Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
Quando lemos o texto, à luz da análise narrativa, percebemos como discursos são recursos literários muito usados pelo narrador, para dizer, pela boca de importantes personagens, sua mensagem
*Artigo de Felipe Magalhães Francisco,
teólogo
‘O
Evangelho de Lucas é uma preciosidade. Bastante parecido, no esquema e no
conteúdo, com os outros dois primeiros evangelhos, o de Mateus e o de Marcos,
Lucas consegue manter uma originalidade bastante interessante : tem uma
catequese própria e conservou tradições primitivas que os outros evangelistas
provavelmente optaram por não conservar.
O
evangelista Lucas não foi discípulo ocular de Jesus : foi educado na fé por
Paulo, de quem era companheiro de viagem. A riqueza da mensagem lucana
revela como Lucas bem assimilou a experiência de fé e, com criatividade,
tornou-se um eminente educador da fé.
Antes
de se converter ao discipulado de Jesus, como membro do Caminho - maneira como,
nos Atos dos Apóstolos Lucas chama a comunidade cristã -, o evangelista era pagão.
Esse detalhe não é uma informação qualquer. Quem lê com atenção os escritos
lucanos percebe como ele é inteirado da tradição judaica, como conhece a fé e
os costumes de Israel e como é profundo conhecedor da Escritura Sagrada. Sem
dúvidas, facilmente seria confundido com um bom judeu.
Tudo
isso só revela o quanto a convivência com Paulo foi frutuosa em seu itinerário
de iniciação à fé, de modo que pôde interpretar a tradição judaica, para nela
discernir o evento cristão, de uma maneira bastante aberta. Além disso, Lucas
soube, muito bem, como dialogar com o mundo de sua época, a fim de ser coerente
com a mensagem nuclear de seu evangelho : a salvação é para todos e todas!
No Dom
Especial desta semana, nós lançamos o olhar para um ponto bastante
específico no Evangelho de Lucas : os três cânticos que compõem a narrativa.
Quando lemos o texto, à luz da análise narrativa, percebemos como discursos são
recursos literários muito usados pelo narrador, para dizer, pela boca de
importantes personagens, sua mensagem.
Dessa
forma, atentarmo-nos para os três cânticos, que são como que discursos, faz-se
importante para apreender a mensagem catequética - no caso, a teologia - que o
texto propõe. Os três artigos que compõem nosso Especial buscam,
de maneira criativa e atual, ler essa teologia, de modo a nos ajudar a refletir
sobre pontos importantes para a vida e missão cristã.
No
Evangelho, os três cânticos são colocados na boca de personagens que
representam a primeira Aliança, e que aguardavam, ansiosos, o cumprimento da
salvação, prometida por Deus : Maria, Zacarias e Simeão. No primeiro
artigo, Magnificat : o
cântico profético e libertador de Maria, Rodrigo Ferreira da Costa reflete sobre o canto-grito de libertação dos
empobrecidos e empobrecidas, pela mão bondosa e compassiva do Senhor, que não
frustra a esperança de seu povo. Fabrício Veliq reflete, no artigo Benedictus :
salvação e paz como promessa de Deus, sobre a personalidade companheira de Deus, que caminha junto a seu
povo, trazendo luz para o caminho e cumprindo a promessa de paz. Por fim,
refletindo sobre o terceiro cântico, Francisco Thallys Rodrigues, no
artigo Louvar a Deus em
nossa vida, chama a atenção para a sensibilidade
de se perceber, com gratidão, a ação salvífica de Deus em nosso meio. Boa
leitura!’
Fonte : *Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1478200/2020/10/canticos-de-fe-e-esperanca-uma-riqueza-do-evangelho-de-lucas/
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