domingo, 30 de abril de 2017

A pedagogia da cruz

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

A catequese de Jesus não se dá no banco de uma escola, e sim, no caminho da cruz.
*Artigo de Padre Rodrigo Ferreira da Costa, SDN


‘Jesus não quis ser um missionário solitário. Desde o início do seu ministério público, ele escolheu homens e mulheres para que ficassem com Ele, experimentassem o seu jeito de ser, compartilhassem de sua ação missionária, a fim de que os mesmos fossem por Ele enviados a pregar a novidade do Reino de Deus (cf. Mc 3, 13-14).

Ficar com Jesus e sair a pregar. Eis a dinâmica fundamental da catequese de Jesus presente no evangelho segundo Marcos. Não são dois momentos distintos, no qual o catequizando possa optar por um e abandonar o outro, nem tampouco, fazer um primeiro e depois o outro. O discípulo chamado à convivência com o Mestre, precisa estar pronto para sair em missão, do mesmo modo que, aquele que sai em missão, precisa estar sempre ligado à pessoa e vida do seu Senhor.

Na pedagogia catequética de Jesus aparece sempre este duplo movimento: discipulado e missão. Oração e trabalho. Mística missionária. Por isso a sua catequese não se dá no banco de uma escola, e sim, no caminho da cruz. Não se faz uma catequese isolada, mas em comunidade. Numa relação de amizade, entre irmãos. Discípulos missionários, eis o eixo principal da catequese de Jesus. Pois, ‘sem momentos prolongados de adoração, de encontro orante com a Palavra, de diálogo sincero com o Senhor, as tarefas facilmente se esvaziam de significado, quebrantamo-nos com o cansaço e as dificuldades, e o ardor apaga-se. Ao mesmo tempo, há que rejeitar a tentação de uma espiritualidade intimista e individualista, que dificilmente se coaduna com as exigências da caridade, com a lógica da Encarnação’ (Papa Francisco. EG, 262).

O grande desafio encontrado por Jesus na formação dos seus discípulos foi a tentação humana de querermos ser mestres. Na escola de Jesus não há lugar para o ‘carreirismo’. Os discípulos sempre serão discípulos, mesmo após serem enviados a pregar. Por isso Jesus terá na pedagogia da cruz o grande farol de todo o seu ensinamento. Só pode ser realmente seguidor de Jesus, o Messias servo sofredor, aquele que aprende da cruz a doação e o serviço gratuito aos outros. Somente ao pé da cruz, podemos reconhecer que ‘este homem [Jesus] era verdadeiramente o Filho de Deus’ (Mc 15,39). Como afirma o Papa Francisco, ‘quando caminhamos sem a Cruz, construímos sem a Cruz ou confessamos um Cristo sem a Cruz, não somos discípulos do Senhor : somos mundanos, somos bispos, padres, cardeais, papas, mas não discípulos do Senhor’.

Neste sentido, a catequese de Jesus não estava pautada em doutrinas ou teorias sobre Deus. Nem tampouco num catálogo de regras e leis desvinculadas da vida do discípulo. Sua catequese falava da vida. Do cotidiano da vida do povo e do mistério de Deus escondido em nós. Jesus ensinava com palavras e gestos. E os seus discípulos aprendiam ouvindo, vendo as ações de Jesus em favor dos outros, mas aprendiam também fazendo, participando ativamente da missão do Mestre.  Por exemplo, numa tarde de deserto, enquanto Jesus ensinava sobre o valor da partilha, ele desafia os seus discípulos a darem de comer àquela multidão, ensinando-os na prática, o valor da solidariedade (cf. Mc 6, 30-42). Jesus fala do poder serviçal, e Ele mesmo se coloca como o grande servidor da humanidade : ‘o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos’ (Mc 10, 45). Certamente quando os seus discípulos viveram a experiência traumática da morte na cruz do seu Mestre, essas palavras de Jesus foram sendo compreendidas com muito mais nitidez. Pois a cruz concretiza todo o seu ensinamento.

Chamou-os para que ficassem com Ele e para enviá-los a pregar com autoridade (cf. Mc 3,13). Jesus é um catequista que confia responsabilidades aos seus catequizandos. Ele dá aos discípulos a mesma autoridade (exousia) que recebeu do Pai (cf. Mc 1, 9-11). O envio missionário, no entanto, não significa superação da etapa formativa. O enviado aprende com a missão. Quando a realiza com sucesso, o Mestre ensina a não se prender aos aplausos : ‘Vamos a outros lugares, às aldeias da vizinhança, a fim de pregar também ali, pois foi para isso que eu saí’ (Mc 1, 38); e quando algo não dá certo, o Mestre retoma a conversa e mostra-lhes que sozinhos eles não poderão enfrentar os desafios da missão (cf. Mc 9, 14-29).

Olhando a pedagogia catequética de Jesus apresentada por Marcos, percebemos que Jesus se preocupava em formar o coração dos seus discípulos a partir da vida, a fim de que aqueles simples pescadores pudessem compreender o mistério do Reino revelado em Cristo Jesus e fossem seus anunciadores para o mundo. Pois, para Jesus, não basta saber quem é Deus e quais são os seus decretos. Ele quer que o seu discípulo expresse na vida o Deus que este acredita. Desta forma, podemos afirmar que a cruz é o grande livro da catequese de Jesus, do qual desabrocha todo o seu ensinamento.

Percebe-se que o messianismo de Jesus ainda continua mal compreendido por muitos que se dizem cristãos. A busca por um Messias triunfalista, milagreiro, cheio de glória e poder é constante em nossos dias. Marcos apresenta Jesus como um Messias servidor, empenhado na realização do Reino de Deus. Nem mesmo os discípulos de Jesus compreenderam o seu messianismo, por isso o abandonaram na hora da cruz. As autoridades sentiram-se desafiadas. Os poderes religioso e político o julgaram falsamente e o condenaram à morte. Mas o Filho do Homem que sofreu e deu a vida por amor foi confirmado na sua missão pelo Pai.

Novamente precisamos voltar a nossa atenção para a pedagogia catequética de Jesus. Primeiro, porque ela nos desafia a fazermos também uma catequese mais próxima e ‘em saída’. Uma catequese menos escolar e mais inserida na vida e na realidade concreta das nossas comunidades cristãs. Outro aspecto importante é a sua dinâmica discipular. Nossa missão enquanto catequistas é formar discípulos missionários do Reino, e não apenas transmitir um amontoado de doutrinas e decretos, muitas vezes, desvinculados da vida de nossos catequizandos.

Oxalá as nossas comunidades fossem esse espaço de convivência e fraternidade, no qual, cada um que chega se sentisse acolhido como irmão e irmã, e, a partir da experiência de fé vivida em comunidade, pudesse se tornar também um evangelizador, comprometido com a causa do reino. Pois somente uma catequese que ajuda os catequizandos a tocarem a carne sofredora de Cristo nos pobres e sofredores, que inicia os catequizandos na pedagogia da cruz, poderá formar verdadeiros discípulos missionários do reino.’


