebanho, e portanto suscita certamente os pastores que o guiem; mas é preciso que os chamados respondam ao apelo do ‘Senhor da messe’. A vocação de especial consagração (sacerdócio, vida consagrada, vida missionária, serviços laicais…) reforça-se solidamente na experiência pessoal de sentir-se amado e chamado por Alguém que existe antes de mim. Para qualquer tipo de vocação, é determinante sentir como verdadeira a palavra de Jesus : ‘Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-me’ (v. 14). Trata-se de uma experiência fundante, que o teólogo protestante Karl Barth, superando o idealismo cartesiano, exprime assim : ‘Cogitor, ergo sum’ (sou pensado, logo existo). Sentir-se pensado por Deus faz-me viver, faz-me sentir grande, dá-me segurança, faz-me sentir filho e irmão, faz de mim um apóstolo.

Saber que vivo no coração de Deus abre-me ao mundo, torna-me disponível a partilhar os projetos e as preocupações do Bom Pastor, que tem ‘outras ovelhas’ (v. 16) a reunir, guiar, salvar. A proximidade e a contemplação do Bom Pastor faz-me ser Igreja missionária, com horizontes tão amplos quanto o mundo inteiro. Com esse fim é preciso habilitar as paróquias e as comunidades a não ser recintos tranquilos onde se cuida do que restou, mas campos de base onde se experimenta o encontro com o Ressuscitado e de onde se parte para anunciar Jesus aos que estão perto e aos que estão longe.’


Palavra do Papa Francisco

(*) ‘O Dia Mundial de Oração pelas Vocações nos lembra a importância de rezar para que o ‘dono da messe – como disse Jesus aos seus discípulos – mande trabalhadores para a sua messe’ (Lc 10, 2). Jesus dá esta ordem no contexto dum envio missionário : além dos doze apóstolos, Ele chamou mais setenta e dois discípulos, enviando-os em missão dois a dois (cf. Lc 10,1-16). Com efeito, se a Igreja ‘é, por sua natureza, missionária’ (Conc. Ecum. Vat. II., Decr. Ad gentes, 2), a vocação cristã só pode nascer dentro duma experiência de missão. Assim, ouvir e seguir a voz de Cristo Bom Pastor, deixando-se atrair e conduzir por Ele e consagrando-Lhe a própria vida, significa permitir que o Espírito Santo nos introduza neste dinamismo missionário, suscitando em nós o desejo e a coragem jubilosa de oferecer a nossa vida e gastá-la pela causa do Reino de Deus.’



Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EukAZlZyypkpjMteTk

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Jamaal, o muçulmano que morreu como cristão para não abandonar um amigo

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
  
 
‘Havia também um muçulmano, juntamente com 28 cristãos etíopes mortos na Líbia pelo Estado islâmico e mostrados no último vídeo horrendo divulgado domingo passado pelos jihadistas. O seu nome era Jamaal Rahman, assassinado por se recusar a abandonar o amigo cristão com quem ele estava fazendo uma viagem para a costa da Líbia, com a intenção de chegar à Europa.

A notícia vem diretamente da Etiópia e foi publicada ontem na Itália no site do PIME MissiOnline. Nestes dias, Addis Abeba está trabalhando para dar uma identidade às vítimas mostradas no vídeo. Durantes as investigações apareceu que alguns dos cristãos mortos era, na verdade, de nacionalidade eritreia. A verdadeira surpresa foi a descoberta dentro do grupo do jovem muçulmano, cuja presença foi confirmada por uma fonte ligada aos Shabaab, os fundamentalistas islâmicos que lutam na Somália.

Um jornal online do Somaliland explicou que o homem teria sido ‘convertido’ durante a viagem, enquanto que outra fonte jihadista afirma que Jamaal, em um gesto ‘louco’, teria se oferecido voluntariamente como refém para não deixar sozinho nas mãos da milícia do Estado Islâmico um companheiro de viagem cristão. Talvez esperasse que sua presença iria mudar o destino dos outros reféns.

