‘O Prêmio
Sakharov para a Liberdade de Pensamento foi atribuído a Nadia Murad Basee Taha e Lamiya Aji Bashar, duas jovens
yazidis que foram raptadas pelo autoproclamado Estado Islâmico e sobreviveram
para contar a sua história.
A comunidade
yazidi é uma minoria religiosa que tem sido objeto de uma campanha de genocídio
por militantes do Estado Islâmico no Iraque.
Nadia Murad e
Lamiya Aji são ambas vítimas e sobreviventes da violência do grupo Estado
Islâmico contra esta comunidade.
Violentadas
sexualmente e escravizadas pelo grupo islamita durante meses, como milhares de
outras mulheres yazidis, Nadia e Lamiya são atualmente as porta-vozes da luta
pelo reconhecimento dos crimes de guerra levados a cabo pelo EI, nomeadamente o
genocídio da comunidade Yazidi.
Foi graças aos
relatos das duas mulheres que a comunidade internacional se apercebeu da
campanha de violência sexual levada a cabo pelo grupo islamita.
O Prêmio Sakharov para a Liberdade de
Pensamento foi instituído em 1988 e é atribuído a pessoas que tenham dado
uma contribuição excecional para a luta em prol dos direitos humanos em todo o
mundo, chamando a atenção para as violações dos direitos humanos.
Informações gerais
sobre as laureadas
Em 3 de agosto de
2014, o EI assassinou todos os homens da aldeia de Kocho, cidade natal de
Lamiya Aji Bashar e Nadia Murad em Sinjar, no Iraque. Na sequência do massacre,
as mulheres e as crianças foram escravizadas : todas as jovens, incluindo
Lamiya Aji Bashar, Nadia Murad e as suas irmãs foram raptadas, compradas e
vendidas várias vezes, e exploradas para fins de escravatura sexual. Durante o
massacre de Kocho, Nadia Murad perdeu seis dos seus irmãos e a mãe, que foi
morta juntamente com oitenta mulheres mais idosas consideradas como não tendo
qualquer valor sexual. Lamiya Aji Bashar também foi explorada como escrava
sexual, juntamente com as suas seis irmãs. Foi vendida cinco vezes entre os
militantes e forçada a fabricar bombas e coletes suicidas em Mossul depois de
os militantes do EI executarem os seus irmãos e o pai.
Em novembro de
2014, Nadia Murad conseguiu fugir com a ajuda de uma família vizinha, que a
retirou clandestinamente da zona controlada pelo EI, permitindo-lhe seguir para
um campo de refugiados no norte do Iraque e depois para a Alemanha. Um ano mais
tarde, em dezembro de 2015, Nadia Murad dirigiu-se ao Conselho de Segurança das
Nações Unidas na sua primeira sessão sobre tráfico de seres humanos com um
discurso de grande impacto sobre a sua experiência. Em setembro de 2016,
tornou-se a primeira embaixadora da Boa Vontade do UNODC para a Dignidade dos
Sobreviventes do Tráfico de Seres Humanos, participando em iniciativas de
sensibilização globais e locais sobre a difícil situação das inúmeras vítimas
do tráfico de seres humanos. Em outubro de 2016, o Conselho da Europa
homenageou-a com o Prêmio dos Direitos Humanos Václav Havel.
Lamiya Aji Bashar
tentou fugir várias vezes até escapar finalmente em abril, com a ajuda da sua
família, que contratou passadores locais. Ao fugir da fronteira curda para
território controlado pelo Governo do Iraque, com militantes do EI no seu
encalço, uma mina terrestre explodiu, matando duas pessoas das suas relações e
deixando-a ferida e quase cega. Felizmente, conseguiu escapar e acabou por ser
enviada para tratamento médico na Alemanha, onde se juntou aos seus irmãos
sobreviventes. Desde a sua recuperação, Lamiya Aji Bashar tem trabalhado
ativamente na sensibilização para a difícil situação da comunidade yazidi e
continua a ajudar mulheres e crianças que foram vítimas da escravatura e das
atrocidades do EI’.
Fonte :
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