*Artigo do Padre Bruno Roberto Rossi
A
estrutura dessa parte da Missa compõe-se, desde o século IV, de três leituras
nos Domingos e Solenidades, ao passo que durante a semana só há duas. A Primeira
Leitura é, via de regra, tirada do Antigo Testamento e está
intimamente ligada à temática do Evangelho. Evidencia o ensinamento de Santo
Agostinho de Hipona († 430) : ‘No Antigo
Testamento, está latente o Novo e no Novo está patente o Antigo’ (Quaest.
in Hept. 2,73: PL 34, 623). Ocorre, no entanto, uma exceção no Tempo
Pascal. Nele, a Primeira Leitura é extraída dos Atos dos Apóstolos ou do
Apocalipse, pois esses livros retratam, de modo vivo, o tempo imediato à
Páscoa.
A Segunda
Leitura é sempre extraída do Novo Testamento e vai sendo lida ao longo
dos anos sem um necessário nexo com a Primeira Leitura e com o Evangelho. Daí,
caso seja preciso, em um Domingo, suprimir uma das leituras, suprima-se a
segunda. Todavia, não é viável fazê-lo sem justa razão, dado que toda a Sagrada
Escritura deseja nos conduzir a um assunto comum : a salvação que Deus
oferece aos seres humanos por meio de Jesus Cristo. Já nos dias de
Solenidades ou Festas, as três leituras se prendem ao tema do dia celebrado.
O Evangelho dominical
se divide em três ciclos : anos A (Mateus), B (Marcos)
e C (Lucas), ao passo que São João não tem um ano específico,
pois fica reservado para os períodos solenes tais como o fim da Quaresma, a
Páscoa ou outras Solenidades. Nos dias de semana, os trechos dos Evangelhos são
lidos em sequência, de modo que em um só ano lemos Mateus, Marcos e Lucas. Já
as leituras são tiradas de dois ciclos : Ano ímpar e Ano
par, de maneira que, se o católico participa da Santa Missa todos os dias,
lê, em três anos, quase toda a Bíblia.
Entre
a Primeira e a Segunda Leitura, ambas terminadas com a proclamação ‘Palavra do Senhor!’, há um Salmo de
resposta para melhor assimilação do conteúdo lido. Após a Leitura, pode-se
observar um tempo de silêncio meditativo. Caso o Salmo seja cantado, deve sê-lo
de tal modo que toda a assembleia o acompanhe, claramente, no refrão. Depois da
Segunda Leitura, tem-se a Aclamação ao Evangelho, normalmente com o Aleluia,
salvo no tempo da Quaresma.
Após
o Evangelho, prevê-se uma Homilia – curta, objetiva e bem
preparada – capaz de ser aplicada à vida dos fiéis em geral e levar à oração, à
meditação e à conversão. Embora seja praxe aos domingos, nos dias de semana
também deve haver uma breve reflexão sobre a Palavra de Deus. O próprio Senhor
Jesus, ao terminar uma leitura na sinagoga, se pôs a explicá-la : ‘Hoje se cumpriu essa passagem da Escritura’
(Lc 4,21). Da parte do padre são condições indispensáveis para uma boa homilia
a oração, a meditação pessoal, bem como o estudo de boas obras que o ajudem a
adquirir conteúdo para a pregação. Em algumas ocasiões, a Homilia pode ser
substituída pelo Sermão. Este se dá quando apenas um tema é
abordado : a ressurreição dos mortos em Missa de corpo presente ou de sétimo
dia, ou a vida de um santo em sua Festa etc.
Uma
vez ouvida a Palavra de Deus e sua explicação, passa-se ao Credo (Creio)
que desde o século XII está presente na Liturgia da Igreja em todo o mundo e
visa dar provas da nossa reta fé. Normalmente, se rezam duas fórmulas do Credo :
o mais comum e sintético, chamado de Apostólico, ou, então, o mais longo e
explicativo, chamado de Niceno-Constantinopolitano, pois foi elaborado nos
Concílios de Niceia I (325) e Constantinopla I (381), respectivamente.
Vem,
a seguir, a Oração da Comunidade. É um costume antigo interceder
pelo próximo, pela Igreja, pelos governantes etc. (cf. 1Tm 2,1-2; S. Policarpo
de Esmirna Aos Filipenses 12,3 e São Justino na Apologia 67,4s).’
Fonte
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