Depois de confirmada a notícia deste corajoso muçulmano surgiu uma forte onda nas redes sociais, onde muitos muçulmanos etíopes compartilharam a foto que o mostra, identificando-o como a verdadeira face do Islã, por contraste à loucura do Estado Islâmico.


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.zenit.org/pt/articles/jamaal-o-muculmano-que-morreu-como-cristao-para-nao-abandonar-um-amigo


quinta-feira, 23 de abril de 2015

Bebê que viveu apenas 100 minutos é o mais jovem doador de órgãos

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

Jess Evans e Mike Houlston
com a filha, Billie, 3, e o filho Noah, 1

‘Um bebê que viveu apenas 100 minutos se tornou a pessoa mais jovem a doar órgãos no Reino Unido. A história de Teddy Noah Houlston ocorreu há um ano, mas só foi revelada nesta quinta-feira (23) pelo jornal britânico ‘Mirror’.

Os pais do bebê, Jess Evans e Mike Houlston, souberam da gravidez de seu primeiro filho ao retornar de uma viagem de Amsterdã (Holanda). Nos primeiros exames, eles descobriram que teriam gêmeos e contam que a notícia foi rapidamente espalhada entre seus amigos e conhecidos.  

Porém, quando Jess estava na 12ª semana de gestação, os pais descobriram que um dos bebês teria uma doença rara e que não sobreviveria mais do que um dia. Apesar do diagnóstico terrível para o casal, após debaterem sobre a situação, eles decidiram que levariam a gravidez adiante e que ‘um momento ou 10 minutos ou uma hora com o filho seria a mais preciosa experiência que poderiam ter’.  

Alguns médicos que atenderam a mãe sugeriram que ela abortasse o pequeno Teddy, mas os dois decidiram que iriam ter o filho para poder doar seus órgãos. Ao tomar a decisão, eles descobriram que o que iriam fazer era algo muito ‘fora do comum’ e organizaram toda a situação com a ajuda da equipe médica do hospital que escolheram. 

Assim que ambos nasceram, primeiro Noah Teddy, depois o pequeno Teddy Noah, eles puderam passar menos de duas horas com o último. A enfermeira especialista já estava de prontidão para realizar a cirurgia assim que o neném recém-nascido deixasse de respirar.

Jess e Mike definiram o momento como ‘de dor no coração e esperança’.

Assim que a cirurgia foi realizada, os rins do neném, que mediam 3,8 centímetros, e as válvulas cardíacas foram retirados e transplantados em pessoas adultas. Com o homem que recebeu os rins, os dois mantêm correspondência até hoje. 

Mesmo com o pouco tempo de vida, o casal guardou em um urso de pelúcia as batidas do coração de Teddy e o brinquedo se tornou um dos favoritos de Noah. Os dois também aparecem em uma foto juntos, para que o menino possa conhecer o irmão.

Antes de Teddy, a doadora mais jovem do Reino Unido era uma menina de cinco dias que nunca teve a identidade revelada.  

Atualmente, o país tem 7.000 pessoas aguardando na fila do transplante de órgãos e os médicos esperam que a atitude dos pais do menino inspire outras pessoas a serem doadoras também.


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2015/04/23/bebe-que-viveu-apenas-100-minutos-e-o-mais-jovem-doador-de-orgaos.htm

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Diálogo com os muçulmanos deve prosseguir mais do que nunca

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


‘Diante da radicalização do discurso comunitário e religioso dos últimos dias, somos chamados a reforçar a fraternidade e o diálogo. Esta é a exortação contida na declaração do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso sobre o diálogo com os muçulmanos, divulgada esta quarta-feira (22/04). O documento condena toda a violência com justificativa religiosa e reitera que ‘os fiéis constituem um formidável potencial de paz’.