Fonte :

Evangelho de Marcos, um anúncio para o dia que se chama hoje!

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

Em Marcos, Jesus é um messias diferente.
*Artigo de Junior Vasconcelos do Amaral,
presbítero na Arquidiocese de Belo Horizonte (MG) 
  

‘Marcadamente rápido e conciso, o evangelho de Marcos, ou ‘segundo evangelho’, se destaca na literatura antiga (volta do ano 70 d. C.) como a invenção do gênero literário Evangelho (1), que significa ‘boa notícia’, ‘boa nova’ ou ainda ‘boa mensagem’. Uma composição literária, aparentemente, realizada em apenas um tempo, em poucos dias, com traços literários lacônicos, que tinha pouco a falar e disse apenas o essencial. Se bem que em alguns pequenos episódios Marcos é bem detalhista, como na cura da hemorroíssa e na ressurreição da filha de Jairo, (em 5,21-43), na execução de João Batista (6,17-29), na unção em Betânia (14,3-9) e no Getsêmani (14,31-42). Claro que ser conciso não significa negligenciar o essencial.

Com apenas dezesseis capítulos, o evangelho de Marcos é escrito em terceira pessoa, em grego simples e com poucas palavras advindas diretamente da boca de Jesus, diferentemente de Mateus e João. Marcos não tem discursos longos, exceto o capítulo 13, que coincide com o seu discurso apocalíptico-escatológico. O narrador deste evangelho destaca sobremaneira o título cristológico Filho (uiós), tanto filho de Deus (uiós tou theou) como filho do Homem (uiós tou anthrōpou), colocando em evidência, de forma especial, a exousia, o ‘poder-autorizado’ de Jesus por parte de Deus, o Pai. Jesus age, segundo Marcos, com poder-autoridade extraordinário, levando as pessoas a se questionarem a respeito de sua ação (cf. Mc 11,28).

Para Jesus, sua filiação é humana, ele é Filho do Homem (Mc 2,10; 8,31; 9,9.31-32; 10,32-34; 13,26; 14,62, estas últimas duas aparições do termo Filho do Homem correspondem ao sentido escatológico, da revelação final, numa espécie apocalipse), para o narrador Jesus é filho de Deus (1,1), embora seja incerta do ponto de vista da crítica textual esta afirmação, que não está presente em todos os manuscritos antigos (2). Da parte do Pai, ele é ‘Filho amado’ (uios mou o` agapētos) em 1,11. Na boca do endemoninhado geraseno, Jesus é ‘filho do Deus altíssimo’, em Mc 5,7. Na transfiguração, em Mc 9,7, Jesus é, novamente nomeado por Deus, ‘filho amado’ (uios mou o` agapētos). No Sinédrio, em 14,61, o sumo sacerdote pergunta : ‘És tu o Cristo, o Filho de Deus Bendito?’ e Jesus responde : ‘Eu sou’, acrescentando, ‘E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-Poderoso, vindo com as nuvens do céu’. E, por fim, em Mc 15,39, pela boca do centurião ele é intitulado verdadeiramente filho de Deus (alēthōs outos o` anthrōpos uios ēn theou).

Mas é no capítulo 8 de Marcos, na metade do evangelho, que se destaca o título-clímax da narrativa : Messias. Jesus é, segundo Simão Pedro, o Messias, o Ungido (8,29). Então, no versículo seguinte Jesus proíbe severamente que eles contem a alguém a seu respeito, pondo em evidência o ‘segredo messiânico’. Desse modo, pode-se notar que, em Marcos, Jesus é um messias diferente, ele mesmo afirma que o Filho do Homem ‘deve sofrer muito, ser rejeitado, ser morto e, depois de três dias, ressuscitar’ (8,31). Pedro não compreende tais palavras e o recrimina. Jesus replica : ‘Vá-te para trás de mim, Satanás’. Pedro deve voltar ao seu lugar de discípulo e seguidor, pois não pode ensinar Jesus a ser o que ele não é, pois Jesus mesmo afirmará depois a que veio : não para ser servido, ‘mas para servir e dar a vida em resgate de muitos’ (Mc 10,45).

Da metade do Evangelho em diante (8,27 – 16,8), depois de curar a muitos na primeira parte (1,1–8,26) e de expulsar demônios, ensinar e começar seu processo de peregrinação para Jerusalém, que formalmente se iniciará em Mc 10,1, Jesus continua a ensinar e no capítulo 14 dá-se início à narrativa da Paixão, que se estenderá até 16,8, com a afirmação ‘Jesus ressuscitou, não está mais aqui’, em 16,7, ‘ide a Galileia, lá o vereis’. O Evangelho termina, segundo os manuscritos antigos em 16,8 e o restante Mc 16,9-20 corresponde a um acréscimo tardio, uma reedição, para um fim abrupto com o medo e silêncio das mulheres, que haviam ido, corajosamente, ao sepulcro de madrugada (cf. 16,8).

É válido lembrar, portanto, que o Evangelho de Marcos como uma narrativa primitiva é uma boa notícia sobre o Reino de Deus, pois em 1,14-15 o narrador de Marcos afirma que ‘depois que João foi preso, Jesus veio para a Galileia, proclamando a Boa Nova de Deus : Completou-se o tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa Nova’. O Reino de Deus (Basiléia tou Theou) corresponde ao principado e soberania de Deus num tempo novo (kairós). Seu cumprimento é agora, pois completou-se o tempo. Assim, o Evangelho de Marcos está constituído sobre um querigma para hoje, a mensagem-anúncio, dos apóstolos é para o dia que se chama hoje. O Reino é o cumprimento das promessas de Deus na vida de Jesus. Em Jesus, Deus, decisivamente, entra na história dos homens para levá-los a salvação, à redenção eterna. Por isso, desde o início do Evangelho segundo Marcos Deus age com poder-autoridade em Jesus, curando, exorcizando e libertando as pessoas de suas mazelas, dos poderes demoníacos, de seus pecados (cf. Mc 2,1-12). Assim, no Evangelho de Marcos descobrimos para o sentido de nossa fé, um Jesus libertador, um Messias servidor, que veio para inutilizar o mal e dar hegemonia ao bem e revitalizar a bondosa criação de Deus.

Por fim, somos interpelados pela mensagem da Boa Nova do Reino de Deus, muito presente no segundo evangelho, e convidados a seguir Jesus pelo caminho, servindo nossos irmãos a exemplo da sogra de Pedro, que depois de curada passou a servir a todos (Mc 1,29-31), e convidados ainda a segui-lo até o fim, tal como as mulheres que o seguiam o serviam até a cruz (15,40-41), e por isso testemunhá-lo em sua ressurreição (Mc 16,1-8), que também, pela fé, será a nossa ressurreição.’

(1) - O autor do evangelho de Marcos criou com sua obra um novo gênero literário. (PESCH, R. Il vangelo di Marco. Prima parte, introduzione e commento ai capp. 1,1-8,26. Brescia: Paideia, 1980. p. 33). Com o título de seu livro (Mc 1,1) Marcos deu início ao processo denominado ‘Evangelho’, livro no qual o autor proto-cristão resumiu a tradição de Jesus com a ajuda da comunidade. Pode-se entender ‘Evangelho’ não no sentido de denominar um livro, mas um gênero literário.

