quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Roma locuta? Uma aproximação à eclesiologia da cúpula do Vaticano sobre o abuso sexual

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 Francisco iniciou a conversão eclesiológica para uma maior colegialidade e sinodalidade.
*Artigo de Massimo Faggioli,
Tradução : Ramón Lara


...Assim como as revoluções políticas e convulsões culturais do século XVIII impactaram os direitos divinos dos monarcas, a crise clerical dos abusos sexuais está derrubando os direitos divinos da hierarquia católica. A crise é muito maior do que um enorme problema de corrupção e encobrimento.

O escândalo do abuso sexual na Igreja Católica não é um momento isolado na história. Pelo contrário, deve ser visto dentro de uma série de desafios que a modernidade colocou à religião institucional. No horizonte, enormes consequências a longo prazo para o papel e a vida da Igreja.

Elas incluem o seguinte : os efeitos da transparência e da responsabilidade na religião organizada; a capacidade da Igreja de lidar com a psicologia da indignação na era das mídias sociais; e a enorme renegociação das relações entre a Igreja e o Estado, como o arcebispo australiano Mark Coleridge apontou durante uma conferência de imprensa no encontro do Vaticano sobre o abuso sexual de clérigos.

A reunião de 21 a 24 de fevereiro - oficialmente chamada de ‘reunião sobre a proteção de menores na Igreja’ - será um momento importante da história do catolicismo institucional.

E, enquanto a parte mais decisiva depende do acompanhamento dos quatro dias de reunião, a reunião em si já ofereceu uma imagem da Igreja que nos ajuda a entender a complexidade da crise.

A história da resposta da Igreja Católica à crise dos abusos sexuais como uma crise global ainda tem que ser escrita, no entanto, podemos identificar três formas diferentes com as quais o Vaticano lidou até agora.

Durante o pontificado de João Paulo II, a resposta foi caracterizada pela atitude defensiva e a negação - não apenas pelo próprio papa polonês, mas também por seu séquito e altos funcionários do Vaticano que ele mesmo nomeou.

Havia também a tendência de defender os agressores e aqueles que encobriam o abuso. O exemplo mais escandaloso foi a nomeação do cardeal Bernard Law por João Paulo II como arcipreste da Basílica Romana de Santa Maria Maggiore em 2004.

Durante a era de Bento XVI, o Vaticano começou a se concentrar em casos como os protagonizados pelos Legionários de Cristo e pela Igreja Católica na Irlanda.

Adotou novos instrumentos legais para combater o fenômeno do abuso sexual, mas o fez seguindo o modelo clássico de gestão eclesiástica de cima para baixo, baseado em uma eclesiologia centralista.

O pontificado do Papa Francisco deu início a um momento diferente, não apenas pelos novos desdobramentos da crise global entre 2017 e 2018 (especialmente na Austrália, Chile e Estados Unidos), mas também por uma abordagem eclesiológica diferente.

Primeiro, Francisco trouxe a crise para o Vaticano não apenas como um lugar para as relações bilaterais entre Roma e a Igreja em um país ou uma ordem religiosa.

A convergência acontece entre a percepção de Francisco sobre o catolicismo global e sua eclesiologia da sinodalidade : todos os países representados no encontro pela conferência episcopal, todas as áreas do mundo representadas pelos oradores; as contribuições essenciais feitas pelas mulheres para a conferência; a necessidade de criar um espaço e ter tempo para uma conversa eclesial que precede qualquer tomada de decisão.

Em segundo lugar, a eclesiologia da sinodalidade é relevante para o manejo do Vaticano da crise dos abusos como uma Igreja global.

A crise revelou a insustentabilidade de um modelo eclesiológico que, no segundo período pós-Vaticano II (de João Paulo II a Bento XVI), frustrou o papel teológico dos níveis local e nacional.

Neste sentido, a ação de Francisco sobre a crise dos abusos sexuais foi uma combinação necessária de impulsos do centro (desde a criação da Comissão Pontifícia para o Abuso de Menores em 2014 até a reunião de fevereiro de 2019) e a criação de novos espaços. para colegialidade e a sinodalidade.

Esta é uma mistura que reflete não apenas a eclesiologia do papa, mas também a necessidade de reciprocidade entre o nível universal-central e o nível local no catolicismo romano.

Francisco iniciou a conversão eclesiológica para uma maior colegialidade e sinodalidade, conforme necessário para combater o clericalismo, que o papa identifica como a causa e raiz do abuso sexual do clero.

Em terceiro lugar, uma igreja sinodal requer discernimento. No recente encontro sobre o abuso, o Vaticano tentou ser transparente no uso da mídia, fazendo com que grande parte da reunião fosse acessível a qualquer um que desejasse assistir a sessões públicas on-line, em particular as três apresentações diárias e a coletiva de imprensa.

