Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Cindy Wooden (Serviço Católico de Notícias)
Tradução : Ramón Lara
‘O
‘sentido de mistério’ e de temor que os católicos devem experimentar na
Missa não é motivado pelo latim ou por elementos ‘criativos’
acrescentados à celebração, mas por uma consciência do sacrifício de Cristo e
de sua presença real na Eucaristia, disse o Papa Francisco.
‘A
beleza, assim como a verdade, sempre engendra maravilhas e, quando se referem
ao mistério de Deus, levam à adoração’, escreveu Francisco em uma carta
apostólica ‘sobre a formação litúrgica do povo de Deus’.
Intitulada
‘Desiderio Desideravi’ (‘Desejo sinceramente’), a carta foi publicada em
29 de junho, festa dos Santos Pedro e Paulo. O título vem de Lucas 22,15
quando, antes da Última Ceia, Jesus diz a seus discípulos : ‘Desejei muito
comer esta Páscoa convosco, antes que padeça’.
Na
carta, o Papa Francisco insistiu que os católicos precisam entender melhor a
reforma litúrgica do Concílio Vaticano II e seu objetivo de promover a ‘celebração
plena, consciente, ativa e frutífera’ da Missa.
‘Com
esta carta, quero simplesmente convidar toda a Igreja a redescobrir,
salvaguardar e viver a verdade e o poder da celebração cristã’, escreveu o
Papa. ‘Quero que a beleza da celebração cristã e suas consequências
necessárias para a vida da Igreja não sejam prejudicadas por uma compreensão
superficial e escorçada de seu valor ou, pior ainda, por serem exploradas a
serviço de alguma visão ideológica, não importa qual é a tonalidade.’
‘A
oração sacerdotal de Jesus na Última Ceia para que todos sejam um com cada uma
de nossas visões em torno do pão partido, em torno do sacramento da
misericórdia, o sinal da unidade, o vínculo da caridade’, disse Francisco.
Enquanto
sua carta oferecia o que ele chamou de ‘meditação’ sobre o poder e a
beleza da Missa, o Papa Francisco também reiterou sua convicção da necessidade
de limitar as celebrações da liturgia de acordo com o rito em uso antes do
Concílio Vaticano II.
‘Não
podemos voltar àquela forma ritual que os padres conciliares, 'cum Petro et sub
Petro', (com e sob Pedro) sentiram a necessidade de reformar, aprovando, sob a
direção do Espírito Santo e seguindo sua consciência de pastores, os princípios
dos quais nasceu a reforma’.
Os
livros litúrgicos aprovados pelos ‘santos pontífices São Paulo VI e São João
Paulo II’, disse, ‘garantiram a fidelidade da reforma do Concílio’.
Embora
a Missa pós-Vaticano II seja celebrada em latim e em dezenas de línguas
vernáculas, assinalou, é ‘uma e a mesma oração capaz de expressar a unidade
da Igreja’.
‘Como
já escrevi, pretendo que esta unidade seja restabelecida em toda a Igreja de
rito romano’, disse, razão pela qual em 2021 promulgou ‘Traditionis
Custodes’ (Guardiões da Tradição), limitando as celebrações da Missa
segundo o rito usado antes do Concílio Vaticano II.
A
maior parte da nova carta do papa concentrou-se em ajudar os católicos a
aprender a reconhecer e se surpreender com o grande dom da Missa e da
Eucaristia e como não é simplesmente uma ‘encenação’ ou ‘representação’
semanal da Última Ceia, mas realmente permite que as pessoas de todos os tempos
e lugares para encontrar o Senhor crucificado e ressuscitado e comer seu corpo
e beber seu sangue.
E,
escreveu o Papa, é essencial reconhecer que a missa não pertence ao padre ou a
qualquer adorador individual, mas a Cristo e sua Igreja.
‘A
liturgia não diz ‘eu’, mas ‘nós’, e qualquer limitação na amplitude desse ‘nós’
é sempre demoníaca’, disse. ‘A liturgia não nos deixa sozinhos para
buscar um suposto conhecimento individual do mistério de Deus. Pelo contrário,
toma-nos pela mão, juntos, como uma assembleia, para nos levar ao fundo do
mistério que a palavra e os sinais sacramentais nos revelam’.
‘Consistente
com toda ação de Deus’, apontou o Papa, a liturgia leva as pessoas ao
mistério usando ações e sinais simbólicos.
Francisco
reconheceu que algumas pessoas afirmam que ao reformar a liturgia e permitir as
celebrações da Missa no idioma da congregação local, de alguma forma, perdeu o
que ‘significa a expressão vaga 'sentido de mistério'’.
Mas
o mistério celebrado e comunicado, disse ele, não se trata de ‘um rito
misterioso. É, pelo contrário, maravilhado pelo fato de que o plano salvífico
de Deus foi revelado no ato pascal de Jesus’.
A
liturgia usa ‘coisas que são exatamente o oposto das abstrações espirituais :
pão, vinho, óleo, água, fragrâncias, fogo, cinzas, pedra, tecidos, cores,
corpo, palavras, sons, silêncios, gestos, espaço, movimento, ação, ordem,
tempo, luz’, disse. Essas coisas concretas proclamam que ‘toda a criação
é uma manifestação do amor de Deus, e desde quando esse mesmo amor se
manifestou em sua plenitude na cruz de Jesus, toda a criação foi atraída para
ela’.
No
entanto, escreveu o Papa Francisco, as palavras, gestos e símbolos a serem
usados são apenas aqueles aprovados pela Igreja.
‘Sejamos
claros aqui : cada aspecto da celebração deve ser cuidadosamente cuidado
(espaço, tempo, gestos, palavras, objetos, vestimentas, canto, música) e cada
rubrica deve ser observada’, escreveu. Caso contrário, o celebrante ou os
ministros correm o risco de ‘roubar da assembleia o que lhe é devido; ou
seja, o mistério pascal celebrado de acordo com o rito que a Igreja estabelece’.
O
Papa Francisco disse que ‘a não aceitação da reforma litúrgica’ do
Vaticano II, bem como ‘uma compreensão superficial dela, nos distrai da
obrigação de encontrar respostas para a pergunta que volto a repetir : como
podemos crescer em nossa capacidade de viver plenamente a ação litúrgica? Como
continuamos nos deixando maravilhar com o que acontece na celebração sob nossos
olhos?’
‘Precisamos
de uma formação litúrgica séria e dinâmica’, apontou.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://domtotal.com/noticia/1583238/2022/07/o-papa-francisco-divulga-nova-carta-sobre-liturgia/
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