(2) - SEGALLA, Giuseppe. A cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Loyola, 1992. P. 77.


Fonte :
  

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Quem é Jesus? A revelação da identidade de Jesus em Marcos

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

O Evangelho de Marcos é tradicionalmente representado pelo leão.
*Artigo de Irmã Rita Maria Gomes, NJ 


‘A pergunta sobre quem é Jesus continua atual. Ela surge no momento exato em que Jesus entra na cena pública, no meio de seu povo, como uma pessoa fora do comum. Mais precisamente, quando Jesus começa suas andanças pela Galileia e arredores falando com sabedoria e agindo com uma autoridade não encontrada nos homens ‘de religião’ de sua época. Esse fato gerou a admiração de muitos que passaram a segui-lo, ainda que não soubessem bem a quem seguiam.

Muitas foram as tentativas de resposta, naquele tempo e na contemporaneidade. Escreve-se sobre Jesus nas diferentes áreas das ciências e cada abordagem tem o seu valor e nos aproximam dessa figura tão encantadora e surpreendente. Os primeiros ensaios de resposta que temos foram dadas pelos seguidores mais próximos de Jesus e estão consignadas nos Evangelhos.

O Evangelho [de Jesus Cristo] segundo Marcos nos diz quem é Jesus através de uma narrativa vivaz e colorida, orientada justamente pela interrogação ‘quem é este?’ A primeira vez que Marcos levanta a questão sobre a identidade de Jesus não traz uma pergunta direta e sim indireta.

Em Mc 1,27, após ensinar na sinagoga de Cafarnaum e expulsar um espírito impuro, a audiência se pergunta : ‘O que é isso? Um ensinamento novo, e com autoridade : ele dá ordens até aos espíritos impuros, e eles lhe obedecem!’ Em Mc 4,41, quando Jesus acalma a tempestade, seus discípulos espantados se perguntam : ‘Quem é este, a quem obedecem até o vento e o mar?

Em Mc 6,1-6, as perguntas se multiplicam e começam as tentativas mais diversas para dar conta dessa personagem. Afinal quem é ele? Nesse trecho, Jesus estava ensinando na sinagoga de Nazaré e os presentes ali questionam : ‘De onde lhe vem isto? Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E esses milagres (atos de poder) realizados por suas mãos? Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, Joset, Judas e Simão? E suas irmãs não estão aqui conosco?’ Assim, a primeira tentativa o liga à sua origem familiar e na linha do descrédito. Em Nazaré ele não pode realizar nenhum milagre por causa da incredulidade do povo.

Em 6,14-16, as possibilidade de resposta se alargam e a pessoa de Jesus recebe identificações com personagens da tradição profética. Uns dizem que é João Batista que ressuscitou dos mortos; outros dizem que ele é Elias; e ainda outros dizem que é um profeta como um dos antigos profetas. Herodes, após ouvir as opiniões, afirma : ‘Esse João, que eu mandei decapitar, ressuscitou’.

Em Mc 8,27-30, a última vez que a pergunta sobre a identidade de Jesus aparece no texto marcano, é feita pelo próprio Jesus e é dirigida aos discípulos: ‘Quem os homens dizem que eu sou?’ A resposta é uma repetição quase idêntica à do texto de Herodes : João Batista, Elias ou um dos profetas. Em seguida, Jesus pergunta : ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’ A resposta agora vem de Pedro : ‘Tu és o Cristo’.

Há um crescendo na apresentação de Jesus através das relações dele com as outras personagens. Os primeiros a se questionarem é um grupo coletivo indistinto na sinagoga. Depois os discípulos, os conterrâneos de Jesus na sinagoga de Nazaré, a autoridade governante (Herodes) e, novamente os discípulos. No início, a pergunta não é nem mesmo sobre ele, mas a respeito de seu ensinamento com autoridade.

Desde o início Jesus é uma figura que causa admiração em muitos, mas não se sabia direito como defini-lo. O mais incrível é que, na narrativa marcana, as personagens transcendentes, ou seja, os espíritos impuros sabiam quem ele era a partir do momento mesmo em que faz sua aparição.

Assim, em Mc 1,24, o espírito impuro antes de ser expulso diz ‘eu sei quem tu és: o Santo de Deus!’ Mais, em Mc 1,34, o texto diz que ‘ele curou a muitos e expulsou muitos demônios, e não lhes permita falar porque sabiam quem ele era’. Também em Mc 3,11, os espíritos impuros caem aos pés de Jesus gritando: ‘Tu és o Filho de Deus’.

A proibição aos espíritos impuros de declararem quem é Jesus está em função do leitor. A intenção da narrativa é levar o leitor de Marcos a fazer o caminho do reconhecimento de quem é Jesus. É no nível humano, terreno que a identidade de Jesus necessita ser esclarecida, conhecida e confessada e não no nível transcendente.

Sigamos em frente pois a resposta ainda não foi de todo dada, ou ao menos, não de forma satisfatória. Após a confissão de Pedro, ‘Tu és o Cristo’ (8,29), Jesus não diz se ele está certo ou errado, embora saibamos ser acertada a resposta de Pedro porque o Evangelho abre com a afirmação ‘Evangelho de Jesus Cristo, filho de Deus’ (Mc 1,1). Jesus simplesmente começa a anunciar sua paixão, morte e ressurreição. Um escândalo para os discípulos.

Jesus anuncia seu destino trágico três vezes (Mc 8,31; 9,31-32; 10,33-34) e em todas elas aparece o elemento da incompreensão. Era necessário superar a ideia nacionalista de um messias glorioso, vitorioso, conforme a ideia humana.

A glória e a vitória do Cristo se dá pelo caminho da cruz. Assim, para Marcos Jesus é o Messias : Filho do Homem crucificado e Filho de Deus ressuscitado. É aquele que padece as dores e morte humanas porque é humano mesmo sendo Filho de Deus. Jesus vence a morte ao morrer e ressuscitar. A morte não pôde detê-lo.

Por isso, é necessário caminhar com Jesus, como os discípulos fizeram, para que seja possível reconhecer nele o messias, o enviado de Deus que não corresponde às nossas expectativas, mas nos leva a conhecer e aceitar o projeto de Deus para o ser humano : ir ao encontro de Deus por seu Filho.’


Fonte :

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Santo surfista : evento na praia faz memória de Guido Schäffer

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

Guido em sua prancha: um jovem tipicamente carioca


‘No dia 1º de maio, vão se completar oito anos da morte do Servo de Deus Guido Schäffer. Para homenagear o também médico e surfista carioca, que está em processo de beatificação e canonização, no caminho de se tornar santo, será realizado, na data, o evento campal D.I.A. na Praia 2017, no posto 11 da Praia do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio.

