sexta-feira, 31 de julho de 2015

A invocação e imagem de Nossa Senhora da Nazaré tem várias tradições

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 *Artigo de Cardeal Dom Orani João Tempesta, O. Cist.,
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ


 Para então preparar para a grande festa de Belém do Pará, como em outros anos, o Rio de Janeiro terá a graça de receber a imagem dos dias 31 de julho a 2 de agosto. A imagem peregrina da Virgem de Nazaré visitará Igrejas, instituições, centros culturais e a cracolândia, levando esperança também a todos aqueles que vivem nas periferias existenciais.


‘A invocação e imagem de Nossa Senhora da Nazaré tem várias tradições. A mais conhecida é a de Portugal. No norte do Brasil, com a influência lusitana uma tradição nova se implantou há seculos e tem sido um grande momento de evangelização de nosso povo. Com a migração paraense para todo país, essa cultura e devoção foi levada também para vários locais do Brasil, entre os quais o Rio de Janeiro que tem bairro, igrejas, círios que ocorrem há décadas. Embora as imagens em sua iconografia diferem entre si, no entanto, a invocação nos leva ao clima da cidade de Nazaré e, consequentemente, da Sagrada Família. A simplicidade de Nazaré é o pano de fundo da missão que se aprofunda a cada ano com a visita da imagem peregrina. São pequenos sinais da devoção popular que nos ajudam e buscar Aquele que Maria nos aponta para obedecer : Jesus Cristo, nosso Senhor.

Durante a Idade Média apareceram centenas de imagens de Virgens Negras por toda a Europa a maioria das quais, tal como a de Nazaré, esculpidas em madeira, de pequenas dimensões e ligadas a uma história miraculosa. Hoje, existem cerca de quatrocentas destas imagens, antigas ou as suas réplicas, em igrejas por toda a Europa, bem como algumas mais recentes no resto do mundo.

No Pará, foi o caboclo Plácido José de Souza quem encontrou, em 1700, às margens do igarapé Murutucú (onde hoje se encontra a Basílica Santuário), uma pequena imagem da Senhora de Nazaré. Após o achado, Plácido teria levado a imagem para a sua choupana e, no outro dia, ela não estaria mais lá. Correu ao local do encontro e lá estava a ‘Santinha’. O fato teria se repetido várias vezes até a imagem ser enviada ao Palácio do Governo. No local do achado, Plácido construiu uma pequena capela.

Em 1792, o Vaticano autorizou a realização de uma procissão em homenagem à Virgem de Nazaré, em Belém do Pará. Organizado pelo presidente da Província do Pará, capitão-mor Dom Francisco de Souza Coutinho, o primeiro Círio foi realizado no dia 8 de setembro de 1793. No início, não havia data fixa para o Círio, que poderia ocorrer nos meses de setembro, outubro ou novembro. Mas, a partir de 1901, por determinação do bispo Dom Francisco do Rêgo Maia, a procissão passou a ser realizada sempre no segundo domingo de outubro.

Realizado em Belém do Pará há mais de dois séculos, o Círio de Nazaré é uma das maiores e mais belas manifestações católicas do Brasil e do mundo. Reúne, anualmente, cerca de dois milhões de romeiros numa caminhada de fé pelas ruas da capital do Estado, num espetáculo grandioso em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré, a mãe de Jesus.

No segundo domingo de outubro, a procissão sai da Catedral de Belém e segue até a Praça Santuário de Nazaré, onde a imagem da Virgem fica exposta para veneração dos fiéis durante 15 dias. O percurso é de 3,6 quilômetros e já chegou a ser percorrido em nove horas e quinze minutos, como ocorreu no ano de 2004, no mais longo Círio de toda a história. Na procissão, a Berlinda que carrega a imagem da Virgem de Nazaré é seguida por romeiros de Belém, do interior do Estado, de várias regiões do país e até do exterior. Em todo o percurso, os fiéis fazem manifestações de fé, enfeitam ruas e casas em homenagem à Santa. Por sua grandiosidade, o Círio de Belém foi registrado, em setembro de 2004, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial.

Para então preparar para esta bonita festa em honra a Nossa Mãe querida, já alguns anos a imagem vem ao Rio de Janeiro em peregrinação. Neste ano teremos a graça de recebe-la dos dias 31 de julho a 2 de agosto, a imagem peregrina da Virgem de Nazaré visitará Igrejas, instituições, centros culturais e a cracolândia, levando esperança também a todos aqueles que vivem nas periferias existenciais. Para homenagear a Padroeira dos paraenses, a nossa Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro elaborou uma intensa programação, que também incluirá uma passagem pela Arquidiocese de Niterói. Em Acari e em Copacabana teremos dois mini círios pelas ruas desses locais. Esta é a sétima edição do Círio de Nazaré na cidade Maravilhosa. Vamos ao encontro da Senhora de Nazaré porque Ela nos aponta para o seguimento de Cristo que é caminho, verdade e vida! Maria missionária vem, com sua imagem, nos incentivar a viver este ano da esperança com a missão de ir anunciando seu Filho Jesus.’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.zenit.org/pt/articles/a-invocacao-e-imagem-de-nossa-senhora-da-nazare-tem-varias-tradicoes


quinta-feira, 30 de julho de 2015

Ortodoxos recordam São Vladimir, artífice da conversão da Rússia

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

  

‘Nos dias em que se celebra a memória do ‘Batista da santa Rússia, que lançou as bases para a unidade espiritual do povo russo e ucraniano, e nos ensinou o amor cristão e o perdão, peço com o coração dolorido, em nome da Igreja Ortodoxa Russa, que se realizem todos os esforços para cessar o derramamento de sangue’. Com este apelo dirigido aos Presidentes da Federação Russa, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Petro Poroshenko, o Patriarca de Moscou e de todas as Rússia, Kirill, conclui a mensagem por ocasião da celebração dos mil anos da morte de São Vladimir I de Kiev, evento que coincide este ano com a celebração dos 1027 anos da conversão ao cristianismo da Rússia, em 28 de julho de 988, que teve como artífice o próprio príncipe.


