*Artigo
do Padre José Antonio Pagola
‘Os Evangelhos
recolheram a memória de umas mulheres admiráveis que, na madrugada do sábado,
foram ao túmulo onde Jesus fora sepultado. Elas não puderam esquecer. Elas
continuavam o amando mais que tudo. Enquanto isso, os homens fugiram e
permaneceram, talvez, escondidos.
A mensagem que
ouvem ao chegar é de importância excepcional. O Evangelho de Mateus diz assim :
‘Eu sei que buscais a Jesus, que foi
crucificado. Não está aqui. Ele ressuscitou, como havia dito. Vinde, vede o
lugar onde jazia.’ É um erro buscar Jesus no reino dos mortos . Ele vive
para sempre. Nunca o poderemos encontrar onde a vida cessa.
Não nos esqueçamos
: se queremos encontrar o Cristo ressuscitado, cheia de vida e força criadora,
não devemos lhe buscar em uma religião morta, reduzida a observância externa de
preceitos e ritos rotineiros, em uma fé apagada que se sustenta em temas e
fórmulas gastas, vazias de amor vivo em Jesus.
Então, onde o
poderemos encontrar? As mulheres receberam esta missão : ‘Ide depressa e dizei aos discípulos : ‘Ele ressuscitou dos mortos e vai
adiante de vós para a Galiléia, lá vocês o verão’’. Por que se há de voltar
para a Galiléia para ver o Ressuscitado? Que significado profundo se encerra
neste convite? O que isso diz aos cristãos de hoje?
Na Galiléia se
ouviu, pela primeira vez e em toda sua pureza, a Boa Nova de Deus e o projeto
humanizador do Pai. Se não ouvirmos hoje com o coração simples e aberto,
alimentando-nos com doutrinas veneráveis, não conheceremos a alegria do
Evangelho de Jesus, capaz de ‘ressuscitar’ nossa fé.
Ademais, às
margens do Lago da Galiléia foi-se formando a primeira comunidade de Jesus.
Seus seguidores vivem com ele uma experiência única. Sua presença enche a tudo.
Ele é o centro. Com ele aprendem a viver acolhendo, perdoando, curando a vida e
despertando a confiança no amor insondável amor de Deus. Se não colocamos Jesus
quanto antes no centro de nossas comunidades, nunca experimentaremos sua
presença em nosso meio.
Se voltamos à
Galiléia, a ‘presença invisível’ de
Jesus Ressuscitado adquirirá traços humanos para ler os relatos dos Evangelhos,
e ‘presença silenciosa’ voz
específica irá recuperar as suas palavras de encorajamento.’
Fonte :
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