Mas tentou equilibrar essa transparência com momentos privados, fora da câmera, necessários para criar um clima de discernimento entre os participantes.

Por esse motivo, não forneceu cobertura do período de perguntas e respostas após cada apresentação. E permitiu que apenas os participantes do encontro assistissem ao momento de oração penitencial do sábado e à missa de encerramento do domingo, em vez de abri-lo ao público.

Essas sessões a portas fechadas foram claramente necessárias também por razões de segurança, em uma reunião realizada em um Vaticano sitiada, simbólica e materialmente, por organizações representando vítimas de abuso e outros grupos de defesa católicos.

Mas as sessões fechadas também foram destinadas a comover os participantes e sensibilizá-los sobre o encontro, também como um retiro espiritual, e não apenas um evento da mídia.

As liturgias do sábado e do domingo foram preparadas e compreendidas de maneira muito diferente das do passado - particularmente as do pontificado de João Paulo II. Por exemplo, a liturgia penitencial teve lugar na Basílica de São Pedro onde aconteceu o Grande Jubileu (12 de março de 2000).

Quarto, uma Igreja sinodal está aberta a diferentes tipos de contribuições provenientes (ad extra) do mundo exterior.

Isso foi muito visível nas fontes e organizações que o Papa Francisco citou em seu discurso final : a Organização Mundial de Saúde, UNICEF, Interpol, Europol, o Centro Asiático de Direitos Humanos, o Instituto Australiano de Saúde e Bem-Estar e assim por diante.

O encontro deu um lugar especial à mídia, não apenas como um simples mensageiro da notícia, mas também como um ator-chave na história da crise dos abusos sexuais católicos.

O discurso da jornalista vaticana Valentina Alazraki do México foi sobre o reconhecimento do poder da mídia na Igreja - e também uma captatio benevolentiae à imprensa dos estrategistas de mídia do Vaticano.

Por outro lado, a cúpula do Vaticano não incluiu outros atores-chave que poderiam ajudar a entender melhor a complexidade da crise dos abusos, como representantes da polícia, advogados, gerentes de seguros e, principalmente, procuradores-gerais e promotores que trabalham para a jurisdição civil.

A reunião do Vaticano ofereceu um quadro simplificado (apresentando as hierarquias eclesiásticas, as vítimas e a mídia) de uma situação muito mais complexa.

Quinto, uma Igreja sinodal significa uma Igreja aberta à mudança que não é apenas estrutural, mas também teológica. A cúpula deixou claro, mais do que nunca, que a Igreja precisa de órgãos governamentais eclesiásticos que incluam mulheres na mesa onde as decisões são tomadas.

Apesar de todo o constrangimento visível do modo coloquial de Francisco falar sobre as mulheres - especialmente duro para os ouvidos da maioria dos católicos no mundo ocidental - é inegável que alguns passos positivos foram dados na direção certa.

Mas o espectro de problemas a longo prazo é muito mais amplo. O abuso sexual não é apenas um problema para as igrejas ocidentais que enfrentam uma crise de civilização, centrada em questões sexuais e biopolíticas.

Pelo contrário, é um problema global e potencialmente mais sério para as igrejas em lugares como a África, a Ásia e também a Itália, onde o abuso sexual tem sido irresponsavelmente subestimado até agora.

Não é simplesmente uma questão de lidar com um fenômeno criminoso. É também uma questão teológica : da teologia dos sacramentos (especialmente da ordenação ao sacerdócio) aos modelos eclesiológicos; do papel das mulheres na Igreja ao magistério do século passado sobre moralidade sexual.

A questão mais complicada diz respeito às reformas estruturais necessárias para abordar a mística em torno do sacerdócio e do episcopado, que muitas vezes ainda são vistas como posições de honra sem as responsabilidades que derivam das ordens sagradas.

O espectro das questões a serem abordadas é amplo. Nesse sentido, as demandas por ‘tolerância zero’, que devem ser ouvidas, especialmente porque vêm de grupos de vítimas - podem se tornar um slogan que não ajuda na compreensão da vastidão das questões em aberto.

Para fazer uma comparação, o Concílio de Trento, no século XVI, não respondeu à Reforma Protestante apenas com um programa de limpeza da corrupção.

Também repensou algumas categorias teológicas. A resposta atual da Igreja ao abuso sexual ainda está em seus estágios iniciais, e isso não é culpa apenas do Vaticano ou da hierarquia eclesiástica.

O paradoxo é que o escândalo atingiu mais fortemente os países mais distantes de Roma - lugares como a Austrália e os Estados Unidos que são geográfica e culturalmente distantes, e onde a teologia é vital, mas, nas últimas décadas, teve menos impacto na elaboração de políticas doutrinárias e no magistério da Igreja.