A sigla do evento, ‘D.I.A.’, surge da expressão em latim Duc In Altum, que significa ‘buscando águas profundas’. A abertura será às 8h, com bênção das pranchas pelo arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta. Em seguida, começa a Adoração ao Santíssimo Sacramento, momento em que Guido sempre entregava as graças e pedidos a Deus. Às 10h, será realizada a Santa Missa, presidida por Dom Roberto Lopes, delegado para a Causa dos Santos no Rio de Janeiro, com a presença dos padres amigos do jovem.

No fim do evento, será formada uma roda de oração no mar e um surfe comemorativo vai lembrar as últimas ondas que Guido ‘dropou’ antes de partir para junto de Deus.

No local, também haverá o Espaço Guido Schäffer, um lounge com a exposição sobre a vida do Servo de Deus.

O jovem tinha como virtudes a caridade e o carinho com os mais necessitados. Por isso, neste ano, será feita a arrecadação de alimentos não perecíveis para a Casa do Padre, instituição que acolhe os sacerdotes idosos da Arquidiocese do Rio.

Na data, 1º de maio, também se comemora o Dia do Trabalho. A celebração vai lembrar a dedicação de Guido às funções que desempenhou com dedicação em vida : a Medicina e a preparação para o sacerdócio. É também o primeiro dia do mês de Nossa Senhora, de quem o jovem era extremamente devoto.

Segundo a mãe de Guido, Maria Nazareth Schäffer, o evento será um momento de evangelização para quem lá estiver. ‘Como pede o Papa Francisco, é sair e ir ao encontro do outro, exatamente o que Guido gostava de fazer. Muitas vezes, evangelizou na praia, entre uma onda e outra. O mar era para ele um local de encontro também com Deus’, disse.’


Fonte :

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Missão possível

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

Resultado de imagem para flor laranja
*Artigo do Padre António Rego,
Missionário Comboniano


‘Foram variando os nomes ao longo dos tempos : o mais velho, ancião, idoso, patriarca, terceira idade. Nenhuma expressão se atreveu a tornar-se única. Uma certa procura de dignidade foi repescando sinônimos para tornar menos humilhante o tempo da vida que falta viver. Com a subida da média etária, os mais velhos são cada vez mais ‘jovens’ e mais longamente idosos. Mas, no barco da vida, eles vão chegando à proa, gerando desequilíbrio, fazendo ondas que ameaçam os da retaguarda, a segurança social, olhando para trás sem verem quem lhes siga o rasto porque faltam crianças e jovens. Não é só a economia de um país que se ressente. Parece ser o equilíbrio do planeta que está em risco. O ‘excesso’ de velhice levou um indiano, não há muito, a exclamar : «A morte esqueceu-se de mim

É bom, entretanto, recordar o valor do idoso, por exemplo, na tradição africana: «Quando morre um velho, é uma biblioteca que arde Transmitem a cultura e a sabedoria. Estão no centro da roda da família. Diz-se que em alguns lugares esse posto foi ameaçado e os jovens passaram para o centro e não ouvem nem reconhecem a autoridade ‘do mais velho’.

A mudança é inevitável, mas não exige a expulsão do seu lugar simbólico. Em boa parte, estão mais ativos. Têm o tempo que nunca tiveram para olhar e acompanhar a família, derramar afetos e atenções ao que lhes tinha passado de raspão nos anos em que a vida voou. Ganham estatuto patriarcal, como avós, apoio de filhos e netos, com um segundo olhar sobre os fatos, iluminado pela sabedoria que recorta, no tempo e no espaço, os acontecimentos que se atropelam. Têm disponibilidade e energia para os outros, para os ver e ouvir melhor, não obstante o embaciado do olhar e a rigidez do ouvido.

Aqui chegados há que exigir um novo olhar da sociedade que os expulsa por comodidade para os lares, muitos sobrelotados de pessoas e vazios de afeto para com os idosos que têm vida para viver e para dar. A Igreja tem integrado na sua missão a atenção aos mais idosos para que se encontrem, reflitam, rezem e aprendam. E não tenham medo de se integrar na comunidade com todas as fragilidades que o tempo acarreta. Trata-se de respeitar um capital adquirido que se não deve expulsar nem esconder. Têm beleza e esplendor as suas rugas. Podem, a partir da família, ou do lar como recurso, alimentar os seus contatos na partilha e abertura a outras culturas, continentes, ações de desenvolvimento e solidariedade, envoltas no anúncio da vida e do Evangelho. E sentirem a importância da sua vida na missão de mestres, na leitura serena dos sinais dos tempos. E na permuta com outras gerações que lhes dão ânimo para prosseguirem na aula continuada da vida. Como na oração que alavanca o mundo na sua grandeza e miséria. O despojamento dos idosos, mais que uma fragilidade, é um estado de alma que abre portas à passagem de Deus, reconta o rosário da experiência espiritual, longe da ambição, do egoísmo, da corrida desenfreada para chegar ao primeiro lugar.’


Fonte :

domingo, 23 de abril de 2017

São Jorge, Mártir

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

Resultado de imagem para saint george

‘São Jorge viveu nos primeiros séculos da Cristandade. Nasceu em Lydda, Palestina, a terra de Jesus, filho de um agricultor muito estimado. Ingressou no exército e foi capitão.

Quando o santo chegou a uma cidade do Oriente, encontrou-se com um terrível crocodilo (ou dragão, ou tubarão), que devorava as pessoas e ninguém se atrevia a enfrenta-lo. São Jorge o fez e venceu.

Cheios de admiração e de emoção por ocorrido, os moradores escutaram atentamente quando o santo lhes falou sobre Jesus Cristo e muitos deles se converteram ao cristianismo.

Nessa época, o imperador Diocleciano mandou todos adorarem ídolos ou deuses falsos e proibiu adorar Jesus Cristo. O santo declarou que ele nunca deixaria de adorar Cristo e que jamais adoraria ídolos.

Essa recusa fez com que o imperador o condenasse à morte. No momento do martírio, levaram-no ao templo dos ídolos para ver se adorava, mas diante da sua presença, várias estátuas de falsos deuses caíram no chão e se despedaçaram.

O santo foi martirizado e, enquanto o açoitavam, lembrava-se dos açoites que deram em Jesus e não abria a boca. Sofreu os castigos em silêncio.

As pessoas, ao vê-los, diziam que era corajoso e que ‘verdadeiramente vale a pena ser seguidor de Cristo’. Antes de morrer, o santo disse : ‘Senhor, em Tuas mãos entrego a minha alma’.

Quando escutou que lhe cortariam a cabeça, alegrou-se, porque tinha muito desejo de ir ao céu e estar com o Senhor. O santo sempre estava em oração.

São Jorge também é padroeiro da Inglaterra e dos escoteiros.

Geralmente, o santo é representado sobre um cavalo, com traje militar da época medieval, com uma palma, uma lança e um escudo, que tem uma bandeira branca com uma cruz vermelha, cujos braços vão às extremidades.

Este escudo pode ser visto em quadros e outras representações e a adaptação do mesmo está na bandeira da Inglaterra, da Geórgia, entre outras.

O santo é protetor dos soldados, agricultores, arqueiros, escoteiros, ferreiros, prisioneiros, entre outros. Também é conhecido como protetor dos animais domésticos.’


