domingo, 10 de julho de 2022

O Papa Francisco divulga nova carta sobre liturgia

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Cindy Wooden (Serviço Católico de Notícias)

Tradução : Ramón Lara

 

‘O ‘sentido de mistério’ e de temor que os católicos devem experimentar na Missa não é motivado pelo latim ou por elementos ‘criativos’ acrescentados à celebração, mas por uma consciência do sacrifício de Cristo e de sua presença real na Eucaristia, disse o Papa Francisco.

A beleza, assim como a verdade, sempre engendra maravilhas e, quando se referem ao mistério de Deus, levam à adoração’, escreveu Francisco em uma carta apostólica ‘sobre a formação litúrgica do povo de Deus’.

Intitulada ‘Desiderio Desideravi’ (‘Desejo sinceramente’), a carta foi publicada em 29 de junho, festa dos Santos Pedro e Paulo. O título vem de Lucas 22,15 quando, antes da Última Ceia, Jesus diz a seus discípulos : ‘Desejei muito comer esta Páscoa convosco, antes que padeça’.

Na carta, o Papa Francisco insistiu que os católicos precisam entender melhor a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II e seu objetivo de promover a ‘celebração plena, consciente, ativa e frutífera’ da Missa.

Com esta carta, quero simplesmente convidar toda a Igreja a redescobrir, salvaguardar e viver a verdade e o poder da celebração cristã’, escreveu o Papa. ‘Quero que a beleza da celebração cristã e suas consequências necessárias para a vida da Igreja não sejam prejudicadas por uma compreensão superficial e escorçada de seu valor ou, pior ainda, por serem exploradas a serviço de alguma visão ideológica, não importa qual é a tonalidade.

A oração sacerdotal de Jesus na Última Ceia para que todos sejam um com cada uma de nossas visões em torno do pão partido, em torno do sacramento da misericórdia, o sinal da unidade, o vínculo da caridade’, disse Francisco.

Enquanto sua carta oferecia o que ele chamou de ‘meditação’ sobre o poder e a beleza da Missa, o Papa Francisco também reiterou sua convicção da necessidade de limitar as celebrações da liturgia de acordo com o rito em uso antes do Concílio Vaticano II.

Não podemos voltar àquela forma ritual que os padres conciliares, 'cum Petro et sub Petro', (com e sob Pedro) sentiram a necessidade de reformar, aprovando, sob a direção do Espírito Santo e seguindo sua consciência de pastores, os princípios dos quais nasceu a reforma’.

Os livros litúrgicos aprovados pelos ‘santos pontífices São Paulo VI e São João Paulo II’, disse, ‘garantiram a fidelidade da reforma do Concílio’.

Embora a Missa pós-Vaticano II seja celebrada em latim e em dezenas de línguas vernáculas, assinalou, é ‘uma e a mesma oração capaz de expressar a unidade da Igreja’.

‘Como já escrevi, pretendo que esta unidade seja restabelecida em toda a Igreja de rito romano’, disse, razão pela qual em 2021 promulgou ‘Traditionis Custodes’ (Guardiões da Tradição), limitando as celebrações da Missa segundo o rito usado antes do Concílio Vaticano II.

A maior parte da nova carta do papa concentrou-se em ajudar os católicos a aprender a reconhecer e se surpreender com o grande dom da Missa e da Eucaristia e como não é simplesmente uma ‘encenação’ ou ‘representação’ semanal da Última Ceia, mas realmente permite que as pessoas de todos os tempos e lugares para encontrar o Senhor crucificado e ressuscitado e comer seu corpo e beber seu sangue.

E, escreveu o Papa, é essencial reconhecer que a missa não pertence ao padre ou a qualquer adorador individual, mas a Cristo e sua Igreja.

A liturgia não diz ‘eu’, mas ‘nós’, e qualquer limitação na amplitude desse ‘nós’ é sempre demoníaca’, disse. ‘A liturgia não nos deixa sozinhos para buscar um suposto conhecimento individual do mistério de Deus. Pelo contrário, toma-nos pela mão, juntos, como uma assembleia, para nos levar ao fundo do mistério que a palavra e os sinais sacramentais nos revelam’.

Consistente com toda ação de Deus’, apontou o Papa, a liturgia leva as pessoas ao mistério usando ações e sinais simbólicos.

Francisco reconheceu que algumas pessoas afirmam que ao reformar a liturgia e permitir as celebrações da Missa no idioma da congregação local, de alguma forma, perdeu o que ‘significa a expressão vaga 'sentido de mistério'’.

Mas o mistério celebrado e comunicado, disse ele, não se trata de ‘um rito misterioso. É, pelo contrário, maravilhado pelo fato de que o plano salvífico de Deus foi revelado no ato pascal de Jesus’.

A liturgia usa ‘coisas que são exatamente o oposto das abstrações espirituais : pão, vinho, óleo, água, fragrâncias, fogo, cinzas, pedra, tecidos, cores, corpo, palavras, sons, silêncios, gestos, espaço, movimento, ação, ordem, tempo, luz’, disse. Essas coisas concretas proclamam que ‘toda a criação é uma manifestação do amor de Deus, e desde quando esse mesmo amor se manifestou em sua plenitude na cruz de Jesus, toda a criação foi atraída para ela’.

No entanto, escreveu o Papa Francisco, as palavras, gestos e símbolos a serem usados são apenas aqueles aprovados pela Igreja.

Sejamos claros aqui : cada aspecto da celebração deve ser cuidadosamente cuidado (espaço, tempo, gestos, palavras, objetos, vestimentas, canto, música) e cada rubrica deve ser observada’, escreveu. Caso contrário, o celebrante ou os ministros correm o risco de ‘roubar da assembleia o que lhe é devido; ou seja, o mistério pascal celebrado de acordo com o rito que a Igreja estabelece’.

O Papa Francisco disse que ‘a não aceitação da reforma litúrgica’ do Vaticano II, bem como ‘uma compreensão superficial dela, nos distrai da obrigação de encontrar respostas para a pergunta que volto a repetir : como podemos crescer em nossa capacidade de viver plenamente a ação litúrgica? Como continuamos nos deixando maravilhar com o que acontece na celebração sob nossos olhos?’

Precisamos de uma formação litúrgica séria e dinâmica’, apontou.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://domtotal.com/noticia/1583238/2022/07/o-papa-francisco-divulga-nova-carta-sobre-liturgia/

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