Crianças e idosos, os mais vulneráveis

Ao falar da população civil que vive na zona dos conflitos armados na Ucrânia, Kirill recorda que ‘são particularmente vulneráveis os anciãos, as crianças, as pessoas com deficiência. Nem todos têm a força e a possibilidade de deixar suas casas. Nem todos, infelizmente, conseguem sobreviver nestas terríveis condições. Alguns são mortos pelos bombardeios, outros morrem de fome e de doença, ou por falta de remédios’.


Igreja clama pela paz e unidade

O Primaz da Igreja Ortodoxa Russa sublinha que ‘a Igreja oferece toda a assistência possível às vítimas de ambas as partes’ e que ‘em todas as igrejas, durante cada serviço litúrgico, elevam-se a Deus fervorosas orações pelo retorno da paz’.

Também o Metropolita de Kiev e de toda a Ucrânia, Onufry, e toda a Igreja Ortodoxa Ucraniana por ele guiada, realizam todo o esforço pela reconciliação e a retomada da unidade entre a população. Os atuais acontecimentos – concluiu o Patriarca – mostram a necessidade de reforçar a unidade e o apoio recíproco dos povos eslavos.


Príncipe Vladimir e a conversão da Rússia

No âmbito das comemorações pelo Príncipe Vladimir, o Presidente Putin, durante uma festa realizada no Kremlin, elogiou a sua figura e importância : ‘É difícil subestimar o seu papel na história do país; o batismo da Rússia foi uma reviravolta chave na história da nação e da cultura, fundada no princípio do amor à pátria’, afirmou.

Também o Patriarca Kirill, na homilia pronunciada na Catedral de Cristo salvador, enalteceu a memória de São Vladimir e recordou a sua herança, consistente na necessidade de ‘salvar a humanidade da idolatria, do egoísmo e do consumismos de nossos tempos’.


Estátua de bronze

Para comemorar os mil anos da morte do artífice da conversão ao cristianismo da Rússia, a Prefeitura de Moscou mandou construir uma grande estátua de bronze do Príncipe Vladimir, com quase 25 metros de altura. O local onde será instalada ainda não foi definido.


São Vladimir celebrado na Ucrânia e exterior

A recorrência foi celebrada também na Ucrânia e em todo o mundo ortodoxo no exterior. O metropolita de Kiev, Onufry, celebrou a Divina Liturgia no Mosteiro das Grutas de Kiev, após uma longa procissão ter atravessado as ruas adjacentes e da qual tomaram parte milhares de fieis. O Presidente do país, Poroshenko, além de outras autoridades ucranianas, participaram, por sua vez, da celebração na Catedral de São Vladimir, presidida pelo Patriarca de Kiev, Filarete.’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.news.va/pt/news/ortodoxos-recordam-sao-vladimir-artifice-da-conver


terça-feira, 28 de julho de 2015

Missionário nas Arábias : os portugueses estiveram aqui

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 *Artigo de Padre Olmes Milani,
Missionário Scalabriniano
  
‘...Hoje mergulharemos um pouco na História da chegada dos nossos irmãos portugueses na região Sudoeste da Península da Arábia.

Em 1506 a Coroa Portuguesa conferiu ao capitão Alfonso Albuquerque a missão de traçar a rota ao redor da África e  Arábia para chegar à Índia. Deveria criar bases no Mar da Arábia e do Golfo para atracar as caravelas lusitanas, durante suas viagens entre a Indonésia e a Europa.

Naquele tempo, os árabes da parte sul do Golfo conheciam pouco ou nada da Europa. A frota de cinco navios, sob o comando de Albuquerque, apareceu no horizonte como a primeira visita importante dos europeus. Assim os portugueses tiveram o privilégio único de ter introduzido a civilização europeia no Golfo. Não importa o que Albuquerque fez, o comportamento dos cristãos europeus será lembrado por séculos.

Infelizmente, Albuquerque deixou sua marca indelével. Contornando a África e chegando à Arábia, deixou navios árabes destruídos por todos os lugares onde passou. Quando os omanis lhe negaram permissão de atracar, saqueou sua cidade. Ao chegar a Khor Fakhan, a primeira parada na região que hoje forma os Emirados Árabes Unidos, encontrou a multidão rufando tambores, posicionando-se em lugares elevados, montando cavalos ao longo da costa para ver europeus pela primeira vez.

Albuquerque e seus navegadores observavam tudo do convés. Interpretaram que aquele espetáculo não era suficientemente submisso. Desembainharam as espadas. Impiedosamente investiram contra as pessoas, decepando-lhes narizes e orelhas, abaionetando homens, capturando ou matando mulheres e crianças e ateando fogo em  suas casas, suas plantas cítricas e estábulos.