Fonte :

sábado, 22 de abril de 2017

Três dons do Ressuscitado : o Espírito, o perdão, a missão

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

Resultado de imagem para divina misericordia
II Domingo de Páscoa
Domingo da Divina Misericórdia
Ano A - Domingo 23.4.2017

Atos 2, 42-47
Salmo 117
1 Pedro 1, 3-9
João 20, 19-31

Reflexões

‘É significativa a cronologia que nos oferece o Evangelho de João sobre «aquele dia, o primeiro da semana» (v. 19), o dia mais importante da história. Porque naquele dia Cristo Ressuscitou. Aquele dia tinha iniciado com a ida de Maria Madalena ao sepulcro «logo de manhã ainda escuro» (Jo 20,1). No Evangelho de hoje, estamos na «tarde daquele dia… estando as portas fechadas… com medo dos judeus» (v. 19). A reconstituição de espaço e tempo, e também a psicológica, é completa. Iniciou enfim a história nova para a humanidade, no sinal de Cristo ressuscitado. Prescindir d’Ele seria uma perda de valores e um risco para a própria sobrevivência humana.

As portas fechadas e o medo são ultrapassados com a presença de Jesus, o Vivente, que por bem três vezes anuncia : «A paz esteja convosco!» (v. 19.21.26), provocando a alegria intensa dos discípulos «ao ver o Senhor» (v. 20). Paz e alegria encontram-se entre as características mais evidentes da primeira comunidade cristã (I leitura) : tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração e gozavam da simpatia de todo o povo (v. 46-47). Uma simpatia justificada, dada a solidez e a irradiação missionária daquele novo grupo que se alicerçava sobre quatro pilares (42) : ensino dos apóstolos, fração do pão, oração e koinonia (união fraterna, partilha de bens). Pedro (II leitura), por sua vez, exorta os fiéis a estar «cheios de alegria, embora seja preciso ainda… passar por diversas provações» (v. 6). A Páscoa de Jesus faz ultrapassar os medos do cristão e do missionário; a fé, que conduz ao encontro com Cristo ressuscitado, ajuda a ultrapassar também as dificuldades psicológicas, como a angústia, os receios, a depressão…

São três os principais dons que Cristo ressuscitado oferece à comunidade : o Espírito, o perdão dos pecados e a missão. O fruto maior da Páscoa é sem dúvida o dom do Espírito Santo, que Jesus sopra sobre os discípulos : «Recebei o Espírito Santo» (v. 22). Ele é o Espírito da criação redimida e renovada, que Jesus derrama no momento da morte na cruz (Jo 19, 30), como prelúdio do Pentecostes (Atos 2ss).

Para João o dom do Espírito está essencialmente relacionado com o dom da paz e, portanto, com o perdão dos pecados, como disse Jesus : «Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados» (v. 23). A paz verdadeira tem as suas raízes na purificação dos corações, na reconciliação com Deus, com os irmãos e com toda a criação. Esta reconciliação é obra do Espírito, porque «Ele é a remissão de todos os pecados» (veja-se a oração sobre as ofertas, na Missa do sábado antes do Pentecostes, e a nova fórmula da absolvição sacramental). Para o evangelista Lucas «a conversão e o perdão dos pecados» são a mensagem que os discípulos deverão anunciar «a todas as gentes» (Lc 24, 47). Com razão, portanto, o sacramento da reconciliação é um inestimável presente pascal de Jesus : é o sacramento da alegria cristã (Bernardo Häring).

Os dons do Ressuscitado são para anunciar e partilhar com toda a família humana; por isso Jesus naquela tarde, anuncia uma missão universal, que Ele confia aos apóstolos e aos seus sucessores : «Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós» (v. 21). São palavras que vinculam para sempre a missão da Igreja com a vida da Trindade, porque o Filho é o missionário enviado pelo Pai para salvar o mundo, por meio do amor. «Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós», são palavras para ser lidas em paralelo com estas outras : «Assim como o Pai me amou, também Eu vos amei» (Jo 15, 9), estabelecendo uma ligação indivisível entre missão-amor, amor-missão. Com estas palavras permanece para sempre sancionado que a Missão universal nasce da Trindade (AG 1-6) e é dom-empenho pascal de Jesus ressuscitado.

Os três dons do Ressuscitado: o Espírito, a reconciliação e a missão, são vividos por nós na fé. Apesar de não vermos o Senhor, somos felizes (v. 29) se acreditarmos n’Ele e O amarmos. Estamos, portanto, gratos a Tomé (v. 25), que quis pôr a mão na ferida do Coração de Cristo, que «cubiculum est Ecclesiae», é o aposento íntimo/secreto da Igreja (Santo Ambrósio). Aquele Coração é o santuário da Divina Misericórdia, título e tesouro que neste domingo é celebrado com crescente devoção popular. (*) A misericórdia divina é, desde sempre, a mais vasta e consoladora revelação do mistério cristão : «A terra está cheia de miséria humana, mas repleta da misericórdia de Deus» (Santo Agostinho). Esta é a ‘boa-nova’ permanente, que a Missão leva à humanidade inteira.’


Fonte :

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Viver ressuscitados

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

Resultado de imagem para flor amarela
*Artigo de Bernardino Frutuoso,
Jornalista


‘Celebramos o mistério salvífico da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Tempo privilegiado em que fazemos memória viva do amor incondicional e libertador de Jesus de Nazaré. Ele é condenado à morte depois de um processo político-religioso e, na lógica do dom, aceita morrer na cruz, como um excluído. Mas esse madeiro, paradoxalmente, deixa de ser símbolo de derrota, fraqueza e morte e converte-se num kairós, um sinal de vida que remete ao futuro. Deus, contrariando a vitória fatal que a morte parece ter na História, em fidelidade à aliança de amor com a humanidade, ressuscita o crucificado.

Na pessoa de Jesus Cristo e na sua ressurreição triunfa o princípio da vida e todas as virtualidades escondidas no ser humano explodiram e implodiram numa surpreendente e absoluta realização. Como declara São Paulo (1Cor 15, 45), Jesus é o «novo Adão», Senhor da História, e a sua ressurreição toca tudo e todos. A humanidade, a Terra e o próprio Universo são transfigurados. Assim, os crentes afirmamos com fé e esperança cristãs que morremos para viver mais, melhor e para sempre, percebendo que «a morte é a curva da estrada, morrer é só não ser visto», como expressa belamente Fernando Pessoa.

A ressurreição, fundamento central da fé cristã, no entanto, não é só um assunto escatológico, uma esperança futura; irrompe na nossa história e impele-nos a aceitar Jesus e a configurar-nos com Ele no hoje do nosso quotidiano. É o crucificado-ressuscitado quem nos indica esse caminho de metanóia. Apresenta-se e convive com as mulheres e homens seus seguidores, aquece o seu coração com a sua proximidade, palavras e gestos. Essa experiência de amor pós-pascal confirma os discípulos na fé e dá-lhes força para assimilar a boa notícia de Jesus. Partem, por isso, em missão, anunciando o Reino da Vida a todos os povos da Terra e, por essa esperança invencível na ressurreição, sem a qual a nossa fé seria vã, são perseguidos e martirizados.