 Sob o papa Francisco, o papado parece ter dado um passo para frente na luta contra o abuso sexual clerical. Mas na Igreja global, e nesta comunhão global feita de periferias, o catolicismo ainda tem muitos passos para dar.’


Fonte :
  

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Igreja e Islã, amizade é fortalecida

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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Primeiras decisões

E é precisamente na recordação daquele momento que a delegação oficial dos Emirados, liderada pelo Xeique Ben Zayed, foi recebida na residência de Santa Marta, no Vaticano, por volta das 12h30, hora local. O objetivo era comunicar pessoalmente a Francisco o primeiro feedback concreto produzido pelos princípios contidos na Declaração, alguns já implementados e outros em fase de realização. O Papa e o Xeique conversaram por 45 minutos antes de proceder à troca de presentes e depois continuar com o almoço na residência de Santa Marta. Além de cópias da Declaração sobre a Fraternidade Humana, Francisco quis dar de presente a cópia de uma gravura original datada do século XVII, que mostra as obras na Praça de São Pedro, e quatro grandes álbuns de fotos destinados ao presidente e vice-presidente dos Emirados Árabes Unidos, com uma série de fotos recordação da visita papal aos Emirados.

As pedras da tolerância

Um dos presentes do Xeique ao Papa é singular e precioso, uma pequena caixa com algumas pedras cor ouro e bronze inteiramente cobertas de inscrições em árabe, mensagens inspiradas no amor e na tolerância. Um símbolo ‘sólido’ para recordar o espírito da Declaração, de um catolicismo e de um islã que desejam prosseguir lado a lado em amizade, como a que há muito tempo liga seus dois maiores representantes. Certamente, um documento histórico que, enquanto isso, nos Emirados Árabes Unidos e no mundo islâmico está lentamente reescrevendo a história.

Gesto inimaginável

Falando na Cúpula Mundial de Governos realizada em Dubai há duas semanas, o próprio Xeique Ben Zayed enfatizou os passos dados pelo Papa e pelo Grande Imame. ‘Quem dentre nós - disse ele - poderia ter imaginado que dois símbolos dessa magnitude teriam superado todos os obstáculos para selar um documento de reconciliação, em um mundo marcado por oposições políticas, por incitação ao ódio, à violência e ao extremismo?’.

A única maneira de ‘apertar as mãos’

A resposta está na força dos valores que as duas religiões escolheram compartilhar, na condenação de todas as formas de intolerância, especialmente se armada, o apelo aos governantes para garantir a liberdade e os direitos e impedir ‘o derramamento de sangue inocente’, o respeito pelas mulheres, a vida, pela expressão da fé pessoal e pela casa do mundo em que todos vivemos. Uma declaração que será estudada, foi assegurado. Mas o ponto de partida e ponto crítico, foi indicado pelo Papa Francisco aos repórteres no voo de retorno de Abu Dhabi : ‘Se nós crentes não somos capazes de nos dar a mão, de nos abraçarmos, beijarmos e até rezarmos, a nossa fé será derrotada’.’


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domingo, 24 de fevereiro de 2019

A coragem de dar um nome ao mal dos abusos


Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 Missa presidida pelo Papa na Sala Régia
*Artigo de Andrea Tornelli,
jornalista e escritor



Já no passado, durante a conversa com os jornalistas no avião, Francisco havia comparado o abuso a ‘uma missa negra’. Portanto, ‘por trás disso está satanás’, a mão do mal. Reconhecer isso não significa esquecer todas as explicações, ou diminuir as responsabilidades pessoais de indivíduos e coletivas da instituição. Significa situá-las em um contexto mais profundo.

Em seu discurso, o Papa falou sobre os abusos no mundo, não apenas na Igreja. Mas isto para manifestar uma preocupação de pai e de pastor, que não pretende de forma alguma diminuir a gravidade dos abusos cometidos no âmbito eclesial, porque a abominável desumanidade do fenômeno ‘torna-se ainda mais grave e mais escandalosa na Igreja.’

Os pais que tinham confiado seus filhos e os seus jovens aos sacerdotes, para que os educassem introduzindo-os na vida de fé, os viram sendo restituídos com o corpo e a alma irremediavelmente e permanentemente feridos.

Na ira justificada do povo, explicou o Papa, a Igreja ‘vê o reflexo da ira de Deus, traído e esbofeteado por estes consagrados desonestos’.

O grito silencioso dos abusados, o drama incurável de suas vidas destruídas por consagrados transformados em porcos corruptos e insensíveis, ecoou na Sala do Sínodo. Ele traspassou o coração dos bispos e superiores religiosos. Varreu justificativas, imagens jurídicas, a frieza de discussões técnicas, o buscar abrigo nas estatísticas. A absoluta gravidade do fenômeno tornou-se consciência da Igreja universal como nunca antes havia acontecido.