Religiões são fontes de paz

Acontecimentos recentes levam muitos a questionar se ainda existe espaço para o diálogo com os muçulmanos. O dicastério vaticano para o diálogo inter-religioso é taxativo ao responder positivamente à questão, ao mesmo tempo que deplora a atual associação feita da palavra ‘religião’ com ‘violência’. ‘Os fieis – afirma o documento – devem demonstrar que as religiões são chamadas a ser fonte de paz e não de violência’.


Evitar estigmatização dos muçulmanos e do Islã

Um incremento do ódio, da violência, do terrorismo e da crescente e banal estigmatização dos muçulmanos e de sua religião, é um dos riscos que os últimos acontecimentos podem causar. Neste sentido, o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, exorta a se continuar o diálogo, ‘mesmo quando se tem a experiência da perseguição, pois este se torna um sinal de esperança’, pois ‘acreditamos que o homem foi criado por Deus e que a humanidade é uma única família’, e como cristãos, ‘acreditamos que Deus é amor’. O que queremos, ‘é propor o respeito pelas diferenças, a liberdade de pensamento, a salvaguarda da dignidade humana e o amor á verdade’.


Matar em nome da religião ofende a Deus

Matar em nome da religião não é somente ofender a Deus, mas uma derrota da humanidade, afirma a mensagem, citando uma declaração de Bento XVI dirigida ao Corpo Diplomático em 9 de janeiro de 2006, onde o Pontífice alertava para o perigo do choque entre civilizações e em particular do terrorismo organizado : ‘Nenhuma circunstância é válida para justificar tal atividade criminosa que cobre de infâmia quem a realiza e que é tanto mais vergonhoso quando usa uma religião como escudo, rebaixando assim a pura verdade de Deus à medida da própria cegueira e perversão moral’.


Papel fundamental da família e da escola

A mensagem exorta a rever a qualidade da vida em família, as modalidades de ensinamento da religião e da história e o conteúdo das pregações nos locais de culto. ‘Sobretudo a família e a escola – salientam - são a chave para que o mundo de amanhã se baseie no respeito recíproco e na fraternidade’.

Uma declaração do Papa Francisco em Ankara, Turquia, conclui o documento : ‘Portanto, a violência que busca uma justificação religiosa merece a mais forte condenação, pois o Onipotente é Deus da vida e da paz. De todos aqueles que sustentam adorá-lo, o mundo espera que sejam homens e mulheres de paz, capazes de viver como irmãos e irmãs, não obstante as diferenças étnicas, religiosas, culturais ou ideológicas’.


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.news.va/pt/news/dialogo-com-os-muculmanos-e-sinal-de-esperanca

terça-feira, 21 de abril de 2015

Santa Sé : Indignação com situação dos naufrágios

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

  
‘O Cardeal Antonio Maria Vegliò, Presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, se disse ‘envergonhado e indignado’ com a situação do naufrágio ocorrido sábado, 18 de abril, no Mar Mediterrâneo, que de acordo com as informações pode ter deixado de 700 a 900 mortos.

Este desastre é apenas mais recente de uma série sem fim que não pode deixar de provocar vergonha e indignação’, disse o Cardeal italiano ao cotidiano ‘L'Osservatore Romano’.

Segundo o responsável pelo departamento de migrações da Santa Sé, ‘somos todos responsáveis por estas tragédias; ninguém pode observar o problema de fora, sem se deixar envolver. Por trás de cada imigrante que morre no mar há um rosto, uma família, uma história’.

O jornal do Vaticano dedicou sua primeira página ao naufrágio, definindo-o como um ‘desastre ocorrido às portas de uma Europa que demonstra toda a sua fragilidade, ou até inconsistência, na resposta ao grito de socorro que se levanta’. O texto retoma o apelo do Papa Francisco feito no Regina Coeli de domingo, 19 de abril, para que a comunidade internacional atue ‘com decisão e prontidão para evitar que tais tragédias continuem a repetir-se’.