Essa barbárie dos portugueses significaria que o século seguinte não seria prazeroso para quem tentasse chegar em terras árabes. A aversão aos europeus cresceu ainda mais quando Vasco da Gama queimou um navio com destino a Meca com centenas de peregrinos a bordo.

Enquanto os habitantes do remoto Golfo nada conheciam sobre os europeus,  os portugueses e seus primos espanhóis eram experientes em lidar com árabes.  Exatamente uma década antes de chegar em Khor Fhakan, Portugal e Espanha puseram um fim aos sete séculos de governo islâmico em suas terras. A queda de Granada em 1492 significava a reconquista completa. Agora os ibéricos chegavam com a ideia de conquistar e colonizar. Viam a civilização muçulmana e árabe como inimigos odiosos. Eles matavam e mutilavam sem piedade quando uma cidade portuária não acolhia suas caravelas.

Historiadores como Frauke Heard-Bey, acreditam que os sofrimentos infringidos pelos portugueses incendiou o ódio dos árabes para com os europeus e os cristãos, em particular. A crueldade dos portugueses perpetrada entre o Mar Vermelho e a costa pérsica é lembrada como obra dos cristãos.

 No ano de 1631, depois de serem derrotados em batalhas com as marinhas da Holanda e Inglaterra, os portugueses foram-se afastando do Golfo. O legado que os cristãos são cruéis com os árabes ainda está muito presente e atrapalha os movimentos de paz.

Amigas e amigos, a História nos faz lembrar as palavras do Mestre : ‘Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles’ MT 7,12.’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://br.radiovaticana.va/news/2015/07/25/mission%C3%A1rio_nas_ar%C3%A1bias_os_portugueses_estiveram_aqui/1160741

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Falta de fieis faz única igreja católica na Antártida fechar portas

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


‘Após 57 anos, o único templo católico presente na Antártida, associado ao programa da ‘National Science Foundation’ (NSF), fecha suas portas. O motivo, a falta de fieis. A capelania militar, no entanto, permanecerá na base, fornecendo serviços religiosos interconfessionais e apoio à população. O sacerdote estadunidense Dan Doyle, que realizava sua obra pastoral na McMurdo Station desde 1984, deixa sua pequena igreja-paróquia e retorna aos Estados Unidos. A base de McMurdo Station é a maior da Antártida.

Nos períodos de máxima atividade, a base chegou a ter quase 2 mil habitantes. Nos últimos anos, no entanto, não passou de 200 pessoas. Segundo Padre Dan Doyle,  ‘existe uma gradual diminuição da religiosidade, além de uma diminuição no número de pessoas que trabalham na McMurdo Station, atingida por cortes estatais’.

O sacerdote se declara satisfeito pela missão realizada : ‘Foi uma grande experiência exercer o ministério no final do mundo’, afirmou, considerando ter dado uma contribuição importante, não somente às necessidades espirituais e religiosas de muitas pessoas - de todo tipo, cultura e formação - mas de ter também contribuído para criar entre os habitantes um clima de afeto, solidariedade e partilha. ‘Quando existiam quase 2 mil homens e mulheres nas Estações de McMurdo e Amungsen-Scott eu estava sempre muito ocupado, mas era divertido. Nós costumávamos voar para o Pólo Sul por um ou dois dias, saindo das estações e conseguíamos ver somente geleiras’.

Padre Doyle informou que há tempos vinha trabalhando com a NSF sobre a transição que colocaria fim a uma relação de 57 anos entre a Diocese e o Programa. ‘Antes da era digital, as pessoas se sentiam muito isoladas e solitárias, estavam sempre sob pressão, o que exigia muitos aconselhamentos e apoio’.

A pequena igreja, chamada de ‘Chapel of the snow’, servia também como local de culto multiconfessional. O sacerdote católico foi garantido por muitos anos pela Diocese de Christchurch, Nova Zelândia, enquanto o pastor protestante sempre foi indicado pela Capelania da Aeronáutica militar estadunidense.

A Estação McMurdo, na zona meridional da Ilha de Ross, é uma base estadunidense permanente e leva o nome do Tenente Archibald McMurdo da ‘HMS Terror’, que em 1841, durante uma expedição sob o comando do explorador britânico James Ross, cartografou região pela primeira vez. A base foi aberta em 16 de fevereiro de 1956 com o nome de ‘Naval Air Facility Mc Murdo’, logo tornando-se um importante centro científico e logístico das atividades estadunidenses na Antártida.’


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Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.news.va/pt/news/falta-de-fieis-faz-unica-igreja-catolica-na-antart
   

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Uma homenagem a tanta sabedoria que se esconde e se manifesta nos cabelos brancos.

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
 *Artigo de Dom Alberto Taveira Corrêa,
Arcebispo Metropolitano de Belém, PA

  
‘No dia vinte e seis de julho, comemoração de São Joaquim e Sant'Ana, pais da Virgem Maria, fazemos festa para os avós, homens e mulheres com uma missão importante e essencial nas famílias e na sociedade. E o grande Papa Francisco, quando lhe perguntaram sobre os celulares com os quais jovens de todas as idades querem fazer ‘selfies’ com ele, disse sentir-se bisavô! Nas Filipinas, foi chamado ‘Lolo Kiko’ — ou seja, vovô Francisco. E recentemente, numa série de catequeses sobre a família, dedicou duas delas aos avós e aos idosos em geral, das quais recolhi ensinamentos que me apraz oferecer aos leitores (Cf. Catequeses do Papa Francisco nos dias quatro e onze de março de dois mil e quinze), em homenagem a tanta sabedoria que se esconde e se manifesta nos cabelos brancos.