Ser cristão é acolher o Espírito do ressuscitado e peregrinar, no aqui e agora da História, como audazes e alegres discípulos missionários. Se vivemos no coração de Deus, estamos chamados como Jesus a entregar a vida como um dom e a continuar o seu projeto, comprometendo-nos ativamente em favor do bem, a fraternidade, o amor, a justiça, a misericórdia, a solidariedade, a dignidade, a verdade, o belo... Ajudando Deus a construir um mundo melhor, defendendo a vida dos mais débeis, os crucificados de hoje. Essa é a mística que mobiliza Etty Hillesum, jovem holandesa de origem judaica, que durante o domínio nazi se oferece para trabalhar no campo de trânsito dos judeus de Westerbork, nos Países Baixos – em 1943 é deportada para Auschwitz e morre nesse ano com 29 anos. Essa mulher, de espiritualidade profunda, que descobre Deus no mais íntimo do seu ser e assume a sua causa : «E, quase a cada batida do coração, torna-se isto mais nítido : que tu não nos podes ajudar, que nós devemos ajudar-te» (12 de Julho de 1942). Ser cristão é ser testemunha da ressurreição, assumindo o estilo de Jesus, percebendo a humanidade como lugar de exigência de amor, e em cada pessoa – como afirmava Etty em 15 de Setembro de 1942 – amar um pedaço de Deus.’


Fonte :



segunda-feira, 17 de abril de 2017

A Virgem Maria no Tempo da Páscoa

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

Resultado de imagem para virgin mary in the easter
*Artigo do Padre Jesús Castellano Cervera, OCD,
(30.7.1941 – 15.06.2006)


‘Quisera oferecer uma meditação sobre o sentido da presença discreta e até escondida da Mãe do Ressuscitado, no mistério desses cinqüenta dias de alegria pascal que chamamos de Tempo de Pentecostes.

É tempo do Cristo Ressuscitado, presente no meio de seus discípulos desde a manhã da Páscoa. É tempo do Espírito Santo cuja efusão, São João Evangelista antecipa na tarde do Domingo da Ressurreição, para sublinhar que o dom do Espírito Santo é sopro do próprio Ressuscitado, transmitido a seus apóstolos (cf. Jo 20,22-23), para que prossigam a mesma obra que Jesus levou até o fim. É tempo da Igreja, da humanidade nova que é o corpo do Ressuscitado que através das aparições de Jesus a seus discípulos, alegra-se com a certeza de sua presença até o fim dos tempos em sua peregrinação histórica (Mt 28,20). É tempo de Maria, a Mãe de Cristo Ressuscitado que sente a alegria pelo triunfo de seu Filho, discípula entre os discípulos, aquela que foi testemunha da Ressurreição, da Ascensão e de Pentecostes.

Vamos elucidar de uma maneira simples, a presença de Maria nestas três ocasiões, à luz da Liturgia, com elementos tradicionais e novos, do Oriente e do Ocidente, baseando-se também na iconografia e na tradição bíblico-litúrgica. Queremos assim, suprir discretamente, o silêncio dos dados encontrados nos evangelhos sobre Maria.

Trata-se da presença e do exemplo de Maria no centro dos mistérios que selam a missão salvadora de seu Filho, da Ressurreição até o Pentecostes.


1. Maria na alegria da Ressurreição

Não vamos embarcar na difícil tarefa de justificar uma aparição de Jesus Ressuscitado à Virgem Maria. Existe literatura abundante, nos apócrifos, nos escritos dos Padres que se deixaram convencer pelos apócrifos, e até mesmo nos Evangelhos que se esforçam para ver em uma das Marias que receberam a aparição de Jesus, à Virgem Mãe de Deus. Nem é este o lugar para que sejamos seduzidos pelos clássicos livros da Vida de Maria que falam da primeira aparição do Senhor a sua Mãe, ou pela abundante literatura espiritual sobre este tema. Vamos simplesmente perscrutar os textos litúrgicos, que são escritos de fé, que no âmbito da celebração dos mistérios, adquirem o valor do verdadeiro ‘sensus fidelium’.

Que Maria seja testemunha da Ressurreição de seu Filho, ninguém duvida. Sua presença no cenáculo, à espera do Espírito Santo, é um dado essencial. A experiência de Maria como Mãe e discípula não terminou ao pé da Cruz. Maria é associada plenamente à continuidade do mistério de Cristo na dimensão do Espírito, que se inaugura na manhã da Páscoa e tem como momento estrelar a efusão do Espírito Santo, em Pentecostes. A experiência de Maria se enriquece, cresce e adquire, como no Calvário, toda a dimensão tipológica de ‘experiência eclesial’, quando a Mãe de Jesus aparece como figura e Mãe da Igreja nascente.


2. O oriente bizantino

A Liturgia bizantina que com tanta emoção canta a presença de Maria ao pé da Cruz e põe em seus lábios os mais comovedores lamentos pela morte de seu Filho, é bastante discreta quando se refere à alegria Pascal que sente a Mãe de Jesus. O ‘megalinário’ ou Canto à Maria que se intercala nas orações Eucarísticas depois da epíclese, no momento em que se recorda a Virgem na comunhão dos Santos, tem a finalidade, de acentuar esta alegria :

«O Anjo exclamou a Cheia de Graça :
‘Virgem Pura rejubila!’
De novo digo, rejubila,
teu Filho ressuscitou do túmulo ao terceiro dia.
Resplandece, resplandece, ó Nova Jerusalém,
pois a glória do Senhor, brilhou sobre ti.
Exulta agora, e alegra-te Sião.
E tu, ó Mãe de Deus toda pura,
Rejubila na Ressurreição do teu Filho

A última parte deste hino é de autoria de São João Damasceno, que é cantado na Grande Vigília Pascal Bizantina. A Mãe de Cristo é associada à alegria da Nova Jerusalém, da Igreja que nasce da Ressurreição. Mas o texto tem conteúdo simbólico sugestivo. As palavras do Anjo no primeiro anúncio ‘Alegra-te, cheia de Graça’, tem agora a dimensão do grande anúncio da Páscoa. Os anjos são os primeiros evangelistas, como também as mulheres que receberam o anúncio e o comunicaram aos discípulos incrédulos. A liturgia bizantina por isso, as honras com o título de ‘iguais-aos-apóstolos’ ou, ‘apóstola-dos-apóstolos’.

Entre estas mulheres, portadoras de perfumes (miróforas) e evangelistas, Maria está incluída, e é testemunha da Ressurreição. A alegria deste segundo anúncio que a Virgem recebeu, parece, nos sugerir o texto bizantino, recordar todas as promessas do primeiro ‘alegra-te’ da Anunciação como também as palavras que Jesus repetiu muitas vezes a seus discípulos e que Maria, junto com tantas outras, conservava em seu coração : ‘Ao terceiro dia ressuscitarei’. Neste texto bizantino, podemos encontrar a fonte da antífona Mariana que a Igreja do Ocidente repete durante todo o tempo pascal : ‘Rainha do Céu, alegrai-vos, aleluia’.