O artigo, intitulado ‘A hora das respostas’, aponta que ‘falta um acordo político na União sobre o modo de responder, além da retórica, a estas tragédias, cujo balanço poderá ser muito mais grave’.’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.alem-mar.org/noticias/EukAyEuukECTwXIclN.html

segunda-feira, 20 de abril de 2015

O silêncio dos países ocidentais perante a perseguição aos cristãos

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

  *Artigo de Dom Demetrio Fernández,
Bispo de Córdoba
  
‘No mundo inteiro, celebramos neste ano o centenário daquele genocídio armênio que eliminou um milhão e meio de cristãos só por serem cristãos. Ao longo do século XX houve outros extermínios. Em nossa pátria (a Espanha), nos anos 1930, nossos pais e avós sofreram perseguição e muitos deles o martírio (já reconhecido oficialmente pela Igreja). Antes, o mesmo aconteceu no México durante a revolução ‘cristera’. Depois, em muitos países do Leste da Europa. Ou na China, no Vietnã etc. Ao longo de toda a história, os cristãos foram perseguidos por serem cristãos. E o sangue dos mártires sempre foi semente de novos cristãos. Os perseguidores não sabem que, quanto mais perseguem, mais consolidam a fé cristã em tantos lugares da terra. E a Igreja abriu seu caminho ao longo da história em meio a perseguições e carências.

Outro tipo de perseguição, mais dissimulada, é a de amordaçar os cristãos nos países do ocidente, os países mais desenvolvidos, relegando a presença de Deus ao mais íntimo da consciência e estabelecendo uma ‘neutralidade’ laica na sociedade civil. Trata-se de encarar a vida e a sociedade como se Deus não existisse, ou fazendo abstração de Deus. A confissão pública da fé é permitida, mas não a influência da fé na esfera pública, nem sequer quando os cristãos são a imensa maioria. Não estou falando de confessionalidade, mas de presença do cristão na esfera pública, dentro de uma sadia laicidade positiva. Neste contexto, a força do Evangelho é diminuída com o consumismo, a busca do prazer e da comodidade, o afã de ter mais, a corrupção em todas as suas formas. A fé corre mais perigo nestes ambientes relaxados do que naqueles em que os cristãos são perseguidos cruentamente.

Em nossos dias, essa perseguição sangrenta continua em lugares como a Terra Santa, o Iraque, a Síria, a Líbia, a Nigéria, o Quênia, produzindo listas inumeráveis de mártires só por serem cristãos. Não passa uma semana sem que tenhamos novas notícias desse tipo.

O que podemos fazer?

Em primeiro lugar, rezar por todos os que são perseguidos por causa da sua fé, para que o Senhor os fortaleça, console e assista. Bem-aventurados sereis quanto vos insultarem, vos perseguirem e vos caluniarem de qualquer modo por minha causa. Alegrai-vos’ (Mt 5,11), diz-nos Jesus. Ele previu que no mundo teríamos lutas e perseguições. Portanto, não é nada novo que os discípulos de Cristo sofram perseguição por causa do Evangelho : ‘A vossa recompensa será grande no céu’. Os mártires nos falam de outra vida, superior, da vida eterna a que chegamos pelo caminho dos mandamentos e à qual chegam diretamente os que são sacrificados por serem cristãos.

Mas temos ainda de ser sensíveis e ficar atentos para mostrar a nossa solidariedade para com os irmãos cristãos que sofrem por causa da sua fé. Especialmente chamativo é o silêncio dos países ocidentais perante todas estas torturas, e, pior ainda, a indiferença globalizada, como se este assunto não fosse conosco. Somos mais sensíveis diante dos que morrem de fome do que diante dos que morrem pela fé, e não deveria acontecer nem uma coisa nem a outra. Há caminhos para fazer a nossa ajuda material chegar a esses campos de refugiados que carecem de tudo, somente por serem cristãos.

