*Artigo
de Artur da Távola,
advogado, jornalista, radialista, escritor, professor e político
‘Como é difícil
perdoar!
Pouca gente, mesmo
entre cristãos, compreende o sentido profundo do perdão. A maioria pensa que é
forma de anistia do sentimento, ato interno capaz de compreender o ofensor e
desculpá-lo no fundo do coração misericordioso. Este primeiro degrau do perdão
já é difícil de ser galgado. E a propósito da Semana Santa, quero dizer o
seguinte: O verdadeiro sentido da revolução cristã do perdão, porém, é outro, e
bem mais radical: mais que ausência de ódio no coração do ofendido, o perdão é
ação de amor na direção do ofensor. O cristianismo é tão revolucionário que
exige do ser humano não apenas a grandeza de compreender e desculpar o ofensor,
mas a capacidade de amá-lo. Perdoar é per+doar, isto é, ‘doar amor através (per) do ofensor’.
Perdoar é doar amor
através do ofensor
Quem doa amor ao
ofensor dá-lhe as condições profundas de contrição,
compunção, compaixão e arrependimento, os quatro caminhos através
dos quais o ser humano pode renascer de si mesmo e das trevas, trocando a morte
pela vida. Por ser o gesto mais difícil e elevado, o perdão é a única forma de
permitir ao ofensor a entrada de amor no seu coração. Qualquer forma de
cobrança, punição e vingança aferra a crueldade do ofensor e, de certa forma,
fá-lo sentir-se justificado.
A doação objetiva
e concreta de amor poderá não ser eficaz, adiante, porém é a única forma
através da qual o ofensor tem a chance de se arrepender sinceramente e
reencontrar um caminho que lhe faz falta e é a única maneira de se redimir,
crescer como pessoa, transformar-se.
Ser bom, fazer-se
seguidor das religiões, sentir-se justo, fraterno, solidário, honesto, tudo
isso - embora exija esforços - é relativamente fácil e em geral alimenta o ego.
Difícil é perdoar o ofensor, não apenas desculpando-o, mas sendo capaz de o
amar na integralidade do seu ser. Por isso, aliás, o cristianismo em essência
encontra tanta dificuldade de se implantar entre os homens : exige a descoberta
da grandeza humana, da virtude no sentido de exercício da única força capaz de
mudar o mundo : o amor real. Não há revolução maior. Quem é capaz?’
Fonte :
* Artigo na íntegra https://www.ecclesia.com.br/biblioteca/fe_crista_ortodoxa/perdao_e_semana_santa.html
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