*Artigo de Padre António Carlos,
Missionário Comboniano
‘Sabemos que o cardeal Jorge Mario
Bergoglio decidiu chamar-se Francisco pensando no Pobre de Assis e impelido
pelo sonho evangélico de construir uma ‘Igreja
pobre, para os pobres’. Atento aos problemas reais dos homens e mulheres do
nosso tempo, o papa escreve agora uma encíclica sobre a urgência de uma ‘ecologia global’ e integral. Um texto
histórico, no marco da Doutrina Social da Igreja que, já antes da sua
publicação, começou a suscitar polémica e a estar presente no debate político,
financeiro e ambiental.
O título do documento – Laudato
Si (Louvado
sejas) – remete para o Cântico das Criaturas, composto
por São Francisco em 1224.
Inspirado nessa poesia-oração do santo padroeiro dos ecologistas, o papa
sublinha que ‘a nossa casa comum se pode
comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma boa mãe,
que nos acolhe nos seus braços’. É com essa perspectiva maternal e fraterna
que o documento assume como tema central ‘o
cuidado da casa comum’, que ‘está a
arruinar-se e isso faz mal a todos, especialmente aos mais pobres’.
Francisco associa a degradação
ambiental à pobreza. ‘Uma verdadeira
abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a
justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como
o clamor dos pobres.’ Salvar o planeta é, por isso, salvar os pobres. Eles
são as principais vítimas da desflorestação, da poluição do ar, rios e mares,
do uso excessivo de agro-tóxicos, da exploração das energias e dos recursos
fósseis. E, de acordo com os princípios da Doutrina
Social, o papa menciona que a terra é ‘uma
herança comum, cujos frutos devem beneficiar a todos’. Existe uma ‘dívida ecológica’ dos países do Norte em
relação aos do Sul e não podemos esquecer, afirma, que ‘o aquecimento causado pelo enorme consumo de alguns países ricos tem
repercussões nos lugares mais pobres da Terra, especialmente na África, onde o
aumento da temperatura, juntamente com a seca, tem efeitos desastrosos no
rendimento das cultivações’.
Francisco assevera que viver a vocação
de guardiões da obra divina da criação ‘não
é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte
essencial duma existência virtuosa’. Acredita que ‘a humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção da
nossa casa comum’, mas para isso é preciso uma mística que nos anime.
Exige-se, também, uma profunda conversão ecológica, pessoal e comunitária. Não
somos donos do planeta, mas só administradores. Cuidar o planeta, o lar comum
da grande família que é a humanidade, é um grande desafio, um dever e uma
tarefa quotidiana...’
Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EuFVAElyyZqwaCHaxw
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