Entre os tropários da Ressurreição que a Liturgia Bizantina canta todos os domingos, o do sexto tom, conservou também uma breve recordação do encontro de Jesus com sua Mãe:

«Enquanto Maria estava diante do sepulcro
a procura de teu imaculado corpo,
os anjos apareceram em teu túmulo
e as sentinelas desfaleceram.
Sem ser vencido pela morte,
submeteste ao teu domínio o reino dos mortos,
e vieste ao encontro da Virgem revelando a Vida.
Senhor, que ressurgiste dos mortos, glória a Ti!»

Uma antiqüíssima ilustração iconográfica faz eco a esta convicção dos cristãos, transmitida pela tradição oral. O Evangeliário de Rábbula de Edessa, dos finais do século VI, conservado hoje na Biblioteca Laurenziana de Florença, apresenta a cena das mulheres indo ao sepulcro na manhã da Páscoa, ao lado da cena de Maria junto ao pé da Cruz.


3. A liturgia do ocidente

Em plena consonância com as expressões bizantinas, uma oração visigótica para o Dia da Ressurreição é dedicada à Virgem Mãe de Deus, quando  vai buscar o corpo de Jesus no sepulcro, que alguns evangelistas atribuem à Maria de Magdala :

«Senhor Jesus Cristo,
com que ardoroso  desejo e devoção
buscava tua bem aventurada Mãe, 
por todos os rincões teu corpo,
quando mereceu receber do Anjo o anúncio 
para que não mais chorasse,
pois estavas já ressuscitado...»

Como feliz prolongação da tradicional Antífona Mariana : ‘Rainha do Céu, alegrai-vos...’, o Missal Romano de Paulo VI elaborou várias orações para as Missas Votivas à Mãe Deus, no Tempo Pascal, recorrendo à alegria da Virgem pela Ressurreição de seu Filho.

Atualmente, compilou-se novas orações para as Missas dedicadas à Maria como a Missa ‘À Virgem Maria na Ressurreição do Senhor’, cujo conteúdo sintetiza de maneira apropriada o que a devoção dos fiéis havia sempre colocado em relevo : a presença de Maria no Mistério do Cristo Ressuscitado. Maria, a Virgem da Páscoa, tem na Liturgia Ocidental, orações litúrgicas que celebram e propõem uma união indissolúvel da Mãe de Deus com o triunfo de seu Filho. Como canta o Prefácio desta Missa :

«Porque na Ressurreição de Jesus Cristo, teu Filho, encheste de alegria a Santíssima Virgem e premiaste maravilhosamente sua fé; ela havia concebido o Filho crendo, e, crendo esperou sua Ressurreição; forte na fé, contemplou o dia da Luz e da Vida, na que, dissipada a noite da morte, o mundo inteiro alegrou-se e a Igreja nascente, ao ver novamente o seu Senhor imortal, se alegrou entusiasmada».

A alegria da Virgem na Páscoa, é a alegria da Igreja que se exulta pelo triunfo de Cristo e encontra a cada ano, no Mistério Pascal, a fonte de seu regozijo, de sua esperança e de seu empenho.


4. A Virgem na Ascensão do Senhor

A solenidade da Ascensão do Senhor, quarenta dias após a Ressurreição, celebra a subida gloriosa de Cristo à direita do Pai. É também o momento final da presença visível do Senhor Ressuscitado em meio a seus discípulos. Diz São Leão Magno : o que era visível em Cristo passou-se aos Sacramentos da Igreja

A presença de Maria na Ascensão do Senhor é um dado que a tradição nos passa através da iconografia. A liturgia bizantina recorreu aos ícones para elaborar seus ofícios litúrgicos para este dia, dando destaque a presença de Maria neste acontecimento.

Desde a primitiva representação da Ascensão do Senhor, em Monza, do século IV ou V, Maria ocupa o lugar central entre o grupo dos discípulos que dirigem seu olhar ao Senhor que ascende aos céus, rodeado por anjos. Os anjos anunciam que tal como havia subido ao céu, Ele voltará cheio de glória (At 1,10-11). O Evangelho de Rabbula de Edessa oferece uma imagem a este respeito com um colorido impressionante. Os detalhes da Virgem Maria são espetaculares. De pé, entre o grupo dos apóstolos ocupa o lugar central. Está revestida com um manto púrpura da ‘Theotokos’, a Mãe de Deus; suas mãos estão numa posição de oração, como se quisesse acompanhar o movimento de ascensão de seu Filho.

A liturgia bizantina recorre à iconografia para elaboração de alguns tropários referentes a esta festa, dando voz a expressão iconográfica. Um texto das Vésperas da Ascensão canta :

«Era conveniente que quem, como Mãe,
sofreu mais que ninguém a Paixão,
fosse agraciada por contemplar
a Gorificação de Teu Corpo».

E, associando a Mãe aos apóstolos, testemunhas essenciais dos acontecimentos, segundo as Escrituras, a Liturgia Bizantina expressa a Teologia deste mistério com esta oração :

«Doce Jesus,
que sem abandonar a comunhão com o Pai,
quiseste submeter a nossa humanidade
entre os habitantes desta terra,
e que hoje, do Monte das Oliveiras
subiste em glória,  elevando  o homem contigo
por amor à natureza decaída,
fizeste este mesmo homem
sentar-se contigo junto a teu Pai.
Por isso, os exércitos angélicos,
assombrados, cheios de   reverência,
magnificam teu imenso amor pelos homens.
Junto com eles, também nós habitantes da terra,
glorificamos tua vinda até nós
e tua ascensão aos céus.
Encheste de alegria o grupo dos doze apóstolos
e a Bem-aventurada Virgem Maria que te gerou,
faz-nos dignos da glória dos eleitos,
por suas orações e tua grande misericórdia».

A teologia litúrgica que se desprende da iconografia do Mistério da Ascensão desenvolve amplamente o significado da presença de Maria neste episódio. Sublinha especialmente o caráter eclesial desta presença. No meio dos discípulos e em uma antecipação da espera pelo Pentecostes, Maria é a imagem da Igreja nesta terra. Sua atitude orante, com as mãos elevadas para o céu, é a expressão da epíclese, ou seja, a ardente invocação do Espírito Santo pela Igreja, esposa de Cristo. Desde o momento da Ascensão do Senhor, a Virgem suplica que o Espírito Santo venha habitar entre nós.

A mesma série de ícones apresentada no Evangeliário de Rabbula apresenta a cena do Pentecostes com uma assombrosa identidade coma Ascensão : o lugar que ocupava o Senhor na cena da Ascensão é ocupado pela pomba do Espírito Santo que derrama chamas de fogo sobre as cabeças dos apóstolos e de Maria. Há uma razão profunda para a presença de Maria neste mistério. A Virgem foi testemunha da entrada de Jesus neste mundo pela encarnação em seu ventre. Dela o Verbo recebeu a carne que agora é levada à gloria do Pai e é introduzida para sempre no seio da Trindade. Maria aparece como testemunha da humanidade de Cristo que é glorificada. Termina desde modo os acontecimentos visíveis de seu Filho na Terra. Mas Jesus se faz presente visivelmente nos Sacramentos da Igreja. Da mesma forma que Maria sentiu o Senhor encarnar-se em seu seio, também ela, é digna de vê-lo subir em glória, cujo corpo passou por tantos sofrimentos.