Constata o Papa que, graças aos progressos da medicina, a vida prolongou-se, mas nossas sociedades não se organizaram suficientemente para deixar espaço aos idosos, com o justo respeito e a concreta consideração pela sua fragilidade e dignidade. Quando jovens, somos levados a ignorar a velhice, como se fosse uma enfermidade da qual nos devemos manter à distância; depois, quando envelhecemos, especialmente se somos pobres, doentes e sós, experimentamos as lacunas de uma sociedade programada sobre a eficácia que, consequentemente, ignora os idosos. Mas os idosos são uma riqueza, não podem ser ignorados!

No Ocidente, os estudiosos apresentam nosso século como o século do envelhecimento, pois os filhos diminuem e os anciãos aumentam. Este desequilíbrio é um grande desafio. Uma cultura do lucro insiste em fazer com que os idosos pareçam um peso, pois não só não produzem, mas chegam a ser uma carga, e devem ser descartados. Há algo de vil neste habituar-se à cultura do descartável. E nós nos habituamos a descartar as pessoas. Queremos remover o nosso elevado medo da debilidade e da vulnerabilidade; mas agindo deste modo, aumentamos nos anciãos a angústia de serem mal tolerados e até abandonados.

Conta o Papa : ‘Quando eu era criança, um dia a minha avó narrou-me a história de um avô que se sujava quando comia, porque não conseguia levar bem a colher de sopa à própria boca. E o filho, ou seja o pai de família, decidiu tirá-lo da mesa comum e mandou fazer-lhe uma mesinha na cozinha, onde não se via, para ali comer sozinho. Assim, não faria má figura quando os amigos viessem almoçar ou jantar. Poucos dias depois, chegou em casa e encontrou o seu filho pequeno brincando com um pedaço de madeira, um martelo e alguns pregos; construía algo, e o pai disse-lhe : 'Mas o que fazes? — Faço uma mesa, pai. — Uma mesa, por que? — Para que esteja pronta quando tu envelheceres, assim poderás comer aí!'. As crianças têm mais consciência que nós!

Na tradição da Igreja, assim como em povos de nosso tempo com respeito cultivado aos mais velhos, existe uma bagagem de sabedoria que sempre sustentou a proximidade aos anciãos e seu acompanhamento. Esta tradição está arraigada na Sagrada Escritura : ‘Não desprezes alguém na sua velhice, pois nós também ficaremos velhos. Não te escape o que contam os velhos, pois eles o aprenderam de seus pais : deles aprenderás a inteligência e a arte de responder na hora oportuna’ (Eclo 8, 7.11-12).

Impressionou-me a abertura de coração do Papa : Nós, idosos, somos todos um pouco frágeis. No entanto, alguns são particularmente débeis, muitos vivem sozinhos, marcados por uma enfermidade. Outros dependem de curas indispensáveis e da atenção dos outros. Daremos por isso um passo atrás, abandonando-os ao seu destino? Uma sociedade sem proximidade, onde a gratuidade e o afago sem retribuição começam a desaparecer, é uma sociedade perversa. Fiel à Palavra de Deus, a Igreja não pode tolerar estas degenerações. Uma comunidade cristã em que a proximidade e a gratuidade deixassem de ser consideradas indispensáveis perderia juntamente com elas também a sua alma. Onde não há honra pelos idosos não há porvir para os jovens’. E o Papa estimulou os sentimentos adequados a serem cultivados, a gratidão, o apreço e a hospitalidade, que levem as pessoas idosas a se sentirem parte viva da família e da comunidade.

Para ele, devemos despertar o sentido comunitário de gratidão, de apreço e de hospitalidade, que levem o idoso a sentir-se parte viva da sua comunidade, pois são homens e mulheres, pais e mães que antes de nós percorreram o nosso próprio caminho, estiveram na nossa mesma casa, combateram a nossa mesma batalha diária por uma vida digna. O idoso somos nós: daqui a pouco ou daqui a muito tempo, inevitavelmente, embora não pensemos nisto.

Ensina o Papa que o Senhor nos chama a segui-lo em todas as fases da vida. Para ele, a velhice é uma vocação! Ainda não chegou o momento de se resignar. Para ele, trata-se de delinear uma espiritualidade das pessoas idosas, e não faltam testemunhos de santos e santas idosos! No mês de outubro, pela primeira vez, simultaneamente, um casal de pais de família será canonizado, durante o Sínodo da Família. Trata-se dos pais de Santa Teresinha, Luís e Zélia Martin, exemplo de santidade vivida no matrimônio, que educaram os filhos no caminho da santidade. Em tempos de família em crise, justamente a santidade de um casal que percorreu exemplarmente os passos da fidelidade à própria vocação se torna um presente da Igreja ao mundo!