Francisco em seu discurso conclusivo quis agradecer a todos os sacerdotes e religiosos que se consomem para anunciar o Evangelho, educar e proteger os pequenos e indefesos, dando a própria vida no seguimento de Jesus. Olhar na cara o abismo do mal não pode fazer esquecer o bem, não por inúteis lampejos de orgulho, mas porque é preciso saber onde olhar e quem seguir como exemplo.

Mas o encontro no Vaticano não foi apenas um soco no estômago que tornou os participantes mais conscientes dos efeitos devastadores do mal e do pecado e, portanto, da necessidade de pedir perdão, invocando a ajuda graça divina.

O encontro de cúpula também atesta a firme vontade de dar substância ao que irá emergir a partir dos próximos dias, com escolhas operacionais eficazes. Porque a consciência da gravidade do pecado, e o constante apelo ao Céu para implorar ajuda, que caracterizaram o encontro no Vaticano, andam de mãos dadas com um compromisso renovado e operacional, para fazer com que os ambientes eclesiais sejam sempre mais seguro para os menores e os adultos vulneráveis. Na esperança de que este compromisso possa contagiar também todos os outros setores de nossas sociedades.’


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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Papa sobre pedofilia: 'responsabilidade e transparência'

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 Papa Francisco discursa na abertura da reunião sobre a proteção de menores, no Vaticano.
*Artigo de Mirticeli Dias de Medeiros,
jornalista e mestre em História da Igreja, uma das poucas brasileiras
credenciadas como vaticanista junto à Sala de Imprensa da Santa Sé



A assembleia, cuja proposta é debater o problema a partir de duas diretrizes apresentadas por Papa Francisco - ‘responsabilidade e transparência’ -, admite ao mundo a enorme contradição que existe quando em uma instituição que diz prezar pela dignidade humana e cuja matriz é, por essência, educadora, se manifeste esse tipo de crime hediondo. E Francisco tem consciência disso.

Em 3 anos, não foram poucas as denúncias de abusos contra menores e adultos envolvendo padres, religiosos e até um cardeal, o americano Theodore Edgar McCarrick, recentemente demitido do estado clerical por Francisco. A maioria dos casos, ocorridos entre as décadas de 70 e 80, só vieram à tona agora. Os acobertamentos e as falhas na deliberação de medidas concretas estão entre as principais causas desse ‘boom’ que aconteceu do dia para a noite.

Em meio a esses escândalos que abalam as estruturas da Igreja Católica, o papel da imprensa tem sido fundamental. É tanto que, na coletiva de imprensa realizada esta semana, os membros da comissão responsável pela assembleia surpreenderam a todos ao elogiar o trabalho realizado pelos jornalistas, com destaque para os profissionais do The Boston Globe que integraram a famosa rede de investigação Spotlight. No caso do Chile, foi graças à apuração da jornalista chilena Paulina de Allende que o ex-sacerdote Fernando Karadima foi a julgamento.

Enquanto dentro dos ‘sagrados palácios’ os 190 membros da hierarquia católica discutem como lidar com essa crise, do lado de fora os membros de associações formadas por vítimas de abusos, que vieram a Roma, protestam em locais públicos, em frente à praça de São Pedro e no centro da cidade. É a voz do povo que clama por justiça e denuncia o abuso de poder presente em parte de uma estrutura marcada pelo clericalismo e pelo carreirismo, duas chagas que Francisco pretende combater e que, na visão dele, estariam por trás de todos esses crimes.

Um dia antes do início da reunião, 12 vítimas de abusos cometidos por religiosos encontraram os membros da comissão de combate à pedofilia na Igreja. O evento, cujo encerramento acontecerá no domingo (24), gera esperança porque é a primeira vez na história que um pontífice coloca nas mãos da Igreja universal a responsabilidade pelo ocorrido e, juntamente com ela, tenta achar uma saída para que tais situações dramáticas não se repitam.

É certo que, com a iniciativa, a expectativa é que a vigilância nas dioceses se intensifique, do contrário, tudo continuará do jeito que está. Os bispos bolivianos, representados pelo presidente da conferência episcopal, pretendem apresentar ao Papa Francisco a proposta de um ‘protoloco de atuação’ contra padres pedófilos. Da mesma forma, outros líderes católicos terão a liberdade de propor linhas de ação no decorrer do evento. Agora é esperar para ver se, além dos documentos e boas intenções, esse mal seja erradicado de vez do seio da Igreja Católica.

Nossa falta de resposta diante do sofrimento das vítimas, ao ponto de rechaçá-las e de acobertar o escândalo para proteger os autores e as instituições, acabou com o nosso povo’, disse o cardeal filipino Luís Antonio Tagle, um dos 9 relatores escolhidos para discursar durante a assembleia.’


Fonte :  

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

O problema é Jesus!


Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 Jesus sempre será um problema para a sociedade e para o cristianismo.
*Artigo de Fabrício Veliq,
teólogo protestante



Desde sua origem, o cristianismo e seus discípulos tiveram que lidar com diversas questões que os tiravam de alguma possível zona de conforto e suas próprias visões de Deus, justamente por Jesus ter sido muito diferente daquilo que se esperava dele. Exemplos desse tipo podem ser dados em coisas que, para nós, cristãos e cristãs do século XXI, parecem besteiras, contudo se mostravam de uma importância significativa e algumas vezes, fundamental para essa nova religião que se iniciava.

Um desses exemplos é o batismo de Jesus. O cristianismo nascente precisava lidar com o fato de que Jesus havia sido batizado por João, que fazia um batismo de arrependimento para todos e todas as que vinham até ele. Ora, se de acordo com o cristianismo, Jesus não havia cometido nenhum pecado, qual o motivo dele ser batizado por João? Os próprios Evangelhos tiveram dificuldades em lidar com isso, bastando, para isso, perceber como que as narrativas vão sendo mais elaboradas à medida que o tempo de escrita vai se passando. Marcos e Lucas escrevem um pequeno trecho sobre isso. Mateus, por sua vez, já incorpora outros elementos na narrativa, como por exemplo, a resistência de João Batista com relação a esse batismo, a fim de dar a entender que João via Jesus como superior a ele. O evangelho de João, último escrito, por sua vez, nem menciona essa questão.

Outro exemplo é a própria morte de Jesus crucificado. Era sabido naquela época que a morte por crucificação era imposta pelo Império Romano a todos e todas que se levantassem contra César, como exemplo para que outras pessoas não tentassem se revoltar contra seu governo. Como falar que o crucificado, o morto como bandido, entre bandidos, era o messias prometido para a salvação do povo de Israel?

Há vários outros exemplos que poderíamos citar, mas somente esses dois mostram a imensa dificuldade que essas questões traziam para um cristianismo nascente que precisava dar respostas a questões totalmente passíveis de interrogação para aquele tempo e que, além disso, ainda pregava que um nazareno subversivo era, de fato, a encarnação de Deus na Terra e modelo a ser seguido por todos e todas.

Ainda hoje Jesus continua sendo um problema, principalmente para os diversos cristianismos que caminham na contramão daquilo proposto por ele, tais como o neoliberal e seu irmão gêmeo, o cristianismo da teologia da prosperidade, uma vez que Jesus os interpela mostrando que a mensagem de riqueza que anunciam em nada tem a ver com a mensagem de amor que ele anunciava como marca característica de Deus.

Também se mostra como um problema para aqueles e aquelas que querem pensar um Jesus que não viveu na carne, mas somente como um ser celestial e glorificado que não é desse mundo e que saía fazendo milagres a torto e a direita para anunciar o Reino de Deus, imaginando que ele não sofria os desejos, angústias, paixões, alegria e necessidades fisiológicas como qualquer outro ser humano. No lugar, preferem trazer para seus discursos certa ideia mitológica a respeito de sua pessoa que distorcem totalmente aquilo que os Evangelhos narram a respeito de Jesus de Nazaré, o que ‘andou por toda parte fazendo o bem e libertando a todos os que eram oprimidos pelo diabo’ (At 10,38).

Como consequências dessa visão de Jesus como alguém desconectado da sua carne tem-se a pregação de uma nova que não é boa nova, antes, má nova para aquele e aquela que a escuta, uma vez que traz, em sua maioria, moralismos que oprimem e jogam sobre os ombros das pessoas uma carga extremamente difícil e pesada de se carregar, e que visam somente à manutenção do poder daqueles e daquelas que se usam desse tipo de discurso.

Diante disso, Jesus sempre será um problema para a sociedade e para o cristianismo, uma vez que sua vida e sua entrega em amor a Deus e ao próximo revela que o ser humano desejado por Deus deve fazer o mesmo e a religião que carrega seu discurso deve se ater menos a regras morais e mais a ações efetivas de amor no mundo.’


Fonte :  

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Duas empresas aéreas nas quais a fé dita regras de voo


Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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Por isso é tão surpreendente saber que uma empresa de aviação escolha deixar toda a sua frota parada durante um dia inteiro, todas as semanas, de sexta para sábado – e mais surpreendente ainda, num mundo tão secularizado, é saber que a causa dessa decisão é eminentemente religiosa.

El Al e a fé judaica

A israelense El Al exerce essa prática devido ao shabat, o sábado judaico, iniciado ao pôr-do-sol da sexta-feira e encerrado ao pôr-do-sol do dia seguinte. Trata-se do dia sagrado de descanso semanal no judaísmo, em evocação do sétimo dia mencionado no livro do Gênesis: aquele em que, depois dos seis dias da Criação, até mesmo Deus repousou. Embora o exato momento de início e final do shabat sofra variação de semana para semana e de lugar para lugar, conforme o horário do pôr-do-sol, o fato é que, ao longo desse período, os judeus são chamados a se absterem de todo tipo de trabalho e a se dedicarem somente às coisas de Deus e ao descanso, de preferência em família.

