*Artigo
de Padre José Rebelo,
Missionário Comboniano
‘A crise
vocacional nos países ocidentais – e mesmo noutras latitudes – parece ser cada
vez mais uma realidade incontornável. O clero é cada vez mais idoso e os padres
ativos têm de tomar conta de mais paróquias, enquanto outras fecham. O número
de jovens que entram na vida religiosa e missionária também tem diminuído
profundamente. Os membros das congregações religiosas e missionárias provêm
cada vez mais do Sul do mundo, mas nem sempre em número suficiente e com a
preparação necessária para substituir os idosos e os que falecem.
Há claramente um
novo ‘mapa vocacional’, mas não anula
o fato de que as congregações têm vindo a diminuir o número das suas obras –
veja-se o que acontece, por exemplo, no campo da educação! – e pensar mais na
sua sobrevivência e adaptando casas para os mais idosos. Um problema adicional
é o que fazer com algumas das grandes estruturas cuja manutenção é custosa e já
não servem os objetivos para que foram erigidas.
«Não vivemos numa época de mudança, mas numa
mudança de época», disse o Papa Francisco em Novembro do ano passado
durante a conferência nacional da Igreja Italiana realizada em Florença. E
acrescentou que «o nosso tempo requer que
vivamos os problemas como desafios e não como obstáculos», conscientes de
que «o Senhor está ativo e em ação no
mundo». A História não se repete e, como religiosos, somos chamados a «abraçar com esperança o futuro» e a «despertar o mundo», como ele escreveu na
sua carta apostólica para o Ano da Vida Consagrada.
Para perscrutar o
futuro, não usamos na Igreja uma bola de cristal, nem lemos os astros ou
estudamos as entranhas de animais. O único instrumento clássico para tentarmos
encontrar o melhor caminho é por meio do discernimento – tendo em conta o
carisma de cada família religiosa e as exigências do mundo hoje. Sem esse
exercício humilde, os institutos nas suas reuniões tenderão, vez após vez, a
tomar decisões de sinal contraditório e a perder dinâmica evangelizadora.
O outro desafio
que se impõe para responder à crise vocacional é o de fazer uma profunda
autocrítica sobre a nossa vida e prioridades para ir além do «horizonte
mundano». Não podemos dizer que Deus não continua a chamar e/ou que desistiu do
mundo, mas que a capacidade de escuta e mediação da proposta vocacional não são
as adequadas. Mais do que engendrar estratégias de comunicação, temos de rever
os nossos estilos de vida para sermos credíveis como «profetas evangélicos».
Como disse o papa
no colóquio com os superiores religiosos em Novembro do ano passado, os
religiosos são chamados a testemunhar o Evangelho com atitudes menos comuns,
como «a generosidade, o despreendimento, o sacrifício, o esquecer-se de si
mesmos para se ocuparem dos outros» – especialmente dos abandonados, dos
esquecidos e dos que sofrem. Trata-se da «linguagem
dos gestos», que no dizer do papa é aquela que pode «acordar o mundo» –
apenas por meio de um modo diverso de fazer e viver.
«A Igreja não cresce por proselitismo, cresce
por atração», disse o Papa Bento XVI – algo que o presente papa já citou
várias vezes. Deus chama através do que somos e fazemos, não tanto pelo que
dizemos. Se não vivermos com renovada generosidade a nossa vocação, seremos de
pouco valia para o Reino de Deus.’
Fonte :
* Artigo na íntegra http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EuZVVZykVZdtiJUoux
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