Ainda o Papa, falando sobre a família, oferece uma imagem muito bonita, tirada o Evangelho de São Lucas (Cf. Lc 2, 25-39) : é a imagem de Simeão e Ana. Certamente eram idosos, o velho Simeão e a profetisa Ana, que tinha oitenta e quatro anos, uma mulher não escondia a sua idade! Todos os dias esperavam a vinda de Deus, havia muitos anos. Este era o seu compromisso : esperar o Senhor e rezar. Ao encontrarem Maria, José e o Menino, eles reconheceram o Menino e descobriram uma nova força, para uma renovada tarefa : dar graças e testemunhar este Sinal de Deus. Dar graças, interceder, purificar o coração pela oração! É a recomendação do Papa aos idosos. Precisamos de anciãos que orem, pois a velhice nos é oferecida precisamente para isto. A oração dos idosos é bonita! E como é bonito o encorajamento que o ancião consegue transmitir ao jovem em busca do sentido da fé e da vida! ‘Esta é verdadeiramente a missão dos avós, a vocação dos idosos! Como gostaria de uma Igreja que desafia a cultura do descartável com a alegria transbordante de um novo abraço entre jovens e idosos! E é isto, este abraço, que hoje peço ao Senhor’, concluiu o Papa Francisco.

Confio à proteção de São Joaquim e de Sant'Ana o tesouro que são os avós na Igreja e na sociedade..’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.zenit.org/pt/articles/uma-homenagem-a-tanta-sabedoria-que-se-esconde-e-se-manifesta-nos-cabelos-brancos


Uma carta do Inferno

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 *Artigo de Paulo Vasconcelos Jacobina

  
 A maior força do Mal consiste em nos fazer pensar que a nossa luta pelo bem é uma resposta desproporcional e injusta aos pequenos males que eles querem nos impor em troca do grande ‘bem’ que as suas políticas estragadas prometem falsamente para um futuro melhor.


‘Se o grande autor cristão C. S. Lewis estivesse vivo hoje, talvez pudesse acrescentar ao seu belo livro Cartas de um Diabo a seu Aprendiz uma carta mais ou menos assim :

Meu caro diabinho aprendiz,

A banalidade do mal é um aspecto da nossa realidade que os seres humanos contemplam pouco, mas que nos é extremamente útil. Precisamos explorá-lo cada vez mais.

De fato, se fizéssemos uma leitura com olhos demoníacos do capítulo 3 do Livro do Gênesis, o célebre trecho da tentação de Adão e Eva pela serpente, nosso mestre diabólico maior, no Paraíso, surpreenderíamo-nos com a banalidade do gesto ali descrito : um animalzinho falante oferece uma fruta apetitosa ao casal, e o casal come. Descobrem que estão nus, vestem-se com folhas de figueira e escondem-se, envergonhados com a própria nudez, ao ouvirem os passos de Deus que se aproximava. E isto é tudo : um animalzinho, uma pequena mordida numa fruta apetitosa. E eis o mal instalado no mundo, eis o fim do paraíso, eis a humanidade inteira irremediavelmente comprometida (pelo menos até a redenção em Cristo) pela ferida hereditária do pecado original. Veja como a banalidade do mal é eficiente! E como, diante dela, a reação de Deus parece desproporcional e arrogante!

Como seria fácil até para um humano bem treinado em técnicas jurídicas de tribunal, se devidamente inspirado por um de nós, distorcer a reação aparentemente desproporcional de Deus à banalidade do gesto dos primeiros humanos, de modo a fazer com que pareça desproporcional e autoritária : por que excluir todo o gênero humano do Paraíso por causa de uma mordidinha numa fruta? Uma fruta que, diga-se de passagem, foi criada pelo próprio Deus, e por ele feita apetitosa aos olhos de sua criatura. Não é difícil a um argumentador treinado em retórica jurídica transformar Deus no grande culpado pelo que ocorreu nessa passagem bíblica; as criaturas, Adão e Eva, sem esquecer a serpente, não pediram para ser criadas. Não escolheram morar num paraíso em que uma das frutas lhe era proibida. Além disso, Deus não se comporta como um burguês egoísta, um capitalista possessivo, ao negar ao primeiro casal justo o fruto da árvore que ‘está no meio do jardim’? E o princípio da proporcionalidade, não estaria desatendido quando, por causa de uma frutinha, Deus condena a serpente a ‘caminhar sobre seu ventre e comer poeira todos os dias’, sem possibilidade de livramento condicional? Não seria machista, ao condenar somente Eva às dores do parto e a ser dominada pelo marido? Não seria explorador do proletariado ao condenar Adão a extrair seu sustento ‘com o suor do rosto’, expulsá-lo do Paraíso e retirar dele o acesso à Árvore da Vida, condenando-o, ademais, à crudelíssima ‘pena de morte’, que nossas sociedades já não admitem no atual estágio de civilização? Ademais, com um gesto militarista, põe à entrada do Paraíso seus ‘policiais militares’, os querubins com suas espadas em chamas fulgurantes.

Restar-nos-ia apenas convencer à humanidade contemporânea que a única postura adequada das criaturas hoje seria, então, a justa revolta contra um Deus arbitrário, arrogante, machista, patrimonialista e cruel, desproporcionado em sua reação e autoritário em seu agir. E assim, o nosso argumento infernal poderia prosseguir : incentivarmos o ser humano a progredir no sentido da sua própria ‘libertação’ frente a um Deus assim : desconstruir a fé! Incentivemos as pessoas a repetir, todos os dias, os gestos mais banais para demonstrar sua independência, sua autonomia frente a Deus e à religião, para expulsar da sua vida, num gesto humano de resposta à altura, esse mesmo Deus que um dia os expulsou do Paraíso.

