segunda-feira, 10 de outubro de 2016

O testemunho da credibilidade

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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 *Artigo de Padre José Rebelo,
Missionário Comboniano


‘A crise vocacional nos países ocidentais – e mesmo noutras latitudes – parece ser cada vez mais uma realidade incontornável. O clero é cada vez mais idoso e os padres ativos têm de tomar conta de mais paróquias, enquanto outras fecham. O número de jovens que entram na vida religiosa e missionária também tem diminuído profundamente. Os membros das congregações religiosas e missionárias provêm cada vez mais do Sul do mundo, mas nem sempre em número suficiente e com a preparação necessária para substituir os idosos e os que falecem.

Há claramente um novo ‘mapa vocacional’, mas não anula o fato de que as congregações têm vindo a diminuir o número das suas obras – veja-se o que acontece, por exemplo, no campo da educação! – e pensar mais na sua sobrevivência e adaptando casas para os mais idosos. Um problema adicional é o que fazer com algumas das grandes estruturas cuja manutenção é custosa e já não servem os objetivos para que foram erigidas.

«Não vivemos numa época de mudança, mas numa mudança de época», disse o Papa Francisco em Novembro do ano passado durante a conferência nacional da Igreja Italiana realizada em Florença. E acrescentou que «o nosso tempo requer que vivamos os problemas como desafios e não como obstáculos», conscientes de que «o Senhor está ativo e em ação no mundo». A História não se repete e, como religiosos, somos chamados a «abraçar com esperança o futuro» e a «despertar o mundo», como ele escreveu na sua carta apostólica para o Ano da Vida Consagrada.

Para perscrutar o futuro, não usamos na Igreja uma bola de cristal, nem lemos os astros ou estudamos as entranhas de animais. O único instrumento clássico para tentarmos encontrar o melhor caminho é por meio do discernimento – tendo em conta o carisma de cada família religiosa e as exigências do mundo hoje. Sem esse exercício humilde, os institutos nas suas reuniões tenderão, vez após vez, a tomar decisões de sinal contraditório e a perder dinâmica evangelizadora.

O outro desafio que se impõe para responder à crise vocacional é o de fazer uma profunda autocrítica sobre a nossa vida e prioridades para ir além do «horizonte mundano». Não podemos dizer que Deus não continua a chamar e/ou que desistiu do mundo, mas que a capacidade de escuta e mediação da proposta vocacional não são as adequadas. Mais do que engendrar estratégias de comunicação, temos de rever os nossos estilos de vida para sermos credíveis como «profetas evangélicos».

Como disse o papa no colóquio com os superiores religiosos em Novembro do ano passado, os religiosos são chamados a testemunhar o Evangelho com atitudes menos comuns, como «a generosidade, o despreendimento, o sacrifício, o esquecer-se de si mesmos para se ocuparem dos outros» – especialmente dos abandonados, dos esquecidos e dos que sofrem. Trata-se da «linguagem dos gestos», que no dizer do papa é aquela que pode «acordar o mundo» – apenas por meio de um modo diverso de fazer e viver.

«A Igreja não cresce por proselitismo, cresce por atração», disse o Papa Bento XVI – algo que o presente papa já citou várias vezes. Deus chama através do que somos e fazemos, não tanto pelo que dizemos. Se não vivermos com renovada generosidade a nossa vocação, seremos de pouco valia para o Reino de Deus.’


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