É por isso que até mesmo voar é entendido como não permitido aos bons judeus durante o shabat.


Essa pausa nos voos é levada tão a sério pela El Al que a empresa já chegou a cancelar ou alterar voos com destino a Israel em ocasiões nas quais atrasos na saída fariam com que a aeronave só chegasse a Tel Aviv depois do pôr-do-sol da sexta-feira. Em um desses casos, um voo que partiu de Nova Iorque fez um pouso de emergência em Atenas, por solicitação dos passageiros, a fim de não continuar voando após o início do shabat.

Judah 1 e a fé cristã

Enquanto a El Al demonstra que é possível harmonizar a necessidade de lucro com o respeito por valores de fé em aparente contradição com esse mesmo lucro, outra companhia aérea, do lado de cá do Atlântico, tem na fé a sua própria razão de existência : é a companhia cristã Judah 1, sediada em Denison, no Texas. Criada em 2011 como operadora privada de voos para transportar grupos de missionários, além de alimentos e medicamentos para áreas vulneráveis, ela se tornou oficialmente uma companhia aérea em 12 de dezembro de 2018, dia de Nossa Senhora de Guadalupe.


No entanto, a Judah 1 não vende passagens para o público geral : os seus passageiros padrão são os missionários. O site da empresa explica :

‘Estamos a serviço de pessoas cristãs com mentalidade missionária, de todas as denominações, que viajam a territórios de missão no mundo todo’.

A empresa, aliás, prefere ser chamada de ‘ministério de aviação sem fins lucrativos’. Com seu lema ‘As suas mãos, o amor de Deus, as nossas asas’, ela conta com 3 aviões e quer chegar a 20 em até 5 anos.

Everett Aaron, o fundador, ressalta que a Judah 1 não cobra taxas de bagagem e transporta as cargas na mesma aeronave que o respectivo dono ou responsável. O objetivo é resolver um velho problema dos missionários : cerca da metade deles acaba sem a carga quando ela é enviada por contêiner, o que ocorre por motivos que vão do extravio à retenção em alfândegas, passando, infelizmente, pelo roubo :

‘Até bíblias! Descobri que um dos maiores mercados negros do mundo é o de bíblias. As pessoas as roubam e vendem’.

Além do caráter missionário, a Judah 1 também tem foco humanitário. Em parceria com a Make-A-Wish Foundation, ela disponibiliza aviões para realizar os sonhos de crianças com doenças terminais. Já por meio de uma aliança com a ONG Kids Against Hunger, ela envia doações de alimentos para mais de 60 países afetados pela má nutrição. A empresa também transporta médicos, medicamentos e alimentos até áreas vulneráveis da Nicarágua e se destacou ao fazer o mesmo nas regiões do Texas atingidas por intensas tempestades e inundações em anos recentes.’


Fonte :  

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Política, a arte do diálogo

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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*Artigo de Dom Walmor Oliveira de Azevedo,
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, MG



A verdadeira política é arte que se vale do diálogo para encontrar as soluções mais adequadas ao bem comum, a partir da argumentação, de compreensões lúcidas sobre a realidade. Oportuno lembrar que a arte tem força para elevar a compreensão humana a novos patamares. Por isso mesmo, o exercício da política, enquanto arte, deve contribuir para que a sociedade avance rumo a novas conquistas civilizatórias. O interesse tem que ser o bem comum. É isso o que se espera dos representantes eleitos pelo povo. E que não percam a clareza de que o parlamento, em nível federal, estadual ou municipal, é a casa do povo, onde seus representantes estão reunidos, para servi-lo. Assim, a configuração de ‘bancadas’, para a defesa de interesses muito particulares de alguns segmentos, não raramente contrários ao bem, à justiça e à verdade, é algo incompatível com a boa política.

O exercício do poder exige qualificado debate sobre os diferentes anseios dos diversos segmentos da sociedade, processo indispensável para a construção de entendimentos acertados. É fundamental dialogar no contexto político, com a imprescindível capacidade para reconhecer os clamores do cidadão comum, particularmente dos mais pobres. Compreende-se que ser parlamentar é tornar-se porta-voz, principalmente, dos que sofrem. Na contramão desse sentido, o exercício da representação é de duvidosa qualidade e incapaz de promover melhorias, pois, quando a política é exercida de modo equivocado, contribui para que as riquezas sejam dilapidadas a partir de crimes ambientais e humanitários, em vez de convertidas em benefícios para a vida no planeta. Seja meta dos que ocupam cargos nas instâncias do poder a promoção do desenvolvimento integral, com respeito à natureza, aos valores culturais e religiosos, dentre tantos outros.