E com base nesse mesmo raciocínio, vamos conclamar todos os diabos a propor, hoje, como solução para todas as misérias humanas, a progressiva liberação das drogas, o aborto primeiro como exceção, depois como regra, a eutanásia, o divórcio, a pornografia, a promiscuidade, o sexo casual e o descompromisso afetivo, o consumismo desenfreado e a ostentação, a mutilação vaidosa do próprio corpo, a acumulação de riquezas e poder, tudo com a marca da banalidade que é muito própria do mal. Assim, digamos aos humanos : que mal há num divórcio, se as pessoas estão apenas buscando a própria felicidade ao romper uma família que já não lhes era mais agradável? E a miséria social se abate muito mais duramente contra uma família empobrecida, sem emprego, sem pai ou sem mãe, numa economia atravessada pela ambição desmedida! Quando Já não houver quem derrame lágrimas quando as famílias se desfazem assim, diremos a eles, estaremos numa sociedade evoluída, livre de Deus e seus dogmas insuportáveis. Que mal há, digamos a eles, quando alguém mata no útero um pequeno bebê de semanas? Tudo em nome da ‘libertação da mulher’! Quando já não houver lágrimas por ele, visto como um ‘pequeno amontoado de células’ que parasita o corpo da mulher, que deve ser eliminado como um manifesto de liberdade feminina contra o velho castigo do Paraíso, seremos vitoriosos. Ah, quão doce para nós é ver um bebê arrancado de sua mãe verdadeira e biológica, sob os aplausos da grande imprensa mundial, em favor de quem ‘alugou seu útero’, aproveitando-se da sua mais absoluta miséria : incapaz de ter um filho como fruto de amor, natural ou adotado, alguém decidiu tê-lo como fruto de dinheiro. Arrancar filhos dos braços das mães em lugares paupérrimos para entregá-los a endinheirados de países prósperos já foi considerado pela maior parte da humanidade como um gesto abominável de escravização. Hoje, graças ao nosso trabalho, é vanguarda comportamental. Seu filho traz na mochila um pouco de droga, e você está escandalizado? Tolo moralista. Digamos a eles : os governos malvados e opressores usam a questão da droga para fazer a polícia reprimir os pequenos prazeres juvenis! Não são tantos grandes artistas, muitas vezes inspirados por nós abertamente, os grandes ícones da rebeldia drogada? Seu filho é um inconformista, um vanguardista. Por outro lado, se ele está viciado, diremos que já não tem jeito, abandone-o e pronto! Despreze o seu filho que cai, despreze seu familiar que cai, destrua seu lar e vá em busca de seu próprio prazer!

Eduquemos, com as nossas hordes infernais, as próximas gerações, para que todos os prazeres sejam permitidos, e as velhas repressões e preconceitos dos tolos crentes sejam superados. Usaremos os avanços que Deus (nosso adversário) permite e inspira nas ciências médicas e químicas para convencer aos humanos que os limites humanos serão curados pelas ciências, e que reconstruir a Árvore da Vida que o velho Deus guardou no seu Paraíso, sem precisar do próprio Deus, é só uma questão de tempo. Vamos convencer que é necessário dar acesso pleno aos recursos políticos, econômicos e sociais aos de nossos partidos, para que possamos construir a justiça na terra com meios estritamente humanos (se trabalharmos bem os políticos, isso parecerá possível a eles), pela rejeição de qualquer menção a Deus nos espaços públicos. E quem dentre os humanos levantar dúvidas contra o nosso plano, que será proposto como um plano ‘libertador’ em favor de todos os humanos, será tachado de retrógrado, supersticioso, egoísta, antidemocrático e obscurantista.

Para que tudo isto? Ora, quando eles renunciarem a Deus completamente, já não haverá quem os proteja de nós. Serão nossos escravos eternos. Ora, meu pequeno aprendiz diabólico, será que você não leu a Bíblia? Não conhece a Tradição da Igreja? Não viu que aquele gesto de expulsão do Paraíso foi só o início de uma história de salvação absolutamente eficaz contra nós? Sim, vou te lembrar, apesar do asco que esta história causa em nós, demônios : a partir daquela queda, Deus enviou seu próprio Filho para que nós já não pudé ssemos fazer de novo com os seres humanos o que um dia fizemos com Adão e Eva : prometer-lhes o que jamais poderíamos dar, em troca da renúncia ao amor de Deus. Prometemos o poder e a eternidade, mas o que temos para dar? Só escravidão e morte...

Quem nunca testemunhou essa banalidade do mal em suas próprias vidas? Não falo aqui daqueles, tantos de nós, que, muitas vezes movidos por escolhas desacertadas, praticaram estas coisas e merecem todo nosso apoio e compaixão para superá-las. Falo, isto sim, daqueles que estão lutando para transformar tantos males, estes e outros, em políticas públicas, com o argumento de que na verdade são apenas pequenos males que, se praticados, gerarão enormes bens. A maior força destes consiste em nos fazer pensar que a nossa luta pelo bem é apenas uma resposta desproporcional e injusta aos pequenos males que eles querem nos impor em troca do grande ‘bem’ que as suas políticas estragadas prometem falsamente em nome de um suposto futuro melhor. Esta foi a estratégia da serpente no Paraíso. Esta ainda é o comentário que frequentemente escutamos quando nos opomos publicamente a alguma dessas políticas que São João Paulo II um dia chamou de ‘cultura da morte’.’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.zenit.org/pt/articles/uma-carta-do-inferno

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Como um jovem brasileiro fez a diferença para comunidades na África

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

Cross Geographic
Após conhecer a vila de Wanteete em um trabalho como instrutor
de fotografia, Bruno Feder passou a transformar cliques
em melhorias para o povoado.