E não nos esqueçamos nunca de que o perdão é uma característica cristã. De um coração ferido, sairia espontaneamente, cedo ou tarde, a vingança, o ódio, a revanche. Os nossos irmãos cristãos, porém, que morrem por ser cristãos, nos dão um precioso testemunho de amor, de amor supremo, perdoando inclusive a quem os tortura. Esse amor só pode brotar de um coração como o de Cristo, que, ao ser crucificado, perdoou seus inimigos : ‘Pai, perdoa-os, porque não sabem o que fazem’ (Lc 23,34). Não é bom tapar e esquecer o passado. Recordamos para perdoar, recordamos para que as feridas sejam curadas, recordamos para aprender a amar sem medida.

Recebam o meu afeto e a minha bênção.


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.zenit.org/pt/articles/especialmente-chamativo-e-o-silencio-dos-paises-ocidentais-perante-todas-estas-torturas

sábado, 18 de abril de 2015

Aventuras do diálogo

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Dom Walmor Oliveira de Azevedo,
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, MG

‘A referência ao diálogo como aventura, embora cause certo estranhamento, é algo a se considerar no estágio atual da situação sociopolítica, cultural e mesmo religiosa da sociedade brasileira. Cenários diversos revelam a dificuldade generalizada para se estabelecer diálogos. E o diálogo é condição sem a qual não se edifica a sociedade, particularmente a contemporânea, na sua constituição plural. Prejudica esse necessário processo de interação o enquadramento de pessoas e de situações que pode levar a arbitrariedades e a desrespeitos, criando, consequentemente, verdadeira anarquia.

As concepções monolíticas a respeito de situações plurais na política, na cultura e mesmo na vida religiosa provocam grande confusão. Evidentemente, é preciso observar certos parâmetros. Princípios éticos e valores inegociáveis devem sempre pautar as condutas. Porém, o diálogo só é exitoso quando se reconhece a pluralidade, compreendendo que ninguém é dono da verdade. O respeito ao outro e às diferenças são condições para se avançar em discernimentos e, assim, fazer escolhas acertadas, corrigir rumos e alcançar novas respostas. Só o diálogo e a capacidade de dialogar revelam e comprovam a envergadura moral e cidadã.

Uma das mais terríveis crises da sociedade brasileira é a generalizada incompetência para o diálogo entre instituições, grupos e pessoas. Para complicar esse quadro desafiador, aparecem os oportunistas e também aqueles que buscam travar as possibilidades do intercâmbio de ideias e opiniões. Prenúncio para radicalismos e outras perdas no necessário processo de se reconstruir a nação. Para superar a falta generalizada de diálogo, são necessários exercícios que alarguem corações e mentes, que iluminem visões capazes de contribuir para o enfrentamento dos muitos problemas que se abatem sobre a sociedade.

O Papa Francisco, na sua Exortação Apostólica Alegria do Evangelho, fala sobre a crise do compromisso comunitário. O enfrentamento desse problema, com respostas assertivas, é que pode permitir o revigoramento da cidadania, em vista de uma nação civilizada, estabelecida nos trilhos da igualdade social, da justiça e da participação de todos. A solução não é simples e demanda mais que análises de caráter sociológico ou político. É necessário ultrapassar a defesa egoísta dos próprios interesses, de pequenos grupos ou classes, para empreender esforços e garantir soluções que gerem benefícios para a coletividade.

Essa nova postura é que possibilita um processo de interpretação de fatos e de acontecimentos capaz de suscitar nos corações o desejo e a prática do diálogo. Urgente é considerar os rápidos processos de desumanização em curso, muitos deles até com consequências irreversíveis. Uma conta a ser paga no restante da história desta sociedade que acata e acelera esses processos.  Em vez de se defender interesses partidários ou de poucos, é preciso considerar os descompassos do mundo contemporâneo. Enormes avanços e conquistas, progressos científicos e inovações tecnológicas contracenam com a violência, a miséria e o medo.