Não é tarefa fácil exercer a boa política. Por isso, ante às complexidades e exigências, muitos se afastam dessa responsabilidade. Os estreitamentos ideológicos, por exemplo, também agravam a aversão ao universo político. Mas essas distorções só podem ser corrigidas a partir da arte de dialogar. Assim é que se vencem barreiras e se constroem entendimentos, criando novos marcos regulatórios capazes de revisar legislações inadequadas, que atendem somente a interesses pouco nobres, fontes de crimes ambientais e humanitários.

A política como arte do diálogo é capaz de elevar o exercício da cidadania, reconhecendo que o bem coletivo é a meta central a ser buscada por todos. Dialogar é dinâmica que promove correções, possibilitando aos representantes do povo atuar, cada vez mais, de modo coerente com os anseios de seus representados. Estejam todos abertos ao diálogo, sem medos, preconceitos, para que ocorram os intercâmbios necessários de ideias. Particularmente, os políticos possam ouvir instituições que mereçam respeito, por terem credibilidade e, assim, desenvolver trabalhos comprovadamente importantes para a população, especialmente para os mais pobres.

 Fazer com que a política se torne, cada vez mais, a arte do diálogo, exige dos representantes do povo disposição para o exercício da humildade e da generosidade. Abertura para a escuta, sem se apegar a interesses egoístas e cartoriais. Que os políticos renovem a disposição para dialogar, evitando descompassos e, assim, permaneçam firmes na busca pelo bem de todos.’


Fonte :  

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Papa critica modos individualistas da celebração da missa


Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 Assembleia Plenária da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos acontece no Vaticano até a sexta-feira, 15.
Assembleia Plenária da Congregação para o Culto Divino e a
Disciplina dos Sacramentos acontece no Vaticano (Vatican Media)



Falando na antessala da Sala Paulo VI aos cerca de 80 participantes do encontro, que incluem 22 cardeais, 8 arcebispos e 11 bispos, além de funcionários e consultores, o Pontífice enfatizou que a liturgia é a epifania da comunhão eclesial. Para melhorar sua qualidade, é preciso mudar o coração, evitar cair em estéreis polarizações ideológicas e cultivar a formação permanente do clero e dos leigos. A mistagogia – afirmou – é um caminho idôneo para entrar no mistério da liturgia.

Os primeiros passos de um caminho

O Papa começou recordando a instituição da Congregação para o Culto Divino por Paulo VI, em 8 de maio de 1969, com o objetivo ‘de dar forma à renovação desejada pelo Vaticano II’. A tradição orante da Igreja, de fato, ‘tinha necessidade de expressões renovadas, sem perder nada de sua riqueza milenar, antes pelo contrário, redescobrindo os tesouros das origens’.

Francisco recordou então os primeiros passos de um caminho, ‘sobre o qual prosseguir com sábia constância’, citando a promulgação do 'Moto ProprioMysterii paschalis sobre o  Calendário Romano e o Ano Litúrgico e a importante Constituição Apostólica Missale Romanum,  com a qual o Santo Papa promulgou o Missal Romano. No mesmo ano, recordou, veio à luz ‘Ordo Missae e vários outros Ordo, entre os quais, o do Batismo das crianças, do Matrimônio e das Exéquias’. 

Sabemos - disse o Pontífice - que não basta mudar os livros litúrgicos para melhorar a qualidade da liturgia. Somente isto seria um engano. Para que a vida seja verdadeiramente um louvor agradável a Deus, é preciso de fato mudar o coração’, e para esta conversão que ‘é orientada a celebração cristã, que é um encontro da vida com o 'Deus dos vivos.'’

Colaboração entre a Sé Apostólica e as Conferências Episcopais

Também hoje este é o objetivo do trabalho exercido pela Congregação do Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, voltado a ‘ajudar o Papa a exercer o seu ministério em benefício da Igreja em oração espalhada por toda a terra’. E na ‘comunhão eclesial, atuam tanto a Sé Apostólica como as Conferências Episcopais, em espírito de cooperação, diálogo e sinodalidade’ :

‘A Santa Sé, de fato, não substitui os bispos, mas colabora com eles para servir, na riqueza das várias línguas e culturas, a vocação orante da Igreja no mundo. Nesta linha colocou-se o Motu proprio Magnum principium (3 de setembro de 2017), com o qual eu quis favorecer, entre outras coisas, a necessidade de uma ‘constante cooperação, plena de confiança recíproca, vigilante e criativa, entre as Conferências Episcopais e o Dicastério da Sé Apostólica que exerce a missão de promover a sagrada liturgia’.