*Artigo de Thiago Guimarães,
da BBC Brasil em São Paulo


 Um jovem ocidental de 30 e poucos anos, criado em grandes centros urbanos, pode fazer a diferença em comunidades remotas na África rural?

‘Pode parecer impossível, mas é o que vem fazendo Bruno Feder, 31 anos, natural de São Paulo.

Feder transformou o hobby em profissão e há um ano e meio reverte o dinheiro de suas fotografias, registradas na África, para melhorar a vida de comunidades em Uganda e no Sudão do Sul.

Tudo começou em 2013, quando Feder decidiu fazer um curso no ICP (International Center of Photography), em Nova York. Por lá, conheceu a fotógrafa Louise Contino, que estava de malas prontas para Uganda.

O destino era Wanteete, localidade rural a cerca de 150 km da capital do país, Kampala. Uma vila de 3 mil moradores sem saneamento básico, médicos nem água limpa.

Louise ensinaria 15 moradores da comunidade a contar histórias por meio da fotografia, e Feder acabou como assistente do projeto.

De volta ao Brasil, teve a ideia de vender as imagens captadas na comunidade para melhorar a condição de vida dos próprios moradores.

Com o dinheiro de 27 fotos, ele voltou a Wanteete em agosto de 2014. Passou dias comprando madeira para mesas e cadeiras, medindo crianças e adquirindo tecidos para uniformes.


Cross Geographic
Reforma na escola de Wanteete; fotógrafo acompanha
a contratação e execução dos trabalhos

 Resultado : 600 lápis, 600 livros, 200 apontadores, 180 uniformes e um caminhão de tábuas para originar mesas e cadeiras para a pequena escola local, até então sem mobília.

O sucesso da primeira empreitada rendeu uma exposição de fotos no Brasil em novembro do ano passado, a Uganda Edition, onde Feder vendeu mais cem registros do projeto, que batizou como Cross Geographic.

O brasileiro diz que procura intervir o mínimo possível nas cenas que registra, e que, sempre que pode, opta por fugir dos clichês de miséria associados à realidade africana. ‘É importante mostrar coisas positivas de uma região que já é tão estigmatizada. Costuma-se pensar apenas em Aids, pobreza e guerra em relação à África, e não há só isso’, afirma.

Coloridos e em preto e branco, os registros de Feder custam R$ 350 cada um, em formato 30x40 cm, e privilegiam cenas da vida cotidiana e da natureza locais.

Cross Geographic
Cliques que são revertidos em recursos costumam retratar
cenas cotidianas de comunidades africanas.

Consolidação e ampliação

O fotógrafo, que tem formação em Relações Internacionais, diz ter revertido cerca de US$ 25 mil em realizações em Wanteete.

A partir da terceira visita, em dezembro de 2014, o projeto também financiou ações em saúde. Distribuiu mais de 4.000 preservativos e 500 escovas de dente, vermifugou 200 crianças, montou uma tenda para atendimentos dentários e viabilizou a cirurgia, na capital, de uma moradora idosa com câncer no pescoço.

E com o reforço em infraestrutura, a escola cresceu e passou a receber mais 120 alunos.

O trabalho no Cross Geographic deu vazão à vocação de Feder, que sempre se interessou por culturas e povos distantes. Após passar um ano na Nova Zelândia na adolescência, enquanto colegas sonhavam com viagens aos EUA e à Europa, ele mapeava destinos como Laos, Nepal e Filipinas.

Sempre me interessei por temas globais’, conta o fotógrafo, que antes trabalhou em setores de relações internacionais na prefeitura e no governo de São Paulo.


Sudão do Sul

Em abril deste ano, ao fazer mais uma visita a Uganda, Feder teve a oportunidade de viajar ao Sudão do Sul, país mais novo do mundo e cenário de uma dura guerra civil há quase dois anos.

Baseado em Juba, capital do Sudão do Sul, o brasileiro esteve em campos de refugiados (a estimativa da ONU é de 2,2 milhões de deslocados em razão do conflito) e ajudou a registrar o trabalho de entidades como a ONG sul-sudanesa CCC (Confident Children Out of Conflict, crianças confiantes fora de conflito, em tradução livre), que trabalha com crianças órfãs e vítimas de violência.


Cross Geographic
No registro de Feder, a brincadeira de uma criança em meio
a um campo de refugiados no Sudão do Sul.

Bancando os próprios custos, ele irá retornar ao Sudão do Sul em agosto (após uma parada em Uganda para obtenção do visto) para mais uma missão de ‘coisas pontuais e possíveis de se realizar’, como as pequenas melhorias que ajudou a viabilizar em Uganda.

É algo que discuto na hora e vejo a demanda com diretores de escolas, por exemplo.’

O trabalho em uma nação em guerra, naturalmente, é muito mais difícil. Feder conta que a população sul-sudanesa em geral é mais arredia aos registros. ‘São gerações sofridas e perdidas, e tudo o que sabem envolve conflito’, afirma.

