Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
Por
isso é tão surpreendente saber que uma empresa de aviação
escolha deixar toda a sua frota parada durante um dia inteiro,
todas as semanas, de sexta para sábado – e mais surpreendente ainda, num mundo
tão secularizado, é saber que a causa dessa decisão é eminentemente religiosa.
El Al e a fé judaica
A
israelense El Al exerce essa prática devido ao shabat, o
sábado judaico, iniciado ao pôr-do-sol da sexta-feira e encerrado ao pôr-do-sol
do dia seguinte. Trata-se do dia sagrado de descanso semanal no judaísmo, em
evocação do sétimo dia mencionado no livro do Gênesis: aquele em que, depois
dos seis dias da Criação, até mesmo Deus repousou. Embora o exato momento de
início e final do shabat sofra variação de semana para semana
e de lugar para lugar, conforme o horário do pôr-do-sol, o fato é que, ao longo
desse período, os judeus são chamados a se absterem de todo tipo de trabalho e
a se dedicarem somente às coisas de Deus e ao descanso,
de preferência em família.
É
por isso que até mesmo voar é entendido como não permitido aos
bons judeus durante o shabat.
Essa
pausa nos voos é levada tão a sério pela El Al que a empresa já chegou a cancelar
ou alterar voos com destino a Israel em ocasiões nas quais atrasos na
saída fariam com que a aeronave só chegasse a Tel Aviv depois do pôr-do-sol da
sexta-feira. Em um desses casos, um voo que partiu de Nova Iorque fez um pouso
de emergência em Atenas, por solicitação dos passageiros, a fim de não
continuar voando após o início do shabat.
Judah 1 e a fé cristã
Enquanto
a El Al demonstra que é possível harmonizar a necessidade de lucro com o respeito
por valores de fé em aparente contradição com esse mesmo lucro, outra
companhia aérea, do lado de cá do Atlântico, tem na fé a sua própria razão
de existência : é a companhia cristã Judah 1, sediada em
Denison, no Texas. Criada em 2011 como operadora privada de voos para
transportar grupos de missionários, além de alimentos e medicamentos para áreas
vulneráveis, ela se tornou oficialmente uma companhia aérea em 12 de dezembro
de 2018, dia de Nossa Senhora de Guadalupe.
No
entanto, a Judah 1 não vende passagens para o público geral : os seus
passageiros padrão são os missionários. O site da empresa explica :
‘Estamos a serviço de pessoas cristãs com mentalidade missionária, de
todas as denominações, que viajam a territórios de missão no mundo todo’.
A
empresa, aliás, prefere ser chamada de ‘ministério
de aviação sem fins lucrativos’. Com seu lema ‘As suas mãos, o amor
de Deus, as nossas asas’, ela conta com 3 aviões e quer chegar a 20 em até
5 anos.
Everett Aaron, o fundador, ressalta que a Judah 1
não cobra taxas de bagagem e transporta as cargas na mesma
aeronave que o respectivo dono ou responsável. O objetivo é resolver um velho
problema dos missionários : cerca da metade deles acaba sem a carga quando ela
é enviada por contêiner, o que ocorre por motivos que vão do extravio à
retenção em alfândegas, passando, infelizmente, pelo roubo :
‘Até bíblias! Descobri que um dos maiores mercados negros do mundo é o de
bíblias. As pessoas as roubam e vendem’.
Além
do caráter missionário, a Judah 1 também tem foco humanitário. Em parceria
com a Make-A-Wish Foundation, ela disponibiliza aviões para realizar os sonhos
de crianças com doenças terminais. Já por meio de uma aliança com a
ONG Kids Against Hunger, ela envia doações de alimentos para
mais de 60 países afetados pela má nutrição. A empresa também transporta médicos,
medicamentos e alimentos até áreas vulneráveis da Nicarágua e se destacou ao
fazer o mesmo nas regiões do Texas atingidas por intensas tempestades e
inundações em anos recentes.’
Fonte
:
* Artigo na íntegra https://pt.aleteia.org/2019/02/18/duas-empresas-aereas-nas-quais-a-fe-dita-regras-de-voo/
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