O voto – disse o Papa – é ‘de prosseguir no caminho da mútua colaboração, conscientes das responsabilidades envolvidas pela comunhão eclesial, na qual a unidade e a variedade encontram harmonia. É um problema de harmonia’.

Estéreis polarizações

Aqui também está inserido o desafio da formação - observa o Santo Padre - sublinhando que ‘a liturgia é vida que forma, não uma ideia a ser aprendida’. A este propósito – acrescentou - é útil recordar que ‘a realidade é mais importante do que a ideia’ :

‘E é bom por isso, na liturgia como em outros âmbitos da vida eclesial, não acabar em estéreis polarizações ideológicas que nascem muitas vezes quando, considerando as próprias ideias válidas para todos os contextos, chega-se a assumir uma atitude de perene dialética em relação a quem não as compartilha. Assim, começando quem sabe pelo desejo de reagir a algumas inseguranças do contexto atual, corre-se o risco de voltar-se a um passado que não existe mais ou de fugir para um futuro presumido como tal. O ponto de partida, pelo contrário, é reconhecer a realidade da sagrada liturgia, tesouro vivo que não pode ser reduzido a gostos, receitas e correntes, mas deve ser acolhido com docilidade e promovido com amor, enquanto alimento insubstituível para o crescimento orgânico do Povo de Deus’.

A liturgia não é ‘o campo do faça-você-mesmo’ – alerta o Pontífice – ‘mas a epifania da comunhão eclesial’ :

‘Portanto, nas orações e nos gestos ressoa o ‘nós’ e não o ‘eu’; a comunidade real, não o sujeito ideal. Quando se recordam nostalgicamente tendências passadas ou se querem impor novas, corre-se o risco de antepor a parte ao todo, o eu ao Povo de Deus, o abstrato ao concreto, a ideologia à comunhão, e na raiz, o mundano ao espiritual’.

Formação litúrgica do Povo de Deus

‘A formação litúrgica do Povo de Deus’ é o tema desta Assembleia Plenária, e ‘a tarefa que nos espera – diz Francisco - é ‘essencialmente difundir entre o povo de Deus, o esplendor do mistério vivo do Senhor, que se manifesta na liturgia’ :

‘Falar da formação litúrgica do Povo de Deus significa antes de tudo tomar consciência do papel insubstituível que a liturgia desempenha na Igreja e para a Igreja. E pode ajudar concretamente o povo de Deus a interiorizar melhor a oração da Igreja, a amá-la como experiência de encontro com o Senhor e com os irmãos e, diante disso, redescobrir nela o conteúdo e observar seus ritos’.

Sendo a liturgia ‘uma experiência voltada à conversão da vida pela assimilação do modo de pensar e de comportar-se do Senhor - observa - a formação litúrgica não pode limitar-se simplesmente em oferecer conhecimentos - isso é errado -, mesmo necessários, sobre os livros litúrgicos, e tampouco tutelar o cumprimento das disciplinas rituais’. Mas para que a liturgia possa cumprir sua função formativa e transformadora, enfatiza o Papa, ‘é necessário que os pastores e leigos sejam introduzidos a compreender dela o significado e a linguagem simbólica, incluindo a arte, o canto e a música a serviço do mistério celebrado’.

Mistagogia, caminho idôneo para entrar no mistério da liturgia

O próprio Catecismo da Igreja Católica – recorda Francisco - adota o caminho mistagógico para ilustrar a liturgia, valorizando nela a oração e os sinais :

‘A mistagogia : eis um caminho idôneo para entrar no mistério da liturgia, no encontro vivo com o Senhor crucificado e ressuscitado. Mistagogia significa descobrir a vida nova que no Povo de Deus recebemos mediante os Sacramentos, e redescobrir continuamente a beleza de renová-la’.

Formação permanente

A formação permanente do clero e dos leigos, especialmente aqueles envolvidos nos ministérios ao serviço da liturgia, foi outro aspecto destacado pelo Santo Padre em seu pronunciamento :

‘As responsabilidades educativas são compartilhadas, mesmo que cada diocese esteja mais envolvida na fase operativa. A reflexão de vocês vai ajudar o Dicastério a amadurecer linhas e diretrizes para oferecer, no espírito de serviço, a quem - Conferências Episcopais, dioceses, institutos de formação, revistas - tem a responsabilidade de cuidar e acompanhar a formação litúrgica do Povo de Deus’.

Queridos irmãos e irmãs - foi a exortação final do Pontífice – ‘todos somos chamados a aprofundar e reavivar a nossa formação litúrgica’,  e diante de vocês está esta grande e bela tarefa : ‘trabalhar para que o povo de Deus redescubra a beleza de encontrar o Senhor na celebração de seus mistérios, e encontrando-o, tenha vida em seu nome (...). E peço a vocês para reservarem a mim sempre um lugar - amplo - em suas orações’.’


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