É irracional aguçar a simples defesa de interesses particulares e não percorrer a circularidade existencial, exercício indispensável para conseguir ver a partir do lugar do outro, especialmente de quem é mais pobre. A sensibilidade necessária para enxergar além do que é particular constitui condição para abrir-se ao diálogo. Exercitar esse discernimento possibilita reconhecer que todos partilham a mesma estatura e merecem respeito.  Assim, é possível o diálogo, caminho para superar a mesquinhez e a indiferença que alimentam, entre outros males, o desarvorado desejo de se acumular dinheiro e poder, verdadeira porta para a corrupção.

Para promover a abertura ao diálogo, em todos os níveis, na sociedade brasileira, vale a pena começar por dizer ‘não’, como ressalta o Papa Francisco, conselheiro admirável, na Exortação Apostólica Alegria do Evangelho : Não a uma economia da exclusão, pela superação da globalização da indiferença; não à nova idolatria do dinheiro, pelo reconhecimento de que a crise econômica é, acima de tudo, antropológica, pois é desconsiderado o primado da pessoa humana; não à desigualdade vergonhosa, fonte de violência, pois é necessária uma profunda reforma que inclua mais simplicidade nos gestos de ricos, que precisam ajudar os pobres. É preciso reduzir distâncias, aproximar do outro, para que se possa construir um futuro melhor. Essa tarefa tem dinâmica própria, que desafia a sociedade brasileira a entrar nas aventuras do diálogo.


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=5006

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Cáritas : as 400 pessoas afogadas no Mediterrâneo não eram descartáveis

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
  

‘Após a trágica morte de 400 pessoas em águas do Mediterrâneo, durante uma tentativa de fuga rumo à Europa, a Cáritas espanhola expressou com ênfase ‘que não queremos nem podemos nos acostumar com estes fatos’. A organização eclesial também afirmou que ‘os dispositivos de busca e resgate são insuficientes’.

Não aceitamos que estes dramáticos acontecimentos sejam meras notícias que dão lugar às próximas. Nem que se limitem à publicação recorrente de imagens anônimas, de estatísticas ou de dados’.

Cada uma dessas 400 pessoas afogadas, entre as quais há menores de idade, muitos viajando sozinhos, tinha nome, família. Eram donos da sua própria história e dos seus sonhos. Eram seres humanos como nós, únicos e irrepetíveis. Como crentes, não podemos esquecer que eles eram irmãos e irmãs nossos’.

Nenhum dos falecidos tinha tomado livremente a decisão de embarcar para a Europa. Sabemos que a maioria fugia da guerra, das matanças, da irracionalidade dos conflitos que, quase como uma macabra salmodia, são veiculados diariamente pelos meios de comunicação’.

‘Não é por se repetir que perde valor diante desta tragédia a exortação do papa Francisco por ocasião da tragédia de Lampedusa : ‘Que não falte a ninguém o socorro necessário’. Mais uma vez, porém, temos de afirmar de maneira categórica que estas 400 mortes poderiam ter sido evitadas’, lamenta a Cáritas espanhola.

Todos sabemos, e os responsáveis da União Europeia também, que os dispositivos de busca e resgate estabelecidos, além de insuficientes, são a consequência de reajustes orçamentários. Quem terá a coragem de avaliar esta decisão? Qual está sendo o preço?’.

Ao mesmo tempo em que convidamos toda a comunidade eclesial e a sociedade em geral a se unir em oração por tantas vidas perdidas, expressamos a nossa dor, a nossa solidariedade e condolência às famílias. E fazemos um apelo para manter viva a sensibilidade, não deixar de padecer com todos esses homens, mulheres e crianças que assumem riscos porque querem simplesmente viver com dignidade e em liberdade’.

Por fim, a entidade católica recordou que, ‘se existe algo verdadeiramente alheio ao Evangelho, é a ‘cultura do descarte’, que impregna hoje a nossa sociedade. Estas 400 pessoas mortas no mar não eram descartáveis, mas seres humanos imprescindíveis para construir a sociedade justa e fraterna em que acreditamos’.


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.zenit.org/pt/articles/caritas-as-400-pessoas-afogadas-no-mediterraneo-nao-eram-descartaveis