‘Discutem-se
em muitos países o direito dos casais homossexuais à adoção de crianças.
Os
defensores dessa lei reivindicam o direito da laicidade do Estado, como se a
questão da adoção de crianças por casais homossexuais fosse apenas um problema
religioso e não, primariamente, uma questão natural.
Já a
drástica redução do número de adoções por parte das famílias naturais,
fundamentadas no matrimônio entre um homem e uma mulher, é um fator que mal se
aborda nesses mesmos países. Na Itália, por exemplo, a falta de interesse no
assunto é evidenciada pelo fato de que CAI (Comissão de Adoções Internacionais)
ainda não publicou seu relatório estatístico de 2014, que todo ano era
publicado a mais tardar no final de fevereiro.
O
atraso da publicação é aparentemente imputado à máquina burocrática. Na
verdade, porém, ele reflete a falta de interesse na missão social e humana que,
nas últimas décadas, tornou as famílias italianas apreciadas em muitos países
do mundo.
Não
haverá uma intencionalidade neste atraso? Por exemplo, deixar o assunto
despercebido até que se aprove a chamada Lei Cirinnà, cujo objetivo é legalizar
no país a adoção de crianças por casais homossexuais. O parlamento italiano
está tentando, em outras palavras, alterar a natureza da missão adotiva,
destruindo a vontade das famílias e mantendo inalterados os longos tempos de
espera e os custos elevados dos processos de adoção.
Curiosamente,
a questão dos custos foi resolvida muito rapidamente no caso da fecundação
heteróloga. Antes mesmo da aprovação da lei, a assembleia das regiões italianas
redigiu uma proposta que reduzia o preço da fecundação heteróloga nos serviços
de saúde pública. Já o peso econômico para uma família que quer seguir o
caminho da adoção internacional continuou intocado.
Dado
este desequilíbrio de vontades, é urgente o despertar das consciências para
voltar a enxergar a beleza da adoção por parte de um pai e de uma mãe. Muitas
famílias escolhem as práticas da inseminação artificial homóloga ou heteróloga
porque a burocracia obstaculiza a adoção com longos tempos de espera e com
altos custos, além de haver uma tentativa de desvalorizar o acolhimento de uma
vida abandonada.
A
mentalidade relativista do nosso tempo não entende qual é a resposta mais
natural à dolorosa esterilidade biológica. Depois de se recorrer às práticas
médicas não invasivas para a saúde das mulheres e dos homens, a escolha para o
casal que quer filhos é normalmente esta : adoção ou fertilização.
Por
que os casais escolhem cada vez com mais frequência a fertilização? Por que a
ideia de adotar causa tanta desconfiança e receio?
O
desejo de acolher uma criança que sofreu o trauma do abandono é fruto da
fecundidade espiritual capaz de vencer a esterilidade física. Um homem e uma
mulher que escolhem a adoção têm clara a ideia de que ser pai e mãe é uma
missão que vai além da geração.
O
pai e a mãe adotivos têm a consciência de que o filho é um dom a ser recebido,
mais do que uma vida a ser gerada. Aqueles que não receberam a graça de dar a
vida biológica têm a imensa vocação de educar, acompanhar e compartilhar a
vida, que tem o poder intrínseco de levantar, sobre os escombros do abandono e
da infertilidade, o novo edifício fecundo e acolhedor da família adotiva.
Defender
a missão adotiva não diz respeito apenas a poucas pessoas : é um projeto que
merece ser promovido por todos, porque evoca uma filiação que vai além das
regras da carne e uma paternidade e maternidade que revelam em sua gratuidade a
presença do transcendente neste mundo.’
Fonte :
* Artigo na íntegra http://www.zenit.org/pt/articles/enquanto-se-discute-a-inseminacao-artificial-o-verdadeiro-problema-e-a-queda-nas-adocoes
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