Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Andrea Tornelli,
jornalista e escritor
Já
no passado, durante a conversa com os jornalistas no avião, Francisco havia
comparado o abuso a ‘uma missa negra’.
Portanto, ‘por trás disso está satanás’,
a mão do mal. Reconhecer isso não significa esquecer todas as explicações, ou
diminuir as responsabilidades pessoais de indivíduos e coletivas da
instituição. Significa situá-las em um contexto mais profundo.
Em
seu discurso, o Papa falou sobre os abusos no mundo, não apenas na Igreja. Mas
isto para manifestar uma preocupação de pai e de pastor, que não pretende de
forma alguma diminuir a gravidade dos abusos cometidos no âmbito eclesial,
porque a abominável desumanidade do fenômeno ‘torna-se ainda mais grave e mais escandalosa na Igreja.’
Os
pais que tinham confiado seus filhos e os seus jovens aos sacerdotes, para que
os educassem introduzindo-os na vida de fé, os viram sendo restituídos com o
corpo e a alma irremediavelmente e permanentemente feridos.
Na
ira justificada do povo, explicou o Papa, a Igreja ‘vê o reflexo da ira de Deus, traído e esbofeteado por estes consagrados
desonestos’.
O
grito silencioso dos abusados, o drama incurável de suas vidas destruídas por
consagrados transformados em porcos corruptos e insensíveis, ecoou na Sala do
Sínodo. Ele traspassou o coração dos bispos e superiores religiosos. Varreu
justificativas, imagens jurídicas, a frieza de discussões técnicas, o buscar
abrigo nas estatísticas. A absoluta gravidade do fenômeno tornou-se consciência
da Igreja universal como nunca antes havia acontecido.
Francisco
em seu discurso conclusivo quis agradecer a todos os sacerdotes e religiosos
que se consomem para anunciar o Evangelho, educar e proteger os pequenos e
indefesos, dando a própria vida no seguimento de Jesus. Olhar na cara o abismo
do mal não pode fazer esquecer o bem, não por inúteis lampejos de orgulho, mas
porque é preciso saber onde olhar e quem seguir como exemplo.
Mas
o encontro no Vaticano não foi apenas um soco no estômago que tornou os
participantes mais conscientes dos efeitos devastadores do mal e do pecado e,
portanto, da necessidade de pedir perdão, invocando a ajuda graça divina.
O
encontro de cúpula também atesta a firme vontade de dar substância ao que irá
emergir a partir dos próximos dias, com escolhas operacionais eficazes. Porque
a consciência da gravidade do pecado, e o constante apelo ao Céu para implorar
ajuda, que caracterizaram o encontro no Vaticano, andam de mãos dadas com um
compromisso renovado e operacional, para fazer com que os ambientes eclesiais
sejam sempre mais seguro para os menores e os adultos vulneráveis. Na esperança
de que este compromisso possa contagiar também todos os outros setores de
nossas sociedades.’
Fonte
:
* Artigo na íntegra https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2019-02/editorial-andrea-tornielli-vatiab.html
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