Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo d0 Padre Thomas Reese, SJ
‘Durante uma visita aos
jesuítas na Eslováquia, o papa Francisco reclamou de ‘um grande canal de
televisão católico que não hesita em falar continuamente mal do papa’. Os
jornalistas do Vaticano imediatamente identificaram a empresa de mídia
americana como EWTN, fundada no Alabama em 1981 pela falecida Madre Angélica.
Um dos maiores críticos do papa
é o diretor de notícias e âncora principal da EWTN, Raymond Arroyo, que
patrocina um grupo de críticos do papa Francisco. O diretor frequentemente
aparece no programa The ingraham angle no canal Fox News.
‘Eu pessoalmente mereço
ataques e insultos porque sou um pecador’, disse o papa, ‘mas a Igreja
não os merece. Eles são obra do diabo’.
Francisco também reclamou de ‘clérigos
que fazem comentários desagradáveis sobre mim’. Admitiu : ‘Às vezes
perco a paciência, especialmente quando eles fazem julgamentos sem entrar em um
diálogo real’.
Os ataques aos papas por parte
dos clérigos e da mídia não são novos. Esses ataques vêm da esquerda ou da
direita, dependendo de quem é o papa.
O papa João XXIII foi atacado
por conservadores que o culparam por abrir a Igreja à mudança ao convocar o
Concílio Vaticano II.
O papa Paulo VI foi atacado por
todos os lados. Os conservadores se opuseram às suas tentativas de implementar
as reformas do concílio, enquanto os liberais queriam que agisse mais rápido.
Os liberais escalaram seus ataques depois que publicou a encíclica Humanae
vitae, o escrito que proíbe o uso de anticoncepcionais não naturais.
Os papas João Paulo II e Bento
XVI foram fortemente atacados pelos liberais, assim como Francisco está agora
sob ataque dos conservadores.
É irônico que os próprios
conservadores que condenaram os liberais por serem católicos de cafeteria –
católicos que escolheram e apoiaram aquilo que aceitaram de João Paulo e de
Bento XVI – agora estejam fazendo o mesmo com Francisco.
Da mesma forma, os católicos
liberais que se sentiam livres para discordar de João Paulo II e de Bento XVI
estão agora condenando os conservadores por não serem leais ao papa.
Sejamos honestos. Somos todos
católicos de cafeteria. A verdadeira questão é como evitamos uma briga de
refeitório.
Em seus Exercícios Espirituais,
Santo Inácio de Loyola, o fundador dos Jesuítas, estabeleceu ‘Regras para
pensar com a Igreja’. Com esse mesmo espírito, aqui ofereço cinco regras
para discordar do papa. Este rascunho não é perfeito, mas acho que a Igreja
precisa conversar sobre como lidamos com as divergências.
Primeiro, seja
respeitoso. Chamar Bento XVI de
Rottweiler, ‘pastor alemão’ ou inquisidor é cruzar os limites, assim
como os insultos étnicos contra ele e João Paulo II. Da mesma forma, referir-se
a Francisco como heterodoxo ou herege é inaceitável. O sarcasmo e o discurso de
ódio não têm lugar na Igreja. Como nos sentiríamos se fôssemos o alvo dessa
linguagem?
Em segundo lugar, se você
discordar de um papa, certifique-se de enfatizar as coisas positivas
que ele fez. Tive sérias divergências com João Paulo II e Bento XVI,
mas sempre elogiei João Paulo II por seu papel na libertação da Polônia e da
Europa Oriental, bem como por seus esforços para melhorar as relações entre
católicos e judeus. Ambos os papas apoiaram e desenvolveram o ensino social da
Igreja, e com Bento XVI a Igreja começou a se tornar ambientalmente consciente.
Terceiro, descreva a
posição do papa de forma precisa e completa; não crie um espantalho que
possa ser derrubado facilmente. Não diga apenas que o papa odeia mulheres e
gays ou que deseja destruir a Igreja. Idealmente, você deveria ser capaz de
explicar a posição do papa melhor do que ele.
Quarto, nunca fale ou
escreva quando estiver emocionalmente perturbado. Respire fundo. Conte até
10 ou 100. Sente-se no projeto por 24 horas. Converse sobre isso com uma pessoa
sábia antes de agir. Seja especialmente cuidadoso ao tweetar.
Quinto, pergunte a si mesmo : você
falaria assim de seu pai ou de alguém que você ama? Se a resposta for
não, não faça isso. A Igreja é uma família. Brigas de família são as piores.
Nossos objetivos devem ser reconciliadores, não divisores.
Nossas discussões internas na
Igreja devem seguir as mesmas regras do nosso diálogo ecumênico : as
divergências devem levar a um conhecimento mais completo e a melhorias e, em
última instância, ao consenso. Assim, como dizem as velhas músicas, ‘Eles saberão que somos cristãos por nosso amor’, em vez de
saber que somos católicos por nossas lutas.
Entretanto, desentendimentos
fazem parte de qualquer família ou comunidade. Suprimi-los leva à frustração e
a um comportamento disfuncional. Francisco não deve se surpreender com
divergências. Afinal, o papa pediu por isso. No sínodo sobre a família de 2014,
ele pediu aos bispos que ‘falassem com ousadia’.
‘Uma condição geral é esta’,
disse o papa. ‘Fale claramente. Não deixe ninguém dizer : Você não pode
dizer isso.’ Ao mesmo tempo, o discurso deve ser respeitoso e voltado para
a construção da comunidade, não para destruí-la. Deve ter como objetivo a
reconciliação, não a divisão. Desentendimentos devem levar a conversas, não a
gritos.
Falar com aqueles de quem
discordamos não é sobre ganhar e perder. É uma questão de conversa e melhor compreensão.’
Fonte : *Artigo
na íntegra https://domtotal.com/noticia/1542260/2021/09/cinco-regras-para-discordar-do-papa/