Há também dificuldades com tropas policiais e militares, que impedem o registro de estruturas que possam identificar determinada região, como pontes e viadutos, e não raro trabalham alcoolizados e praticando extorsão.

O Sudão do Sul é um bebê do mundo, completamente abandonado, diz o fotógrafo brasileiro, ao explicar o que o motiva para começar uma nova história pelos confins da África.’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150721_africa_fotografo_tg

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Missão Paz contribui para formação de planos de refúgio e migração

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

‘A MissãoPaz foi chamada para contribuir para a formação do Plano Nacional para Refúgio e do Plano Estadual para Refúgio e Migração.

Durante as três primeiras semanas de julho foram ouvidos funcionários, voluntários, estagiários e colaboradores da instituição que atuam nas áreas da saúde, documentação, assistência social e jurídica, com o objetivo de propor novas ações para a imigração no cenário federal e estadual.

Foram elaboradas 34 propostas, respeitando a ampla coleta já realizada em anos anteriores, especialmente em 2013 e 2014 para a época da COMIGRAR (1ª Conferência Nacional sobre Migrações e Refúgio).


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.missaonspaz.org/#!Missão-Paz-contribui-para-formação-de-planos-de-refúgio-e-migração/cu8s/55ae8bc80cf25b8bf7eeccfe



segunda-feira, 20 de julho de 2015

O Evangelho da Criação

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Dom Walmor Oliveira de Azevedo,
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, MG


‘Certamente, muitos podem se perguntar sobre as razões que levaram o Papa Francisco a escrever a Carta Encíclica Louvado Sejas - sobre o cuidado da casa comum. Essa interrogação parece ser desdobramento da surpresa de ver um líder espiritual refletir sobre uma temática que desafia cientistas e leva os governantes mundiais a equívocos - por não cumprirem os acordos firmados, tão necessários para a preservação do planeta. Questiona-se também sobre o que a fé traz de iluminação no tratamento dos enormes desafios contemporâneos relacionados ao meio ambiente. Bastaria considerar a situação abominável e vergonhosa dos ‘descartados da sociedade’, como sublinha o Papa Francisco, desrespeitados em sua dignidade humana e privados do contato com a natureza, para compreender que a defesa do meio ambiente é compromisso cristão.

De fato, a vivência da fé é desafiada quando se constata a deterioração da ecologia, fruto da lastimável degradação humana e social. Em jogo está a dignidade de toda pessoa, que é dom sagrado. A fé cristã considera cada ser humano como morada de Deus. O desrespeito à dignidade, em ações que promovem a miséria, a exclusão e todo o tipo de injustiça, é, portanto, injustificável ato de profanação.

Há um complexo horizonte de descompassos - que abrange a violência, a dependência química, a exploração lucrativa e perversa - ferindo a dignidade humana. Gradativamente, ‘a casa comum’ torna-se um caos, por condutas irracionais e mesquinhas. Para recuperar os vínculos de integração e de comunhão, é preciso a indispensável luminosidade da razão. Fundamental, também, é buscar a luz maior da fé, capaz de reorientar condutas e procedimentos, tornando-os marcados por tudo o que é próprio do amor. Por isso mesmo, o Papa Francisco fala do Evangelho da Criação, cujo sustento e vivência se firmam nas razões e nas convicções da fé.

O Santo Padre é muito realista e direto quando comenta sobre aqueles que, no campo político e intelectual, decididamente, rejeitam a ideia de que existe um criador ou a considera irrelevante. A consequência é o fechamento de portas para contribuições muito importantes, em diversos campos, como os da ética e da espiritualidade. As religiões podem oferecer ajuda indispensável, indicando caminhos para sair das muitas crises, inclusive a ambiental.

Basta analisar a complexidade da crise ecológica hoje enfrentada para reconhecer que apenas um tipo de consideração ou de contribuição não será suficiente para se encontrar soluções e transformar, com urgência, a realidade. É preciso recorrer às riquezas culturais, à arte e à poesia, bem como à vida interior e à espiritualidade. Não é de se duvidar que a incompetência governamental e de segmentos da sociedade na efetivação de compromissos para a preservação do planeta deve-se à falta desses horizontes poéticos, artísticos e espirituais. Quando a vida interior não é bem cultivada, prejudica o exercício autêntico e qualificado da cidadania. Isso vale para todos - de governantes a religiosos, de autoridades e construtores da sociedade pluralista a pessoas mais simples.

É preciso acolher as diferentes luzes que podem indicar no fim do túnel a abertura de nova etapa para a humanidade, especialmente no que se refere ao modo de viver na ‘casa comum’. Indispensável é a luz da fé em diálogo com o pensamento filosófico, que produz força de sustento no processo de cultivar a paz, a justiça e a prática efetiva da solidariedade. Nesse sentido, a fé cristã tem contribuições muito significativas e indispensáveis para promover o cuidado com a natureza. A fé desperta a consciência de cada pessoa a respeito de seu próprio lugar no conjunto da criação, a partir da obediência amorosa ao seu Criador.  A força da fé, indubitavelmente, alcança mais resultados que protocolos mesquinhamente boicotados no escondido das sombras, formadas pela ambição sem limites e por descasos humanitários tão frequentes. Todos estão convocados ao conhecimento das convicções fundamentais da fé cristã para qualificar o exercício da cidadania com tudo o que é único, próprio e indispensável do Evangelho da Criação.’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=5238