5. A Virgem Maria no mistério do Pentecostes

«Os discípulos dedicavam-se à oração em comum,
junto com Maria, a Mãe de Jesus». (At 1,14)

Para a presença de Maria no Cenáculo de Pentecostes contamos com a breve e significativa referência de São Lucas que narra este acontecimento no Livro dos Atos dos Apóstolos. Desta forma, este texto coloca Maria inserida no seio da comunidade apostólica pois, no momento da descida do Espírito Santo, ela está com os apóstolos. Assim escreveu X. Pikaza, um dos melhores artigos escritos sobre este particular :

«Que contribuição traz Maria, na visão dos estudiosos que interpretam a vida de Jesus? Os Apóstolos são testemunhas de sua atividade e de sua Páscoa; as mulheres testemunham a força de seu amor pela humanidade e a realidade de sua morte; os seguidores testemunham os milagres e sua misericórdia. E Maria? Ela testemunha o seu nascimento e sua infância comprovando sua verdadeira humanidade».

Jesus não poderia ser concebido pela Igreja como plenamente humano se faltasse o testemunho de uma Mãe que o gerou e o educou. Na visão da Igreja, Maria faz parte da vida de Jesus, mesmo sendo uma testemunha silenciosa : ‘Guardava tudo em seu coração’ (Lc2,19-51). Há algo que nem os apóstolos, nem as mulheres nem seus seguidores poderiam testemunhar a não ser Maria que entregou à Igreja tal testemunho : sua humanidade e divindade.

O fato de Maria aparecer nos ícones sempre no meio dos Apóstolos embasa fortemente o pensamento de estar inserida significativamente na comunidade apostólica, pois ela continua, com sua presença, a evangelizar; e recebe, por outro lado, dos que compreenderam a profundidade de sua fé e missão, a honra de ser chamada   ‘Bem Aventurada’.

A efusão do Espírito, como sabemos, tem impressionantes semelhanças com o mistério da Anunciação. É a mesma força que desce do alto, a mesma que cobriu Maria com sua sombra e agora enche o coração dos apóstolos. Os lábios de Maria, na Anunciação se abriram para cantar o Magnificat; e no Pentecostes os apóstolos anunciaram as obras do Senhor a todos os homens em várias línguas. Lá é o mistério do Cristo que se encarna; aqui é o mistério da Igreja que nasce. Maria então é aquela que está presente de maneira singular nestes acontecimentos que obedecem uma continuidade : da Encarnação do Verbo   ao nascimento da Igreja, por meio do Espírito Santo.


6. A Iconografia

Também no Pentecostes, a iconografia nos oferece uma mensagem da fé da Igreja. O códice de Rabbula de Edessa, fonte inspiradora da iconografia oriental e ocidental, coloca a Virgem de pé no centro da Igreja apostólica; a pomba, símbolo do Espírito Santo, é colocada verticalmente sobre sua cabeça, lançando sobre ela a chama mais abundante do fogo pentecostal. Maria aparece, como na Ascensão, no centro, como figura e modelo da magnífica presença feminina na Igreja, e lembra também o rosto de Jesus, no meio de seus apóstolos.

Para este ícone quisera evocar sobriamente uma sugestiva exegese da Teologia Oriental. Escreve o Teólogo V. Lossky :

«O Espírito Santo
apareceu em forma de línguas de fogo,
separadas umas das outras,
e pousaram sobre a cabeça dos que ali estavam,
sobre cada um dos membros do Corpo de Cristo.
O Espírito Santo se comunica com as pessoas,
marcando cada membro da Igreja
com o selo da relação pessoal
e única com a Trindade».

O Espírito de Pentecostes une e distingue. Plasma a pessoa em sua irrepetível singularidade, em seu próprio carisma mas, por sua vez, faz destas mesmas pessoas comunhão umas com as outras. Não é uma fusão que as despersonaliza. A Igreja é comunhão de pessoas, chamadas uma a uma pelo mesmo Espírito, salvaguardando cada singularidade, cada vocação e cada missão, para que participem da plena unidade, como imagem da Trindade. Maria ocupa assim seu lugar na Igreja, pela sua missão, carisma, solidariedade, unidade e comunhão com os demais. Ela é parte da Igreja, discípula e apóstola, e que pela sua maternidade, teve a função de congregar a todos na comunhão, na oração perseverante, à espera do Paráclito.


7. Novas missas

A Liturgia da Igreja quis preencher um vazio mariano na ‘eucologia’ ocidental com as orações litúrgicas das missas votivas à Virgem Maria, que é o centro do mistério do cenáculo com a ‘Missa da Virgem Maria no Cenáculo’ e a ‘Missa da Virgem Maria, Rainha dos Apóstolos’. Vale a pena recordar os textos centrais do Prefácio que evocam a simetria entre a Anunciação e a vinda do Espírito Santo e a simetria entre a Visitação de Maria à Isabel com a Missão dos Apóstolos :

«Por que nos deste na Igreja Primitiva um exemplo de oração e de unidade admiráveis : a Mãe de Jesus orando com os discípulos. Aquela que esperou em oração a vinda de Cristo invoca, agora, o Defensor prometido com seus rogos ardentes e que na Encarnação do Verbo foi coberta pela sombra do Espírito, de novo é cheia de graça pelo dom divino, no nascimento de teu novo povo...»

Assim, com feliz intuição litúrgica, a Igreja reconhece em Maria as primícias de sua missão apostólica que parte do cenáculo cheio de ardor e da força do Espírito Santo:

«Porque ela, conduzida pelo Espírito Santo visitou, levando Cristo em seu ventre, o Precursor, dando-lhe alegria e benção; do mesmo modo Pedro e os demais apóstolos, movidos pelo mesmo Espírito, anunciaram a todos os povos o Evangelho que havia de ser para eles causa de alegria e salvação. Agora também a Santíssima Virgem pede, com sua intercessão incessante, para que anunciem o Cristo Salvador para o mundo».

Em plena recuperação do exemplo de Maria para a Igreja no exercício do culto divino, estas contribuições da espiritualidade litúrgica, com a ajuda do Oriente cristão e o inesperado presente da primitiva iconografia Mariana que é fonte da ‘lex credendi’ (a norma da fé), podemos viver o Mistério do tempo Pascal. Na celebração do Mistério de Cristo que ressuscitou, subiu aos céus e enviou o Paráclito, a Igreja vê Maria, como testemunha especial destes acontecimentos, vivendo tais mistérios e os comunicando ao mundo.’

Resultado de imagem para Jesús Castellano
Fonte :


Tradução : Padre Paulo Augusto Tamanini